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Efeito do adsorvente a base de glucomamano esterificado no desempenho e caracterização visceral de frangos de corte

Publicado: 31 de janeiro de 2014
Por: Patricia Rossi, Zootecnista, Ph.D., University of Kentucky, Department Animal and Food Science, KY, USA; Fernando Rutz, Méd. Veterinário, Ph.D., Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Pelotas -UFPel-, RS; Gustavo Júlio Monteiro Mello de Lima, Eng. Agr., Ph.D., EMBRAPA Suinos e Aves, SC; Juliana Klug Nunes, Med. Vet., M.Sc., Doutoranda, Departamento de Zootecnia, UFPEL, RS; Marcos Antonio Anciuti, Med. Vet., Ph.D. CAVG, UFPEL, RS, e outros.
RESUMO
O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito do uso de um adsorvente de micotoxinas constituído a base de glucomanano esterificado (GME) adicionados à dieta a base de milho e soja contaminados com aflatoxina (AF) sobre o desempenho, características de carcaça e lesão macroscópicas de órgãos viscerais de frangos de corte. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com 2 niveis de AF e 2 niveis de GME, ou seja, 4 tratamentos de 7 repetições com 28 aves cada, totalizando 784 aves. Aves alimentadas com dietas contendo aflatoxina apresentaram menor no ganho de peso, consumo de ração, aumento do peso relativo do baço, coração, moela e proventrículo e maior incidência de lesões no baço quando comparadas com aves recebendo dietas sem contaminação por aflatoxina. Não houve efeito significativo do adsorvente a base de glucomanano esterificado sobre as variáveis de desempenho, características de carcaça, peso relativo dos órgãos e percentagem de lesão macroscópica nos órgãos, com exceção da mortalidade (P<0,05). Podemos concluir que dietas contaminado com aflatoxina afeta negativamente o desempenho produtivo, características de carcaça e órgãos de frangos de corte e que a inclusão do adsorvente GME em dietas de frangos de corte contendo milho contaminado com AF nao alterou o desempenho e caracteristicas de carcaca de frangos de corte.
Palavras-chave: aflatoxina; adsorvente; consumo de ração; ganho de peso; lesão macroscópica
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INTRODUÇÃO
O aumento de casos de salmonelose, presença de agrotóxicos ou componentes químicos como dioxinas nos alimentos e o uso de organismos geneticamente modificados tem levado os consumidores a tornarem-se mais atentos em relação aos alimentos, passando a exigir alimentos naturais e seguros (YIANNIKOURIS & JOUANY, 2002). Entretanto, estes alimentos podem apresentar toxinas que os contaminam e podem resultar em doenças severas em humanos e animais (DAWSON et al., 2006).
As micotoxinas são produtos secundários do metabolismo fúngico que podem ser produzidas durante a produção e armazenamento de alimentos (YIANNIKOURIS & JOUANY, 2002; DAWSON et al., 2006; TESSARI et al., 2006). Esses metabólitos são normalmente associados a grupos de fungos do gênero Fusarium, Aspergillus, Penicillium e Claviceps (LEDOUX & ROTTINGHAUS, 1999).
Existe uma grande variedade de metabólitos fúngicos que podem ser tóxicos. Segundo Devegowda et al. (1998), estima-se que mais de 300 metabólitos são prejudiciais para o homem e animais, e que 25% dos grãos de cereais no mundo estão contaminados com micotoxinas.
As aflatoxinas (AF) fazem parte de um grupo de toxinas produzidas por fungos Aspergillus flavus, A. parasiticus e A.nominus. As aflatoxinas foram descobertas em 1960, ao provocarem um surto com alta letalidade em perus na Inglaterra conhecido como turkey - X disease. Diversos compostos são conhecidos como aflatoxinas, porém somente as aflatoxinas B1, B2, G1 e G2 possuem importância toxigênica conhecida. A aflatoxina (AF) e classificada como um composto altamente toxico a maioria das especies (LD50 1-50mg kg-1), contudo esses efeitos toxicos variam com a especie, a dose e o tempo de esposicao. A dose letal para aflatoxina em frangos varia de 6.5 a 16.5mg kg-1 peso vivo (LEESON et al., 1995).
Várias são as estratégias que impedem a formação de micotoxinas, sendo que, a maioria tem por objetivo o impedimento do crescimento dos fungos e a formação de toxinas (DAWSON et al., 2006). As estratégias vão desde a inativação das toxinas, separação física dos contaminantes, irradiação, amoniação e degradação por ozônio (MCKENZIE etal., 1998).
