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Produção efluente flotados abate frangos

POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE GORDURA DO EFLUENTE DOS FLOTADOS ORIUNDOS DO ABATE DE SUÍNOS E FRANGOS

Publicado: 27 de junho de 2012
Por: Jonas Irineu dos Santos Filho, Martha Mayumi Higarashi; Anildo Cunha; Paulo Gioavane Abreu; Dirceu Luiz Zanotto
Introdução
O Brasil tem ratificado ao longo dos anos a sua posição como um dos maiores produtores mundiais de carnes, em grande parte em decorrência da junção de série de fatores como o baixo custo de mão de obra, clima favorável e farta disponibilidade de área e alimento para os animais. O País tem tirado proveito do seu baixo custo da produção de grãos, utilizados na alimentação animal, decorrente da abundância de terras, desenvolvimento de tecnologias específicas e a recente instalação de infra-estrutura em áreas até recentemente consideradas remotas, como o Centro Oeste Brasileiro, região que apresenta atualmente o menor custo mundial de produção de soja e milho.
Embora a produção de suínos e aves no Brasil ainda se concentre na região Sul, que aloja aproximadamente 43% e 54% do efetivo de animais, respectivamente, diversos estudos indicam uma tendência de expansão dessas produções em sistemas de confinamento para a região Centro Oeste (Sigaki et al., 2006).
O abate e processamento de carnes no Brasil é mais concentrado do que a própria produção animal. Este abate é concentrado nos estados do Sul, Sudeste e Centro Oeste. A participação do Sul deve-se a sua grande importância no abate de suínos e aves e na região Sudeste e Centro Oeste predomina o abate de bovinos passa a ser mais importante ainda que o abate de suínos e aves venha ganhando importância nos últimos 10 anos. Na região norte predomina quase que exclusivamente o abate de bovinos.
No Brasil em 2009, foram produzidos 8,2 milhões de toneladas de carne de frango e 2,6 milhões de toneladas de carne de suíno. Como resultado dos procedimentos do abate animal e industrialização da carne é gerado um grande volume de efluentes. O Efluente é constituído por água de processamento que carreia sangue e aparas de gorduras, carnes, ossos e vísceras. Previamente ao lançamento no meio ambiente preconiza-se que os efluentes sejam tratados para reduzir a sua carga poluente, até níveis aceitáveis pela legislação ambiental vigente. Com o processo de tratamento aeróbico em tanques e subseqüente tratamento com agentes coagulantes, é possível a separação da fração orgânica do efluente na forma flotada (lôdo). Sendo constituído de principalmente por proteínas e lipidios, o lôdo é convencionalmente destinado ao descarte ou a aterros sanitários. Alternativamente, através de tratamento térmico complementar, com extração parcial da água e da gordura, o lodo pode ser transformado em um composto orgânico (Flotado Industrial (FI)), contendo 35% de materia seca e com valor nutricional considerado.
A gordura acida e as gorduras provenientes de flotados apresentam baixo ou nenhum valor comercial e portanto não agregam valor a cadeia. Segundo Santos Filho et al. (2010) existe um grande potencial para uso destas gorduras na fabricação de biodiesel entretanto, torna-se necessário conhecer a real capacidade de oferta deste insumo visando inseri-lo nas estratégias governamentais e empresariais para a produção de biodiesel.
 
Material e Métodos
Inexistem dados censitários que permita determinar o volume de gordura acida e gordura proveniente de flotados proveniente de suínos e frangos que é produzida no Brasil. Para efetuar este cálculo utilizou-se dados proveniente de um frigorífico existente em Santa Catarina e efetuou-se a extrapolação para o restante do Brasil. Os coeficientes técnicos utilizados foram os seguintes: O requerimento de água para o abate e processamento de um frango é de 30 litros e de um suíno é de 850 litros. Em conseqüência disto, estima-se a geração de aproximadamente 169 milhões de toneladas de efluentes/ano. Deste efluente é gerado um efluente na forma flotada que representa 1,05% do total gerado.
Tem-se também que de 100 toneladas do efluente na forma flotada potem ser extraidas 3,89 toneladas de gordura acida, 16,67 toneladas de flotado industrial e 71,5 toneladas de água. No flotado industrial ainda existe 1,925 toneladas de gordura ácida do flotado.
Os dados do abate de suínos e aves nas microrregiões do Brasil foram obtidos junto ao Cadastro Geral de Empregos e Desempregados do Ministério do Trabalho. A distribuição da produção de óleo dentro das microrregiões é efetuada
 
