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Desempenho, parâmetros de carcaça, ósseos e econômicos de frangos de corte alimentados com dietas contendo farelo de algodão com ou sem suplementação enzimática

Publicado: 16 de abril de 2014
Por: Alcilene Tavares, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal do Ceará, Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia.
Sumário

Objetivando-se avaliar o desempenho, rendimento de carcaça e parâmetros ósseos de frangos de corte alimentados com dietas contendo farelo de algodão suplementado ou não com enzimas exógenas e a viabilidade econômica da produção, realizou-se um ensaio de desempenho utilizando 390 pintos machos Cobb nas fases inicial (oito a 21 dias), crescimento (22 a 33 dias) e final (34 a 42 dias). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com seis tratamentos e cinco repetições, totalizando 30 unidades experimentais com 13 aves por parcela. Os tratamentos foram constituídos de três rações referências à base de milho e farelo de soja sem enzima, com fitase e com protease (T1, T2 e T3), respectivamente; e três rações testes com 15% de inclusão de FA sem enzima, com fitase e com protease (T4, T5 e T6), respectivamente. As enzimas foram usadas nas quantidades de 15 e 20 g/100 kg, para fitase e protease, respectivamente. As variáveis de desempenho analisadas foram: consumo de ração (CR, g), peso vivo (PV, g), ganho de peso (GP, g) e conversão alimentar (CA, g/g). Após abate, avaliaram-se as características de carcaça, cortes comerciais, vísceras comestíveis, bem como parâmetros ósseos e avaliação econômica da produção avícola. As características de desempenho zootécnico, rendimento de carcaças, cortes, características ósseas de frangos e a rentabilidade da produção avícola, com a inclusão de 15% do FA, mostraram-se semelhantes aos resultados obtidos com dietas tradicionais, contendo níveis nutricionais recomendados, o que evidencia o efeito benéfico da inclusão destes aditivos na liberação de nutrientes.

Palavras-chave: aditivos, alimento alternativo, aves, índices zootécnicos, osso, rentabilidade.

Introdução
Com uma produção de 12,2 milhões de toneladas de frangos de corte em 2010, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de carne de frangos e lidera o ranking no setor da exportação (3,8 milhões de toneladas), mostrando-se como destaque no cenário internacional em função da alta produtividade dos plantéis, da qualidade e da sanidade dos nossos produtos (Abef, 2010/2011). Contudo, para que a avicultura brasileira consiga manter e até mesmo melhorar esse perfil, além do emprego de altas tecnologias em manejo, sanidade e ambiência, torna-se necessário o desenvolvimento de novas estratégias nutricionais com a utilização de rações de melhor qualidade que atendam as exigências nutricionais dos animais, o que permitirá ganhos no desempenho produtivo dos mesmos e, consequentemente, a abertura de novos mercados.
Neste sentido, grande parte dos trabalhos de pesquisas sobre alimentação e nutrição avícola está focado na utilização de enzimas exógenas e de alimentos alternativos, buscando-se reduzir os custos de produção (Costa et al., 2010).
O farelo de algodão (FA), subproduto da indústria algodoeira após processamento para extração do óleo (Barbosa & Gattás, 2004), é o terceiro farelo mais produzido no mundo e possui boa disponibilidade no mercado regional. Por ser fonte de proteína, tornase potencial substituto ao farelo de soja (FS), ingrediente oneroso da formulação das rações avícolas. No entanto, a presença do gossipol, principal fator antinutricional deste ingrediente, tem sido relacionado por causar toxidade aos animais não-ruminantes (Marsiglio, 2010).
A incorporação de enzimas exógenas, como as fitases e proteases, possibilita o aumento dos níveis de inclusão de ingredientes alternativos regionais às rações avícolas sem ocasionar problemas produtivos; maior flexibilidade, precisão e economia nas formulações de rações; melhora a textura das excretas e a da qualidade da cama, além de contribuir com a redução da poluição ambiental, pela menor excreção de nutrientes não digeridos (Ceccantini & Lima, 2008).
