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Digestibilidade de nutrientes em dietas pré-iniciais com níveis crescentes de lisina digestível para pintos de corte provenientes de ovos de diferentes pesos e idades de matriz

Publicado: 1 de setembro de 2011
Por: José Henrique Stringhini, JS Santos, ES Oliveira, SL Aguilar, EM Oliveira, RMAD Castro, AG Mascarenhas, MB Café Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás -UFG-, GO.
Sumário

O experimento foi conduzido no Aviário experimental da EVZ - UFG. Foram utilizados 640 pintos de corte, de linhagem Cobb, os pintos de um dia foram alojados em dois galpões. No primeiro galpão, foram alocados 320 pintos de um dia provenientes de matrizes com 33 semanas de idade, destes 160 provenientes de ovos leves (56 a 65g) e 160 provenientes de ovos pesados (66 a 72g). No segundo galpão, foram alojados 320 pintos de um dia provenientes de ovos da mesma faixa de peso, mas provenientes de matrizes com 37 e 52 semanas. As aves foram alojados em quatro baterias por galpão. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, sendo os andares o critério de escolha dos blocos, em esquema fatorial 2x4 (duas idades de matrizes ou dois peso de ovos e quatro níveis de lisina digestível na ração pré-inicial – 1,1, 1,2, 1,3 e 1,4%), total de oito tratamentos e cinco repetições de oito aves cada. As aves foram criadas em baterias equipadas com comedouros e bebedouros tipo lineares e bandejas metálicas para retirada das excretas. As rações experimentais eram a base de milho e farelo de soja, com 2960 Kcal/Kg de energia metabolizável, 22,05% de proteína bruta, atendendo as exigências nutricionais da fase pré-inicial de acordo com as tabelas brasileiras. Na fase experimental, formulou-se dieta basal que foi suplementada com L-lisina HCL para obter os níveis de lisina testados. As rações experimentais foram fornecidas as aves no período de um a sete dias. Foi realizado um ensaio metabólico pelo método de colheita total de excretas e as análises realizadas no Laboratório de Nutrição Animal da EVZ - UFG. Foi determinado o conteúdo de matéria seca e nitrogênio das rações e excretas. A análise estatística foi realizada pelo GLM do SAS? e o teste de Tukey (5%) adotado para comparar médias. Não houve efeito dos níveis crescentes de lisina nas variáveis de digestibilidade nem da idade da matriz e do peso do ovo.
Palavras Chave: aminoácido, pinto de corte, nutrição.

