Zoonoses são infecções e doenças transmissíveis dos animais aos seres humanos. A infecção pode ser adquirida diretamente dos animais, ou através da ingestão de alimentos contaminados. A severidade destas doenças no homem pode variar de sintomas leves a condições de ameaça à vida. Para prevenir a ocorrência de zoonoses, é importante identificar que animais e alimentos são as principais fontes das infecções (Belotto et al., 2006, EFSA, 2009).
As doenças transmitidas entre o homem e as espécies animais - selvagens e domésticas - têm impactos importantes na saúde pública, na economia dos animais domésticos e na proteção e preservação dos animais selvagens. Embora perspectivas de doenças humanas pareçam primariamente de interesse do homem, estima-se que 61% de todos os patógenos humanos e 75% dos patógenos humanos emergentes são zoonóticos (Mahy e Murphy, 1998; Murphy, 1998; Taylor et al., 2001; Woolhouse et al., 2002; Brown, 2004; Belotto et al., 2006). A maioria destas zoonoses patogênicas que geralmente infectam o homem, estão relacionadas às práticas da criação animal. Muitos destes patógenos são endêmicos e difíceis de serem erradicados dos animais domésticos ou de suas instalações de produção (Sobsey et al., 2002). Por exemplo, um estudo revelou uma prevalência de 100% de Salmonella spp. e Campylobacter jejuni em operações avícolas (Olson, 2003). Devido à natureza endêmica dos patógenos zoonóticos nos animais domésticos, há uma necessidade crescente para a implantação das boas práticas de manejo e programas de saúde animal nos sistemas de produção, com base na avaliação e análise de risco, com o objetivo de preservar a saúde e o bem estar animal, a saúde humana e o meio ambiente (Rogers e Haines, 2005; EFSA, 2009).
Esta apresentação tem por objetivo alertar os profissionais da saúde animal e da saúde pública sobre os patógenos que se originam dos animais, incluindo os animais de estimação, domésticos e selvagens, como possíveis hospedeiros potenciais de patógenos para o homem, com ênfase aos patógenos das aves domésticas, que podem ser transportados ao homem através do ar, do alimento e da água, de vetores, entre outras vias; e assim estimular as autoridades dos serviços oficiais de saúde pública e saúde animal em descentralizar diagnósticos oficiais, e fortalecer as redes de serviços de vigilância epidemiológica e de treinamentos oficiais dos profissionais de saúde, que são as peças fundamentais para a garantia das condições de enfrentamento das doenças zoonóticas emergentes e re-emergentes.
ZOONOSES
Várias doenças infecciosas são causadas por agentes que, direta ou indiretamente, são transmissíveis por diferentes espécies animais ao homem. Atualmente mais de 200 doenças que ocorrem no homem e nos animais são transmitidas mutuamente; estas são causadas por vírus, bactérias (incluindo riquétsias e clamídias), fungos, protozoários, helmintos e artrópodes. Em 1958, o comitê de especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu zoonoses como "doenças e infecções que são naturalmente transmitidas entre animais e o homem". Esta definição ainda é válida até hoje (Krauss et al., 2003).
Na antiga Grécia o termo referia-se, genericamente, às doenças próprias dos animais. Em 1863, pela primeira vez, a palavra "zoonoses" recebeu um duplo significado ("Etymological Dictionary of Veterinary Medicine and its Auxilliary Sciences"): "zoonoses são doenças animais e doenças humanas transmitidas a partir de outros animais por meio de um vetor ou contato". Entretanto, houve, também, quem tentasse derivar a palavra no sentido de descrever o sentido da transmissão, por exemplo, "zooantroponoses" para doenças transmitidas dos animais ao homem e "antropozoonoses" para doenças transmitidas do homem aos animais (Krauss et al., 2003).
Os conhecimentos epidemiológicos mais recentes colocaram em dúvida a associação tradicional de algumas doenças infecciosas com zoonoses. As doenças que não requerem um reservatório animal porque ocorrem na água, no solo e nas plantas, mas se transmitem aos mesmos (incluindo o homem), são denominadas de "sapronoses", "saprozoonoses" ou "geonoses" (Krauss et al., 2003).
O aumento da ameaça que as zoonoses representam para o homem tem muitas causas que, inclusive, variam de país para país. A superpopulação, as guerras e a progressiva deterioração da qualidade de vida de algumas populações levam à migração inúmeros indivíduos para os subúrbios das grandes cidades, com consequente "quebra" dos cuidados de higiene e saúde pública (Krauss et al., 2003).
