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Prebióticos, ácidos orgânicos e probióticos em rações para frangos de corte

Publicado: 25 de fevereiro de 2014
Por: Andre Pazos Da Rocha Deleco, Médico Veterinário, Autônomo, BA; Ricardo Duarte Abreu, Maria do Carmo Martins Marques da Costa e Gabriel Jorge Carneiro de Oliveira, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas, BA; Ricardo Castelo Branco Albinati, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Escola de Medicina Veterinária, BA, e Arilson Santos da Paz, Lailane Goes de Queiroz e Tácio Marques Pedreira, Zootecnistas, Autônomos, BA.
RESUMO
Avaliou-se o efeito do uso de prebióticos, ácidos orgânicos e probióticos em dietas de frangos de corte, com 8 a 21 e 22 a 43 dias de idade, sobre o desempenho e o rendimento de cortes. Usou-se o delineamento inteiramente casualizado, com 6 tratamentos e 4 repetições, com 20 pintos machos Cobb na fase inicial e 24 na de crescimento por unidade experimental, num total de 1056 aves. Os aditivos usados nos tratamentos foram: antibióticos (avilamicina e colistina), prebiótico (mananoligossacarídeos), prebiótico mais ácidos orgânicos (fumárico e propiônico), probiótico (Bacillus subtillis) e mistura comercial de probióticos (Lactobacillus plantarum, Lactobacillus bulgaricus, Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus rhamnosus, Bifidobacterium bifidum, Streptococcus thermophilus, Enterococcus faecium). Não houve efeito dos tratamentos sobre as variáveis estudadas na fase inicial, mas, na de crescimento, as aves que receberam prebiótico mais ácidos orgânicos apresentaram melhor conversão alimentar do que as que receberam apenas prebiótico, e aquelas que receberam a mistura de probióticos apresentaram melhor rendimento de peito do que as que receberam a dieta basal sem aditivos. Concluiu-se que mananoligossacarídeos, combinados ou não com ácidos orgânicos fumárico e propiônico, e os probióticos podem substituir os antibióticos avilamicina e colistina nas rações de frangos de corte sem perdas de desempenho.
Palavras-chave: aves de corte, desempenho, promotores de crescimento, rendimento
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INTRODUÇÃO
Nos anos 50, pesquisadores descobriram que dosagens subclínicas de antibióticos nas rações melhoravam o crescimento e a eficiência de produção dos animais. Os antibióticos passaram, então, a ser utilizados com estas finalidades também. No entanto, é crescente a preocupação com relação ao aparecimento de cepas bacterianas resistentes a esses aditivos, e é importante pesquisar alternativas para substituí-los.
Diversos trabalhos de pesquisa têm demonstrado efeitos positivos do uso de ácidos orgânicos, probióticos e prebióticos em substituição aos antibióticos nas dietas de aves (FRITTS et al., 2000; MAIORKA et al., 2001; PEDROSO et al., 2001; CORRÊA et al., 2003; JONES & RICKE, 2003; SANTOS et al., 2005; SARTORI et al., 2007; REZENDE et al., 2008), enquanto outros têm apresentado resultados contraditórios (LODDI et al. 2000; LIMA et al., 2003).
Probióticos são microrganismos vivos que, quando ingeridos em certa quantidade, melhoram a flora microbiana intestinal por exclusão dos microrganismos patogênicos, além de estimularem a imunidade do hospedeiro (ANDREATTI FILHO & SAMPAIO, 1999; SAXELIN et al., 2005).
Para uma substância ser classificada como prebiótico, ela não pode ser hidrolisada ou absorvida na parte superior do trato gastrintestinal e deve ser substrato para um limitado número de bactérias benéficas, de modo que seja capaz de alterar a microflora intestinal favorável e induzir efeitos benéficos intestinais ou sistêmicos ao hospedeiro (DIONÍZIO et al., 2002).
Os ácidos orgânicos de cadeia curta (AOCC) também podem reduzir a carga bacteriana no trato digestivo e melhorar o desempenho dos animais. Entretanto, na avicultura, os efeitos dos ácidos orgânicos de cadeia curta têm sido variáveis devido às suas características físico-químicas e à capacidade tampão dos ingredientes, a qual influi no pH do trato gastrintestinal e, por conseguinte, na heterogeneidade da microbiota intestinal (DIBNER & BUTTIN, 2002; RICKE, 2003). Segundo Viola et al. (2008), os resultados contraditórios obtidos com a suplementação de ácidos orgânicos nas dietas de frangos de corte possivelmente ocorrem em razão das diferenças no seu modo de ação, da condição ambiental, da dose utilizada e das respostas avaliadas.
Este trabalho foi conduzido para avaliar o uso de probióticos, de prebióticos e de ácidos orgânicos sobre o desempenho de frangos de corte na fase inicial (8 a 21 dias de idade) e na fase de crescimento (22 a 43 dias de idade).