Para atenuar o efeito das micotoxinas tem se utilizado materiais específicos que adsorvem as micotoxinas na alimentação animal (SWAMY, 2005). Os adsorventes ligam-se as micotoxinas, que passam através do trato gastrointestinal sem serem absorvidas. Adsorventes inorgânicos e orgánicos têm sido estudados no controle da biodisponibilidade das micotoxinas (DAWSON et al., 2006).
Os adsorventes inorgânicos têm mostrado adsorber micotoxinas específicas e são atrativos como suplementos alimentares, pois são relativamente baratos e inertes a um nível nutricional, porém oferecem baixa proteção contra micotoxinas (VAN KESSEL & HIANG-CHEK, 2001). Eles incluem alumino silicatos hidratados de sódio e cálcio (HSCAS), zeolitas, bentonitas, sílicas específicas e carvão ativado (WYATT, 1991; PIVA et al., 1995).
Existe um grande interesse em se usar productos biológicos para reduzir a biodisponibilidade de micotoxinas.
Uma estratégia disponível para atenuar o efeito de alguns grupos de micotoxinas é usar a capacidade adsortiva dos complexos de carboidratos presentes na parede celular da levedura. O potencial deste tipo de material foi demonstrado por volta de 1990 em aves, quando pesquisadores utilizaram cultura de levedura (Yea-Sacc1026) em dietas contaminadas com aflatoxina e observaram melhora significativa no ganho de peso e conversão alimentar de frangos de corte (STANLEY etal., 1993). Pesquisadores (MCDANIEL, 1991; STANLEY et al., 1993) atribuem a essa preparação de cultura de levedura a habilidade de alterar os padrões de crescimento das aves. Estudos com culturas de leveduras viáveis adicionadas a dietas de frangos contendo aflatoxinas resultam em melhora significativa no ganho de peso e aumento da resposta imunológica (DEVEGOWDA et al., 1995). Estudos in vitro com levedura estabeleceram claramente uma adsorção superior a 90% para aflatoxinas (DEVEGOWDA et al., 1994). Subseqüentemente, pesquisas demonstraram que a fração glucano da parede celular da levedura (Mycosorb®) foi responsável por adsorber micotoxinas e impedir micotoxicose (STANLEY et al., 1993).
Os produtos derivados da parede celular de levedura têm mostrado uma redução nos efeitos tóxicos das micotoxinas presentes nas dietas das aves (SMITH et al., 2000). Esse produto apresenta várias características, como atuar sobre diferentes micotoxinas, ser estáveis em diferentes pHs, eficiente para baixos ou altos níveis de micotoxinas presentes nos alimentos, que o torna um eficiente adsorvente para a inclusão na alimentação animal (SWAMY, 2005).
Estudos (SMITH et al., 2006) sugerem que os adsorventes orgânicos preparados da parede celular da Saccharomyces cerevisiae podem ter um papel importante para controlar a toxidade das micotoxinas na alimentação das aves.
Portanto, o objetivo deste trabalho é avaliar o efeito do uso de um adsorvente de micotoxinas constituído a base de glucomanano obtido da parede celular da levedura Saccharomyces cerevisiae adicionado à dieta a base de milhon contaminados com aflatoxinas produzidas em laboratório sobre o desempenho, rendimento de carcaça e dos cortes e avaliação de lesões macroscópicas de órgãos viscerais de frangos de corte.
MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no aviário experimental da Universidade Federal de Pelotas, localizada no Município de Capão do Leão, RS, no período de 01/12/2006 a 20/01/2007. Foram utilizados 784 frangos de corte fêmeas de um dia de idade, da linhagem Cobb. As unidades experimentais foram compostas por 28 aves. Os animais receberam água e ração à vontade.
Os tratamentos foram constituídos 2 níveis de aflatoxinas (sem e com) e 2 níveis de adsorvente a base de glucomanano esterificado (Mycosorb®) (sem e com), resultando em 4 dietas, onde T1: Dieta a base de milho e soja + 1 ppm de aflatoxina; T2: Dieta a base de milho e soja + Mycosorb® 1 kg/ton + 1 ppm de aflatoxina; T3: Dieta a base de milho e soja; T4: Dieta a base de milho e soja + Mycosorb® 1 kg/ton.
As dietas experimentais foram formuladas dentro de esquema de 3 fases: pré-inicial 1-12 dias; inicial 12-28 dias; crescimento/terminação 29-35 dias. A composição da dieta basal era constituída de milho, farelo de soja, fontes vitamínicas e minerais formuladas de maneira a atender as necessidades nutricionais em cada fase de acordo com a recomendação do manual da linhagem (Tabela 1).
