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Salmonella frangos estresse térmico

Identificação de Salmonella em frangos de corte submetidos ao impacto do estresse térmico agudo

Publicado: 20 de outubro de 2011
Por: AB Santos-Vaz1*, A Giampietro-Ganeco1, SE Yatsuyamagi1, L Miyagusku2, H Borba1, PA Souza1 - 1Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP Jaboticabal-São Paulo-Brasil. 2Centro de Tecnologia de Carnes do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) Campinas-São Paulo-Brasil
Sumário

O trabalho avaliou o efeito do estresse térmico sobre a incidência de Salmonella spp em frangos de corte. Foram utilizados 500 pintinhos da linhagem Cobb, dos quais 100 animais foram criados em temperatura termoneutra, ideal para cada fase de criação, constituindo o grupo controle, e os outros 400 animais foram criados em uma câmara climática sob condições de temperatura de 32ºC, considerada de estresse térmico para as aves. Aos 21 dias 25% das amostras foram positivas para Salmonella, aos 35 dias 15% e aos 42 dias 7,8%.
Palavras Chave: Contaminação microbiana, Higiene, Saúde pública, Microrganismos.

Introdução
O fato do Brasil ser o maior exportador de carne de aves, o controle sanitário se torna cada vez mais exigente pelos pelos países importadores (Back, 2002). A presença de microrganismos patogênicos nos frangos de corte e a possível contaminação de suas carcaças durante o processamento assumem aspectos relevantes em termos de sanidade animal e saúde pública (Moreno et al., 2006). O gênero Salmonella destaca-se como um dos mais importantes patógenos veiculados por alimentos, principalmente os derivados de frango, devido ao fato de estar amplamente distribuído na natureza, possuir grande número de reservatórios, apresentar sorotipos inespecíficos aos hospedeiros e apresentar cepas multiresistentes aos antimicrobianos (Bersot, 2006). Quinteiro-Filho et al. (2010) verificou que o estresse por calor foi capaz de aumentar as unidades formadoras de colônias de Samonella spp (UFC/g) no baço dos animais causando redução no ganho de peso e no consumo de ração e aumentando a mortalidade. Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a interação do estresse térmico agudo sobre a incidência de Salmonella spp. ao longo da cadeia produtiva de frangos de corte.
Materiais & Métodos
O experimento foi conduzido nas câmaras climáticas experimentais da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - FCAV - UNESP, Câmpus de Jaboticabal - SP. Foram utilizados 500 animais da linhagem Cobb, dos quais 100 animais foram criados em câmara climática termoneutra, durante toda a fase experimental, constituindo o grupo controle deste trabalho. A temperatura termoneutra foi ajustada de acordo com cada fase de criação: 0-21 dias 28°C, 22-35 dias 24°C e 36-42 dias 21°C. Os outros 400 animais, que passaram pelo estresse, foram alojados em outra câmara, que inicialmente foi ajustada a temperatura termoneutra, ideal para cada fase de criação e durante as fases de estresse a temperatura da câmara foi elevada para 32ºC. Os animais foram submetidos a estresse térmico por diferentes períodos (0, 24, 48 e 72 horas) com início aos 21, 35 e 42 dias de idade e após cada período de estresse foram abatidos 12 animais de cada tratamento:
T1 -    aves com 21 dias criadas à temperatura termoneutra de 28°C de 0-21 dias e não submetidas a estresse;
T2 -    aves com 21 dias criadas à temperatura termoneutra de 28°C de 0-21 dias e submetidas a estresse calórico de 32°C por 24 horas;
T3 -    aves com 21 dias criadas à temperatura termoneutra de 28°C de 0-21 dias e submetidas a estresse calórico de 32°C por 48 horas;
T4 -    aves com 21 dias criadas à temperatura termoneutra de 28°C de 0-21 dias e submetidas a estresse calórico de 32°C por 72 horas;
T5 -    aves com 35 dias criadas à temperatura termoneutra de 24°C de 22-35 dias e não submetidas a estresse;
T6 -    aves com 35 dias criadas à temperatura termoneutra de 24°C de 22-35 dias e submetidas a estresse calórico de 32°C por 24 horas;
T7 -    aves com 35 dias criadas à temperatura termoneutra de 24°C de 22-35 dias e submetidas a estresse calórico de 32°C por 48 horas;
T8 -    aves com 35 dias criadas à temperatura termoneutra de 24°C de 22-35 dias e submetidas a estresse calórico por 72 horas;
T9 -    aves com 42 dias criadas à temperatura termoneutra de 21°C de 36-42 dias e não submetidas a estresse;
T10 -  aves com 42 dias criadas à temperatura termoneutra de 21°C de 36-42 dias submetidos a estresse calórico por 24 horas;
T11 -  aves com 42 dias criadas à temperatura termoneutra de 21°C de 36-42 dias e submetidos a estresse calórico por 48 horas;
T12 -  aves com 42 dias criadas à temperatura termoneutra de 21°C de 36-42 dias submetidos a estresse calórico por 72 horas.
As análises laboratoriais foram realizadas no Laboratório de Microbiologia do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Carnes (CTC) do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL). Para detectar a existência do patógeno Salmonella spp foi utilizada a metodologia de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) proposta pelo fabricante Biocontrol. Após o processo de evisceração foram coletadas 2 amostras de cada tratamento compostas de 3 frangos e 2 amostras controle, resultando em 48 amostras. As amostras de pele de pescoço foram coletadas após as operações de depenagem: saída da depenadeira, entrada no chiller e saída do chiller, resultando em 48 amostras. As amostras de suabe cloacal foram coletadas antes e após a colocação dos pintainhos nos boxes. A coleta de amostras ambientais foi feita antes do alojamento dos animais e após o alojamento, totalizando 66 amostras. Estas amostras foram coletadas utilizando um par de "propé" que foi calçado e arrastado com movimentos de ida e volta paralelo ao comedouro em toda a extensão longitudinal do boxe.