Reconhecendo que as cidades altamente povoadas fornecem um ambiente ideal para novos agentes infecciosos ou patógenos se propagarem, e possivelmente iniciar epidemias, a pergunta seria, onde estas "novas" doenças surgiriam primeiro? Relatório recente sobre o estudo de doenças emergentes estimou que entre 1940 e 2004 mais de 300 patógenos causaram novas doenças em humanos; e a maioria, devido às bactérias, mas os helmintos, protozoários, fungos e especialmente os vírus contribuíram bastante. Embora haja um pensamento geral de que as doenças infecciosas estejam sendo restringidas aos hospedeiros específicos, ou seja, infecções humanas sendo restringidas ao homem, infecções caninas que afetam somente cães, infecções em aves que afetam somente aves e assim por diante, sempre que as pessoas mantém contato íntimo com animais, domésticos ou selvagens, existe o potencial para que um patógeno ultrapasse a barreira da espécie. Assim, aproximadamente 60% das infecções humanas novas se originam em animais e são definidas como zoonoses. Das 1407 espécies totais de patógenos que afetam o homem, 59% são zoonóticas (Krauss et al., 2003; Greger, 2007; Woolhouse e Gaunt, 2007).
Desde 1980, em média, os novos patógenos humanos foram descobertos em uma taxa de aproximadamente três por ano. Muitas destas infecções novas foram originadas nos animais, e a vigilância epidemiológica e a pesquisa contínua para identificar as causas e os portadores de novas doenças foram essenciais. O esforço contínuo para identificar e entender as doenças novas e do por que emergem, é fundamental para a saúde humana, para o bem-estar animal e sobrevivência e preservação dos animais selvagens e domésticos (Krauss et al., 2003).
PATÓGENOS ZOONÓTICOS
Os problemas relacionados às doenças transmissíveis entre animais e o homem tem que ser olhados sob múltiplos aspectos, especialmente por serem bastante frequentes e por alguns animais se apresentarem como portadores assintomáticos. Cada vez que o homem conquista novos espaços, corre o risco de provocar alterações ambientais que produzem a descoberta de doenças potencialmente perigosas (EFSA, 2009).
Em termos gerais, são seis as classes de patógenos zoonóticos: (1) vírus; (2) bactérias; (3) protozoários; (4) fungos, (5) Chlamydia e (6) helmintos. A capacidade de um micro-organismo produzir doença em uma pessoa varia de acordo com a virulência do organismo, a dose infectante na qual a pessoa é exposta e a via de infecção (Jacob et al., 2003).
Os vírus zoonóticos são aqueles encontrados principalmente nos animais que causam a doença no homem, por meio do contato com o animal ou compartilham de um vetor (transmissor da doença), como por exemplo, um mosquito (a febre amarela é um vírus dos macacos selvagens que os mosquitos carregam e transmitem para as pessoas). Os vírus somente podem se replicar quando estão dentro de células hospedeiras.
Os patógenos bacterianos zoonóticos são micro-organismos unicelulares que sobrevivem sob condições favoráveis, e se reproduzem em ambientes terrestres e aquáticos. As bactérias zoonóticas são aquelas que têm um ciclo tipicamente em animais domésticos sem causar a doença em seus hospedeiros específicos, entretanto, quando transmitidas em populações humanas, a doença produzida pode ser severa. Exemplos de bactérias zoonóticas: Campylobacter spp, Salmonella spp., Escherichia coli (0157:H7).
Em 2007, a campilobacteriose foi (novamente) a doença zoonótica mais frequente no homem na União Européia (EU), com 200.507 casos humanos confirmados, e com tendência a aumento no número dos casos. A Salmonelose foi a segunda zoonose mais registrada, com 151.995 casos humanos confirmados. Entretanto, a incidência de salmonelose continua a diminuir na EU, com tendência significativa (p<0,05), nos últimos quatro anos (EFSA, 2009).
Em alimentos, a proporção mais elevada de amostras positivas de Campylobacter sp foi novamente relatada em carne de frango resfriado, onde na média 26% das amostras foram positivas. Campylobacter sp foi também detectado em aves vivas, suínos e bovinos. A relação de amostras positivas de Campylobacter sp permanecem em níveis elevados e nenhuma diminuição total foi evidente (EFSA, 2009).
Salmonella foi encontrada frequentemente na carne de frango resfriado e na carne suína, na média de 5,5% e 1,1%, respectivamente. Alguns países da UE relataram 0,8% dos ovos de mesa positivos para Salmonella, enquanto em produtos lácteos, vegetais e frutas raramente foram encontrados a bactéria. Nas populações animais, a Salmonella foi detectada mais frequentemente em plantéis avícolas (EFSA, 2009).
O número de casos de listeriose no homem permaneceu na mesma taxa de 2006, com 1.554 casos confirmados em 2007. Taxa de letalidade de 20% foi relatada entre os casos, afetando especialmente idosos. Listeria sp raramente foi detectada acima do limite legal de segurança em alimentos prontos para consumo, mas foi encontrada acima deste limite em peixes defumados e outros produtos de pescados prontos para consumo, seguido por produtos cárneos prontos para consumo e queijos (EFSA, 2009).
