Introdução
A criação de frangos caipiras é uma alternativa viável e econômica de produção, fácil de ser explorada, tornando-se uma atividade importante para pequenos e médios produtores rurais, possibilitando o aumento da renda familiar e que vem crescendo nos últimos anos no Brasil e no mundo. Esta alternativa de proteína animal tem conquistado o mercado, evidenciando que as aves obtidas neste sistema de produção apresentam qualidades superiores às procedentes do sistema intensivo, quanto à suas características organolépticas, satisfazendo assim algumas demandas essenciais do consumidor (Zanusso & Dionello, 2003).
As exigências nutricionais são constantemente reavaliadas para permitir a otimização dos nutrientes das dietas, uma vez que a nutrição e a alimentação das aves variam muito em função da diminuição nos custos de produção ou pelas constantes variações genéticas em busca de melhores desempenhos e maior competitividade (Longo et al., 2001). Dentre os níveis nutricionais a serem determinados, pode-se destacar o nível de energia metabolizável da ração, devido a sua grande influência no consumo de ração, no desempenho dos animais, no rendimento da carcaça e dos cortes nobres, na deposição de gordura na carcaça e no custo por unidade de ganho (Massi, 2007).
Considerando que as aves de crescimento lento podem responder de forma diferente aos níveis energéticos é necessário investigar qual o nível de energia mais adequado e a melhor relação para proporcionar o máximo desempenho. Neste contexto, o presente trabalho objetivou estudar o efeito dos níveis de energia metabolizável da ração sobre o desempenho de frangos da linhagem Caipira Francês Pedrês, na fase inicial.
Materiais & Métodos
O experimento foi desenvolvido em um galpão experimental, situado na cidade de Parauapebas-PA. Foram alojados 192 pintos de corte da linhagem Caipira Francês Pedrês, com densidade de 6,4 aves/m2.
As aves foram divididas em boxes, contendo 16 animais cada, criados em sistema intensivo.
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, sendo 3 tratamentos com 4 repetições. Os tratamentos adotados foram definidos pelos níveis de energia das rações sendo: T1 - 3.000 kcal de EM/kg; T2 - 3.100 kcal de EM/kg e T3 - 3.200 kcal de EM/kg. A composição das rações experimentais está apresentada na Tabela 1.
Tabela 1. Composição das dietas experimentais na fase inicial (1-28 dias)
(*) Composição por kg do produto: Vit. A - 1.835.000 UI; Vit. D3 - 335.000 UI; Vit. E - 2.835 mg; Vit. B1 - 335 mg; Vit. B2 - 1.000 mg; Vit. B6 - 335 mg; Vit. K3 - 417 mg; Vit. B12 - 2.500 μg; Biotina - 17 mg; Ácido fólico - 135 mg; Niacina - 6.670 mg; Selênio - 35 mg; Antioxidante - 2.000 mg; Pantontenato de Cálcio - 1.870 mg; Cobre - 1.000 mg; Cobalto 35 mg; Iodo - 170 mg; Ferro 8.335 mg; Manganês - 10.835 mg; Zinco - 8.335 mg; Cloreto de colina 50% - 135.000; Metionina - 267.000 mg; Coccdiostático - 13.335 mg; Promotor de crescimento - 16.670.
Antes do inicio do experimento o galpão e os equipamentos foram limpos e desinfetados. Os pintos foram vacinados no incubatório contra doenças de Marek e Bouba Aviária e, aos 7 dias de idade, receberam a vacina contra Newcastle. No alojamento, 16 pintos foram pesados de forma homogênea para a composição da parcela experimental, distribuídos nos boxes de acordo com a identificação dos tratamentos e repetições.
Água e ração foram fornecidas ad libitum durante todo o período experimental, sendo os bebedouros do tipo pressão e comedouros tubulares, com capacidade para 15 kg. O aquecimento foi fornecido através de lâmpadas de 60 w, ligadas durante os primeiros dias do experimento. Realizou-se o manejo de temperatura interna dos boxes, de acordo com a temperatura ambiente e o comportamento dos pintos. O programa de luz adotado foi o contínuo (24 horas de luz artificial), durante todo o período experimental.
As variáveis estudadas foram peso final, consumo de ração, ganho de peso, conversão alimentar, consumo de proteína bruta, consumo de energia metabolizada, eficiência energética e eficiência protéica.
Os dados de desempenho foram obtidos semanalmente e analisados no período acumulado de 1 a 28 dias de idade. Para obtenção do peso corporal, as aves de cada boxe foram pesadas juntas no alojamento e a cada semana. O ganho de peso foi obtido pela diferença entre peso final e peso inicial. O consumo de ração, pela diferença entre o total de ração consumida e as sobras de ração no final de cada período. A conversão alimentar foi calculada pela razão entre o total de ração consumida e o ganho de peso no período. Para o cálculo do consumo de proteína bruta das aves e energia metabolizável (kg/ave), multiplicou-se o consumo pela concentração de proteína e energia metabolizavel na composição centesimal da ração, respectivamente. A eficiência protéica e eficiência energética foram calculadas pela relação do consumo de proteína e energia metabolizável pelo ganho de peso.
