Introdução
A evolução nas formulações de ração nos últimos trinta anos tem sido realmente notável, não só na qualidade das matérias primas, como também nas mudanças ocorridas nas exigências dos animais, nos mais diferentes nutrientes, para que eles possam demonstrar todo o seu potencial genético. A maioria das fontes de proteína vegetal, à exceção do farelo de soja, são deficientes em lisina. A inclusão de lisina sintética há alguns anos, era limitada pelo seu custo, no entanto, atualmente com os preços da lisina sintética, já se pode incluí-la em rações comerciais. Porém, a obtenção dos valores de aminoácidos digestíveis nos alimentos requer a utilização de ensaios de metabolismo e análises laboratoriais. Porém, como descrito por (Lesson & Summers, 2001), não há perdas significativas de aminoácidos na urina de aves saudáveis e a mistura de fezes com urina não seria problemática para a estimativa da digestibilidade dos aminoácidos. Os alimentos alternativos, sobretudo os de origem animal, têm grande variação na sua composição química, em função da matéria prima utilizada e do processamento empregado, e associada ao uso de dados errados de disponibilidade de aminoácido, acarretam piora no desempenho das aves (Rostagno et al., 1995).
Dentro do exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar o desempenho de frangos de corte, alimentados com dietas contendo farinha de peixe e dietas contendo milho e farelo de soja, como principais fontes de proteína animal e vegetal, respectivamente, com diferentes níveis de proteína com base no conceito de proteína ideal (com base em aminoácidos digestíveis).
Materiais & Métodos
Um experimento foi conduzido utilizando-se 960 pintos Cobb de um dia de idade, alojados em 30 boxes, na fase de 1 a 42 dias de idade. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e seis repetições: T1-> Dieta com a inclusão de 7,5% e 5% de farinha de peixe com 21,71% e 19,10% de PB; T2-> Dieta com 21,85% e 19,10% de PB; T3-> Dieta com 20,37% e 17,70% de PB; T4-> Dieta com 18,87% e 16,20% de PB; T5-> Dieta com 17,35% e 14,70% de PB para a fase inicial e crescimento, respectivamente. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas através de contrastes ortogonais e polinomiais. Quando a análise de variância dos dados indicou efeito significativo, a comparação de médias foi realizada a 5% de probabilidade através dos contrastes ortogonais e polinomiais: Contraste 1 - comparação entre a média da dieta formulada com farinha de peixe versus a mediada das dietas formuladas com milho e farelo de soja. Contrastes 2, 3 e 4 - para os tratamentos das dietas formuladas com milho e farelo de soja como fonte protéica, foram utilizados três modelos de regressão: modelo linear, modelo quadrático e modelo cúbico (Robbins et al., 1979), com a finalidade de verificar efeitos polinomiais quanto os níveis de proteína bruta.
Resultados & Discussão
De acordo com a análise de variância (Tabela 1), pôde-se observar que houve efeito significativo (P<0,05) dos tratamentos, para o ganho de peso, a conversão alimentar e índice de eficiência de produtividade. Para o consumo de ração, não se observou efeito significativo (P>0,05).
Para o ganho de peso, para o contraste polinomial 2 observou-se efeito significativo (P<0,05) linear decrescente, de acordo com a equação GP 1_42 = 1674 + 51,22 (%proteína), (R2 = 0,992). Com a diminuição dos níveis de proteína bruta, nas rações formuladas com milho+farelo de soja, houve uma diminuição no ganho de peso das aves. Através da análise dos contrastes ortogonais, pode-se observar que para a conversão alimentar houve efeito significativo de contraste 1 (P<0,05), onde a média para o tratamento com farinha de peixe (1,74), foi melhor que a média para os tratamentos com rações formuladas com milho + farelo de soja como principal fonte de proteína (1,8). Através da análise dos contrastes ortogonais, pode-se observar que para índice de eficiência de produtividade, houve efeito significativo do contraste 1 (P<0,05), onde a média para o tratamento com farinha de peixe (331), foi superior a média para os tratamentos com rações formuladas com milho + farelo de soja como principal fonte de proteína (314). Ainda para o índice de eficiência produtiva, para o contraste polinomial 2 observou-se efeito significativo (P<0,05) linear crescente, de acordo com a equação IEP 1_42 = 139,2 + 10,33 (%proteína), (R2 = 0,949). Com o aumento dos níveis de proteína bruta, nas rações formuladas com milho+farelo de soja, houve um aumento no índice de eficiência de produtividade.
Tabela 1. Médias, coeficientes de variação, valores de F da análise de variância e dos contrastes ortogonais e polinomiais para as características de desempenho das aves, durante o período de 1 -42 dias
NS - não significativo, * P< 0,05. 1 GP =ganho de peso, CR = consumo de ração, CA= conversão alimentar. 2FP-1 = farinha de peixe (19,1% de PB), M+FS - 2 = farelo de soja + milho (19,1% de PB), M+FS - 3 = farelo de soja + milho (17,7% de PB), M+FS - 4 = farelo de soja + milho (16,2% de PB), M+FS - 5 = farelo de soja + milho (14,7% de PB). C1 - FP vs M+FS = contraste 1 - farinha de peixe versus demais ( milho e farelo de soja), EF LIN. M+FS = efeito linear para os níveis de proteína bruta para rações formuladas com milho + farelo de soja, EF. QUA. M+FS. = efeito quadrático para os níveis de proteína bruta para rações formuladas com milho + farelo de soja, EF. CUB. M+FS. = efeito cúbico para os níveis de proteína bruta para rações formuladas com milho + farelo de soja.
Conclusão
- A dieta contendo farinha de peixe, formulada com base na proteína ideal resultou nos melhores resultados de desempenho das aves;
- Com relação aos níveis de proteína utilizados, os maiores níveis de proteína, utilizados para as respectivas fases, resultaram no melhores resultados para o desempenho das aves;
- Portanto o farelo de soja pode ser substituído com sucesso pela farinha de peixe, desde que os limites apresentados sejam de 7,5% para a fase inicial e 5% para a fase de crescimento.
Bibliografia
Lesson S & Summers J. 2001. Nutrition of the chicken. 4th ed. Univ. Books, Guelph, Ontario, Canada.
Robbins KL, Norton HW, Baker DH. 1979. Estimation of nutrient requeriments from growth data. Journal of Nutrition 109:1710-1714.
Rostagno HS, Pupa JMR, Pack M. 1995. Diet formulation for broilers based on total versus digestible amino acid. Journal of Applied Poultry Research 4:293-299.
SAS Institute Inc. 2002. SAS System for Microsoft Windows, Release 6.12. Cary. NC, USA.