Resultados & Discussão
Os resultados obtidos são apresentados nas Tabelas 1, 2 e 3 onde pode ser notado (Tabela 1) que tanto o ambiente quanto os pintainhos não se encotravam contaminados com cepas de Salmonella spp no início do experimento.
Tabela 1. Presença de Salmonella em pintainhos e no ambiente no início do experimento.
Tipo de Coleta
Meio de Coleta
Local de Coleta
Salmonella
Pintainhos
Suabe
Na recepção dos animais
-
Ambiental
Propé
Galpão Controle
-
Galpão Tratamento
-
Segundo Silva & Duarte (2002) as salmonelas se encontram amplamente difundidas na natureza e a importância da sua disseminação vem sendo muito estudada, principalmente na produção avícola. Essa disseminação natural pode ser uma das explicações para a ausência inicial de Salmonella no ambiente e nos animais antes da introdução dos mesmos nos galpões, pois no início do experimento não houve diferenças na manipulção das aves e nem de temperatura entre os tratamentos e controle.
Tabela 2. Presença de Salmonella no ambiente e suabe cloacal no 2º, 3º e 15º dias
Tipo de Coleta
Meio de Coleta
Local de Coleta
Dia da Coleta
2º dia
3° dia
15º dia
Ambiental
Propé
Galpão Controle
+
+
+
-
+
+
Galpão Tratamento
-
+
+
-
-
-
Cloacal
Suabe
Galpão Controle
-
-
-
-
-
-
Galpão Tratamento
-
-
-
-
-
-
Tabela 3. Presença de Salmonella spp. nos diferentes tratamentos.
Tratamento
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Idade das aves
21
35
42
Período de estresse térmico
0
24
48
72
0
24
48
72
0
24
48
72
Cama de Frango
(Propé)
Antes da Apanha
Controle
+
+
+
+
+
-
-
-
-
-
-
-
+
+
+
+
+
-
+
-
+
+
+
-
Trat
-
+
-
-
-
+
-
-
-
-
-
-
-
+
-
+
+
+
+
-
+
-
-
-
Cloaca
(Suabe)
Na Apanha
Controle
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Trat
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Abate
(Pele de
Saída da Depenadeira
Controle
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Trat
-
-
-
-
-
-
-
+
-
-
-
-
Pescoço)
Entrada do Chiller
Controle
-
-
+
+
-
-
-
-
-
-
-
-
Trat
-
-
-
-
-
-
-
+
-
-
-
-
Saída do Chiller
Controle
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Trat
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Abate
(Intestino)
Após Evisceração
Controle
+
-
+
-
+
-
-
-
-
-
-
-
Trat
-
-
+
+
-
-
-
-
-
+
-
-
Analisando os resultados obtidos nos galpões, verifica-se que as amostras do grupo controle aos 21 dias foram todas positivas para Salmonella spp., o que não ocorreu com as amostras provenientes dos tratamentos as quais apresentaram uma contaminação inicial baixa que se manteve ao longo do experimento. Para manter a temperatura do galpão do grupo controle foi necessário tomar algumas medidas o que pode ter deixado o mesmo mais susceptível ao ambiente externo, favorecendo a entrada de alguns vetores e com isso a contaminação. Algumas amostras de pele de pescoço dos animais do grupo controle aos 21 dias e dos animais dos tratamentos aos 35 dias mostraram contaminadas por Salmonella na entrada do chiller, mas após a saída do chiller as amostras foram negativas, mostrando que não ocorreu nenhum tipo de contaminação na carcaça durante o processo de resfriamento.
De todas as amostras analisadas, aos 21, 35 e 42 dias (n=192), 39 amostras, ou seja 20,31% foram positivas para Salmonella spp no teste da PCR. Porém, 3 dessas amostras (7,69%) foram negativas nos testes tradicionais. Esse fato pode ser explicado pela presença do ADN do organismo que é detectado no teste de PCR, porém, a bactéria inativa não consegue se multiplicar e formar colônias típicas nos testes tradicionais que necessitam de um organismo ativo. A tabela 3 não mostra correlação entre mudanças no período de estresse térmico e aumento da contaminação contrariando Quinteiro-Filho et al. (2010). Por outro lado, a diminuição populacional parece estar relacionada com a redução de amostras com Salmonella positiva. Os animais abatidos com 21 dias evidenciaram, 25% de amostras infectadas, aos 35 dias 15% e aos 42 dias, 7,8% confirmaram Salmonella.
Conclusões
Os diferentes períodos de estresse térmico sofrido pelos animais não influenciou na contaminação por Salmonella spp.
Bibliografia
Back A. 2002. Manual de Doenças de Aves. Casacavel, Brasil.
Bersot LS. 2006. Salmonella no Brasil: sua importância no abate de aves. In: V Simpósio de Sanidade Avícola de UFSM, Santa Maria.
Moreno MRF, Sarantinopoulos P, Tsakalidou E. 2006. The role and application of enterococci in food and health. International J. Food Microbiol. 106:1-24.
Silva EN & Duarte A. 2002. Salmonella Enteritidis em aves: Retrospectiva no Brasil. Rev. Brás. Ciênc. Avíc. 4:85-100.
Quinteiro-Filho WM, Ribeiro A, Ferraz-de-Paula V, Pinheiro LM, Sakai M, Sá LRM, Ferreira AJP, Palermo-Neto J. 2010. Heat stress impairs performance parameters, induces intestinal injury, and decreases macrophage activity in broiler chickens. Poult. Sci. 89(9):1905-1914.
 
 
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Autores:
Aline Buda
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