Introdução
Na indústria avícola utiliza para a formulação de ração ingredientes de origem vegetal, em que a presença de fatores antinutricionais como, por exemplo, o ácido fítico que é a forma de armazenagem de fósforo (P) nos vegetais (Maenz, 2000). Sendo um entrave na produção animal, pois representa uma porção 2 a 3% de fitato (Cromwell, 1980) insolúvel e indisponível para a ave.
Uma alternativa para amenizar esse efeito antinutricional seria o uso de enzima fitase, em que atua na degradação do fitato (Mio-inositol hexafosfato, IP6) para liberação de P (Selle et al.,2011). A utilização da enzima exógena fitase na alimentação de monogástricos tem como objetivo melhorar a disponibilidade do fósforo (P) e cálcio (Ca) e outros minerais, como magnésio, manganês, cobre, ferro e zinco e aminoácidos, com isto, tende a reduzir adição dos mesmos na dieta. Além disto, diminui a excreção destes minerais no meio ambiente e reduz aceleração do processo natural de eutrofização das águas (Fireman e Fireman, 1998).
Todavia, a idade da ave afeta o aproveitamento dos nutrientes, sendo que, com o avanço da idade reduz a deposição de cálcio na casca do ovo devido à menor capacidade de absorção e mobilização óssea desse mineral, tornando os ovos mais frágeis e, consequentemente, causando perda produtivas (Oliveira e Oliveira, 2013).
Vários trabalhos mostram a eficácia de poedeiras com o uso de fitase na fase de pico de produção de ovos (Gao et al.,2013). Entretanto, existem poucos estudos avaliando seu uso em poedeiras com mais de 70 semanas. Assim, o estudo teve como objetivo avaliar o efeito da suplementação de fitase para poedeiras comerciais sobre as características de desempenho dos ovos no período de 70 a 78 semanas de idade.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Aviário Experimental do Laboratório de Pesquisa em Aves da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo, durante dois ciclos de 28 dias, no período 70 a 78 semanas de idade.
Foram utilizadas 300 poedeiras da linhagem Novogen White®, não debicadas e distribuídas em um delineamento em bloco casualizado, sendo quatro tratamentos, formulados de acordo com as recomendações nutricionais das Tabelas Brasileiras de Aves e Suínos (Rostagno, 2011) e oito repetições. Os tratamentos consistiam em controle positivo (CP) sem adição de enzimas e sem valorização dos nutrientes; controle negativo (CN1F) com valorização de 0,12% de P e 0,10% de Ca + 300 FTU; CNF2: com a valorização de 0,16% P e 0,13% Ca + 600 FTU; NCF3: com a valorização de 0,18% P e 0,15% Ca 12% + 900 FTU.
As características avaliadas foram desempenho dos ovos foram: consumo de ração (g/ave/dia), produção de ovos (% /ave/dia), o peso do ovo (g), conversão alimentar (kg de consumo de ração / dúzia), conversão alimentar (kg de ração consumida / ovo em massa) e massa de ovo (g) e porcentagem de ovos vendáveis (%).
Os dados de desempenho dos ovos foram avaliados por meio do programa Statistical Analysis System – SAS (2012). Primeiramente foi testada a normalidade dos resíduos e a homogeneidade das variâncias. Posteriormente, foi realizada análise de variância (ANOVA), quando significativas, foram comparadas pelo teste Tukey ao nível de 10% de significância.
Resultados e Discussão
Para produção de ovos, massa de ovos, conversão alimentar por dúzia e massa de ovos e ovos vendáveis (Tabela 1) foi significativamente maior para o grupo de animais alimentados com as rações valorizadas e suplementadas com fitase quando comparado aos que receberam ração sem valorização e sem enzima. Sendo que o tratamento controle negativo e suplementado com 300FTU foi superior quando comparado ao demais tratamentos.
