Produzir carnes é um bom negócio! Três fatores importantes podem comprovar esta afirmação:
1 – O número de consumidores está aumentando.
Atualmente a população mundial é de 6,4 bilhões de pessoas; no ano 2030 ela passará para 8,1 bilhões e em 2050 chegaremos próximos aos 9 bilhões. Esta população vem crescendo mais nos paises Em Desenvolvimento do que nos paises Desenvolvidos. Nestes últimos, o controle voluntário da natalidade, tem mantido a população praticamente constante, sendo que em alguns deles tem inclusive diminuído. De 2005 a 2030 a população mundial crescerá em média 26%, sendo apenas 3,6 % nos paises Desenvolvidos e 31,8% nos paises Em Desenvolvimento (Quadro 1).
Quadro 1: Tendências de crescimento da população humana, 2005 a 2030.
Fonte: L. Roppa, 2006.
Na Ásia e na África, ela aumentará acima da média mundial, com 26 e 66% respectivamente (Quadro 2). Na América Latina crescerá 5,8%, enquanto que na Europa diminuirá 11,6 %. No ano 2030 estima-se que 86% da população mundial estarão vivendo na Ásia, na África e na América Latina.
Quadro 2: Perspectivas do crescimento da população, 2005 a 2030
Fonte: FAO stat, 2005. Elaboração: Luciano Roppa.
2 - O poder aquisitivo das pessoas está aumentando. O consumo de carne tem uma forte correlação com o PIB per capita. À medida que vai aumentando o poder aquisitivo, aumenta o consumo de carne, e, por conseqüência, a produção de carne. Em 1961, o PIB per capita no mundo era de US$ 2.676 e o consumo de carne por pessoa era de 23 kg. Em 2001, cresceu para US$ 5.611,00 e o consumo cresceu para 38 kg. Em 2030, o PIB deverá ser de US$ 7.600,00 por pessoa e o consumo deverá crescer para 45 kg (Quadro 3).
Quadro 3: Crescimento do poder aquisitivo e o consumo de carnes
Fonte: Luciano Roppa, 2006.
Em que países está aumentando o PIB per capita? O PIB mundial per capita crescerá em média 2,9% por ano, até 2010; nos países Em Desenvolvimento crescerá 4,5%, nos países Desenvolvidos 2,4% e nos países em Transição 3,8%. Portanto, o grande crescimento do poder aquisitivo se dará nos países em Transição e nos paises Em Desenvolvimento. No Quadro 4 podemos verificar o PIB das 7 maiores economias do mundo atualmente e qual a perspectiva para 2030, de acordo com dados da Goldman Sachs e FMI. Atualmente, só um país considerado Em Desenvolvimento está entre as 7 maiores economias do Mundo: a China. Em 2050, porem, apenas 2 países atualmente Desenvolvidos farão parte desta seleta lista (Estados Unidos e Japão). Índia, Brasil, México e Rússia ultrapassarão as economias da Alemanha, Reino Unido, França e Itália, passando a fazer parte das “7 maiores economias do Mundo”.
Quadro 4: Perspectivas do crescimento do PIB, 2005 a 2030. 3 - A qualidade da alimentação continuará melhorando. A melhora do poder aquisitivo, além de aumentar quantitativamente o consumo de carne, tem influenciado também a melhora qualitativa da alimentação humana. Como podemos ver no Quadro 5, à medida que melhora a renda per capita de uma população, ela migra gradativamente para uma alimentação de melhor qualidade. Populações de baixa renda têm nas raízes e grãos (proteínas vegetais) a base de sua alimentação. À medida que a renda aumenta, a alimentação passa a ter como base as Proteínas Animais (carne, leite) além das frutas e vegetais. Atualmente, populações de maior renda baseiam sua alimentação nos alimentos dietéticos e funcionais.
Quadro 5 – Efeito do poder aquisitivo sobre os hábitos alimentares da população humana. Em 1960, quando a renda per capita era de aproximadamente 2.600 dólares por ano, a população mundial consumia em média 2.360 Kcal por pessoa; Hoje, com uma renda próxima a 5.800 dólares por ano, temos um consumo de 2.800 Kcal por pessoa. No ano 2030, com a melhora do poder aquisitivo para 7.600 dólares, passaremos a consumir 3.040 Kcal por pessoa (Quadro 6).
Quadro 6: Quilocalorias disponíveis por pessoa, 1960 a 2030.
Fonte: Luciano Roppa, 2007.