Assim, objetivou-se avaliar o desempenho, parâmetros de carcaça, ósseos e econômicos de frangos de corte alimentados com dietas contendo farelo de algodão com ou sem suplementação enzimática.
 
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Laboratório de Pesquisas com Aves (LAPAVE) do Departamento de Zootecnia (DZ) da Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Foram utilizados 390 pintinhos de corte machos, da linhagem Cobb 500, com peso vivo médio inicial de 45g, adquiridos de incubatório comercial idôneo localizado na zona agreste de Pernambuco e vacinados contra doença de Marek, Gumboro e Newcastle, os quais foram alojados em galpão de alvenaria, coberto com telha de amianto, subdividido em 30 boxes com dimensões de 2,00 x 1,00 m, providos de comedouros tubulares e bebedouros pendulares.
De um ao sétimo dia de idade, período de adaptação às condições experimentais, as aves foram criadas seguindo as orientações descritas no manual da linhagem. O aquecimento foi realizado por meio de lâmpada incandescente de 100 W durante as primeiras semanas de vida, sendo a temperatura controlada em função do comportamento das aves, a partir da regulagem da altura das lâmpadas. A ração foi constituída de milho e farelo de soja, formulada de acordo com a fase de criação, segundo recomendações de Rostagno et al. (2011).
Para a máxima uniformidade das aves na parcela, no oitavo dia de vida, todas as aves foram pesadas individualmente, homogeneizadas e distribuídas nas unidades experimentais considerando-se desvio padrão de ± 10% do peso médio.
O período experimental teve início no oitavo dia de vida das aves até os 42 dias, sendo subdividido em três fases: inicial (oito a 21 dias), crescimento (22 a 33 dias) e final (34 a 42 dias). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com seis tratamentos, cinco repetições e 13 aves por unidade experimental.
Os tratamentos experimentais foram: T1 - Ração controle à base de milho e farelo de soja (FS) sem enzima; T2 - ração controle à base de milho e FS com fitase; T3 - ração controle à base de milho e FS com protease; T4 - ração controle com 15% de farelo de algodão (FA) sem enzima; T5 - ração controle com 15% de FA com fitase; T6 - ração controle com 15% de FA com protease.
As enzimas exógenas utilizadas foram suplementadas as dietas pelo método specified dow, fazendo-se alterações nos níveis nutricionais. Para a correção dos níveis de fósforo disponível (Pd) e dos níveis proteicos das rações tomou-se por base a valorização da disponibilização de 0,124% do fósforo (P) a ser liberado pela fitase e de 2,5% da proteína a ser liberada pela protease, de acordo com as recomendações do fabricante e utilizadas nas seguintes dosagens: fitase (15g/100 kg) equivalente a 10.000 unidades de fitase por grama e protease (20g/100 kg) equivalente a 84.500 unidades de protease por grama.
O FA utilizado foi obtido por meio de prensagem mecânica e antes de incorporado às dietas experimentais foi tratado com sulfato de ferro na proporção de 40g/100 kg, visando prevenir o efeito do gossipol. Os valores nutricionais e energéticos do FA (Tabela 1.) foram analisados no Laboratório de Nutrição Animal do DZ da UFRPE e na Universidade Federal de Viçosa, MG (UFV), segundo Silva & Queiroz (2002). O teor de gossipol livre foi determinado no Laboratório da Nutron Alimentos LTDA, conforme metodologia Ba 7- 58 da AOCS (2009).
Tabela 1. Composição nutricional, aminoacídica e valor energético do farelo de algodão utilizado no ensaio de desempenho com frangos de corte, na matéria natural
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As rações experimentais foram formuladas utilizando-se o programa computacional SuperCrac 5.7 Master, atendendo as exigências nutricionais das aves, de acordo com cada fase de criação, seguindo as recomendações de Rostagno et al. (2011), sendo isoenergéticas e isonutritivas (Tabelas 2, 3 e 4), fornecidas à vontade.