Vários países das Américas registraram avanços importantes e promissores no controle da brucelose e tuberculose por M. bovis. No entanto, estas enfermidades seguem afetando em forma assimétrica a setores de menores recursos como pequenos agricultores, trabalhadores do setor pecuário e de matadouros (OPAS, 2007).
Protozoários zoonóticos são encontrados em animais e podem infectar o homem e há basicamente dois papéis do homem neste cenário: (1) pode ser o hospedeiro acidental no ciclo de vida do protozoário, onde o protozoário se submete ao mesmo desenvolvimento no ser humano como faz em seu hospedeiro reservatório normal; ou (2) o homem pode ser um hospedeiro intermediário no ciclo de vida dos parasitas, e neste caso, a vertente do hospedeiro reservatório pode desenvolver muitos estágios no ambiente com o objetivo de infectar tanto como hospedeiro intermediário como possível específico. Exemplos de protozoários zoonóticos: Cryptosporidium parvum e Giardia (Lallo; Bondan, 2006; EFSA, 2009).
O conhecimento mais acurado sobre a epidemiologia e a profilaxia dos parasitas mais importantes dos animais, particularmente sobre as suas incidências e prevalências, são fundamentais para a adoção de medidas profiláticas adequadas para a proteção humana (Ogassawara et al., 1986). A exposição do homem aos agentes de zoonoses parasitárias, dentre eles, a larva migrans visceral, devido à infecção pelas larvas do nematódeo de cães e gatos, Toxocara spp. é, provavelmente, a mais emergente. Outra zoonose parasitária de grande importância no mundo todo é a larva migrans cutânea, causada principalmente por larvas de Ancylostoma braziliense, um ancilostomídeo de cães e de gatos (Schantz, 1991). Dipylidium caninum, um cestoda parasito intestinal muito comum em cães e gatos, em nosso país tem sido raramente encontrado parasitando o homem. Com cerca de 150 casos relatados no mundo todo, inclusive com alguns casos de infecção em crianças do Brasil (Neves, 2000).
A teníase/cisticercose é uma enfermidade que ocorre em todo o mundo, mas particularmente em áreas rurais dos países em desenvolvimento. Na América Latina a prevalência é muito alta e tem sido detectado altas porcentagens da população com anticorpos contra cisticerco. A neurocisticercose é a forma mais grave da enfermidade e é observada em 17 países da América Latina. É importante reconhecer que grande parte da problemática da teníase/cisticercose é que nas áreas rurais, os suínos têm muito mais contato com excretas humanas e quando sacrificados, são vendidos sem nenhuma inspeção sanitária de sua carne. As perdas econômicas devido a enfermidade podem ser muito significativas o que torna fundamental sua prevenção e controle (Belotto et al., 2006).
Em resumo, os rebanhos dos animais domésticos podem ser reservatórios e portadores de vírus, bactérias, protozoários e parasitas que são patogênicos para o homem, outros animais domésticos e animais selvagens. Os patógenos presentes nas carcaças ou nos dejetos animais podem incluir rotavirus, vírus da hepatite E, Salmonella spp., E. coli O157: H7, Yersinia enterocolitica, Campylobacter spp., Cryptosporidium parvum e Giardia lamblia, para nomear alguns (Sobsey et al., 2002). Estes patógenos zoonóticos podem variar de milhões a bilhões por grama de fezes, e infectam o homem através das várias vias, tais como o ar contaminado, o contato com os rebanhos de animais domésticos ou seus dejetos, na exposição aos vetores potenciais (tais como moscas, mosquitos, aves aquáticas e roedores), ou no consumo do alimento ou da água contaminada pelos dejetos dos animais. As consequências da infecção pelos patógenos que se originam dos dejetos animais podem variar de morbidade transitória a mortalidade, especialmente em indivíduos de alto risco. O uso de antimicrobianos na produção animal pode exacerbar o problema aumentando a resistência destes patógenos às drogas terapêuticas usadas no tratamento de doenças humanas (Rogers; Haines, 2005).
DETERMINANTES NA EMERGÊNCIA DE AGENTES DE ZOONOSES
Muitos determinantes diferentes contribuem para a emergência de novos agentes zoonóticos de doenças. Raramente tais determinantes atuam isoladamente. Dado à complexidade de suas interações, não há provavelmente, nenhuma maneira para predizer quando ou onde o novo patógeno zoonótico importante emergirá (Murphy, 2002).
Considerando os efeitos de mutação e seleção na evolução dos patógenos zoonóticos virais, por exemplo, as variantes bem sucedidas parecem ter evoluído com características particulares. O padrão destas características sugere que muito provavelmente as variantes emergem como novas ameaças zoonóticas como sua origem. Muitos dos agentes infecciosos zoonóticos sobrevivem onde há hospedeiros reservatórios suscetíveis suficientes para sustentar a cadeia de transmissão (Murphy, 2002).