No Quadro 7 podemos acompanhar a evolução do tipo de alimento consumido pela população humana desde o ano de 1980 até os dias de hoje, e sua projeção para o ano 2030. Como vemos, o crescimento do consumo das proteínas vegetais é bastante modesto, quando comparado com o crescimento do consumo dos alimentos à base de proteínas animais. Este Quadro comprova também que produzir carne é um bom negócio, pois o crescimento do consumo é uma garantia importante de que se trata de um mercado em franca expansão.
Quadro 7: Evolução do consumo de alimentos pela população humana
Resumindo, num futuro próximo, teremos: uma maior população, com maior poder aquisitivo e se alimentando melhor que atualmente. Nosso desafio como produtor de alimentos será o de aumentar a produção em 40% nos próximos 22 anos, para atender à demanda das 8,1 bilhões de pessoas estimadas para 2030. Teremos que fazer isso em um planeta que passa por um período de grandes transformações climáticas, ambientais e com a agravante de vivenciar um momento de maior incidência de enfermidades limitantes à produção animal.
Consumo atual de carne no mundo
Em 2006, o consumo mundial de carnes foi próximo a 262 milhões de toneladas, o que correspondeu a uma média de 40,3 kg de carne por pessoa (Quadro 8). A carne mais consumida foi a de Suínos, com 15,9 kg por pessoa, representando 39,5% do total das carnes. Em segundo lugar veio a carne de Aves, com 12,6 kg e representando 31,3% do consumo. A carne Bovina apresentou um consumo de 9,9 kg e a de Ovelhas e Cabras 1,9 kg.
Quadro 8: Consumo per capita de carnes, 2006 (kg/pessoa/ano).
Quando analisamos o consumo de carnes por Continente (Quadro 9), verificamos que o maior consumo per capita ocorre na América do Norte (141 kg), seguido da Oceania (96,9 kg), Europa (79,1 kg), América Latina (49,4 kg), Ásia (28,8 kg) e África (13,6 kg). Em relação è preferência de um determinado tipo de carne, notamos que a Europa e a Ásia possuem uma preferência pela carne suína; a África e a Oceania preferem a carne bovina e as Américas preferem a carne de aves.
Quadro 9: Preferência do consumo de carnes por Continente, 2006 (kg/pessoa/ano).Se multiplicarmos o consumo per capita de carnes, pela população de cada Continente, teremos como resultado o tamanho do mercado em cada região do Mundo. Como podemos visualizar no Quadro 10, o maior consumo quantitativo de carne ocorre na Ásia com 112,9 milhões de toneladas, seguida da Europa (57,3), América do Norte (46,9), América Latina (27,6) África (12,1) e Oceania (3,2).
Quadro 10: Consumo atual de carnes por Continente, 2006 (milhões de toneladas)Onde crescerá o consumo de carnes no futuro?Estamos presenciando atualmente, um fenômeno de migração de consumo dos mercados ricos e maduros para os mercados emergentes, que são novos e desiguais.
O consumo de carne cresce à medida que cresce o salário, porém esta verdade só é válida até um certo ponto, conhecido como “ponto de saturação”. A tendência de crescimento é constante até atingir 80 a 100 kg de consumo per capita por ano. A partir desse ponto, ele começa a se estabilizar. A Europa, por exemplo, já tem um alto consumo de proteínas animais (mais de 200 kg por pessoa, por ano) e apesar do crescente poder aquisitivo, tem dificuldade de aumentar seus consumos.
No ano 2020, o consumo per capita de carnes continuará alto nos países Desenvolvidos. Porém, por estar já próximo ao ponto de saturação, o crescimento do consumo terá uma menor intensidade. A população dos países Desenvolvidos, que consumia 74 kg per capita em 1983, deverá aumentar seu consumo para 83 kg em 2020, segundo dados da FAO (Quadro 11), o que representará um aumento de 9 kg/pessoa nesse período.
Nos países Em Desenvolvimento, o consumo deverá crescer de 21 para 30 kg per capita no mesmo período. Nesta faixa da população mundial, devido à melhora no poder aquisitivo e pelo fato de estar longe do ponto de saturação do consumo, o aumento será de 16 kg.
Quadro 11: Diferenças no aumento do consumo per capita de carnes nos países Desenvolvidos e nos países Em Desenvolvimento, 1983 a 2020Em termos quantitativos, se multiplicarmos o consumo per capita pela população desses países, poderemos notar que o grande aumento ocorrerá nos países Em Desenvolvimento. Enquanto que nos países Desenvolvidos o consumo crescerá em 27 milhões de Toneladas (de 99 para 115), nos países em Desenvolvimento crescerá 138 milhões (Quadro 12), passando de 50 milhões de T em 1983, para 188 milhões em 2020. O forte crescimento populacional e a melhora do poder aquisitivo desses países são os principais motivos deste considerável aumento.