Introdução
A idade da matriz tem influência direta sobre a qualidade e composição do ovo, pois matrizes mais jovens tendem a produzir ovos menores e, consequentemente, pintos menores, com a taxa de eclodibilidade também menor e mortalidade elevada (Dalanezi et al., 2003). Verifica-se que o peso do ovo chega a aumentar até 60% quando comparados o início e o final do ciclo de postura das matrizes (Baião & Lúcio, 2005). Segundo Vieira & Moran (1999), um ovo possui 58,5% de albúmen, 31% de gema e 10,5% de casca, entretanto esses valores são variáveis conforme a idade da matriz e a linhagem. Em relação aos aminoácidos Oliveira Neto & Oliveira (2009) verificaram que o desbalanço entre os aminoácidos podem comprometer o desempenho dos frangos de corte, por promover uma carga excessiva de aminoácidos  na circulação sanguínea que, para serem metabolizados exigem maior gasto de energia, que é desviada da produção para os processos de excreção do nitrogênio na forma de ácido úrico. Atualmente, é recomendável manter a relação entre os aminoácidos para evitar a perda energética da dieta, em conseqüência do desbalanço entre os aminoácidos (Atencio et al., 2004). Objetivou-se avaliar a digestibilidade dos nutrientes de pintos de corte provenientes de matrizes de diferentes idades e pesos de ovo com níveis crescentes de lisina digestível na ração pré-inicial.
Material & Métodos
O experimento foi conduzido no Aviário experimental da Escola de Veterinária, da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia em julho de 2010. Foram utilizados 640 pintos de corte, de linhagem Cobb provenientes de incubatório comercial. Os pintos de um dia foram alojados em dois galpões. No primeiro galpão, foram alocados 320 pintos de um dia provenientes de matrizes com 33 semanas de idade, destes 160 eram aves provenientes de ovos leves (56 a 65g) e 160 aves eram provenientes de ovos pesados (66 a 72g). No segundo galpão, foram alojados 320 pintos de um dia provenientes de ovos com a mesma faixa de peso, mas provenientes de matrizes com diferentes idades (37 e 52 semanas). Após a determinação do peso médio, as aves foram alojados oito pintos por box (quatro machos e quatro fêmeas), a distribuição foi aleatória em quatro baterias por galpão. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, sendo os andares o critério de escolha dos blocos, em esquema fatorial 2x4 (duas idades de matrizes ou dois peso de ovos e quatro níveis de lisina digestível na ração pré-inicial - 1,1, 1,2, 1,3 e 1,4%), totalizando oito tratamentos e cinco repetições de oito aves em cada galpão. As aves foram criadas em baterias equipadas com comedouros e bebedouros tipo lineares e bandejas metálicas para retirada das excretas. As rações experimentais eram isonutritivas a base de milho e farelo de soja, com 2,960 Kcal/Kg de energia metabolizável, 22,05% de proteína bruta, atendendo as exigências nutricionais para a fase pré-inicial de criação de acordo com as tabelas brasileiras (Rostagno et al., 2005). Para a fase experimental, formularam-se dietas basais que foram suplementadas com L-lisina HCL para obter quatro níveis de lisina (1,1%; 1,2%; 1,3% e 1,4%). Foi adicionada L-lisina HCL em substituição ao amido, nas quantidades de 0,0; 0,128; 0,256 e 0,384% de lisina industrial para atender os níveis nutricionais propostos. As rações experimentais foram fornecidas as aves no período de um a sete dias de idade. Realizou-se um ensaio metabólico pelo método de colheita total de excretas (Sakomura & Rostagno, 2007) de quatro a sete dias de vida das aves. Os três primeiros dias foram destinados a adaptação às rações experimentais e, entre o quarto e sétimo dia de idade, as excretas foram colhidas duas vezes ao dia, acondicionadas em sacos plásticos identificados. As excretas foram congeladas e analisadas no Laboratório de Nutrição Animal da EVZ - UFG pela metodologia descrita por Campos et al. (2004). Determinou-se o conteúdo de nitrogênio das rações e excretas. A análise estatística foi realizada pelo procedimento ANOVA do SAEGâ (1998) e o teste de Tukey (5%) adotado para comparação das médias.
Resultados & Discussão
Não se observou diferença estatística nos dados sobre a digestibilidade de pintos oriundos de matrizes com diferentes idades (Tabela 1) e dos pintos provenientes de ovos com diferentes pesos a incubação (Tabela 2). No ensaio de metabolismo, ficou demonstrado para pintos oriundos de matrizes de diferentes idades que, à medida que aumentou o nível de lisina na ração, houve maior excreção de N pelo organismo da ave. Valor do balanço de nitrogênio maior é indicativo de melhor aproveitamento do nutriente ofertado na dieta, resultando em baixa excreção enquanto a menor excreção de nitrogênio é resultante de menor catabolização dos aminoácidos, sendo assim o organismo da ave está retendo mais elementos construtores de proteína (Fialho et al., 2008). De acordo com Gonzales & Sartori (2002), a prioridade do organismo da ave nos três primeiros dias de vida é o desenvolvimento do tecido ósseo, sendo assim, o organismo dará preferência ao aproveitamento de nutrientes que irão ajudar na formação óssea. Além do mais a imaturidade do trato gastrointestinal, acaba por inviabilizar uma boa digestão e/ou absorção dos aminoácidos ofertados na dieta.
Tabela 1. Digestibilidade de pintos de corte provenientes de matrizes com 34 e 52 semanas de idade, suplementados com níveis crescentes de lisina digestível na fase pré-inicial
Idade da matriz
BN
CDMS
CDN
34 semanas
15,15
71,79
61,28
52 semanas
12,87
69,08
57,30
Lisina digestível (%)
 
 
 
             1,1
14,04
70,01
61,92
             1,2
14,39
70,25
59,35
             1,3
14,00
71,40
59,66
             1,4
13,63
70,08
56,29
P
ns
ns
ns
Idade da matriz
ns
ns
ns
Lisina digestível
ns
ns
ns
Id matriz x lisina dig.
ns
ns
ns
CV (%)
20,75
8,56
15,39
BN: balanço de nitrogênio; CDMS: coeficiente de digestibilidade de matéria seca; CDN: coeficiente de digestibilidade de nitrogênio.
Os resultados observados neste experimento diferem dos resultados verificados por Sterling et al. (2003) que, analisando o desempenho de frangos de corte alimentados com níveis crescentes de proteína bruta e lisina digestível na ração, observaram melhor desempenho das aves na fase inicial. Segundo Nieto et al. (1995), o aumento no ganho de peso observado nas aves com a suplementação adicional de lisina não se dá por alteração na taxa de síntese protéica dos músculos, mas pela redução do catabolismo das proteínas.
Tabela 2. Digestibilidade de pintos de corte provenientes de ovos com diferentes pesos a incubação, suplementados com níveis crescentes de lisina digestível na fase pré-inicial
Peso do ovo
BN
CDMS
CDN
56-65g
13,29
70,72
56,35
66-72g
13,69
71,27
58,41
Lisina digestível (%)
 
