Resumo
Em um estudo com 2400 frangos de corte foram avaliadas dietas com a inclusão de mananoligossacarídeos (MOS), parede celular (PC) e promotor de crescimento (olaquindox) comparativamente a uma dieta controle. A base de todas as dietas foi uma mistura milho e soja. Foi utilizado um desenho experimental completamente casualizado e os dados obtidos avaliados pelo teste de Tukey ao nível de 5% com as aves abatidas aos 42 dias. Os parametros medidos foram ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar e mortalidade. Concluiu-se que o uso de mananoligossacarídeos (MOS) apresentou resultados significativamente superiores as dietas contendo parede celular (PC) e a controle não diferindo contudo do uso de promotores de crescimento.
Palavras chaves: prebioticos para aves, oligossacarideos, promotor de crescimento
Cara Andrea,
A fim de dirimir possíveis dúvidas e questionamentos, é que a pergunta foi respondida. Como está claro no texto, a parede celular da levedura Sacharomyces cerevisae possui uma mistura de polissacarídeos, principalmente mananos e glucanos. A figura abaixo é uma representação gráfica da composição da parede celular deixando bem claro a participação de cada um dos componentes,
Flemming.
Caro Prof. Flemming,
não entendo que a pergunta do Ronnie Dari tenha sido respondida. O que é a Parede celular usada no experimento? No ue ela se diferencia do MOS?
Caro Ronnie,
De fato a parede celular de leveduras mortas contêm importantes quantidades de polissacarídeos e proteínas (BLONDEAU (2001) capazes de atuar positivamente no sistema imunológico e na absorção de nutrientes. STRATFORD, (1994) refere que a parede celular da levedura Saccharomyces cerevisae possui 80% a 85% de polissacarídeos, principalmente glucanos e mananos. FRITTS e WALDROUP (2003) citam que a parede celular das leveduras é normalmente constituída por mananoligossacarídeos e o uso destes compostos têm sido relatados como a razão da melhora na conversão alimentar em aves.
BALLOU (1977) cita que a grande parte dos prebióticos oligossacarídeos são obtidos por polimerização direta de oligossacarídeos da parede celular de leveduras ou originados a partir da levedura Saccharomyces cerevisae quando fermentados de uma mistura complexa de açucares. NEWMAN (1994) refere estudos de metilação que indicam que a manose é ligada por ligações alfa 1-6, 1-2 e 1-3, e representada principalmente por mananoligossacarídeos derivados de parede celular de leveduras.
Informações do fabricante “O MOS utilizado foi originado a partir de leveduras S. cerevisae quando fermentados de uma mistura complexa de açúcares. A manose é ligada através de ligações alfa 1-6, 1-2, e 1-3. A real estrutura é específica às espécies com a espinha principal 1-6 e as cadeias laterais de um a quatro resíduos unidos por elas 1-2 e 1-3. Estes grupos fosfatados podem realizar a adsorção de determinadas bactérias as quais possuem sítios de recepção. Este carboidrato único é extremamente estável e não é afetado por situações ácidas ou alcalinas “
Literatura referida:
BALLOU, C. E. A study of the immunochemistry of three yeast mannans. J. Biol. Chem. Illinois, n. 245, p. 1197-1203, 1977.
BLONDEAU, K. La paroi des levures: Structure et fonctions, potentiels thèrapeutiques et technologiques. Universitè Paris Sud. Paris. 18p. 2001.
FRITTS, C. A.;. WALDROUP P .A. Avaluation of Bio-Mos mannan oligosaccharides as a replacement for growth promoting antibiotics in diet for turkeys. Int. J. Poult. Sci. Phildelphia, n.2, p. 19-22, 2003.
NEWMAN, K. Mannanologosaccharides : Natural polynmers whith significant impact on the gastrointestinal microflora and the immune system. In : BIOTECNOLOGY IN THE FEED INDUSTRY. Proceedings of 10TH Annual Symposium, 1994. Nottingham University Press. London , 1994, p. 155-166.
STRATFORD, M. Another brick in the wall. Recent developments concerning the yeast cell enveloppe. Yeast, London, n.10, p. 1741-1752, 1994.
Uso de mananoligossacarídeos na alimentação de frangos de corte é o caminho sem volta para o sucesso da avicultura comercial.
Olá a todos os colegas !
Parabenizo o prof. Flemming pelo trabalho e todos os demais colegas pelas colocações e gostaria de deixar aqui nosso posicionamento e esclarecimentos mais detalhados para o leitor da Engormix que não trabalha em empresas que produzam e/ou comercializem estes produtos e por isso não devem estar familiarizados a estas nomenclaturas. A ICC vem trabalhando com leveduras e seus derivados há mais de 20 anos e não poderia ficar de fora deste forum.