Diariamente, foram realizados registros da temperatura do ambiente e da umidade relativa do ar, às 16 horas, por meio de termo-higrômetro digital, obtendo-se médias de temperatura (Tª, em ºC) e umidade relativa (UR, em %) de 30,3°C e 66,5%; 28,2°C e 81,2% e 28,5°C e 74,2%, nas fases inicial, crescimento e final, respectivamente. Também foi realizada anotação diária da mortalidade das aves, e, ao final de cada fase de criação foram feitas pesagens das aves e das sobras de rações, para realização de cálculos de desempenho: consumo de ração, peso vivo, ganho de peso e conversão alimentar, para as diferentes fases de criação e por período total.
Tabela 2. Composição nutricional, energética e o custo das rações experimentais utilizadas na fase inicial (8-21 dias), na matéria natural
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Tabela 3. Composição nutricional, energética e o custo das rações experimentais utilizadas na fase de crescimento (22-33 dias), na matéria natural
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Tabela 4. Composição nutricional, energética e o custo das rações experimentais utilizadas na fase final (34-42 dias), na matéria natural
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Tabela 5. Custos dos insumos utilizados na formulação das rações experimentais e do frango vivo
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Resultados e Discussão
Nas fases inicial (oito a 21 dias) e de crescimento (22 aos 33 dias) dos frangos corte, verificou-se que, para todos os parâmetros zootécnicos avaliados (consumo de ração (CR), peso vivo (PV), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA)) (Tabela 6.), as dietas contendo farelo de algodão (FA) (T4, T5 e T6), não apresentaram diferenças estatísticas, mostrando-se semelhantes às dietas controles, à base de milho e farelo de soja (FS) (T1, T2 e T3), evidenciando a potencialidade do uso do FA em dietas avícolas. A não significância indica que as dietas cujos níveis nutricionais foram reduzidos por ocasião da suplementação enzimática, também foram capazes de mostrar resultados satisfatórios aos registrados com dietas contendo níveis recomendados, sem suplementação, uma vez que, nas fases supracitadas, não se constatou interferência no desempenho animal.
Tabela 6. Médias de consumo de ração (CR), peso vivo (PV), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA) de frangos de corte alimentados com dietas contendo farelo de algodão, observadas durante as fases inicial, crescimento, final e no período total
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Gamboa et al. (2001) ao utilizarem níveis de 7, 14 e 21% de inclusão de FA nas dietas de frangos em todas as fases de criação, bem como, Elangovan et al. (2006) usando 10% de FA nas fases inicial e total de criação de frangos, não constataram efeitos dos tratamentos experimentais sobre a CA.
Mushtaq et al. (2008) incluíram 20% de FA suplementado com três níveis de lisina sintética (0,8; 0,9 e 1%) com ou adição de enzimas (xilanase e glucanase, 0,50g/kg) em dietas para frangos de corte, na fase de um a 21 dias de idade, verificaram que a suplementação não proporcionou efeito no desempenho das aves. Ao avaliar o desempenho de frangos de corte de um a 35 dias de idade, alimentados com ração contendo 15% de FS e 5% de FA, com ou sem adição enzimática (xilanase, β-glucanase e celulase, 500g/t), Aftab (2009) verificou que os índices produtivos foram semelhantes à dieta controle e que a suplementação com enzimas não exerceu qualquer efeito sobre eles, o que atribuiu ao elevado teor de xilose solúvel da dieta (0,55%).
Somente na fase final, e no período total, de criação de frangos de corte, é que foram observados efeitos significativos da inclusão do FA suplementado ou não com enzimas sobre os parâmetros zootécnicos, apenas para as variáveis CR e GP.