Quadro 12: Diferenças no aumento do consumo total de carnes nos países Desenvolvidos e nos países Em Desenvolvimento, 1983 a 2020As perspectivas do crescimento do consumo de carnes por Continente, considerando o período de 2005 a 2020, estão sumarizadas no Quadro 13. Como podemos ver por este Quadro, na América do Norte, o consumo crescerá de 47 para 55 milhões de toneladas (8 milhões de aumento) e na União Européia (EU 25) crescerá 7 milhões. Juntas crescerão 15 milhões de T, que é um número inferior ao crescimento do consumo na América Latina, que será de 19 milhões de T. O maior crescimento ocorrerá na Ásia e Oceania, com 37 milhões de T. Interessante notar, que em termos quantitativos, o consumo de carnes na América Latina no ano 2020, será muito próximo ao consumo da União Européia (48 contra 47 milhões de T).
Quadro 13: Aumentos do consumo total de carnes por Continente, 2005 a 2020 (milhões de Toneladas). Onde crescerá a produção animal no futuro?Agora que já falamos do Consumo, vamos abordar o tema da Produção de carnes. Quarenta anos atrás, metade da carne do Mundo era produzida nos países Em Desenvolvimento e a outra metade nos países Desenvolvidos. Hoje, cerca de 63% é produzida nos países Em Desenvolvimento. Esta tendência tende a crescer, de tal forma que em 2030 mais de 70% será produzida nesses países (Quadro 14). O mesmo deverá ocorrer com a produção de cereais: no ano de 2030, 59% da produção deverá ocorrer nos países Em Desenvolvimento e 41% nos países Desenvolvidos.
Quadro 14: Perspectivas do crescimento da produção de carnes, 1968-2030 (milhões de toneladas).
A pergunta que cabe agora é a de saber qual dos 275 países considerados Em Desenvolvimento tem melhores condições para aumentar a produção de grãos e de carne? No conhecimento atual, com as atuais técnicas de produção, a tendência é de que a produção animal e vegetal aumente nos países com as seguintes características: terra agricultável disponível, clima adequado, mão de obra qualificada, custo competitivo, que tenha boas técnicas de produção, que produza com base em conceitos de Qualidade, Segurança Alimentar e respeito ao Meio Ambiente.
Para aumentar a produção atual de 262 para 404 milhões de toneladas de carne no ano 2030, teremos que aumentar a nossa produção de grãos dos atuais 770 para 1.212 milhões de T. Para este aumento necessitaremos de uma área adicional de terra plantada de 150 milhões de hectares, considerando a produtividade atual e uma produção média de grãos e oleaginosas de 3 toneladas por hectare. Dispor de áreas adicionais de 150 milhões de Há é um desafio para muitos países, apesar da área total do Mundo ser de 51,3 bilhões de Há. É que desse total, só 14,7 bilhões são de terra e só 1,5 bilhões são de terra cultivável, no atual conhecimento tecnológico. Os países Em Desenvolvimento que dispõem de maiores quantidades de terra agricultável atualmente são o Brasil, Congo, Rússia, Angola, Argentina, Sudão e China.
Outro fator limitante ao aumento da produção de carnes é a disponibilidade de Água. Para produzir 1 quilo de carne bovina, são necessários 16 metros cúbicos de água. No mesmo raciocínio, são necessários 10 m3 para a carne de Ovinos, 6 para a carne Suína e 3 para a carne de Frango. Neste quesito de água disponível, notamos que a América do Sul e Central possuem uma boa vantagem, pois possuem 31% da água doce disponível no Mundo e apenas 6% da população humana. Em contrapartida, a pior situação é a da Ásia, que possui 27% da água disponível, mas abriga 59% da população mundial. Outra situação limitante é a da África, que possui 9% da água, abriga 13% da população mundial e apresenta fortes taxas de crescimento populacional, apesar da incidência da AIDS.
Qual tipo de carne será mais produzido no futuro?
As perspectivas da FAO/OCDE para 2015 estão no Quadro 15. Em relação à produção de 2006, o mundo terá que aumentar a produção em 19 % (em função do aumento da população e do aumento do consumo per capita), passando de 267 pra 318 milhões de toneladas. O maior crescimento ficará com a carne de aves (23,1%) e o menor com a carne suína (16,7%).
