Introdução
As empresas de postura comercial modernas necessitam grandes lotes de reposição, acarretando altos investimentos nas fases de cria/recria.
O aumento da densidade nestas fases, como forma de reduzir custo, e a área por ave alojada pode causar efeito negativo no peso corporal, desenvolvimento muscular e esquelético, além de prejudicar o bem estar das aves. Na fase intermediária e final da recria ou pré-postura, as aves sofrem mudanças morfológicas e fisiológicas como tamanho da crista e barbela, aumento no tamanho e atividade do fígado, aumento no depósito de cálcio medular, formação do oviduto e finalmente a formação dos primeiros ovos.
Contudo, os manuais das diversas linhagens de postura comercial, disponível no mercado apresentam recomendações variadas para densidade, quando as aves são recriadas em piso. Entretanto, o uso indiscriminado desta prática, pode causar desuniformidade no lote, antecipação ou retardamento da maturidade sexual e consequentemente no pico de postura, redução na persistência e produção total e desuniformidade no peso dos ovos. Adicionalmente podem ocorrer prolapso de oviduto, canibalismo e morte.
Outros aspectos, além da densidade podem conduzir à baixa uniformidade nas poedeiras durante a fase de crescimento, entre eles estão as enfermidades como coccidiose ou gumboro; nutrição e manejo inadequado dos comedouros; estresse por técnicas inapropriadas de vacinações e debicagem.
O bem estar das aves, cada vez mais cobrado pelo consumidor, nos sistemas de produção também deve ser levado em conta. Assim sendo, boas práticas de produção devem ser buscadas e seguidas desde a incubação, cria, recria e fase de produção dos ovos. Para tanto é fundamental a preocupação com a sanidade do plantel, fornecimento da ração, água e temperatura de forma adequada. O desenvolvimento e o peso corporal devem acontecer de forma sincronizada e otimizada com a maturidade sexual para que as poedeiras possam alcançar seu potencial genético, ou seja, a sua capacidade de produção de ovos.
eve-se ter em mente que o desenvolvimento corporal da poedeira ocorre de acordo com uma seqüência de eventos. Até as 6 semanas de idade os órgãos do trato digestório e sistema imune apresentam grande parte do seu desenvolvimento. Das 6 às12 semanas ocorre um período de crescimento rápido, estágio em que a franga obtêm a maior parte do crescimento adulto, ou seja, grande desenvolvimento muscular, dos ossos e das penas, sendo que 95 % do esqueleto se desenvolve ao final das 12 semanas.
Neste sentido, uma prática de manejo incorreto em qualquer uma das fases da criação, pode prejudicar o desenvolvimento correspondente àquela fase e, consequentemente, o desempenho do lote.
Aves com peso corporal abaixo do padrão da linhagem podem atrasar o início da produção, enquanto que aves acima deste padrão poderão antecipar o início da produção de ovos. Em qualquer das situações haverá comprometimento grave em relação ao desempenho do lote. Contudo, a uniformidade do lote é tão importante quanto o atingimento do peso corporal médio adequado. Para isto, a meta é conseguir 80% de uniformidade, representando uma variação de peso individual de 10 % abaixo e 10% acima do peso médio. Neste sentido, estudou-se duas densidades de alojamento em frangas no período de recria para observar a influência na uniformidade do lote.
Foram alojadas, em boxes, 1500 poedeiras Embrapa 031, durante a recria (7-18) semanas, em duas densidades (D) de alojamento, 15 (D1) e 10 (D2) frangas/m2. Utilizou-se um delineamento com 15 blocos ao acaso com ração à vontade e luz natural. O peso corporal, largura e altura da crista (avaliada através de um paquímetro) foram medidos individualmente numa amostra de 50% das aves de cada boxe (o que permitiu calcular o coeficiente de variação para cada parcela experimental) na semana 7 e nos intervalos de 8 - 10, 11 -13 e 14 -18 semanas de idade. Na análise, utilizou-se a teoria de modelos mistos para medidas repetidas. Foram calculados os coeficientes de correlação de Pearson entre as variáveis peso corporal, altura e largura da crista.
Resultados
As variáveis medidas encontram-se na Tabela 1. Houve efeito significativo (p<0,05) de idade das aves para todas as variáveis avaliadas, o que já era esperado. O efeito principal de densidade apenas foi significativo (p<0,05) para conversão alimentar, enquanto o efeito da interação Idade*densidade foi significativo (p<0,05) para o coeficiente de variação da altura da crista, conversão alimentar e consumo de ração. No caso do coeficiente de variação da altura da crista, apesar de existir efeito significativo da interação(densidade e idade), não houve efeito significativo (p>0,05) da densidade em qualquer das idades estudadas para esta variável. Para conversão alimentar, houve efeito significativo (p<0,05) de densidade nas idades de 10 e 13 semanas, sendo que a melhor conversão ocorreu no grupo criado com 10 aves/m2, ao passo que o consumo de ração foi influenciado significativamente pela densidade nas idades de 7 e 13 semanas.
Ficou caracterizado, que as aves criadas com densidades diferentes, embora atingissem a 18a semana com desempenho e uniformidade semelhantes, apresentaram resultados diferenciados no decorrer do período de avaliação para algumas variáveis.
Na Tabela 2 são apresentados os coeficientes de correlação de Pearson entre as variáveis peso vivo, altura da crista e largura da crista. Observou-se que as correlações foram todas positivas e altamente significativas (p<0,0001), variando de moderadas a altas. A correlação mínima entre altura da crista e largura da crista (r = 0,51) ocorreu na 7ª semana de idade das aves, enquanto a máxima (r = 0,86) ocorreu na 18ª semana. Essa forte correlação indica que em estudos posteriores pode-se realizar a medição de apenas uma destas duas variáveis, no caso a largura da crista, pela facilidade de se obter a respectiva medida.
Considerações Finais
O desempenho e uniformidade foram semelhantes para ambas densidades na 18a semana de idade das aves, sugerindo que a densidade a ser utilizada está em função da escolha do produtor, do sistema de criação e possivelmente do custo de produção.
Em caso de baixa uniformidade deve-se separar as aves por grupos de peso corporal e alimentá-las em separado. Para isso é necessário pesar as aves (amostragem) a cada semana, durante o período de crescimento.
Em caso de gaiolas deve ser escolhido aletoriamente em torno de 100 aves, representando todo o galpão e pesar sempre todas as aves das mesmas gaiolas. Esta prática permite a identificação com rapidez do problema, que pode estar associado a troca do alimento ou práticas de manejo inadequadas.
Tabela 1. Médias e respectivos erros padrões das variáveis avaliadas em função da densidade e idade, na semana 7 e nas médias dos intervalos (8 -10, 11 -13 e 14 – 18) semanas de idade, da Poedeira Embrapa 031
Tabela 2. Coeficientes de correlação de Pearson entre peso vivo, largura e altura da crista, da semana 7 e das médias dos intervalos (8 -10, 11 -13 e 14 – 18) semanas de idade da Poedeira Embrapa 031.