De fato pesquisadores e o próprio mercado fazem muita "confusão" quando se fala em leveduras e suas frações e entendo que parte deste problema foi gerado em parte pela própria industria produtora destes produtos, uma vez que muitas vezes não deixa claro o que esta colocando no mercado e o que esta vendendo. Como citado pela colega Bianca parte destas duvidas foram esclarecidas durante o CBNA de 2009 mais ainda muitas delas permanecem.
A confusão inicia-se quando falamos de leveduras integras pois existem as leveduras inativadas, as culturas de leveduras e as leveduras ativas, lembrando que no presente estudo estamos falando de frações derivadas a partir de leveduras, mais especificamente das paredes celulares.
A partir das leveduras de fermentação secundaria (aonde o processo produtivo não visa a produção de levedo) mas sim de etanol, cerveja etc é que origina-se a maioria destes aditivos utilizados no segmento de nutrição animal e inclusive estes avaliados no presente estudo. Já as leveduras ativas se originam de fermentações primárias aonde o objetivo é produzir biomassa de levedura sendo que este produto é utilizado como "prebióticos". Já as culturas de leveduras geralmente são mesclas de leveduras inativas ou não com veículos.
Com base neste primeiro esclarecimento e a partir destas leveduras de fermentação secundaria temos basicamente as oriundas de cervejaria e as oriundas da produção de etanol, aonde podemos ter uma série de produtos sejam leveduras integras, frações de leveduras conforme breve diferenciação abaixo:
- Levedura inativada integra - produto que é seco na forma integral parede celular + extrato e que é basicamente utilizada como fonte de proteína nas rações animais, pode ser de cerveja ou de cana;
- Levedura inativada e autolisada - produto que passa por um processo de rompimento da parede celular com o objetivo de disponibilizar o conteúdo intracelular melhorando a digestibilidade desta levedura integra, uma vez que os carboidratos que formam a parede celular são indigestíveis pelos animais. É uma levedura integra de maior digestibilidade.
- Levedura inativada autolisada com posterior hidrolise enzimatica - Aqui temos uma levedura com maior digestibilidade devido a autólise e com liberação de outras estruturas como nucleotideos uma vez que a mesma passa por um processo de tratamento enzimático especifico, também é uma levedura integra com maior digestibilidade.
- Extrato de levedura - fração solúvel da levedura obtido após separação da fração parede celular, utilizado principalmente na industria alimenticia.
- Parede celular de levedura (fonte de MOS e Beta Glucanos) - produto oriundo da separação da fração solúvel (extrato) da insolúvel (parede celular), aqui é aonde se encaixa a categoria de produtos avaliados na referida pesquisa e concordando em parte com o colega Ronie entendo que não deveriam ser tratados como produtos diferentes, mas podem possuir sim composições diferentes dependendo do processo de cada fabricante.
Sobre a nomenclatura MOS x Parede celular conforme colocada no teste entendo que este não seria o ponto de maior relevância e/ou interesse nesta discussão, afinal cada empresa tem a liberdade de posicionar o produto como melhor lhe convier, talvez o MOS utilizado possa até possuir traços de outros carboidratos estruturais comuns as paredes de levedura mas isso não seria relevante e o fabricante pode querer posicionar apenas como MOS por ter maior concentração deste carboidrato.
Entendemos que o que de fato interessa para as empresas que utilizam estes produtos, até mesmo para interpretarmos melhor os resultados (que parecem ter sido mais favoráveis neste estudo ao produto entitulado como "MOS") são quais os níveis de garantia dos carboidratos estruturais de cada um destes produtos avaliados, pois o cliente final não esta interessado em saber se esta usando MOS ou parede celular composta por demais carboidratos ou outras frações da parede da levedura o que lhe interessa é qual proposta lhe apresentará o melhor beneficio e melhor melhoria de resultados e dependendo da composição e garantias de cada produto/fabricante poderemos inferir maiores conclusões baseados nos beneficios que sabemos poder estar ligados a varios fatores como aglutinação de patógenos, promoção de imunoestimulação etc.
Seria interessante que o trabalho tivesse apresentando uma tabela com os níveis de garantia de cada produto avaliado, e assim checar o que cada um dos fabricantes garante para que possamos tirar maiores conclusões e aprofundarmos a discussão.
