A enterite necrótica, causada pelo Clostridium perfringens, tem o potencial de impactar grandemente a produção avícola. Estima-se que a enterite necrótica seja responsável por perdas de até $6 bilhões anualmente. Isso porque nem sempre é fácil de identificar esta doença no plantel, que se apresenta basicamente em 2 formas diferentes: clínica ou subclínica.
A forma subclínica da enterite necrótica provoca altas perdas econômicas devido à redução da produtividade animal. Essa redução é provocada pela pior digestão e absorção da ração, que leva, consequentemente a um aumento da conversão alimentar. Isso acontece basicamente porque o Clostridium perfringens provoca redução da saúde intestinal, piora da qualidade da mucosa intestinal e diarreia.
Mas, de onde vem o Clostridium perfringens? Esta é uma bactéria de ocorrência natural no intestino das aves, Gram positiva, anaeróbia, esporulada e toxigênica. Mas isso não significa que toda ave tem a enterite necrótica, pois a simples presença do Clostridium perfringens não é suficiente para desenvolvimento da enterite necrótica. São necessários fatores que colaborem para a proliferação exagerada dessas bactérias para que ave finalmente apresente sintomas da doença. Os fatores ambientais, tais como densidade populacional e qualidade da cama têm grande importância na multiplicação da bactéria, além do uso de determinados ingredientes da ração contaminados e a presença de coccidiose.
A enterite necrótica caracteriza-se por lesões e necrose na mucosa intestinal afetando principalmente animais jovens, entre duas e seis semanas de idade. Normalmente ocorre na forma de surtos caracterizados por depressão, penas eriçadas, fezes moles, amontoamento, anorexia e, frequentemente, alta mortalidade.
Recomenda-se que sejam realizadas ações preventivas para evitar o aparecimento da enterite necrótica. O uso de tecnologias capazes de controlar o Clostridium perfringens é uma excelente alternativa. Existem produtos capazes de fazer isso via ração e também via água. Adicionalmente, o uso de probióticos para a manutenção da flora intestinal é essencial para prevenir a enterite necrótica.
Os probióticos são aditivos alimentares compostos por microrganismos vivos que beneficiam a saúde do hospedeiro, equilibrando a microbiota intestinal, melhorando o consumo de ração, digestão e absorção dos nutrientes. Os probióticos agem no sistema imune (imunomodulação), fazem a exclusão competitiva e secretam compostos antimicrobianos que suprimem o crescimento de bactérias nocivas.
Portanto, atualmente o uso de probióticos vem sendo utilizado como ferramenta para o combate da enterite necrótica e para o uso consciente de antibióticos. O Bacillus subtilis PB6 é uma cepa isolada de intestino de frangos saudáveis que demonstrou produzir substâncias antimicrobianas, com ampla atividade contra várias cepas de Clostridium spp, mantendo a integridade das vilosidades, e consequentemente melhorando o desempenho animal.
Diversos estudos demonstram o modo de ação benéfico do Bacillus subtilis PB6 para aves. Esta cepa secreta surfactinas e outros metabólitos secundários, com propriedade antimicrobiana, específicas contra bactérias gram-negativas e gram-positivas, que são potencialmente patogênicas para humanos e animais. Em termos de espectro antimicrobiano foi demostrado in vitro o poder inibitório para cepa de C. perfringens relacionada à enterite necrótica conforme Figura 1.
Figura 1. Inibição do Clostridium perfringens com Bacillus subtilis PB6.
O Bacillus subtilis PB6 provou ser eficaz para a saúde das aves reduzindo a quantidade de Clostridium perfringens e melhorando o escore de lesão em frangos de corte (Figura 2). Ao mesmo tempo que suprime o Clostridium perfringens, também promove o aumento das bactérias benéficas, como o Lactobacillus spp. e Bifidobacterium spp. promovendo um equilíbrio saudável do microbioma intestinal das aves (Figura 3).
Figura 2. Contagem de Clostriduim Perfringes (a) e Escore de lesão (b) em frangos de corte suplementados com Bacillus subtilis PB6 aos 28 dias desafiados com Clostridium perfringens.
Figura 3. Efeito do Bacillus subtilis PB6 na contagem de bactérias.
A suplementação com Bacillus subtilis PB6 é eficaz no controle da enterite necrótica em aves mantendo o equilíbrio microbiano benéfico do intestino, enquanto otimiza o desempenho. Além de ser uma ferramenta importante para o uso racional dos antibióticos.