 
MATERIAL E MÉTODOS
Dois experimentos foram realizados no Setor de Avicultura da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, em Cruz das Almas, no período de 25 de junho de 2006 a 27 de janeiro de 2007. As aves foram alojadas em 48 boxes, com 1,82 x 1,72m, de um galpão de alvenaria com dimensões de 9 x 22m, pé direito de 2,8m, piso de cimento, telado nas laterais e coberto com telhas de barro. Os equipamentos, manejo geral das instalações e sanitário foram os comumente adotados nas granjas de integração da região.
Para avaliação de desempenho na fase inicial foram utilizados 480 pintos de corte machos, da linhagem Cobb, com peso médio inicial de 160g, pelo período de 8 a 21 dias de idade, e para  avaliação na fase de crescimento foram utilizados 576 pintos de corte machos, da mesma linhagem, com peso médio inicial de 1.020g, pelo período de 22 a 43 dias de idade. Ao final dos dois experimentos, foram avaliados os parâmetros peso vivo, ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar, e ao final da fase de crescimento o rendimento de peito e de coxa também.
As aves receberam rações de uma integração local até o início dos experimentos, quando passaram, então, a receber as dietas experimentais (Tabela 1), à base de milho e farelo de soja, formuladas de acordo com o NCR (1994) e Rostagno et al. (2005). Os aditivos foram adicionados nas rações em substituição ao material inerte. As rações e a água foram fornecidas à vontade para as aves.
Prebióticos, ácidos orgânicos e probióticos em rações para frangos de corte - Image 1
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com 6 tratamentos e 4 repetições. Na fase inicial, foram usadas 20 aves por unidade experimental e na fase de crescimento, 24 aves.
Os tratamentos avaliados no experimento com aves na fase inicial foram: dieta basal sem aditivos; dieta basal com adição de antibióticos; dieta basal com adição de prebiótico (1kg/t); dieta basal com adição de prebiótico (2kg/t); dieta basal com adição de prebiótico e de ácidos orgânicos; dieta basal com adição de uma mistura comercial de probióticos. E no experimento com as aves na fase de crescimento foram os seguintes: dieta basal sem aditivos; dieta basal com adição de antibióticos; dieta basal com adição de prebiótico (1kg/t); dieta basal com adição de prebiótico e de ácidos orgânicos; dieta basal com adição de probiótico; dieta basal com adição de uma mistura comercial de probióticos.
Os produtos utilizados nos tratamento descritos foram: os antibióticos avilamicina (10ppm) e a colistina (10ppm); um prebiótico comercial composto por mananoligossacarídeos (MOS) em dosagens de 1 e 2kg/t; um produto comercial composto por prebiótico MOS e ácidos orgânicos fumárico e propiônico; um probiótico que apresenta como ingrediente ativo esporos de Bacillus subtillis 109 U.F.C.; e uma mistura comercial de probióticos composta por esporos de Lactobacillus plantarum, Lactobacillus bulgaricus, Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus rhamnosus, Bifidobacterium bifidum, Streptococcus thermophilus, Enterococcus faecium e Dextrose.
Ao final da fase inicial, foram avaliados os parâmetros peso vivo, ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar. Enquanto que ao final do experimento da fase de crescimento, as variáveis estudadas foram: peso vivo, ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar e rendimento de peito e de coxa.
Para análise dos dados, foi utilizada a análise de variância e, para a comparação das médias, o teste de Tukey, realizados pelo programa estatístico SAEG (UFV, 1999).
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os aditivos não influenciaram (P>0,05) os parâmetros peso vivo, ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar. Mesmo o aumento da quantidade de MOS ou a associação desses com ácidos orgânicos não foi suficiente para melhorar o desempenho das aves (Tabela 2).
Resultados similares foram encontrados por Dionízio et al. (2002), Brito et al. (2005), Franco et al. (2005), Albino et al. (2006) e Lorençon et al. (2007), ao utilizarem prebióticos e probióticos nas rações de frangos de corte de 1 a 21 dias de idade sobre esses parâmetros. No entanto, Viola & Vieira (2007), ao trabalharem com a suplementação de ácidos orgânicos e inorgânicos em dietas para frangos de corte, não verificaram efeito do uso desses sobre o ganho de peso e o consumo de ração, mas obtiveram benefícios sobre a conversão alimentar. Esses autores atribuíram os resultados obtidos em relação à conversão alimentar a uma possível redução nos desafios microbiológicos por ação dos acidificantes, a benefícios em nível de nutrição celular intestinal ou à ativação enzimática em nível intestinal. Da mesma forma, Opalinsk et al. (2007), em trabalho com probiótico (Bacillus subtilis) em dietas para frangos de corte, verificaram que o uso melhorou apenas a conversão alimentar das aves, no período de 1 a 21  dias de idade, em relação à dieta sem promotor. Resultados contrários também foram observados por Godoi et al. (2008), os quais verificaram que aves alimentadas com rações sem aditivos apresentaram ganho de peso inferior às aves dos tratamentos com antibiótico, simbióticos ou prebióticos à base de mananoligossacarídeos e por Boratto et al. (2004), que verificaram maior ganho de peso e consumo de ração quando utilizaram probiótico, em relação aos antibióticos e à dieta sem aditivos.