A maioria das mudanças nas populações de hospedeiros reservatórios que afetam agentes infecciosos zoonóticos é causada, diretamente ou indiretamente, por atividades humanas. As principais mudanças são a densidade crescente de populações humanas, a densidade crescente de populações de animais domésticos, e o aglomeramento dos animais selvagens em áreas limitadas. Outra mudança derivada das atividades humanas serve para amplificar o risco de emergência de novos agentes zoonóticos, por exemplo, a mobilidade aumentada dos seres humanos, regional e global, mudanças nos padrões naturais de movimento das aves e animais, e o aumento no transporte de uma variedade dos produtos que podem contribuir na disseminação de vírus, vetores e hospedeiros exóticos. A ameaça do bioterrorismo e do bioensaio adiciona outro fator à equação da avaliação do risco, e alguns pesquisadores discutem que o xenotransplante (transferência dos órgãos ou de outros tecidos dos animais aos seres humanos), representa um outro nível do risco (Murphy, 2002).
EXEMPLOS DE PATOGÊNESE E VIRULÊNCIA EM ZOONOSES
As doenças zoonóticas oferecem alguns critérios de interesse na patogênese e virulência. Antraz (carbúnculo) e febre do vale Rift ilustram bem as doenças sobre os estudos de patogênese e de virulência dos agentes no homem ou pelo menos nos modelos animais (Shope, 2002; Krauss et al., 2003).
Antraz é um das zoonoses mais interessantes do ponto de vista da ligação entre a patogênese e a virulência. A virulência está relacionada diretamente ao local da entrada da bactéria. Bacillus anthracis é um organismo gram-positivo que infectam bovinos e ovinos. Quando latente (não vivendo em um hospedeiro animal), o organismo existe como esporo muito resistente no solo. Durante a segunda guerra mundial uma experiência de guerra biológica conduzida na ilha de Gruinard na Escócia, onde os esporos de antraz foram "explodidos" e permaneceram viáveis no solo por 44 anos, até 1986, quando a descontaminação com solução de formaldeído, finalmente tornou a ilha habitável novamente. O bacilo permanece no solo até ser consumido por ovinos, bovinos ou outros animais, e a infecção é especialmente comum durante os períodos secos, quando os animais ingerem parte do solo enquanto pastam. Quase todos os animais de sangue quente são suscetíveis. As carcaças, quando abertas por urubus ou por carnívoros, são fontes da infecção e a esporulação ocorre quando uma carcaça contaminada é exposta ao ar livre.
Pessoas que trabalham em fazendas ou matadouros, estabelecimentos de classificação de lã e em curtumes são mais suscetíveis à exposição. Raramente, as pessoas são infectadas pelo consumo de carne crua ou mal cozida. Geralmente, o bacilo não penetra em pele íntegra. A infecção cutânea ocorre através de lesões ou de picadas de insetos.
Estudos de patogênese e de virulência dos agentes no homem ou pelo menos nos modelos animais podem ser longos para algumas das zoonoses recentemente emergentes, tais como encefalite do Nilo ocidental e encefalite do vírus Nipah. Parte do problema com encefalite do vírus Nipah é a falta de laboratórios de biossegurança do nível 4 para realizar estudos básicos de patogênese do vírus. A respeito do vírus da encefalite do Nilo ocidental, a principal pergunta se centra na diferença aparente da idade na virulência. No surto de 1999 na cidade de Nova York, é provável que todos os grupos de idade foram infectados, contudo porque a maioria dos casos e todas as mortes ocorreram nas pessoas acima de 60 anos de idade? A pesquisa é urgente e necessária para desenvolvimento de modelos animais que simulem a doença humana para estas e outras doenças emergentes zoonóticas.
SISTEMA DE PREVENÇÃO E CONTROLE
As doenças zoonóticas requerem estratégias de prevenção e controle um pouco diferentes daquelas empregadas em doenças de agentes etiológicos de transmissão somente de humano a humano. Ou seja, estas últimas são baseadas nas evidências clínicas ou vigilância epidemiológica que fornecem os fundamentos para as atividades da intervenção, como por exemplo, a vacinação. As estratégias de prevenção e controle para as zoonoses são muito mais complexas (Murphy, 2002; Blancou et al., 2005).