Quanto ao CR (Tabela 6.), constatou-se que, as dietas contendo enzimas (T2, T3, T5 e T6), formuladas com níveis nutricionais reduzidos, apresentaram resultados semelhantes às dietas controles sem suplementação, com (T4) ou sem FA (T1). Apenas o tratamento controle com fitase (T2) apresentou menor CR, na fase final (1.395 g) e total (3.925 g), diferindo-se estatisticamente em relação aqueles contendo FA com enzimas (T5 com 1.529 g e T6 com 1.538 g) na fase final, e com protease (T6 com 4.212 g), no período total.
De forma geral, constatou-se que aves alimentadas com dietas contendo FA apresentaram aumento médio no CR em 71 e 128 g, na fase final e período total, respectivamente, em comparação àquelas alimentadas com rações tradicionais à base de milho e FS. Durante o período experimental, verificou-se boa aceitação das rações que continham FA pelos frangos. Dessa forma, o aumento no CR pode estar associado ao maior conteúdo fibroso das dietas contendo FA, quanto ao atendimento das necessidades nutricionais das aves. De acordo com Bráz (2010), o fornecimento ad libitum de dietas com volumosos normalmente provoca um aumento no CR para compensar a diluição calórica da dieta; uma vez que, o valor energético do FA é inferior ao do FS (Souza, 2003) e inversamente proporcional ao conteúdo fibroso deste ingrediente (Nagalaskshmi et al., 2007). Além disso, também pode ser atribuído a menor digestibilidade e biodisponibilidade dos aminoácidos do FA (Santos, 2006) em relação aos encontrados no FS (Nagalaskshmi et al., 2007).
Aumentos no CR de frangos de corte de um aos 35 dias de idade consumindo rações contendo FA suplementadas com enzimas (xilanase, β-carboidrase e celulase, 500g/t) também foram registrados por Aftab (2009). Diferentemente de Santos (2006) que não verificou efeito do FA sobre o CR e GP.
Na fase final e no período total, verificou-se que, as aves alimentadas com dietas que tiveram seus níveis nutricionais reestabelecidos pela adição das enzimas (T2, T3, T5 e T6), apresentaram GP semelhantes aos obtidos por frangos submetidos aos tratamentoscontrole, contendo (T4) ou não FA (T1) (Tabela 6.), evidenciando o efeito da suplementação enzimática pelo método specified dow, quanto à liberação de nutrientes. Também foi observado que, em ambos os períodos, a suplementação das dietas contendo FA com fitase (T5) foi superior no GP em relação à ração controle suplementada com a mesma enzima (T2), reflexo do baixo CR verificado nesse tratamento.
Dietas contendo FA com adição de enzimas (T5 e T6), bem como aquela sem suplementação (T4) proporcionaram GP idêntico estatisticamente, aquele obtido com a ração controle tradicional sem suplementação (T1), resultado que permite potencializar o uso deste ingrediente em dietas avícolas.
No geral, o GP médio das aves alimentadas com FA, na fase final e no período total, foram de 748,51 g e 2.409 g em relação aos 666,35 g e 2.309 g, respectivamente, registrados com as dietas controles à base de milho e FS, diferenças de 82,16 g e 100 g, nas respectivas fases avaliadas.
Ainda são incipientes os artigos publicados com o uso de enzimas em dietas utilizando o FA como alimento alternativo para aves, apesar de existir uma grande variedade de estudos avaliando apenas o uso deste ingrediente em ensaios experimentais com frangos de corte.
Neste sentido, vários autores como Henry et al. (2001), Watkins et al. (2002), Azman e Ylmaz (2005), Elangovan et al. (2006), Ojewala et al. (2006), Pimentel et al. (2007), Adeyeme & Longe (2007) e Carvalho et al. (2010) utilizando o FA em dietas para frangos de corte, não verificaram interferência deste ingrediente no desempenho zootécnico desses animais.
A qualidade do frango de corte, na moderna nutrição avícola, além do fator desempenho, está direcionada a maximização dos rendimentos de cortes nobres e a redução da gordura da carcaça, atributos cada vez mais exigidos pelos consumidores (Beterchini, 2006).
