Vários são os fatores que causam as miopatias musculares e afetam adversamente a integridade da carne, sendo algumas delas: as deficiências de selênio e da vitamina E . Estas em geral são classificadas como doenças metabólicas. Podem ser evidenciadas ou não no campo e em abatedouros ou aparecer em maior ou menor grau.
Algumas das deficiências de selênio e de vitamina E são clássicas e bem conhecidas como a diátese exudativa, a distrofia muscular e a atrofia pancreática. Destas, a mais comum de aparecer em abatedouros é a distrofia muscular que pode ser evidenciada por estrias brancas que aparecem no músculo do peito.
Mais recentemente, um outro tipo de alteração muscular tem sido registrada em abatedouros. Esta tem sido denominada de miopatia cranial dorsal (MCD). Ela tem sido observada no músculo latissimus dorsi anterior que é responsável por mover a asa para trás. Macroscopicamente, a região se apresenta com características que variam de amarela para marrom escuro. Ao remover a pele, a lesão se apresenta hemorrágica na superfície superior e inferior, e aderência com músculos adjacentes. A alteração pode aparecer unilateralmente como bilateralmente. Frangos machos e de crescimento rápido são os mais afetados. Um componente genético parece estar presente. Quando evidenciado o problema, parte da carcaça é condenada.
As causas da MCD não estão completamente estabelecidas, mas hipóteses existem de que a carência de oxigênio (alteração tipo hipóxia hisquêmica) no músculo pode ser uma das causas, visto que o referido músculo é 100% de natureza oxidativa e de contração lenta, portanto, dependente de fosforilação oxidativa. Por outro lado, um trabalho de campo realizado em uma empresa avícola brasileira indicou que a MCD pode ser de fundo peroxidativo e ligado ao selênio, uma vez que ao utilizar selênio orgânico (Sel-Plex) mais um ajuste nos níveis de vitamina E e de outros antioxidantes reduziu o problema de 2% do lote para 0,5%. Ao retirar o selênio orgânico da dieta, o problema retornou a patamares originais (2%).
*Breve comentário sobre a palestra "Miopatia muscular e integridade dos tecidos nas sessões de Aves", apresentada por Fernando Rutz, na seção de Aves, do Simpósio Internacional sobre Saude e Nutrição Animal, da Alltech, que aconteceu nos dias 16 a 19 de maio/2010.
Prezados amigos,
Além dessas colocações realizadas pelo professor Romão, gostaria de colocar minha experiência de abatedouro e de campo e, apimentar a discussão.
A moagem do milho em peneiras defeituosas e com martelos gastos fazem uma granulometria do macro elemento ruim, associada a estradas ruins e mais as sacudidas pelas roscas sem fim do equipamento de abastecimento, fazem um certo desbalanceamento da ração.
Muitas vezes, as amostras para análise são realizadas no pós fábrica, e difere muito das análises realizadas nos pratos de comedouros automáticos, onde o milho aparece sobrenadando na ração, sendo a ave criteriosa, acaba selecionando muitas vezes somente os grãos de milho.
Verifiquei isso em muitas necropsias a campo, principalmente na fase inicial, e depois nas aves abatidas na linha de evisceração das aves, principalmente no músculo reto da sobrecoxa, com suas estrias esbraquiçadas.
Srs.
A respeito do assunto em pauta: Miopatia muscular e integridade dos tecidos nas sessões de Aves, acredito que além dos fatores genéticos, possam vir a existir outros elementos que venham a contribuir para este tipo de anomalia, digamos nutricional.
Se levarmos em em conta que o milho representa algo em torno de 75[percent] aproximadamente de um todo, na ração ingerida, estamos diante de uma situação macro, uma vez que há de se considerar que:
1º O tipo de solo onde o milho foi cultivado, o que nos reporta a uma análise mais intensiva do solo e a sua interpretação e posterior correção, com o suo de micro nutrientes, Se.Mb, Tg e outros
2° A biofortifiticação do solo. Sabe-se que existem dois tipos de plantios de milho. O milho plantado como cultural principal, que irá exigir uma adubação - NPK - e o milho safrinha que é plantado após a colheita do soja. No primeiro caso, tem-se digamos uma plenitude dos elementos -NPK- enquanto que no segundo o nível de abubação não tão completo, uma vez que se aproveita o residuo da adubação química utilziada para o cultivo do soja.
3º A variedade de solo no Brasil é muito grande. Os solos da região sul, diferem em muito dos solos da região centro-oeste, que por sua vez diferem e em muito da região nordeste.
4º Acrescente-se ainda as variedades de milho existentes no mercado, incluindo o Bt geneteticamente modificado.
Acreditamos que provavelmente tenhamos uma informação inicial relativa a este tipo de miopatia.
Afora isto há de se considerar os fatores genéticos das aves, com possibilidade de alterações na hipófise, se bem que é um assunto por demais polêmico.
Atenciosamente.
Médico Veterinário Romão Mianda Vidal.
Olá amigos...excelentes colocações...porém se analisarmos o exposto pelo Sr. Romão e o Sr. Lima os fatores de entrada para produção do frango são - moagem, milho, adubação de solo que devem ser solucionados antes da chegada do alimento ao frango, porém como isto não esta sendo feito criou-se uma saída indireta para estes fatores. O exposto pelo Dr. Rutz mostra uma possibilidade interessante e adaptável a várias situações de fórmulas ( que também é um fator de entrada para a produção do frango)...em função dos dados demonstrados e validados pelo Dr. Rutz podemos relacionar uma ótima correção para estes erros genéticos, de fábricas de ração e até mesmo agronomicos citados pelos Senhores.
Acredito que outros dados serão expostos pelos Dr. Rutz ou mesmo uma melhor discussão associando ainda mais o uso de Se e Vitamina E em alimentação de frangos.
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