REDUÇÃO DO RISCO NA CADEIA ALIMENTAR
Saúde animal é a primeira parte crucial na cadeia alimentar e deve ser considerada ao desenvolver os controles ou as medidas preventivas para doenças zoonóticas endêmicas ou emergentes transmissíveis por alimentos. Aumentando o número de medidas de controle complementares em vários pontos ao longo da cadeia alimentar resulta na redução total do risco e melhoria no processo do alimento e na segurança dos produtos para os mercados domésticos e no comércio internacional. Além disso, uma avaliação de risco deve ser feita e vigilância ser executada pelo serviço oficial. Estas medidas requerem infraestrutura suficiente dos serviços veterinários, e devem ser controladas e reavaliadas periodicamente, com amostras marcadas e enviadas aos laboratórios para averiguação da conformidade dos resultados (Blancou et al., 2005; Belotto et al., 2006; Mumford; Kihm, 2006).
TENDÊNCIA EM ZOONOSES AVIÁRIAS
Para detectar os agentes zoonóticos emergentes que podem causar doenças ou infecções nos animais ou nas aves domésticas, tanto como identificar fatores de risco ou tendências de prevalência para vários agentes, os serviços de saúde pública e saúde animal devem desenvolver a vigilância epidemiológica e sanitária entre outras ferramentas epidemiológicas.
Recentemente um vírus E de hepatite aviária (HEV) foi identificado em galinhas com "big liver and spleen disease" ou síndrome de hepatite-esplenomegalia na Austrália, nos Estados Unidos e na Europa. Os dados disponíveis indicam seu relacionamento genético com o vírus da hepatite E dos mamíferos (HEV) (Sunz et al., 2004; Billam et al., 2007; Bilic et al., 2009; Legrand-Abravanel et al., 2009). Anticorpos HEV aviários também estão prevalentes em galinhas saudáveis. Estes estudos indicam que o HEV aviário é enzoótico em plantéis de galinhas e se dissemina na forma subclínica entre as aves (Sunz et al., 2004). A análise filogenética sugere que os HEVs aviários podem ser classificados em três genótipos diferentes: 1 (Austrália), 2 (EUA) e 3 (Europa), indicando um padrão da distribuição geográfica (Bilic et al., 2009; Legrand-Abravanel et al., 2009).
As bactérias patogênicas de Escherichia coli de aves domésticas são chamadas Escherichia coli patogênicas aviárias (do inglês, avian pathogenic Escherichia coli - APEC). As bactérias APEC pertencem a um grupo diferente de E. coli patogênica extraintestinal (ExPEC). Como a expressão sugere estas bactérias causam as infecções externas aos intestinos, por exemplo, no trato urinário, cavidade abdominal e meninges. Alguns estudos tem levantado a hipótese do possível potencial zoonótico de cepas de APEC (Pohjanvirta, 2008).
Virus da influenza aviária (AIV) subtipo H5N1 foi recuperado do conteúdo interno de ovos, incluindo a composição de albúmen e fluido alantóico, e do oviduto de lotes de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica), infectadas naturalmente na Tailândia. Decididamente, isto mostra a necessidade da adoção de medidas adequadas para prevenir a contaminação e a propagação do vírus ao ambiente durante o transporte dos ovos em áreas de surtos (incluindo ovos incubáveis, ovos trincados, e outros materiais relevantes - ou ovos de consumo), sendo enfatizada e não deve ser ignorada, por causa da saúde animal, saúde pública e da saúde ambiental (Promkuntod et al., 2006).
Cães suscetíveis foram colocados em contato com cães experimentalmente infectados com vírus influenza A de origem aviária (H3N2), isolado de cães com síndrome respiratória severa. Todos os cães experimentalmente infectados e expostos ao contato apresentaram temperatura retal elevada, eliminação do vírus, soroconversão, traqueo-bronquite e brônquio-alveolite necrosante severa. Os vírus isolados compartilham entre si (maior ou igual) 97% de homologia da seqüência de nucleotídeos, sugerindo que os vírus completos são transmitidos diretamente das aves aos cães. A transmissão do vírus de cão-à-cão levanta hipóteses sobre a transmissão interespécies de vírus de influenza aviária e a adaptação destes vírus para a fisiologia canina (Song et al., 2009).
Ainda que a transmissão oral‐fecal do vírus de influenza aviária (VIA) por meio da água contaminada representa um mecanismo reconhecido de transmissão entre populações silvestres de aves aquáticas, se conhece muito pouco sobre a persistência viral neste meio. Estudos com vírus silvestres de IA H5 e H7 de baixa patogenicidade isolados de espécies que representam os dois reservatórios mais numerosos (Anseriformes e Charadriformes), comparado com os VIA de alta patogenicidade H5N1 provenientes da Ásia indicaram que: (1) os VIA H5 e H7 podem persistir na água por longos períodos, com uma duração de infectividade comparável a do VIA de outros subtipos; (2) a persistência do VIA H5 e H7 é inversamente proporcional à temperatura e salinidade da água, e (3) existe uma interação significativa entre os efeitos da temperatura e salinidade na presença do vírus, com o efeito de salinidade sendo mais proeminente à baixas temperaturas. Os resultados dos VIA H5N1 proveniente da Ásia, indicaram que estes vírus não persistiram na água por tanto tempo como os vírus silvestres de influenza aviária de baixa patogenicidade (Brown et al., 2007).