Nos dados relacionados às características de carcaça, cortes comerciais e vísceras de frangos de corte alimentados com FA com ou sem enzimas, mostrados na Tabela 7., podese observar que, para todos os itens avaliados, expressos em valores absolutos ou relativos, a inclusão de enzimas nas dietas contendo FA, não afetou os parâmetros avaliados, mostrando resultados equivalentes às dietas referências.
Tabela 7. Médias do peso absoluto e rendimento da carcaça, de cortes comerciais, das vísceras comestíveis e da gordura abdominal de frangos de corte alimentados com dietas contendo farelo de algodão aos 42 dias de idade
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Assim, o FA mostra-se um ingrediente substituto aos alimentos tradicionalmente usados nas rações avícolas, como o milho e o FS, bem como ressalta a eficiência das enzimas em reestabelecer os níveis nutricionais de dietas cujos níveis nutricionais foram reduzidos. Apesar de não diferir estatisticamente, observaram-se maiores pesos vivos em jejum e no rendimento de peito de aves alimentadas com FA, quando expressos em valores absolutos.
Autores como Carvalho et al. (2010), Elangovan et al. (2006), Pimentel et al. (2007), trabalhando com FA, também não verificaram influência deste alimento na avaliação de carcaça, cortes e vísceras de frangos de corte industrial.
Adeyeme & Longe (2007) avaliando apenas as características de carcaças, constataram que inclusão de até 19,5% de FA, mostrou resultados de peso vivo, peso depenado e peso da carcaça, idênticos à dieta controle.
Já Watkins et al. (2002) averiguaram redução nos pesos da carcaça e da gordura total e abdominal, mas não para rendimento de peito, sobrecoxa e asa, com inclusão de 30% de FA. Também não foram detectadas efeito da alimentação com FA sobre o dorso e peito de frangos de corte, avaliados por Sterling et al. (2002), mas sim no peso de carcaça fria, filé e gordura abdominal. Já Holanda (2011) ao utilizar nível de 10,67% de FA nas rações para frangos caipiras, não constatou diferenças quanto às vísceras comestíveis, mas decréscimo no rendimento de carcaça, peito e sobrecoxa, além de aumento na gordura abdominal.
Já Sartori et al. (2007) ao avaliarem os efeitos da inclusão de enzima (amilase, lipase, protease, e pectinase, 200 g/t) associada a simbiótico comercial (2 kg/ton) em rações convencionais de frangos de corte aos 42 dias sobre rendimento de cortes não verificaram influência do aditivo no rendimento de carcaça, cortes e gordura abdominal. Da mesma forma, Cardoso et al. (2011) também não constataram alterações no rendimento de carcaça e de seus cortes, ao estudarem os efeitos da suplementação individual de uma enzima (α-amilase, 300 g/ton) ou associada ao um complexo enzimático (α-galactosidase, galactomananase, xilanase e β-glucanase, 200 g/ton) em dietas convencionais para frangos.
Os resultados das características ósseas de frangos de corte aos 42 dias de idade são apresentados na Tabela 8., onde se pode observar que, para todos os parâmetros avaliados, não houve diferença significativa entre os tratamentos, mostrando não haver comprometimento no desenvolvimento ósseo dos frangos, mesmo reduzindo-se o nível de P das dietas suplementadas com fitase (T2 e T5) em relação a dieta controle.
Tabela 8. Médias dos parâmetros ósseos determinados na tíbia de frangos de corte alimentados com dietas contendo farelo de algodão aos 42 dias de idade
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Apesar de não diferir estatisticamente, percebeu-se que as aves submetidas aos tratamentos com fitase tiveram tendência ao maior peso da tíbia (T2 com 6,55 g e 6,95 g para T5), índice de Seedor (T2 com 69,45 g/mm e 94,46 g/mm para T5) e resistência óssea da dieta contendo FA e fitase (T5 com 19,55 kgf/cm²). O tratamento controle com fitase (T2) mostrou menor resistência óssea em relação às dietas tradicionais com valor de 16,26 kgf/cm², o que pode ter sido ocasionada em função do menor CR pelas aves, trazendo reflexos nos teores dos minerais.