As aflatoxinas foram produzidas no LAMIC, de acordó com a metodologia desenvolvida no laboratório, conforme certificado do INMETRO e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através de fermentacão de arroz parbolizado com uma cepa purificada do fungo Aspergullusparasiticus. O pó de arroz fermentado foi acrescido a racão das aves, apos uma mistura previa com farelo de milho; em seguida, foi misturado aos demais componentes da dieta em misturador horizontal na proporcão de 1mg kg-1 da dieta.
Foram avaliados consumo de alimento, peso vivo, ganho de peso e conversão alimentar e mortalidade aos 7, 14, 21, 28 e 35 dias de idade e o acumulado. Aos 35 dias de idade foram sacrificadas todas as aves para avaliação do rendimento de carcaça e dos cortes e avaliação visceral. A determinação do rendimento de carcaça e das suas partes foi adaptada de Mendes (1990).
Para a avaliação visceral foram utilizados fígado, moela e proventrículo, baço e coração que foram pesados para obtenção do peso relativo das vísceras (%), que consiste na divisão do peso das vísceras pelo peso vivo do animal, multiplicando-se o resultado por 100 (OLIVEIRA et al., 2004).
A avaliação de lesão macroscópica foi realizada no fígado, baço e moela e proventrículo. Para baço e moela, foi avaliado apenas presença ou ausência de lesão macroscópica. Nos fígados além da avaliação da presença e ausência de lesão macroscópica, foi atribuído um escore de 1 a 3, sendo que, o escore 1: normal, escore 2: moderado; e escore 3: severa. Esse escore era baseado na cor do fígado, sendo a variação de vermelho tijolo a amarelo mostarda e presença de hemorragias, petéquias e/ou edema (MALLMAN, comunicação pessoal).
As aves foram distribuídas em um delineamento em blocos ao acaso de acordo com o peso inicial das aves, constituído de 4 tratamentos, com 7 repetições de 28 aves por tratamento. Os tratamentos estão distribuídos num esquema fatorial com 2 fatores (AF e GME) cada um com 2 níveis. Os dados foram submetidos à analise de variância e as médias foram comparadas através de fatorial ao nível de 5% de probabilidade, através do programa estatístico SAS.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
A presença de micotoxinas na dieta das aves prejudica o desempenho de frangos de corte (JONES et al., 1982; OSUNA, 1989; RAJU & DEVEGOWDA, 2000; GIRISH & DEVEGOWDA, 2004; SWAMY, 2005) mesmo quando a concentração de micotoxinas presentes na dieta é baixa. Porém a utilização de adsorventes a base de glucomamano esterificado minimizam os efeitos prejudiciais causados pelas micotoxinas (DEVEGOWDA & MURTHY, 2005).
Segundo Mallman (comunicação pessoal), alguns parâmetros de desempenho, como a conversão alimentar e a mortalidade não refletem a realidade de trabalhos envolveldo micotoxinas. Segundo Stringhini et al. (2000), a presença de micotoxinas na dieta das aves não prejudica o ganho de peso, provavelmente o grau de contaminação pode estar influenciando na diferença de resultados.
Com relação aos resultados encontrados neste trabalho, pode-se observar que, a interação dos dois fatores analisados, aflatoxina (AF) e glucomanano esterificado (GME), para ganho de peso, não foi significativa (P>0,05), indicando não existir uma dependência entre os dois fatores, com exceção à primeira semana de avaliação (Tabela 2). Este fato pode ser melhor explicado, pois os efeitos deleterios das aflatoxinas em frangos sao maiores na fase inicial de criacao (TESSARI & CARDOSO, 2008), por isso o menor ganho de peso quando comprado com dietas não contaminadas na primeira semana de avaliação.
O efeito principal do fator AF foi significativo (P=0,0004), revelando que o ganho de peso é superior para os animais alimentados com milho não contaminado com AF quando comparado com animais alimentados com milho contaminado com AF. Este resultado está de acordo com os encontrados por SWAMY (2005), onde a presença de micotoxinas na dieta das aves prejudicou o ganho de peso.
O efeito principal do fator glucomanano esterificado não foi significativo (P>0,05), porém os resultados demonstram uma tendência numérica de aumento no ganho de peso quando os animais eram suplementados com glucomanano esterificado quando comprado com animais não suplementados (Tabela 2). Esses resultados não estão de acordo com Stanley et al. (1993), Swamy (2005), Stanley et al. (1996), que observaram que a adição de adsorvente a base de glucomanano esterificado em dietas contaminadas com aflatoxinas melhorou o ganho de peso em 2,26%. Smith (1999) também observou que a adição de adsorvente a base de glucomanano esterificado na dieta de frangos contaminadas com micotoxinas melhorou significativamente o ganho de peso de frangos de corte.