Resultados e Discussão
No Brasil, no ano de 2009, foram abatidos com alguma forma de inspeção 4.773.641.106 cabeças de frangos e 30.932.830 cabeças de suínos.
Com base nos dados foi calculado o potencial de produção total de gordura acida e gordura acida do flotado no Brasil para o ano de 2009. Desta forma tem-se que poderiam ter sido produzidos 34.101.453,14 litros de gordura acida de flotado e 68.891.824,52 litros de gordura acida.
A distribuição do abate, ainda que de forma não harmônica, por quase todos os estados brasileiros possibilita o aproveitamento de gorduras proveiente de efluentes flotados em regiões distantes do país onde o custo de se disponibilizar oleo diesel é elevado.
Ainda assim, o potencial de produção biodiesel de gordura animal proveniente dos flotados nos diversos estados brasileiros é bastante variável. Desta forma é necessário, para o seu máximo aproveitamento, que existam plantas processadoras de diferentes tamanhos. Estados como a Bahia, por exemplo, podem processar toda a sua gordura animal em apenas uma planta industrial de aproximadamente 5 mil litros por biodiesel por dia.
As regiões Sul e Centro Oeste não produzem petróleo. Ainda, a região centro oeste é uma região distante das refinarias de petróleo e apresentam uma malha rodoviária pouco desenvolvida o que encarece o preço do produto diesel que chega aos postos da região.
Tabela 1 – Potencial de produção de gordura dos flotados, gordura acida e gordura total dos efluentes no ano de 2009
POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE GORDURA DO EFLUENTE DOS FLOTADOS ORIUNDOS DO ABATE DE SUÍNOS E FRANGOS - Image 1
Em termos de microrregiões brasileiras o potencial de produção gordura dos efluentes industriais é ainda mais disperso. A sua produção acompanha a concentração no abate e processamento de suínos e aves que em geral é concentrado entre estados e dentro dos estados.
Pode-se observar áreas de grande potencial de produção de biodiesel nas microrregiões de nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas gerais e Mato Grosso e São Paulo. Destaque deve ser dado as microrregiões de: a) Chapeço, Toledo que tem potencial para produzir acima de 20 mil litros dia; b) Concórdia com potencial de produção diário de 15 mil litros; c) Sudoeste de Goias, Passo Fundo, Cascavel,Lajeado-Estrela e Uberlândia com potencial de produzir acima de 12,5 mil litros e d) Caixias do Sul e Joacaba, com potencial de produzir acima de 10 mil litros dias; e) Francisco Beltrão, Alto Teles Pires, Londrina, Foz do Iguacu, São Miguel do Oeste, Criciuma, Ponta Gross, Dourados, Guapore, Brasiliae São Joaquim da Barra que tem potencial de produção acima de 7,5 mil litros dia.
POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE GORDURA DO EFLUENTE DOS FLOTADOS ORIUNDOS DO ABATE DE SUÍNOS E FRANGOS - Image 2
 
Agradecimentos
Os autores agradecem O Sindicarnes de Santa Catarina que forneceu a gordura acida para o desenvolvimento dos trabalhos.
 
Bibliografia
NÚCLEO DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Biocombustíveis. CADERNOS NAE: Processos estratégicos de longo prazo, V.2. 2004.
SANTOS FILHO, J. I. DOS, SULENTA, M.; DEL PRA, M.; CUNHA, A. ABREU, P. G. Viabilidade econômica da utilização de gordura ácida de frangos e suinos na produção de biodiesel. 4° Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel e 7º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel. Anais...., Belo Horizonte, 2010, 2.p. FAO-Food and Agriculture Organization of the United Nations. <www.fao.org> Acesso em 02/9/2010.
SHIGAKI, F., SHARPLEY, A., PROCHNOW, L. I. Animal-bases agriculture, phosphorus management and water quality in Brazil: options for the future. Scientia Agricola, Piracicaba, v.63, n. 2, p. 194-209, Mar./Apr. 2006.
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Autores:
Martha Mayumi Higarashi
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Paulo Giovanni De Abreu
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Dirceu Luís Zanotto
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