Srs.
Entendo seer um tanto precipitada a afirmação "..trata-se de um caminho sem volta, e as adaptações devem ser realizadas a curto, médio e longo prazo.", em razão de estamos nos preocupando e em muito com os ditames da Comunidade Européia, com o que dita o EurepGap e assim por diante. Primeiro temos que considerar que não existe só a Europa para consumir nossos produtos; segundo as modalidades e formas de criação de aves de postura, nos países que fazem parte da CE, são peculiares à eles em termos de clima, número de horas de luminosidade; mão de obra; espaço territorial; oferta de alimentos variados e custos de produção; terceiro o Bem Estar Animal e as Boas Práticas de Produção Animal - Postura Comercial- ainda não foram devidamente discutidas nas Acadêmias e nem nos Fóruns especializados.O que de certa forma é um tanto temerário tomar como ponto de referência o que ditam os interessados no assunto, quando adotam posturas européias. Pergunamos.E no Japão, e na China e na Rússia? Seriam estas as normas a serem adotadas? Criar aves de postura em níveis comerciais,para contrariar a Teoria de Malthus, é dotar a propriedade de um sistema produtivo, equiparado a produção em linha de uma indústria, podendo afirmar-se sem medo de errar que a atividade - postura comercial - é um sistema de produção contínuo e em escala -.Agora imaginem os autores criamros 100.000, 500.000, 1.000.000 de aves de postura comercial no sistema, adotando 9,00 metros quadrado por aves alojada.Já pararam para mensurar a infraestrutura necessária para tal? Já conseguiram mensurar como será a distribuição de alimentos, de avaliação de desempenho, de avaliação ponderal, de exames corporais e da coleta de ovos?
No momento o Brasil tem que se preocupar com os brasileiros, depois com os "gringos".Se eles quizerem comprar ovos nossos de acordo com o que produzimos tudo bem.Caso contrário tem quem quer. Os caros colegas quando foram comprar o seu automóvel,por acaso exigiram que o fosse fabricado de acordo com as suas exigências? Compraram o que estava de acordo com o seu orçamento e seu gosto.E as empresas deixaram de vender? É a mesma situação em relação aos ditames da CE. Nós temos que ter a convicção que as Práticas de Boas Práticas de Produção Animal - Postura Comercial - estão inerentes no sistema produtiva comercial e sanitário. Sugiro que se façam ouvir os grandes produtores de ovos, da região de Bastos, Valinhos, Atibaia, Junidiaí, ou grandes empresas para saberem das suas posições. A Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia desenvolveu um sistema de criação de aves de postura comercial,para pequenos produtores, que diga-se de passagem é excelente.
Mas se formos adotar o que quer a CE, 9,00 metros quadrados por ave alojada e ou o que a Embrapa pesquisou, para grandes produções, é como sonhar que um dia nós iremos tomar sorvete no Sol ou produzir cajú ou cacau na Patagônia.
O Brasil não pode e nem deve ficar refém de países importadores.
E tão pouco ficar obedecendo regras impostas. Por exemplo a Rússia, a China, constantemente ditam normas de abate e de produção para suínos. Mas eles não as colocam em prática. Tudo é um jogo de interesse comercial.Se o Brasil parar de exportar por dois anos, qualquer tipo de alimentos:proteína animal ou vegetal - gera uma crise mundial sem precedentes. Um exemplo um tanto distante. Por que os Estados Unidos não exportam petróleo? Alguém noticia de alguma imposição dos Estados Unidos, em termos socio-ambiental em relação aos países produtores / exportadores? Sabem qual a razão ou quais as razões? Adquirem a um preço diferenciado ( a tecnologia embarcada é americana) e mantém suas reservas petrolíferas, uma vez que o petróleo é um produto finito. Voltando a produção de ovos. A cada obediência às politicas estrangeiras, estamos abdicando da nossa soberania e esgotando os nossos solos, a ração contém soja e milho, que não são produzidos por hidroponia.
O artigo em si é de relevante importância enquanto informação acadêmcia. Louvável e deve ser discutido no meio produtor. Sugiro um debate com a ABAVE.No momento ditam normas de como produzir ovos, futuramente frangos, suinos,bovinos, peixes e se não tomarmos cuidados,passarão a exigir que os produtores e funcionários apresentem as mesmas características genéticas dos países importadores. Já imaginaram se a Rússia exigisse que o pessoal da ITO,fosse do biotipo caucasiano?
Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.