Micobacteriose tem sido reconhecida por muito tempo como uma doença de psitacídeos domésticos. Resultados de estudos recentes indicam que é pouco provável que a micobacteriose em psittacídeos represente um risco de saúde significativo para o homem. Entretanto, o potencial para a doença zoonótica deve ser considerado, especialmente se as pessoas imunodeprimidas mantiverem o contato com uma ave infectada (Lennox, 2007).
A infecção pelo Toxoplasma gondii constitui uma das zoonoses mais difundidas no mundo, afetando as populações humanas e animais, inclusive as aves. A galinha infectada é considerada uma fonte importante do T. gondii em todo o mundo (Tenter et al., 2000), e representa um ótimo indicador da contaminação ambiental devido aos seus hábitos alimentares (Devada et al., 1998; Dubey et al., 2006). A forma mais comum da demonstração da infecção é a determinação de anticorpos séricos, e no Brasil, como em outros países, tem-se verificado a prevalência de anticorpos anti-T. gondii nas galinhas apontando prevalências que variam de 0 a 40% por métodos diferentes e usando pontos de corte diferentes. Estudos têm demonstrado uma alta prevalência da toxoplasmose em galinhas caipiras no Irã, Áustria e Índia, variando entre 33 e 39,5% (Ghorbani et al., 1990; Devada et al., 1998; Tenter et al., 2000; Dubey et al., 2003; Asgari et al., 2006). Entretanto, as taxas de prevalência detectadas e reportadas em outros países são notadamente inferiores, como 10,3% no Brasil (Garcia et al., 2000), 17% nos Estados Unidos (Dubey et al., 2003) e 26% no Peru (Dubey et al., 2004). Portanto, em áreas de produção avícola, galinhas contaminadas representam uma fonte da infecção humana para T. gondii (Asgari et al., 2006).
Diversas espécies de Bordetella foram associadas com doença respiratória no homem. Apesar de B. avium ser considerado estritamente um patógeno animal que causa traqueíte e bronquite em aves domésticas e selvagens, infecções em aves compartilham de muitas das características clínicas e histopatólogicas da doença nos mamíferos, causados pelo B. pertussis e B. bronchiseptica. Casos humanos de doença respiratória associada com B. avium têm sido recentemente relatados em pacientes com fibrose cística. São descritos dois isolados, B. avium e uma cepa recente que se assemelha ao B. avium, isolados de pacientes com pneumonia, demonstrando desse modo que a B. avium e a cepa semelhante à B. avium são patógenos humanos oportunistas (Harrington et al. 2009).
PAPEL DAS AVES NATIVAS E DE OUTROS ANIMAIS SELVAGENS NA EMERGÊNCIA DE DOENÇAS ZOONÓTICAS
Os animais selvagens podem ser uma fonte importante da transmissão de doenças infecciosas ao homem. Uma via de transmissão potencial envolve a caça e a pesca, atividades comuns em muitas partes do mundo. Outra via potencial da infecção se focaliza em ambientes urbanos e suburbanos. Estas situações são de interesse especial por causa de seu papel crescente como o habitat dos animais selvagens, da grande relação entre seres humanos e animais selvagens que ocorrem dentro daqueles ambientes, a escassez do conhecimento sobre doenças naquelas populações de animais selvagens, e da falta geral de métodos de manejo para animais selvagens dentro daqueles ambientes (Friend, 2002).
No ambiente silvestre, diversas tendências estão contribuindo para a importância do crescimento de doenças zoonóticas. Primeiramente, o espectro das doenças infecciosas que afetam animais selvagens é hoje muito maior do que em qualquer época durante o século passado. Em segundo, a ocorrência de doenças infecciosas mudou de esporádica, com surtos limitados que geralmente resultavam em perdas menores, para eventos de ocorrência frequente que resultam geralmente em perdas muito maiores de animais selvagens. Em terceiro lugar, a emergência de doenças tem ocorrido em uma escala mundial em um amplo espectro de espécies e habitats dos animais selvagens (Friend, 2002).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
São cada vez maiores os desafios do serviço oficial de saúde animal e de saúde pública no sentido de estabelecer uma legislação regulatória com base nas organizações internacionais sobre as importações e as exportações de produtos de origem animal, e de animais, devido ao desenvolvimento natural de agentes de doenças animais e humanas, de interesse não somente para a saúde pública mas também o interesse econômico, uma vez que o Brasil figura no cenário mundial como o maior exportador de carne de aves e de carne bovina. Neste sentido, atualmente, as doenças e os agentes de grande interesse são os vírus da influenza aviária H5 e H7 de baixa e de alta patogenicidade, a encefalopatia espongiforme bovina, a língua azul e a febre aftosa, para nomear alguns.