 
 
1,1
13,75
70,15
57,58
1,2
14,51
72,23
59,96
1,3
13,59
72,13
58,81
1,4
12,11
69,47
53,16
P
ns
ns
ns
Peso do ovo
ns
ns
ns
Lisina digestível
ns
ns
ns
PO x lisina digestível
ns
ns
ns
CV (%)
29,48
8,93
18,97
BN: balanço de nitrogênio; CDMS: coeficiente de digestibilidade de matéria seca; CDN: coeficiente de digestibilidade de nitrogênio.
Esse efeito é comprovado por experimento conduzido por Gous & Morris (1985) de que frangos de 7 a 21 dias alimentados com dieta contendo 1,01% de lisina consumiram 10% mais ração do que as aves que receberam dieta contendo 1,34%. Os autores acrescentam que não houve diferença no ganho de peso, mas sim na composição do ganho onde a dieta de menor nível de lisina proporcionou maior acúmulo de gordura na carcaça.
Conclusão
A idade e da matriz e o peso do ovo não influenciaram a digestibilidade dos nutrientes pintos na fase pré-inicial.
Bibliografia
Atencio A, Albino LFT, Rostagno HS, Vieites FM. 2004. Exigências de metionina+cistina para frangos de corte machos em diferentes fases de criação. Revista Brasileira de Zootecnia, 33(5):1152-1166.
Baião NC & Lúcio, CG. 2005. Nutrição de matrizes pesadas. In: Macari, M.; Gonzáles,E. Manejo de Matrizes de Corte.Campinas:Facta,197-216.
Campos FP, Nussio CMB, Nussio LG. 2004. Métodos de análises de alimentos. 135 p.
Dalanezi JA, Mendes AA, Garcia EA, Garcia RG, Moreira J, Takita TS, Almeida ICL. 2003. Efeito da idade da matriz sobre o rendimento e qualidade da carne de frango de corte. Revista Brasileira de Ciência Avícola 24(4):685-690.
Fialho ET, Rodrigues PB, Amaral NO, Zangerônimo MG, Cantarelli VS. 2008. Redução da poluição ambiental dor dejetos de suínos utilizando os instrumentos da nutrição. In: Congresso Brasileiro de Nutrição Animal, 1, Fortaleza,. Anais... Fortaleza: UFC, 2008 disponível em: http://www.cbnutricaoanimal.com.br/Palestras/Palestra_REDUCAO_POLUICAO_ELIAS_TADEU.pdf, acessado em 02/02/2010.
Gonzales E & Sartori JR. 2002. Crescimento e metabolismo muscular. In: Macari M, Furlan RL, Gonzales E. Fisiologia aviária aplicada a frangos de corte. 2ª ed. Jaboticabal, FUNEP/UNESP. Cap. 21:279-297.
Gous RM & Morris TR. 1985. Evaluation of a diet dilution technique for measuring the response of broiler chickens to incresing concentrations of lysine. British Poultry Science 26:147-161.
Oliveira Neto ARO & Oliveira WP. 2009. Aminoácidos para frangos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia 38(supl. especial):205-208.
Nieto R, Prieto C, Fernández-Fígares I, Aguilera JF. 1995. Effect of dietary protein quality on energy metabolism in growing chickens. British Journal of Nutrition 74:163-172.
Rostagno HS, Silva DS, Costa PMA, Fonseca JB, Soares PR, Pereira JAA, Silva MA. 2005. Composição de Alimentos e Exigências Nutricionais de Aves e Suínos (Tabelas Brasileiras), Viçosa: UFV - Imprensa Universitária. 59pp.
SAEG (Sistema para análise estatística e genética). 1998. Manual de utilização do programa SAEG. Viçosa: UFV.
Sakomura NK & Rostagno HS. 2007. Métodos de pesquisa em nutrição de monogástricos. Ed. UNESP, Jaboticabal.
Sterling KG, Pesti GM, Bakalli RI. 2003. Performance of broiler chicks fed various levels of dietary lysine and crude protein. Poultry Science 82:1939-1947.
Vieira SL & Moran ET. 1999. Broiler yields using chicks from extremes in hatching egg weight of diverse strains. Journal of Applied Poultry Research 7:339-346.
 
 
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Autores:
Jose Henrique Stringhini
Universidade Federal de Goiás - UFG
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