Reafirmamos ainda que são inegáveis os benefícios que estes aditivos a base de leveduras tem trazido a industria animal e ao agronegócio e que cada vez mais sua utilização torna-se uma excelente ferramenta em buscas de melhores resultados nas mais diversas espécies animais.
Ricardo Barbalho
ICC Industrial LTDA
Boa tarde a todos,
A colocação do Anderson é pertinente ao meu ver.
Sabe-se que os próprios mecanismos de ação dos produtos à base de mananoligossacarídeos são dependentes de algumas características que diferem bastante entre os diferentes produtos do mercado, tais quais a % mananas, % total de carboidratos, solubilidade, exposição e superfície de contato de mananas, entre outras.
De qualquer maneira, posso dizer que ambos os produtos testados (Bio-MOS e Pronady) contém os compostos declarados Mananoligossacarídeos (MOS).
Para que os leitores do Ergomix entendam melhor as diferenças entre um produto declarado "purificado" e um produto declarado como "parede celular", ou seja, "não purificado" e compará-los quanto à eficácia acredito que seja interessante o fornecimento de um parâmetro objetivo que possibilite essa diferenciação como a concentração do componente ativo - % de manoproteínas ou mananas, por exemplo. Também seria interessante sabermos a dose utilizada de ambos os aditivos.
Somente sugestões para que os estudos ganhem mais contundência e se aumente o conhecimento acerca destes compostos de tão alto potencial na alimentação animal,
Atensiosamente,
Felipe.
Oi Ronnie, muito interessante levantar esta questao de processos de producao. Realmente existe uma confusao muito grande no mercado brasileiro sobre o que é uma levedura prebióticos, uma parede de levedura e os derivativos extraidos e purificados da parede da levedura. Em 2009, com iniciativa do CBNA foi realizado o primeiro congresso de Leveduras na Nutricao Animal do Brasil, onde essencialmente, os melhores investigadores do mundo e do Brasil, apresentaram os metodos de producao, extracao e purificacao das paredes de leveduras. Neste mesmo congresso, foi mostrado claramente que existem produtos MOS purificados no mercado e que tem desempenho distinto as paredes de leveduras (ricas em manose). A ciencia glicomica, que estuda a estrutura dos carboidrtaos funcionais no metabolismo animal, é a base para a diferenciacao de cada um deles. Ou seja, o trabalho do Dr. Flemming esta em acordo as normas internacionais quando diferencia os produtos por sua composicao quimica.
Abracos,
Boa tarde, eu estava aguardando as diversar opiniões e posso dizer com toda segurança que sim existem MOS purificados no mercado e hoje em dia já existem outros produtos puficados em Frações ativas de Mananoproteínas que é um passo adiante da técnologia do MOS estraídos das leveduras, portanto a ténologia dos prebióticos provenientes das leveduras estão cada dia mais tomando um espaço importante.
Trabalhos em processos de purificação destas frações ativas de mananoproteinas estão sendo comprovados através da nutrigenômica mostrando sues efeitos na expressão genica do tecido intestinal.
Além disto se está trabalhando nas purificações ainda maiores para produtos soluvies, porém o que impede esta tecnologia entrar no mercado é o alto custo para o processamento, porem, as industrias de vacinas já estão observando a fração ativa purificada e soluvel como um coadjuvante no processo da modulaçãe e ativação da resposta imune.
Novidades estão chegando, por isto há espaço para novas pesquisas em diferentes especies e diferentes áreas.
Bom dia Dr. Flemming, Ronnie, Andrea e demais,
antes de mais nada parebenizo Dr. Flemming pela iniciativa e pelo estudo.
Sobre a questão levantada pelo Ronnie, trata-se de um questionamento bastante pertinente, uma vez que o mercado é extremamente carente de informações a esse respeito, sobretudo a respeito de classificações e nomenclatura de produtos.
Particularmente posso dizer que conheço os dois produtos e ambos tem efeitos positivos comprovados nesse e em outros estudos. Quanto à sua composição, concordo plenamente com o Ronnie - entendo que mereçam a mesma classificação, ambos podendo ser classificados como "fontes de MOS" ou "prebióticos à base de mananoligossacarídeos".
Como sugestão às futuras pesquisas com produtos à base de parede celular de leveduras ou MOS, sobretudo naquelas onde se compare 2 produtos, acredito que seja interessante a divulgação dos níveis de garantia/analisados de mananas (Mananoligossacarídeos) do lote utilizado no teste, assim evitando possíveis desentendimentos a esse respeito.
fico à disposição,
atenciosamente,
felipe.