É evidente o temor de invasão de um vírus desconhecido ou de uma ameaça não completamente compreendida. A preocupação é no sentido da possibilidade de ocorrência de um novo agente que poderá afetar a saúde pública, ou o comércio de exportação ou o turismo. A falta de conhecimento ou informações incompletas da situação da saúde animal em um país exportador como o Brasil, devido ao deficiente sistema de vigilância epidemiológica para os agentes das doenças de interesse, pode limitar a aplicação da ciência em decisões epidemiológicas. Além disto, a falta de um sistema eficaz de vigilância pode inadequadamente considerar agentes de doenças como exóticos, se não forem descritos.
No estudo das zoonoses, médicos e veterinários devem cooperar mutuamente no sentido de estudar a etiologia e a epidemiologia, bem como de estabelecer os mais ou menos complexos ciclos de vida destes agentes e os mecanismos de transmissão e vetores associados. De extrema importância são, igualmente, as apresentações clínicas, diagnósticos diferenciais, terapia e profilaxia (Kahn, 2007).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Asgari, Q.; Farzaneh, A.; Kalantari, M.; Akrami Mohajeri, F.; Moazeni, M.; Zarifi, M., Esmaeilzadeh, B.; Motazedian M.H. Seroprevalence of Free-Ranging Chicken Toxoplasmosis in Sub-Urban Regions of Shiraz, Iran. International Journal of Poultry Science, v. 5, n. 3, p. 262-264, 2006.
2. Belotto A.; Schneider, M. C; Fernandes, D; Leanes, F. L; Genovese, M. A. Estado actual de las zoonosis en América Latina y Caribe y su importancia en un mundo globalizado. Santiago; Centro Panamericano de Fiebre Aftosa. Unidad de Salud Pública Veterinaria OPS/OMS; nov. 2006. 7 p. In: XX Congreso Panamericano de Ciencias Veterinarias. 14º Congreso Chileno de Medicina Veterinaria, Santiago, 13-16 Noviembre 2006
3. Bilic, I.; Jaskulska, B., Basic, A.; Morrow, C. J.; Hess, M. Sequence analysis and comparison of avian hepatitis E viruses from Australia and Europe indicate the existence of different genotypes. J Gen Virol, v. 90, p. 863-873, 2009.
4. J., Chomel, B. B., Belotto, A., Meslin, F. Xavier. Emerging or re-emerging bacterial zoonoses: factors of emergence, surveillance and control. Vet. Res., v. 36, p. 507-522, 2005.
5. Bokma, B. H. Role of Import and Export Regulatory Animal Health Officials in International Control and Surveillance for Animal Diseases. Annals of the New York Academy of Sciences. Impact of Emerging Zoonotic Diseases on Animal Health: 8th Biennial Conference of the Society for Tropical Veterinary Medicine, v. 1081, p. 84-89, 2006.
6. Brown, J. D.; Swayne, D. E.; Cooper, R. J.; Burns, R. E.; Stallknecht, D. E. Persistence of H5 and H7 Avian Influenza Viruses in Water. Avian Diseases, v. 51, n. 1, Supplement: Sixth International Symposium on Avian Influenza (Mar., 2007), pp. 285‐289. Published by: American Association of Avian Pathologists, Inc. Stable URL: http://www.jstor.org/stable/4493211.
7. Devada, K., R. Anandan and J.P. Dubey. Serologic prevalence of Toxoplasma gondii in chickens in Madras, India. J. Parasitol., v. 84, p. 621-622, 1998.
8. European Food Safety Authority (EFSA). The Community Summary Report on Trends and Sources of Zoonoses and Zoonotic Agents in the European. Union in 2007, The EFSA Journal (2009), 217p.
9. Friend, M. The role of native birds and other wildlife on the Emergence of zoonotic diseases. The Emergence of Zoonotic Diseases: Understanding the Impact on Animal and Human Health - Workshop Summary.Tom Burroughs, Stacey Knobler, and Joshua Lederberg, Editors, Forum on Emerging Infections. 2002. 176 p. ISBN: 978-0-309-08327-0.
10. Greger, M. The human/animal interface : emergence and resurgence of zoonotic infectious diseases. Critical Reviews in Microbiology, v. 33, p. 243-299, 2007.
11. Harrington, A. T.; Castellanos, J. A.; Ziedalski, Tomasz, M.; Clarridge, J. E.; Cookson, B.T. Isolation of Bordetella avium and novel bordetella strain from patients with respiratory disease. Emerging Infectious Diseases, Jan, 2009. http://findarticles.com/p/articles/mi_m0GVK/is_1_15/ai_n31215000?tag=content;col1
12. Jacob, J. P.; Gaskin, J. M.; Wilson, H. R., and Mather, F. B. Avian Diseases Transmissible to Humans. Animal Science Department, Florida Cooperative Extension Service, Institute of Food and Agricultural Sciences, University of Florida. at http://edis.ifas.ufl.edu. 2003. 5p.
