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Farinha de peixe rações vegetais frangos

Utilização de farinha de peixe e rações vegetais formuladas com base na proteína ideal para frangos de corte na fase de 35 – 49 dias de idade

Publicado: 1 de setembro de 2011
Por: Juan Carlos.Rios Alva*, Duarte KF.1, Amoroso L.1, Pereira A A1, Artoni SMB1, Junqueira O M1 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Sumário

Um experimento foi realizado no Setor de Avicultura da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – campus de Jaboticabal – São Paulo, com o objetivo de avaliar a utilização da farinha de peixe em dietas para frangos de corte, formuladas com base em proteína ideal. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com uma fonte de proteína de origem animal (farinha de peixe), e quatro dietas formuladas à base de milho e farelo de soja. Os níveis de proteína utilizados para a fase de crescimento para a dieta formulada com farinha de peixe e para as quatro dietas formuladas com milho e farelo de soja foram: 19,1%, 17,7%, 16,2%, 14,7% de PB, respectivamente. Foram avaliados dados de desempenho (ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar) e índice de eficiência de produtiva. Os dados foram analisados pelo programa SAS® (SAS Institute, 2002) e as médias para os dados de foram comparadas através da análise dos contrastes ortogonais e polinomiais. O farelo de soja pode ser substituído com sucesso pela farinha de peixe, em função do custo destas matérias-primas, desde que o limite apresentado no presente trabalho (5% para as fases de crescimento e final) seja respeitado.
Palavras Chave: Conversão alimentar, Desempenho, Frango, Proteína ideal.

Introdução
Devido ao alto valor biológico de suas proteínas, os produtos de origem animal se impuseram como matéria prima indispensável ao preparo de rações, devido ao seu valor nutritivo em proteína, gordura e minerais e principalmente como fonte de aminoácidos e vitamina B12. Contudo, com a grande disponibilidade de farelo de soja, a comercialização de aminoácidos sintéticos e vitaminas e a grande variação na qualidade das farinhas oferecidas ao mercado, fizeram com que este ingrediente tivesse seu uso reduzido. O perfil protéico de uma ração pode ser minimizado quando são utilizados produtos de origem animal. Por isso níveis elevados de farinha de peixe nas dietas, podem gerar um desequilíbrio no perfil de aminoácidos, sobre tudo na fase inicial da criação, quando as exigências de aminoácidos específicos para a deposição de massa muscular e crescimento corpóreo (lisina, treonina e arginina) estão em seu nível máximo (Xavier et al., 2004). São relatados ainda problemas organolépticos, tanto na carne de frango como em ovos.
Dentro do exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar o desempenho de frangos de corte, alimentados com dietas contendo farinha de peixe e dietas contendo milho e farelo de soja, como principais fontes de proteína animal e vegetal, respectivamente, com diferentes níveis de proteína com base no conceito de proteína ideal (com base em aminoácidos digestíveis).
Materiais & Métodos
Um experimento foi conduzido utilizando-se 1120 frangos machos da linhagem Cobb com 35 dias de idade e um peso médio inicial de 2040 g., alojados em 40 boxes no período de 35 a 49 dias de idade. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com cinco tratamentos, oito repetições e 28 aves cada: T1-> Dieta com a inclusão de 5% de farinha de peixe com 19,10% de PB; T2-> Dieta com 19,10% de PB; T3-> Dieta com 17,70% de PB; T4-> Dieta com 16,20% de PB; T5-> Dieta com 14,70% de PB para toda a fase de produção. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas através de contrastes ortogonais e polinomiais. Quando a análise de variância dos dados indicou efeito significativo, a comparação de médias foi realizada a 5% de probabilidade através dos contrastes ortogonais e polinomiais: Contraste 1 - comparação entre a média da dieta formulada com farinha de peixe versus a media das dietas formuladas com milho e farelo de soja. Contrastes 2, 3 e 4 - para os tratamentos das dietas formuladas com milho e farelo de soja como fonte protéica, foram utilizados três modelos de regressão: modelo linear, modelo quadrático e modelo cúbico (Robbins et al., 1979), com a finalidade de verificar efeitos polinomiais quanto os níveis de proteína bruta.
Resultados & Discussão
De acordo com a análise de variância (Tabela 1), pode-se observar que houve efeito significativo (P<0,05) dos tratamentos, para o consumo de ração, a conversão alimentar e índice de eficiência de produtividade. Para o ganho de peso, não se observou efeito significativo (P>0,05).
Através da análise dos contrastes ortogonais, pode-se observar que para o consumo de ração houve efeito significativo do contraste 1 (P<0,05), onde a média para o tratamento com farinha de peixe (2577g), foi superior a média para os tratamentos com rações formuladas com milho + farelo de soja como principal fonte de proteína (2444g). Ainda para o consumo de ração, para o contraste polinomial 2 observou-se efeito significativo (P<0,05) linear decrescente, de acordo com a equação CR 35_49 = 3029 - 34,70 (% proteína), (R2 = 0,659). Com o aumento dos níveis de proteína bruta, nas rações formuladas com milho+farelo de soja, houve uma diminuição no consumo de ração das aves. Para a conversão alimentar, observou-se efeito significativo (P<0,05) para o contraste polinomial 2, de acordo com a equação CA 35_49 = 3,56 - 0,07407 (% proteína), (R2 = 0,905), com um comportamento linear decrescente. As aves alimentadas com rações, com maiores níveis de proteína bruta tiveram uma melhor conversão alimentar, quando comparadas com as aves alimentadas com menores níveis de proteína bruta, em rações formuladas com milho+farelo de soja, como principal fonte protéica. Para o índice de eficiência de produtividade, para o contraste polinomial 2 observou-se efeito significativo (P<0,05) linear decrescente, de acordo com a equação IEP 35_49 = 53,2 + 16,16 (% proteína), (R2 = 0,77). Com a diminuição dos níveis de proteína bruta, nas rações formuladas com milho+farelo de soja, houve uma diminuição no índice de eficiência de produtividade.
 Tabela 1. Médias, coeficientes de variação, valores de F da análise de variância e dos contrastes ortogonais e polinomiais para as características de desempenho das aves, durante o período de 35 -49 dias
Tratamentos2
Características avaliadas1
 