Sob o ponto de vista quantitativo, a carne bovina chegará a uma produção de 77,8 milhões de toneladas, a carne de frango a 103 e a carne suína a quase 123. Em 2015, a maior produção e o maior consumo per capita, continuarão sendo de carne suína.
Quadro 15: Produção esperada de carnes para 2015.
Fonte: Luciano Roppa, 2006 – baseado em FAO/OCDE Statdata
Quais países irão produzir mais carne no futuro?
Como já mencionamos, a produção de carnes Bovina, Suína e de Frangos, irá crescer de 267 para 318 milhões de toneladas, no período de 2006 a 2015. O maior crescimento quantitativo irá ocorrer na China, com um aumento de 18,2 milhões de toneladas (Quadro 16). O segundo maior crescimento ocorrerá no Brasil, com 7,2 milhões de toneladas. Nesse período, os Estados Unidos passarão de 3º para 2º maior produtor mundial, ultrapassando a União Européia (EU-25). A China aumentara sua participação mundial de 27,2 para 28,5 % do total de carnes produzidas.
Quadro 16: Crescimento da produção de carnes por país, 2006 a 2015 (milhões de Toneladas).
Fonte: FAO/OCDE statdata, 2006 – Elaboração L. Roppa, 2006
Com base nas perspectivas atuais de crescimento da produção, 47% das carnes em 2020 serão produzidas na Ásia e Oceania, 18% na América do Norte, 16% na América Latina, 13% nos 25 países da atual União Européia e apenas 6% na África (Quadro 17%). A tendência atual, é que a produção continue crescendo principalmente na Ásia e na América Latina, aumentando sua participação. A Europa mostra uma clara estabilidade na produção, com crescimentos muito pequenos em relação à média mundial, em virtude da pouca disponibilidade de terra, problemas com os dejetos e maiores custos de produção. A América do Norte terá crescimentos maiores que os da Europa, mas também estará abaixo da media mundial. Em 2020, a América Latina já estará produzindo com folga mais carne que a Europa, que sempre foi considerada um dos maiores produtores mundiais.
Quadro 17: Localização da produção de carnes no ano 2020 (% da produção mundial).
Perspectivas da produção mundial de carne de Aves De 2006 a 2015, a produção de carne de Aves crescerá 23,2% (Quadro 18). É o maior crescimento percentual entre todas as carnes, devido à sua crescente preferência de consumo. Países como o Brasil, México, Rússia e Índia apresentarão crescimentos bem acima da média mundial, enquanto que a União Européia e os Estados Unidos crescerão abaixo da mesma. Em 2015 o Brasil já deverá estar produzindo mais carnes de Aves, do que todos os 25 países da União Européia juntos. A China, segundo produtor mundial, também deverá crescer abaixo da média mundial, sendo que um dos fatores mais limitantes à sua expansão está relacionado a questões sanitárias.
Quadro 18: Perspectivas do crescimento da produção de Carne de Aves, 2006 a 2015 (milhões de toneladas)
Perspectivas da produção mundial de carne Bovina
De 2006 a 2015, a produção de carne Bovina crescerá 18 % (Quadro 19). Os Estados Unidos são os maiores produtores mundiais, mas após dos episódios da ocorrência da doença da “vaca louca”, diminuíram seu ritmo de crescimento. O Brasil, com forte crescimento (38,2% no período) chegará bem próximo da produção do líder em 2015, com condições muito favoráveis para ultrapassá-lo antes do final da próxima década. Países como a China e Índia apresentarão crescimentos acima da média mundial, enquanto que a produção deverá ser decrescente na União Européia e Austrália. Em 2015 o Brasil já deverá estar produzindo mais carnes de Aves, do que todos os 25 países da União Européia juntos. A China, hoje quarto produtor mundial, deverá conquistar o terceiro lugar até 2015, ultrapassando a declinante União Européia.
Quadro 19: Perspectivas do crescimento da produção de Carne Bovina, 2006 a 2015 (milhões de toneladas)
Perspectivas da produção mundial de carne Suína
De 2006 a 2015, a produção de carne Suína crescerá 16,7 % (Quadro 20). A China é disparada a maior produtora mundial, e continuará seu forte ritmo de crescimento, apesar dos recentes casos de PRSS (doença da “orelha azul”). Possui hoje 48% da produção mundial, mas passará a ter mais da metade (51%) em 2015. A União Européia e os Estados Unidos, segundo e terceiro colocados respectivamente, estarão crescendo abaixo da média mundial mas manterão com folga sua atual posição. Países como o Brasil e o Canadá apresentarão crescimentos acima da média mundial, mas ainda estarão muito abaixo dos 3 maiores produtores. Atualmente, notam-se esforços de crescimento organizado por incentivos governamentais principalmente na Rússia e alguns países da Europa do Leste e uma diminuição da produção no Vietnam em virtude de problemas sanitários (PRSS).
