A criação de frangos de corte vem passando por momentos de alta nos custos de produção, principalmente das matérias primas para a ração. Os aspectos econômicos e a demanda do mercado externo vêm influenciando na alta dos preços dos ingredientes. De acordo com a Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa, os custos de produção subiram 40% em 2020 e a nutrição representa cerca de 74% destes custos.
Com o aumento nos preços das matérias-primas, as formulações nunca custaram tanto aos produtores, portanto o uso correto dos aditivos pode ajudar nessa fase de alta de custos. Os aditivos podem atuar de diversas maneiras, seja disponibilizando mais nutrientes para os animais (emulsificantes e enzimas), melhorando a capacidade absortiva no intestino (butiratos), promovendo a integridade intestinal (pré e probióticos) ou ainda, reduzindo os efeitos do estresse (cromo).
Um dos maiores custos da nutrição são provenientes dos ingredientes fontes de energia, como por exemplo as gorduras e óleos. Portanto, os aditivos que maximizem a digestão e absorção de lipídeos (gorduras/óleos), como os emulsificantes, se tornam ferramentas importantes para os nutricionistas, pois aumentam a utilização da energia e de outros nutrientes pelas aves, isto permite a reformulação das dietas para reduzir os níveis de óleos e/ou gorduras, consequentemente os custos da ração e sem perda de desempenho.
Para melhor compreensão de como atuam os emulsificantes é necessário entender os lipídeos e o processo de digestão e absorção destes pelas aves.
Na maioria dos ingredientes das rações os lipídeos estão presentes, porém em pequenas quantidades, já os óleos e gorduras encontram-se na forma concentrada. São comumente adicionados às dietas de frangos de corte como um meio econômico de produção de alta energia e formulação de nutrientes de alta densidade.
Os lipídeos são fontes de energia prontamente disponível e de ácidos graxos essenciais, por isso, são utilizados nas rações para aumentar a densidade energética. Participam como componentes não proteicos das membranas biológicas, precursores de compostos essenciais, agentes emulsificantes, isolantes, vitaminas (A, D, E, K), fonte e transporte de combustível metabólico e componentes de sinalização intra e intercelulares (Motta, 2006). Além disso, são utilizados nas rações para melhorar a palatabilidade, favorecer a conversão alimentar e propiciar uma melhoria na consistência das rações (Pupa, 2004).
As fontes de óleos e gorduras podem ser de origem animal ou vegetal. As propriedades físicas, químicas e nutricionais dependem da natureza dos ácidos graxos que os compõem. O valor de referência de 9,4 kcal/g de energia bruta é empregado para óleos e gorduras puros, no entanto a qualidade da gordura pode sofrer a ação de vários fatores que reduzem seu valor energético.
De maneira geral, a eficiência nos processos de digestão e absorção de óleos e gorduras depende da emulsificação e quebra das moléculas (hidrólise). Segundo Hwang (2012) grande parte da energia da gordura é desperdiçada, uma vez que passa através do trato gastrintestinal e a digestão e a absorção não são realizadas adequadamente.
Os emulsificantes agem aumentando a superfície ativa das gorduras, permitindo a ação da lipase e co-lipase, portanto são potencializadores da absorção de gorduras para as aves, fazendo com que tenha o maior aproveitamento da energia metabolizável e fornecendo uma justificativa para o uso em rações com densidade energéticas reduzida, sendo mais econômicas e sem perda de desempenho.
Neste cenário, o LYSOFORTE® Extend é um emulsificante de 3ª geração e torna-se uma importante ferramenta para melhorar a rentabilidade, mantendo a qualidade da ração pela substituição de parte da gordura.
O LYSOFORTE® Extend é composto por lisolecitina, emulsificante sintético e monoglicerídeo. A lisolecitina é produzida a partir da conversão enzimática da lecitina, resultando em uma molécula menor capaz de melhorar o processo de digestão de gorduras e óleos (Wealleans et al., 2020), aumentando a utilização da energia para os frangos de corte. A capacidade da lisolecitina melhorar a digestão e absorção de energia pode ser potencializada pela adição de emulsificantes sintéticos e monoglicerídeos (Jansen, 2015).