A quantidade de P e Ca nas cinzas ósseas foi de 28 e 17%, respectivamente, com relação Ca:P de 1,65, valores próximos aos relatados na literatura (2:1).
Pereira (2010) não detectou efeito do consumo de P suplementar nas características ósseas, índice de Seedor, resistência óssea e percentagem de cinzas ósseas na tíbia de frangos de corte. Da mesma forma, Meneghetti (2009) não verificou efeito da inclusão de fitase (4.500 FTU/kg) sobre os teores de P e matéria mineral das tíbias de frangos de corte de um aos 35 dias de idade. Laurentiz et al. (2007) também relataram não ter havido interação entre enzima (0; 500 e 1000 ftu/kg) e nível de P (0,21; 0,17 e 0,13%) sobre a concentração de minerais e P total nas tíbias de frangos de corte, aos 42 dias de idade.
Analisando o peso e comprimento de tíbias de frangos, com 42 dias de idade, alimentados com dietas com 0,29; 0,25 e 0,21% de P não-fítico, suplementados ou não com três diferentes níveis de fitase (0; 500 e 1000 U), Oliveira et al. (2009) verificaram que os resultados obtidos foram semelhantes aos da dieta controle. E Leal et al. (2011) que também não observaram prejuízos na mineralização de ossos de frangos de corte, nas fases: inicial, crescimento e final, alimentados com dietas à base de milho e FS, com níveis reduzidos de P de 0,22%, 0,19% e 0,16%, suplementadas ou não com fitase (30 e 60 g/ton).
Já Vieira et al. (2007) avaliando a deposição de P e cinzas na tíbia de frangos de corte, de um a 42 dias de idade, submetidos a dietas contendo quantidades crescentes de farelo de arroz integral (3,5; 7,5; 10,5 e 14%), suplementados com fitase (750 FTU), constataram que a suplementação não afetou o peso e a concentração de minerais nos ossos, mas que houve diminuição na deposição de P na tíbia de frangos de corte, ao longo das fases. Diferentemente do observado por Cardoso Júnior et al. (2010) que registraram comprometimento no conteúdo de cinzas nos ossos de frangos de corte (oito a 35 dias) alimentados com dietas suplementadas com 500 FTU/kg de fitase contendo níveis reduzidos de Ca (0,85; 0,75; 0,65 e 0,55%) e Pd (0,375; 0,325 e 0,275%).
Por meio da avaliação econômica da produção avícola permite-se o conhecimento dos custos e receitas, possibilitando ao avicultor contabilizar a viabilidade de seu empreendimento. Neste sentido, os dados referentes à análise econômica da produção de frangos de cote alimentos com FA são apresentados na Tabela 9.
Tabela 9. Valores médios da renda bruta (RB), custo do arraçoamento (CA), margem bruta (MB) e rentabilidade (RT), referente à análise econômica das dietas experimentais do ensaio de desempenho com frangos de corte nas fases inicial, crescimento, final e total
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Na fase inicial de criação, observou-se que o rendimento bruto (RB), variável que representa o total arrecadado da produção, obtido com as dietas contendo FA, foi estatisticamente semelhante às dietas controles, apresentando mesmos faturamentos. Embora, observado que, apenas entre as dietas com farelo, a suplementação com fitase (T5) promoveu menor rendimento (R$ 1,54), em função do baixo PV das aves. O custo com o arraçoamento (CA), ao valor médio de R$ 1,00, não diferiu estatisticamente entre os tratamentos. Para a variável margem bruta (MB) verificou-se que as dietas contendo FA suplementadas com enzimas mostraram comportamento semelhante à dieta controle, formulada com níveis nutricionais recomendados, sem enzimas. Quanto à rentabilidade (RT), observou-se que a inclusão do FA não se diferenciou das dietas controles à base de milho e FS e que a suplementação enzimática possibilitou restaurar os níveis nutricionais dessas dietas, o que potencializa o uso deste ingrediente e dos aditivos em dietas avícolas.