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A interação entre AF e o GME não foi significativa (P>0,05) para a variável consumo de ração.
O efeito principal do fator AF foi significativo (P=0,0018), revelando que dietas contaminadas com aflatoxina prejudicam o consumo de ração de frangos de corte quando comparado com dietas não contaminadas (Tabela 3). É provável que a diminuição do consumo de ração pelos animais que ingerem alimentos contaminados por aflatoxinas cause uma diminuição do apetite. Este resultado está de acordo com Jones et al. (1982), Stringhini et al. (2000), Swamy (2005), Girish & Ddevegowda (2004), que relataram que animais ingerindo alimentos contaminados com micotoxinas tiveram uma diminuição no consumo de ração.
O efeito principal do fator glucomanano esterificado não foi significativo (P>0,05), demonstrando que o principal fator que interfere no consumo de ração é a presença de micotoxinas na dieta e não o glucomanano esterificado (Tabela 2). Este fato não está de acordo com os encontrados na literatura (STANLEY et al., 1996; SWAMY, 2005), onde a adição de adsorvente a base de glucomanano esterfificado melhorou o consumo de ração de animais ingerindo dietas contaminadas com micotoxinas. Acredita-se que essa não resposta do adsorvente a base de glucomanano esterificado tenha sido pelas condições de criação de forma experimental, onde o animal não tenha encontrado fatores estressantes suficientes para que o produto respondesse de forma positiva.
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As aves parecem ser bastante tolerantes a níveis baixos de aflatoxinas, podendo surgir lesões intestinais, o que compromete a capacidade de absorção, refletindo em piores valores de conversão alimentar (LAZZARI, 1993). Porém, os resultados obtidos demonstram que a conversão alimentar não foi influenciada estatisticamente (P>0,05) pelas dietas experimentais durante todo o período experimental (Tabela 4), esse resultado está de acordo com os encontrados por Stringhini et al. (2000), onde o milho contaminado por micotoxinas não alterou a conversão alimentar. Contudo, os dados discordam dos encontrados por Osuna (1989) que observaram que o consumo de alimentos contaminados promoveu uma drástica redução na produtividade e conseqüentemente uma piora na conversão alimentar. Stanley et al. (1993), também observaram uma melhora na conversão alimentar quando suplementaram dietas de frangos com cultura de levedura. Parte desse resultado observado se deve ao alto coeficiente de variação. Esta observação questiona a conversão alimentar como medida para avaliar resultados de investigações que envolvam micotoxinas, visto que, os resultados na literatura não são conclusivos.
A interação entre AF e o GME não foi significativa (P>0,05) para a variável mortalidade (Tabela 5).
O efeito principal do fator AF não foi significativo (P>0,05), exceção para a terceira semana de avaliação (P<0,05), onde se observa uma redução significativa da mortalidade em dietas não estavam contaminadas com aflatoxina quando comparada com as contaminadas com aflatoxina (Tabela 5). Contudo observa-se uma tendencia numérica nas demais semanas avaliadas e no período total, onde dietas contaminadas com aflatoxina apresentam maior percentagem de mortalidade de frangos de corte quando comparado com dietas não contaminadas (Tabela 5). Acreditase que não houve diferença significativa entre dietas contendo milho contaminado e não contaminada com AF, pois a quantidade de aflatoxina não foi alta a ponto de levar os animais à morte, visto que, a dose letal para aflatoxina B1 em aves e de 6.5 a 16.5 mg kg-1 peso vivo (LEESON et al. 1995). Além disso, o coeficiente da variação que foi muito elevado para esta variavel estudada.
O efeito principal do fator glucomanano esterificado não foi significativo (P>0,05), exceção para a última semana de avaliação e no período total (Tabela 5), onde se observa uma redução numérica da mortalidade quando houve a suplementação de glucomanano esterificado na dieta de frangos de corte. Do mesmo modo que a conversão alimentar, segundo os resultados observados neste trabalho a mortalidade não é considerada um parâmetro seguro para avaliar os efeitos das aflatoxinas, até mesmo porque os coeficientes de variação foram muito altos.
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A interação entre AF e o GME não foi significativa (P>0,05) para as variáveis de rendimento de carcaça, peito, coxa e sobrecoxa (Tabela 6).
O efeito principal do fator AF não foi significativo (P>0,05). Contudo observa-se uma tendência numérica, onde dietas contaminadas com AF apresentam menor rendimento de carcaça e de peito quando comparado com dietas não contaminadas (Tabela 6).