Assim como, Bolin et al. (2000) que utilizou rações à base de milho e farelo de soja contendo 0,15% de fósforo disponível ou 0,10% de suplementada com 300 FTU proporcionou uma ótima produção de ovos em poedeiras com idade entre 20 e 70 semanas de vida.
Tabela 1. Produção de ovos (PO), Consumo de ração (g), Peso do ovo (g), massa de ovos (g), conversão alimentar por dúzia (CA/DZ) e conversão alimentar por massa de ovo (CA/MO) de poedeiras não debicadas alimentadas com diferentes níveis de fitase no primeiro e no segundo ciclo (70 a 78 semanas)
¹CP - controle positivo: sem adição de enzimas e sem valorização dos nutrientes; CN1F- controle negativo: com valorização de 0,12% de P e 0,10% de Ca + 300FTU; CNF2: com a valorização de 0,16% P e 0,13% Ca + 600FTU; NCF3: com a valorização de 0,18% P e 0,15% Ca 12% + 900FTU
²Erro Padrão da Média
³Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,10)
E para as características de consumo de ração e peso dos ovos não tiveram diferença (p>0,10) as características de desempenho. Isto mostra que, a suplementação de fitase a dietas com baixas concentrações de Ca e P corrigiu completamente os efeitos adversos associados à baixa concentração.
Conclusões
A valorização dos nutrientes e a suplementação de 300FTU apresentou os melhores resultados para produção e massa de ovos.
Agradecimentos
A Universidade de São Paulo pela realização do trabalho, a MCassab pelo apoio e ao grupo de pesquisa Piraves.
Referências Bibliográficas
1. CROMWELL, L.; WEIBELL, F.J.; PFEIFFER, E.A. Biomedical instrumentation and measurements. Prentice Hall, 1980.
2. BOLING, S.D.; DOUGLAS, M.W.; JONSON, M.L. et al. The effects of dietary available phosphorus levels and phytase on performance of young and older laying hens. Poultry Science, v. 79, n. 2, p. 224- 230, 2000. Disponível em:< http://ps.oxfordjournals.org/content/79/2/224.short> . Acessado em:18 de nov. 2016
3. FIREMAN, A.K.B.A.T.; FIREMAN, F.A.T. Fitase na alimentação de poedeiras. Ciência Rural, Santa Maria, V.28, n.3, p.529-534,1998. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84781998000300029. Acessado em 18 de nov. 2016.
4. GAO, C.Q.; JI, C.; ZHANG, J.Y.; Ma, Q.C. Effect of a novel plant phytase on performance, egg quality, apparent ileal nutrient digestibility and bone mineralization of laying hens fed corn–soybean diets. Animal Feed Science and Technology. V.186, n. 15 2013, p.101–105. Disponível em:< http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0377840113002496>. Acessado em:18 de nov. 2016.
5. MAEG, D.D. Enzymes in farm animal nutrition: Enzymatic Characteristics of Phytases as they relate to their use in animal feeds. P.61-84 2001.
6. OLIVEIRA, B. L; OLIVEIRA, D. D. Qualidade e tecnologia de ovos – Lavras: Ed. UFLA, p.76, 2013.
7. ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L.; GOMES, P.C.; OLIVEIRA, R.F.; LOPES, D.C.; FERREIRA, A.S.; BARRETO, S.L.T. Tabelas Brasileiras Para Aves E Suínos: Composição De Alimentos E Exigências Nutricionais. 3. Ed. Viçosa: UFV, Departamento De Zootecnia, p. 8, 2011.
8. SAS. User’s Guide: Statistics. Version 9.3, North Caroline, 4th ed. SAS Inst. INC., 2012.
9. SELLE, P.H.; RAVINDRAN, V.; COWIESON, A.J. Enzymes in farm animal nutrition: Xylanases and Cellulases as Feed Additives, p.160-205, 2011.
***Trabalho apresentdo durante XV Congresso APA - Produção e Comercialização de Ovos - Ribeirão Preto (SP); 21 a 23 de março, 2017.