O tamanho das partículas dos ingredientes destinados à fabricação de rações pode influenciar na digestibilidade dos nutrientes e como conseqüência na maximização de resposta pelo animal. Além disso, o tamanho das partículas está muito relacionado com o consumo de energia elétrica nos equipamentos para obtê-la, bem como ao rendimento da moagem. O presente trabalho consiste na organização do conhecimento, objetivando disponibilizar uma metodologia simples e prática que permita, segmentos do setor que detenha uma estrutura mínima de laboratório, determinar a granulometria de ingredientes para rações. O procedimento utilizado para caracterizar o tamanho das partículas chama-se granulometria. Esse procedimento consiste no peneiramento de uma amostra do ingrediente, gerando informações que possibilitam as determinações do Módulo de Finura (MF), do Índice de Uniformidade (IU) e do Diâmetro Geométrico Médio (DGM) das partículas, os quais podem ser definidos:
MF é representado por um índice que pode assumir qualquer valor compreendido entre zero e seis e correlaciona-se positivamente com o aumento do tamanho das partículas do ingrediente;
IU indica a proporção relativa entre partículas grossas, médias e finas, que são definidas segundo os diâmetros: maior que 2 mm, entre 2 e 0,60 mm, e menor que 0,60 mm, respectivamente;
DGM representa o diâmetro geométrico médio das partículas do ingrediente moído, e possibilita correlacionar a granulometria do ingrediente à digestibilidade dos nutrientes, desempenho animal e rendimento de moagem.
Para a determinação da granulometria são necessários os equipamentos e materiais abaixo relacionados ou similares (Figura 1).
1. Equipamento vibrador de peneiras;
2. Conjunto de peneiras ABNT, números: 5, 10, 16, 30, 50, 100 e fundo, correspondendo às seguintes aberturas de malhas: 4; 2; 1,20; 0,60; 0,30; 0,15 e 0 mm, respectivamente;
3. Balança com precisão de 0,1g;
4. Estufa para 105oC;
5. Ar comprimido ou pincéis para limpeza das peneiras;
6. Bandeja com capacidade de 1kg.
Figura 1 - Equipamentos e materiais utilizados
No moinho, a amostragem dos ingredientes para determinação da granulometria seguirá os seguintes passos:
1. Após a moagem, retirar sub-amostras de vários pontos do lote moído, de modo a constituir uma amostra de aproximadamente 1 kg do ingrediente. É importante evitar a tomada de sub-amostras em pontos nos quais observa-se visualmente segregação de partículas (Figura 2).
2. Embalar a amostra em saco plástico devidamente identificado e enviar ao laboratório.
No laboratório o procedimento será:
1. Homogeneizar a amostra na própria embalagem ou em saco maior;
2. Tomar uma amostra de aproximadamente 0,5 kg e colocá-la em bandeja de secagem;
3. Secar a amostra em estufa à temperatura de 105ºC por 24. A não realização da secagem implicará na aderência de partículas finas nas malhas das peneiras interferindo na passagem de mais partículas;
4. Retirar a bandeja da estufa e deixar que a temperatura da amostra equilibre-se com a do ambiente (aproximadamente 2 horas);
5. Pesar individualmente as peneiras e anotar os pesos (Pi1);
6. Montar o conjunto de peneiras sobre o equipamento vibrador, sobrepondo-as em ordem crescente de abertura das malhas;
7. Pesar em duplicata aproximadamente 200g da amostra (P) e transferir para o topo do conjunto de peneiras (Figura 3).
8. Colocar a tampa e prender firmemente o conjunto de peneiras ao equipamento vibrador;
9. Ajustar o reostato do equipamento na posição 8 e realizar o peneiramento durante 10 minutos;
10. Pesar individualmente as peneiras com as respectivas frações retidas (Figura 4) e anotar o peso (Pi2). Limpar as peneiras para a próxima análise utilizando pincéis ou ar comprimido.
11. Calcular o peso da fração do ingrediente retido em cada peneira (PRi):
PRi= (Pi2 - Pi1)
Onde:
PRi= peso retido na peneira i;
Pi2 = peso da peniera i, mais a fração retida;
Pi1 = peso da peneira i;
12. Calcular a percentagem do ingrediente retido em cada peneira (%R):
%R = (PRix 100)/P
Onde:
%R = percentagem retida em cada peneira;
P = peso da amostra.
Figura 2 - Milho moído, com segregação de partículas.
A %R é multiplicada por fatores convencionados e constantes que decrescem de seis à zero com o decréscimo dos furos das peneiras, conforme exemplo na Tabela 1.
Para determinar o IU, somam-se os valores de %R das peneiras grossas (2,5 + 9,5)/10= 1,2; médias (20 + 38)/10 = 5,8 e finas (18,5 + 11,5 + 0)/10 = 3,0. Esses valores correspondem a 12%, 58% e 30% de partículas grossas, médias e finas, respectivamente.
Tabela 1 - Exemplo do cálculo para obtenção do MF, IU e DGM das partículas da amostra:.
MF é dado pelo cálculo do produto total obtido (305) dividido pelo total retido (100):
MF = 305,0/100 = 3,05
DGM é calculado pela equação de Handerson e Perry (1955), adaptada para expressar o resultado em mm:
DGM(mm) = 104,14 x 2MF
Para o exemplo em questão ficará:
DGM = 104,14 x 23,05 = 862mm
Figura 3 - Peneiramento de uma amostra de milho moído
Figura 4 - Frações de milho retidas nas diferentes peneiras.