Na fase de crescimento, diferenças estatísticas somente foram detectadas no parâmetro RT, onde a dieta contendo FA com fitase mostrou-se inferior aquela à base de milho e FS suplementada com fitase, apesar de não diferir do tratamento controle sem enzima contendo ou não FA.
Na fase final, apenas o CA sofreu interferência dos tratamentos experimentais, verificando-se que as dietas suplementadas com enzimas contendo ou FA mostraram mesmo comportamento das dietas controles sem suplementação. A RB, MB e a RT não diferiram entre os tratamentos avaliados.
Já na avaliação do período total, apenas o CA mostrou ser influenciado pelos tratamentos. As dietas contendo FA suplementadas com enzimas apresentaram maiores CA em relação a controle milho-soja sem enzima, efeito atribuído ao maior conteúdo de óleo usado nas rações com FA e aos custos dos aditivos usados. Contudo, as dietas suplementadas com enzimas, independentemente da inclusão do FA, mostraram-se similares a dietas controles. A RB, MB e a RT não diferiram entre os tratamentos avaliados, o que sinaliza o retorno do capital investido.
Em suma, verificou-se que a utilização do FA mostrou sua potencialidade como possível substituto a ingredientes tradicionalmente usados em rações para frangos de corte e que a suplementação enzimática das dietas, cujos níveis nutricionais foram reduzidos por ocasião da formulação, mostrou-se eficiente na liberação de nutrientes, obtendo-se resultados semelhantes àquela sem suplementação.
Souza (2003) relata que, em situações práticas, a utilização do FA somente se torna viável economicamente nas rações de aves, quando seu preço representar 45% ou menos do preço do FS usado. Nesse estudo, o FA utilizado apresentou custo de 45,71% em relação ao preço do FS, valor de lucratividade bem próximo ao descrito pelo autor supracitado.
Pesquisas têm relatado que uso de enzimas por meio da formulação specified dow, ao se considerar matrizes nutricionais corretas, reduções nos custos das rações podem ser obtidas (Adeola & Cowieson, 2011), mesmo quando incluso o custo da enzima (Soto- Salanova, 1996). Assim, os dados registrados nesse trabalho revelaram resultados que ratificam essas informações, mostrando viabilidade econômica da produção de frangos de corte com o uso de alimento alternativo e da suplementação enzimática.
Realizando avaliação econômica de dietas contendo FA, Ojewala et al. (2006) ao avaliarem este ingrediente suplementado com ferro em rações para frangos de corte de três a oito semanas de idade, sobre a rentabilidade da produção, constataram que o nível máximo de inclusão (29%) mostrou-se o mais econômico, podendo ser totalmente substituído pelo FS.
Já Holanda (2011) experimentando cinco níveis de FA (0; 25; 50; 75 e 100%) em substituição a PB do FS em frangos de corte caipiras Label Rouge dos 14 aos 84 dias de idade, verificou que níveis de até 42,93% não causam prejuízos econômicos à produção.
Na avaliação econômica de dietas tradicionais suplementadas com carboidrases em dietas com redução de 35 e 70 kcal/kg nas fases inicial e crescimento+final, respectivamente, para frangos de corte, Botelho et al. (2011), verificaram que a viabilidade econômica não foi alterada.
 
Conclusões
A inclusão de 15% do farelo de algodão com ou sem suplementação enzimática não compromete os índices produtivos, parâmetros de carcaças, ósseos e econômicos de frangos de corte, proporcionando resultados semelhantes à dieta controle, à base de milho e farelo de soja, com nível nutricional recomendado, o que evidencia o efeito benéfico da inclusão destes aditivos na liberação de nutrientes.
 
Referências
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Autores:
Alcilene Tavares
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