Quadro 20: Perspectivas do crescimento da produção de Carne Suína, 2006 a 2015 (milhões de toneladas)Disponibilidade de Carnes dos maiores produtores mundiaisAgora que analisamos o Consumo e a Produção de carnes de várias potencias neste setor, é chegada a hora de verificar qual é a sua disponibilidade para exportação ou necessidade de importação. Em outras palavras, da produção de cada país temos que subtrair o seu consumo interno, para verificar se este país tem excedentes para exportar ou se possui um déficit interno e precisará importar um determinado tipo de carne. O resumo desta Disponibilidade (produção menos consumo) está resumido no Quadro 21, que mostra a situação dos 11 maiores produtores mundiais.
É importante frisar, que Disponibilidade não é sinônimo de Quantidade Exportada. Podemos notar este fato olhando os números dos Estados Unidos, por exemplo: eles exportam 1,2 milhões de T de carne suína atualmente, mas sua disponibilidade interna é de apenas 336 mil T. A diferença é explicada pelas importações de suínos do Canadá, cuja carne é beneficiada nos EUA e passa a fazer parte das suas exportações.
Como podemos observar, o Brasil possuirá em 2015 (como já possui atualmente), a maior disponibilidade de carnes para exportação, com excedentes de carne de Aves, Bovinas e de Suínos. Como as importações de carnes do Brasil são insignificantes em relação à sua produção, o valor de 7,8 milhões de T é totalmente disponível para exportação. Os Estados Unidos ficam em segundo lugar, com excedentes para exportação de carne de frango e carne suína, mas com necessidades de importar carne bovina.
A China, que possui a maior população do planeta (1,35 bilhões de pessoas) é auto suficiente em carne bovina, é exportadora de carne suína e importadora de carne de frango. A Índia, que possui a segunda maior população (1 bilhão de habitantes), é exportadora de carne bovina e auto suficiente em carne de frango e carne suína.
Quadro 21: Disponibilidade de carne nos principais produtores mundiais (Produção – Consumo), 2015.
Fonte: FAO/OCDE statdata, 2006 – Elaboração L. Roppa, 2006
O que pode mudar essas perspectivas de produção e consumo de carnes?
Estas perspectivas em relação ao aumento na produção e no consumo de carnes no futuro poderão ser alteradas em função da ocorrência de enfermidades nos animais que possam ser transmitidas ao Homem. Um exemplo recente é o da Influenza Aviar, que diminuiu o consumo de carne de frango em toda Europa, na Ásia e em várias outras partes do mundo. Mas não é só a influenza aviária que pode afetar toda essa trajetória crescente do consumo de carne. A doença da vaca louca já causou isso e continua causando a queda no consumo de carne bovina no Japão e em outros paises. A febre aftosa é outro exemplo, por poder paralisar as exportações de um país.
Outro fator que pode causar impacto e reduzir o consumo de carnes é a presença de substancias indesejáveis, como as Dioxinas, os Metais Pesados, os Antibióticos proibidos para uso em animais, entre outros. Enfim, qualquer doença ou substancia que afete a segurança alimentar, pode ser um fator desencadeante de um processo de redução de consumo e pode alterar os prognósticos mostrados neste trabalho.
Nota do Autor: Esta palestra já foi apresentada nos EUA, Chile, Argentina, África do Sul, Inglaterra, Holanda, França, Espanha, México, Canadá e para vários executivos das principais Empresas brasileiras, com a finalidade de orientar a produção e explorar as possibilidades de crescimento futuro no mercado mundial de carnes. A todos que colaboraram com suas perguntas para o enriquecimento da mesma, nosso agradecimento especial.
Referencias:
1 - “Livestock to 2020: the next food revolution” IFPRI (International Food Policy Research Institute), USA FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) ILRI (International Livestock Research Institute), Kenya. Publicado em 1999
2 - “World agriculture towards 2015-2030” FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) Publicado em 2006
3 - USDA agricultural projections to 2016” USDA Interagency agricultural projections committee Publicado em Fevereiro 2007.
4 - “FAPRI agricultural outlook 2006” Iowa University, USA Publicado em Fevereiro 2007.
5 - “Fish to 2020: Supply and Demand in Changing Global Markets”, Delgado et al, 2002.