Os emulsificantes sintéticos atuam acelerando e otimizando o processo de emulsificação, gerando gotículas de lipídeos menores e aumentando a área superficial para a etapa subsequente de hidrólise, garantindo a estabilidade da emulsão para posterior ação da lipase. Contudo, a concentração do emulsificante sintético necessita ser cuidadosamente estudada pois, do contrário, suas moléculas de alto peso molecular pode ocupar a maior parte ou toda a superfície das gotículas de gordura, impedindo a ação das lipases, responsáveis pela hidrólise.
Os monoglicerídeos, aumenta a estabilidade da emulsão formada na primeira etapa, fazendo parte das micelas e proporcionando mais tempo para ação das lipases, resultando em uma hidrólise mais efetiva.
Outra ação importante do LYSOFORTE® Extend que acarreta o aumento da digestibilidade das gorduras e dos nutrientes são as interações fisiológicas com a própria ave. A suplementação alimentar com LYSOFORTE® Extend desencadeia mudanças no epitélio intestinal com potencial para melhorar em geral saúde intestinal e desempenho (Brautigan et al., 2017).
Pensando na ação do LYSOFORTE® Extend sobre a digestibilidade e aproveitamento das gorduras em frangos de corte com uso de matriz nutricional e redução de custos da ração, existem diversos trabalhos realizados em múltiplas instituições de pesquisa demonstrando e garantindo os valores da matriz nutricional. Dentre esses trabalhos pode-se citar o experimento realizado Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para avaliar o desempenho e digestibilidade.
As dietas foram formuladas a base de milho e farelo de soja com a utilização óleo de soja degomado. Todas as dietas do controle positivo foram formuladas de acordo com Rostagno et al. (2017) e as concentrações de nutrientes foram mantidas semelhantes ao longo dos tratamentos dietéticos, exceto para energia metabolizável. Os tratamentos consistiram em um (T1) controle positivo; (T2) controle positivo com LYSOFORTE® Extend (LEX) “on top”; (T3) controle negativo com menos 60 kcal; (T4) controle negativo com a inclusão de LEX.
Conforme observa-se os resultados na figura 2 a densidade energética da dieta está positivamente correlacionada com o desempenho das aves. Observa-se que as aves do grupo que receberam LYSOFORTE® Extend “on top” obtiveram melhoras significativas no ganho de peso e conversão alimentar. Por outro lado, estudos demonstram que o desempenho é prejudicado após reduções de energia na dieta (Papadopoulus et al., 2018; Chen et al., 2019) corroborando com o grupo que recebeu o controle negativo com menos 60 kcal.
Quando se utilizou matriz nutricional de 60 kcal o LYSOFORTE® Extend proporcionou redução no custo da ração com a manutenção do desempenho zootécnico em relação ao controle positivo. Essas melhorias podem estar associadas à melhor digestibilidade dos nutrientes nos estágios iniciais (Jansen et al., 2015; Zhao e Kim., 2017), bem como nas fases de crescimento (Papadopoulus et al., 2018), e também à melhora morfologia intestinal (Chen et al., 2019).
Outro estudo interessante (Jansen et al., 2017) utilizando LYSOFORTE® Extend foi conduzido na Universidade de Banat, na Romênia com frangos de corte. As aves foram alimentadas com uma dieta controle positivo (CP) atendendo a todos os requisitos nutricionais; uma dieta de controle negativo (CN) com redução de 60 kcal de energia metabolizável na fase inicial e 80 kcal nas fases crescimento e final; e uma dieta utilizando o controle negativo com adição de LYSOFORTE® Extend (LEX).
A reformulação com LYSOFORTE® Extend proporcionou redução do custo da ração com os mesmos resultados do controle positivo (Figura 3). Isso deve-se a melhor digestão e absorção dos nutrientes, as aves alimentadas com dieta suplementada com LYSOFORTE® Extend conseguiram recuperar a diminuição da energia metabolizável.
Em resumo a reformulação da ração com de LYSOFORTE® Extend possibilitou a redução da quantidade de óleo adicionado às dietas, resultando em redução do custo da ração, ao mesmo tempo em que alcançou desempenho superior ou idêntico às dietas de controle positivo.