O milho é o principal grão utilizado pela indústria de nutrição animal, dentre outros insumos também utilizados em grandes quantidades, e a ocorrência de fungos se mostra um problema desde as fases de produção a campo, passando pelas fases de armazenamento desses grãos, até a ração final.
Os fatores que afetam o desenvolvimento de fungos são principalmente teor de umidade, temperatura, disponibilidade de tempo, condição física (no caso de grãos quebrados), nível de inóculo do fungo, conteúdo de oxigênio, insetos e ácaros¹.
Os fungos mais importantes pertencem aos gêneros Fusarium, Aspergillus e Penicillium, e sua incidencia em grãos e rações reduz não só a qualidade, causando perdas fisicas e economicas para a industria mas também pode esconder um outro problema: a presença de micotoxinas são metabólitos secundários tóxicos produzidos por algumas espécies de fungos presentes nos grãos e dessa maneira níveis de micotoxinas podem ser controlados pela limitação do crescimento de fungos – priorizando o desempenho ideal de animais e qualidade de rações².
Um claro exemplo de micotoxina é a aflatoxina, produzida pelo fungo do gênero Aspergillus, que demonstrou reduzir a atividade de enzimas digestivas: nuclease, tripsina, lipase e amilase, em frangos de corte, resultando em menor digestão e crescimento mais lento³.
Proteger o grão do crescimento de fungos resultará em grãos de maior valor nutricional: Bartov demonstrou em seu trabalho que rações com presença de fungos requerem 3% de gordura adicional para superar a perda de energia, sem perdas na conversão alimentar de frangos de 28 dias de idade 4.
Kao e Robinson, em seu trabalho demonstraram que as consequências do crescimento fúngico também são sentidas em nivel de aminoácidos totais e lisina, com redução em 21% e 45%, respectivamente em trigo. Economicamente, o crescimento de fungos é muito custoso a indústria de nutrição animal5.
Apenas o crescimento dos fungos, na ausência de micotoxinas, já é uma preocupação importante para produtores. A contagem de bolores e leveduras pode ser utilizada como uma ferramenta para uma utilização mais eficiente da ração.
Testes a campo realizados nos EUA mostram que as contagens de fungos são reduzidas em aproximadamente 75% em milho tratado com antifúngico a base de ácidos orgânicos comparando-se ao milho não tratado. Pellets de ração produzidos com este insumo tratado também apresentaram uma contagem significativamente inferior. Considerando a análise de dias para mofar observou-se um incremento de 100% do período entre rações que levaram milho tratado comparando-se com rações com milho sem nenhum tratamento 6,7,8.
Outra proposta dessa revisão de estudos a campo realizados nos principais produtores de frangos de corte nos EUA, demonstrou que a utilização do alimento pelo animal é melhor aproveitada, melhorando de 6 a 8 pontos a conversão alimentar quando o aditivo antifúngico a base de ácidos orgânicos é adicionado ao grão inteiro a uma taxa de cerca de 1 kg por tonelada de grãos 6.
Um teste a campo realizado no Brasil demonstrou que como resultado da utilização de produtos a base de ácidos orgânicos no controle de fúngicos, também foi possível diminuir significativamente a contaminação por aflatoxinas em milho tratado e estocado aos 60 e 120 dias 9.
Os níveis de fungos e micotoxinas aumentam à medida que o grão é colhido, armazenado e transportado para as fábricas de ração. Níveis não controlados de fungos e micotoxinas continuarão a aumentar até que a ração seja consumida pelos animais causando prejuízos a saúde dos animais ou até mesmo a segurança dos alimentos.
Dada a situação e o cenário atual de custos de insumos, é prudente utilizar ferramentas e boas práticas que assegurem a qualidade do produto. Tratar os grãos de maneira preventiva com antifúngicos a base de ácidos orgânicos antes do armazenamento a fim de evitar que tais condições ocorram é uma estratégia que pode trazer retornos fantásticos. O tratamento de grãos pré armazenamento pode reduzir o desafio com infestação por fungos. Outra possível oportunidade para tratamento na pós-colheita de grãos seria nas fábricas de rações, quando recebido. O principal objetivo do uso de antifúngicos é melhorar o desempenho dos animais e maximizar os lucros, provendo alimentos de qualidade ao campo e contribuindo com a segurança dos alimentos