Prebióticos, ácidos orgânicos e probióticos em rações para frangos de corte - Image 2
Os resultados encontrados neste trabalho podem ser devido ao baixo desafio microbiano a que foram submetidas às aves, uma vez que essas foram alojadas em instalações limpas e desocupadas há muito tempo. Com relação ao experimento com aves na fase de crescimento, de 22 a 43 dias de idade, pode-se observar na Tabela 3 que os aditivos testados apresentaram efeito (P<0,05) apenas sobre a conversão alimentar e o rendimento de peito.
Prebióticos, ácidos orgânicos e probióticos em rações para frangos de corte - Image 3
As aves que receberam a dieta com prebiótico mais ácidos orgânicos fumárico e propiônico apresentaram melhor conversão alimentar do que as que receberam somente o prebiótico, o que indica que os ácidos orgânicos influenciaram positivamente nesse parâmetro, sem ocorrer, entretanto, diferença (P>0,05) desses tratamentos em relação aos outros. Esses resultados são semelhantes aos encontrados por Viola & Vieira (2007) que, também, verificaram efeito positivo sobre a conversão alimentar ao usarem ácidos orgânicos em dietas de frangos de corte no período de 22 a 35 dias de idade. No entanto, Viola et al. (2008), ao trabalharem com a adição de misturas de ácidos orgânicos e inorgânicos em dietas de frangos de corte, na mesma fase de criação, verificaram que o uso dessas influenciou o consumo de ração pelas aves, mas não teve efeito sobre o ganho de peso e a conversão alimentar.
O uso dos aditivos não melhorou o desempenho das aves em relação àquelas que receberam a dieta sem a inclusão desses. Outros autores, também, não verificaram efeito do uso de prebióticos (DIONÍZIO et al., 2002; BATISTA et al., 2007) ou de probióticos (SILVA et al., 2000; BORATTO et al., 2004; BATISTA et al., 2007; LORENÇON et al., 2007) em dietas de frangos de corte, sobre o desempenho. No entanto, esses resultados discordam daqueles encontrados por Flemmig & Freitas (2005), que, ao avaliarem o efeito do uso de probióticos (Bacillus licheniformis e Bacillus subtilis) associados a um prebiótico (MOS), apenas de probióticos e de um promotor de crescimento (avilamicina) na alimentação de frangos de corte, em diferentes períodos de criação, concluíram que, na fase de crescimento, o uso desses aditivos melhora o ganho de peso das aves. Também Godoi et al. (2008) que, ao usarem dietas suplementadas com antibiótico, simbiótico (Bacillus licheniformis, Bacillus subtilis e MOS) ou mananoligossacarídeos em rações para frangos de corte, no período de 1 a 42 dias de idade, observaram que esses melhoraram o desempenho das aves. Da mesma forma, Albino et al. (2006), ao trabalharem com avilamicina e dois prebióticos (mananoligossacarídeos) com diferentes concentrações de leveduras, denominados MOS standard e MOS alta concentração, incluídos nas dietas de frangos de corte na forma isolada ou associados, observaram que, nos períodos de 22 a 42 dias e de 1 a 42 dias idade, os tratamentos com MOS standard ou alta concentração, combinados ou não com avilamicina, melhoraram o ganho de peso e o peso final das aves.
Apenas a dieta com a adição da mistura comercial de probióticos promoveu melhor rendimento de peito das aves em relação à dieta sem aditivos (P<0,05), mas não apresentou resultados que diferiram das dietas com os outros aditivos (P>0,05). Em relação ao rendimento de coxa, os tratamentos não diferiram entre si (P>0,05). Esses resultados discordam parcialmente daqueles encontrados por Batista et al. (2007), Lorençon et al. (2007) e Godoi et al. (2008), que não verificaram efeito do uso de antibióticos, prebióticos, probióticos e simbióticos em rações de frangos de corte sobre o rendimento de carcaça e de partes desses. No entanto, Albino et al. (2006) observaram melhora nos rendimentos de peito, filé de peito e perna, ao utilizarem prebióticos em dietas para frangos de corte.
Pode-se concluir, pelos resultados apresentados neste trabalho, que os prebióticos à base de mananoligossacarídeos, combinados ou  não com ácidos orgânicos fumárico e propiônico, e os probióticos podem substituir os antibióticos avilamicina e colistina nas rações de frangos de corte e que o uso da mistura comercial de probióticos melhorou o rendimento de partes das aves ao abate.
 
REFERÊNCIAS
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Esse artigo técnico foi originalmente publicado em Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal.
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