13. Jones, K. E., et al. Global trends in emerging infectious diseases. Nature, v. 451, p. 990-993, 2008.
14. Kahn, L. H. Managing zoonotic disease risks:need for greater physician and veterinarian collaboration. Journal of Chinese Clinical Medicine; v. 2, n. 2, p. 1 -7, 2007.
15. Krauss, H.; Weber, A.; Appel, M.; Enders, B.; Graevenitz, A. V.; Isenberg, H. D.; Schiefer, H.G.; Slenczka, W.; Zahner, H. Zoonosis. Infectious Diseases Transmissible from Animals to Humans. ASM Press. American Society for Microbiology, Washington DC., USA. 2003. 3rd Edition, 456 pages. ISBN: 1-55581-p. 236-8.
16. Lallo, M.A.; Bondan, E.F. Prevalência de Cryptosporidium sp. em cães de instituições da cidade de São Paulo. Revista de Saúde Pública, v.40, n.1, p.120-125, 2006.
17. Lennox, A M. Mycobacteriosis in Companion Psittacine Birds: A Review. Journal of Avian Medicine and Surgery, v. 21, n. 3, p.181-187, 2007.
18. Luna, E.J.A. A emergência das doenças emergentes. Rev. Bras. Epidemiol., v. 5, n. 3, p. 1-15, 2002.
19. Mumford, E. L.; Kihm, U. Integrated Risk Reduction along the Food Chain. Annals of the New York Academy of Sciences - Impact of Emerging Zoonotic Diseases on Animal Health: 8th Biennial Conference of the Society for Tropical Veterinary Medicine, v. 1081, p. 147 - 152 Published Online: 17 Nov 2006.
20. Murphy, F. A. A Perspective on Emerging Zoonoses. The Emergence of Zoonotic Diseases: Understanding the Impact on Animal and Human Health - Workshop Summary. Tom Burroughs, Stacey Knobler, and Joshua Lederberg, Editors, Forum on Emerging Infections. 2002. 176 p. ISBN: 978-0-309-08327-0
21. Neves D.P. Outros cestoda. In: Neves D.P.; Melo A.L.; Genaro O.; Linardi P.M. (org). Parasitologia humana. 10.ed. São Paulo: Atheneu, 2000.
22. Ogassawara S.; Benassi S.; Larsson C.E.; Leme P.T.Z.; Hagiwara M.K. Prevalência de infecções helmínticas em gatos na cidade de São Paulo. Revista da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, v.23, p.139-144, 1986.
23. Pohjanvirta, VML Tarja. Coli Bacteria in Poultry - A possible Zoonosis, http://www.evira.fi/portal/en/research_on_animal_diseases_and_food/current_issues/archive/?a=ViewMessage&id=1394 Research Seminar 30.9.2008
24. Promkuntod, N; Antarasena, C.; Prommuang, P.; Prommuang, P. Isolation of Avian Influenza Virus A Subtype H5N1 from Internal Contents (Albumen and Allantoic Fluid) of Japanese Quail (Coturnix coturnix japonica) Eggs and Oviduct during a Natural Outbreak. Annals of the New York Academy of Sciences. Impact of Emerging Zoonotic Diseases on Animal Health: 8th Biennial Conference of the Society for Tropical Veterinary Medicine, v. 1081, p. 171 - 173, 2006.
25. Rogers, S.; Haines, J. Detecting and Mitigating the Environmental Impact of Fecal Pathogens Originating from Confined Animal Feeding Operations: Review. Environmental Protection Agency (EPA). 2005. 185p.
26. Schantz, P.M. Parasitic zoonosis in perspective. International Journal for Parasitology. v. 21, p.161-70, 1991.
27. Sobsey, M.D., L.A. Khatib, V.R. Hill, E. Alocilja, and S. Pillai (2002) Pathogens in Animal Wastes and the Impacts of Waste Management Practices on their Survival, Transport, and Fate. White paper for The National Center for Manure & Agricultural Waste Management. http://www.mwpshq.org.
28. Tenter, A.M., A.R. Heckeroth and L.M. Weiss. Toxoplasma gondii: From animal to human. Inter. J. for Parasitol., v. 30, p. 1217-58, 2000.
29. Wolfe, N. D.; Dunavan, C. P.; Diamond, J. Origins of major human infectious diseases. Nature, v. 447, p. 279-283, 2007.
30. Woolhouse, M.; Gaunt, E. Ecological origins of novel human pathogens. Critical Reviews in Microbiology., v. 33, p. 231-242, 2007.
* O Trabalho foi originalmente apresentado no XXI Congresso Brasileiro de Avicultura, em Porto Alegre - maio 2009