GP (g)
CR (g)
CA
IEP
FP-1
1068
2577
2,43
310
M+FS-2
1114
2400
2,16
364
M+FS-3
1042
2348
2,26
325
M+FS-4
1093
2509
2,30
337
M+FS-5
1003
2518
2,52
278
Valores de F para análise de variância
Fontes de Proteína
1,64NS
3,21*
6,12*
3,55*
CV(%)
8,99
5,98
1,55
14,79
Valores de F para os contrastes ortogonais e polinomiais
C1 -FP vs M+FS
-
5,21*
3,72NS
0,71NS
C2 - EF LIN. M+FS
-
4,88*
18,96*
10,47*
C3 - EF QUA. M+FS
-
0,34NS
1,01NS
0,38NS
C4 -EF. CUB. M+FS
-
2,43NS
0,78NS
2,65NS
NS - não significativo, * P< 0,05. 1 GP =ganho de peso, CR = consumo de ração, CA= conversão alimentar, IEP = índice de eficiência de produtividade.  2FP-1 = farinha de peixe (19,1% de PB), M+FS - 2 = milho + farelo de soja  (19,1% de PB), M+FS - 3 = milho + farelo de soja (17,7% de PB), M+FS - 4 =  milho + farelo de soja (16,1% de PB), M+FS - 5 = milho + farelo de soja (14,6% de PB), C1 - FP vs M+FS = contraste 1  - farinha de peixe versus demais, C2 - EF LIN.M+FS = efeito linear para  os níveis de proteína bruta para rações formuladas com milho + farelo de soja, C3 - EF. QUA. M+FS. = efeito quadrático para os níveis de proteína bruta para rações formuladas com milho + farelo de soja, C4 - EF. CUB. M+FS. = efeito cúbico para os níveis de proteína bruta para rações formuladas com milho + farelo de soja.
Conclusão
-      Com relação às características avaliadas, a dieta contendo farinha de peixe, formulada com base na proteína ideal resultou nos melhores resultados de desempenho das aves;
-      Os maiores níveis de proteína, utilizados para as respectivas fases, resultaram nos melhores resultados para o desempenho das aves;
-      Portanto o farelo de soja pode ser substituído com sucesso pela farinha de peixe, em função do custo destas matérias-primas, desde que o limite apresentado no presente trabalho (5% para as fases de crescimento e final) seja respeitado.
Bibliografia
Robbins KL, Norton HW, Baker DH. 1979. Estimation of nutrient requeriments from growth data. Journal of Nutrition 109:1710-1714.
Rostagno HS, Pupa JMR, Pack M. 1995. Diet formulation for broilers based on total versus digestible amino acid. Journal of Applied Poultry Research 4:293-299.
SAS Institute Inc. 2002. SAS System for Microsoft Windows, Release 6.12. Cary. NC, USA.
Xavier SAG, Stringhini JH, Brito AB, Cruz CP, Leandro NSM, Cafe MB. 2004. Desempenho de frangos de corte consumindo dietas com diferentes fontes protéicas na fase pré-inicial. Revista brasileira de ciência avícola 6:52 
 
Conteúdo do evento:
Autores:
Juan Carlos Ríos Alva
Técnica Avícola (Tecavi)
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