O efeito principal do fator glucomanano esterificado não foi significativo (P>0,05). Contudo, observa-se tendencia numérica, onde dietas suplementadas com glucomanano esterificado apresentaram maior rendimento de carcaça e de coxa e sobrecoxa (Tabela 6). Não foram encontrados na literatura trabalhos avaliando o efeito das micotoxinas sobre as variáveis analisadas neste trabalho, sendo, portanto, impossível fazer qualquer comentário sobre o efeito das micotoxinas sobre os rendimentos de carcaça, peito e coxa e sobrecoxa.
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A interação entre AF e o GME não foi significativa (P>0,05) para peso relativo dos órgãos (Tabela 7).
Observa-se que a presença das aflatoxinas nas dietas das aves contribui para um aumento significativo (P<0,05) do peso relativo do baço, coração, moela e proventrículo (Tabela 7). Estes resultados estão de acordo com os obtidos por Stanley et al. (1996) que verificaram que o peso relativo dos órgãos de frangos recebendo dietas contaminadas com aflatoxinas foi maior do que os animais que receberam dietas isentas destas toxinas. Contudo, o mesmo não foi observado para o peso relativo do fígado (P>0,05), mas as dietas contaminadas com aflatoxinas apresentam tendência numérica de maior peso relativo do fígado quando comparado com dietas não contaminadas (Tabela 7). Esses dados estão de acordó com os encontrados por Stringhini et al. (2000), que não observaram resultados significativos para peso do fígado, pâncreas e bursa de Fabricius em relação ao peso corporal, mas observaram tendência de aumento das proporções de peso para fígado. Porém, Stanley et al. (1993) que verificaram que o peso relativo do fígado de frangos recebendo dietas contaminadas com aflatoxinas foi maior do que os animais que receberam dietas isentas destas toxinas. Provavelmente estas diferenças encontradas na literatura deve-se a concentracao de toxinas fornecidas aos indivíduos.
O efeito principal do fator glucomanano esterificado não foi significativo (P>0,05). Contudo, observa-se tendencia numérica, onde dietas suplementadas com glucomanano esterificado apresentaram menor peso relativo dos órgãos (Tabela 7). Esses resultados não estão de acordo com os resultados observados por Stanley (1996), que verificou uma redução significativa no peso relativo do fígado, proventrículo, moela, bursa e coração quando adicionou adsorvente a base de glucomanano esterificado na dieta de frangos contaminadas com aflatoxina. Essa diferença pode ser atribuída a quantidade de toxinas presentes na dieta, visto que, a quantidade utilizada no presente trabalho foi pequena (1ppm), enquanto os trabalhos que observam respostas significativas utilizam por exemplo 5ppm (STANLEY et al., 1993).
Um dos sintomas que caracterizam aflatoxicose é o fígado graxo, proveniente de acúmulo de gordura e edema celular. O acúmulo de lipídios no tecido hepático vem reforçar que alterações no metabolismo de carboidratos, promovidas pelas aflatoxinas, prejudicam o transporte de lipídios, resultado em diminuição nas concentrações de glicose e acúmulo de lipídios dentro dos hepatócitos (LEESON et al., 1995).
A interação entre AF e o GME não foi significativa (P>0,05) para as variáveis de lesão macroscópica dos órgãos (Tabela 8).
O efeito principal do fator AF não foi significativo (P>0,05) para as lesões macroscópicas de fígado e moela e proventrículo (Tabela 8). Exceção para lesão macroscópica de baço, que foi significativa (P<0,05), demonstrando que dietas sem contaminação de micotoxinas apresentam menor incidência de lesões macroscópicas.
O efeito principal do fator glucomanano esterificado não foi significativo (P>0,05). Contudo, observa-se tendencia numérica, onde dietas suplementadas com glucomanano esterificado apresentaram menor incidência de lesões macroscópicas no baço e moela e proventrículo (Tabela 8).
Apesar de não ter apresentado resultados significativos (P<0,05), os escores de modo geral apresentaram uma redução na proporção de lesões macroscópicas quando foi adicionado glucomanano esterificado na dieta contendo aflatoxina (Tabela 9).
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CONCLUSÕES
O milho contaminado com aflatoxina prejudica o desempenho e características de carcaça de frangos de corte. A utilização de adsorvente a base de glucomanano esterificado em dietas de frangos de corte contendo milho contaminado com aflatoxina não alterou o desempenho e características de carcaças dos frangos de corte.
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Esse artigo técnico foi originalmente publicado em Revista Brasileira de Agrociência da Faculdade de Agronomia "Eliseu Maciel" da Universidade Federal de Pelotas -UFPel-, RS.
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