A análise estatística dos dados foi realizada utilizando o procedimento ANOVA, para um modelo inteiramente casualizado, com o programa "Sistema para análise estatística e genética" (SAEG, 2007). As diferenças entre as médias das variáveis estudadas foram realizadas pelo Teste de Tukey a um nível de 5%.
Resultados & Discussão
Os resultados de peso médio, consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar na fase inicial (1 à 28 dias de idade) estão apresentados na Tabela 2.
Para o consumo de ração e a conversão alimentar não foram encontrados efeito significativo (P<0,05) entre os tratamentos. Os resultados observados divergem de Pacheco (2004), que constatou uma redução de forma linear para o consumo de ração e melhora da conversão alimentar, com o aumento dos níveis de energia (2.860, 2.920, 2.980, 3.040, 3.100, 3.160 kcal/kg) de duas linhagens de frango de crescimento lento (Label Rouge e Pesadão), na fase inicial (1 a 14 dias).
Tabela 2. Desempenho de frangos da linhagem Caipira Francês Pedrês alimentados com rações contendo três níveis de energia, na fase inicial (1 a 28 dias de idade)
Médias seguidas de diferentes letras minúsculas nas linhas diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey (P<0,05).
Observou-se efeito significativo para o peso médio (P>0,05) e ganho de peso (P>0,05), onde o T2 (3100 kcal/kg de EM) apresentou valores maiores em relação ao T1(3000 kcal/kg de EM), entretanto não diferiu do T3 (3200 kcal/kg de EM). Estes resultados são similares aos encontrados por Oliveira Neto et al. (2000), que reportaram melhores índices de ganho de peso e conversão alimentar em aves da linhagem Hubbard, que consumiram dieta com 3232 e 3224 kcal/kg de EM, aos 22 dias de idade. Xavier et al. (2008), não observaram efeito significativo sobre o desempenho de frangos de corte da linhagem Cobb, submetidos a diferentes níveis de energia metabolizável (2850, 2950, 3000, 3045 e 3150 kcal/kg), na fase pré inicial.
Para os níveis de energia estudados não foram observados efeitos significativos (P>0,05) sobre o consumo de proteína bruta, consumo de energia metabolizável, eficiência protéica e eficiência energética das aves. Segundo Henrique (2010), o controle da ingestão de energia é importante não somente por seus efeitos na taxa de crescimento, mas também por efeitos negativos do excesso de ingestão que pode depreciar a qualidade da carcaça pelo maior acúmulo de gordura. Reduções nos níveis de energia da dieta levam a um menor acúmulo de gordura na carcaça. Com isso pressupõe-se que o uso de menores níveis de energia torna-se viável pela redução nos custos de produção, e melhora nas características de carcaça.
Tabela 3. Eficiência energética e protéica frangos da linhagem Caipira Francês Pedrês alimentados com rações contendo três níveis de energia, na fase inicial (1 a 28 dias de idade).
As médias não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey (P>0,05).
Conclusões
O nível de energia metabolizável de 3100 kcal/kg melhorou o desempenho de aves da linhagem Caipira Francês Pedrês, na fase inicial, sem alterar a eficiência protéica e energética.
Bibliografia
Henrique HM, Peixoto ALF, Pandorfi H, Santos MJB, Guiselini C. 2010. Resposta produtiva ao enriquecimento ambiental na criação de frangos de corte caipira. X Jornada de ensino, pesquisa e extensão - JEPEX - UFRPE: Recife.
Longo FA, Sakomura NK, Figueiredo NA, Rabello CBV, Ferraudo AS. 2001. Equações de Predição das Exigências Protéicas para Frangos de Corte. Rev. bras. zootec. 30(5):1521-1530.
Massi PA. 2007. Energia metabolizável para frangos de corte de diferentes potenciais de crescimento criados em sistema de semiconfinamento. Seropédica. Rio de Janeiro. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Instituto de Zootecnia.
Oliveira Neto AR, Oliveira RFM, Donzele JL, Rostagno HS, Ferreira RA, Carmo HM. 2000. Níveis de Energia Metabolizável para Frangos de Corte no Período de 22 a 42 Dias de Idade Mantidos em Ambiente Termoneutro. Rev. bras. Zootec. 29(4):1132-1140.
Pacheco O. 2004. Efeitos de diferentes níveis de energia e proteína sobre o desempenho de frangos de corte de linhagens colonial. Disertação de mestrado em ciências veterinária, UFPR.
SAEG - Sistema para Análises Estatísticas. 2007. Versão 9.1: Fundação Arthur Bernardes- UFV-Viçosa.
Xavier SAG, Stringhini JH, Brito AB, Andrade MA, Mogyca NS, Café MB. 2008. Níveis de energia metabolizável em rações pré-iniciais para frangos de corte. R. Bras. Zootec. 37(1):109-115.
Zanusso JT & Dionello NJL. 2003. Produção avícola alternativa - análise dos fatores qualitativos da carne de frangos de corte tipo caipira. R. bras. Agrociência 9(3):191-194.