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Integrados acusam Sadia de descumprir contratos

Publicado: 4 de março de 2009
Fonte : Agrolink
Os produtores integrados de frangos, suínos e perus da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba reclamam que o modelo de gestão oferecido como rentável pelas indústrias parceiras nem sequer cobre os custos de produção. Para honrar os compromissos assumidos com financiamentos, muitos empresários estão abrindo mão do próprio patrimônio ou se endividando ainda mais. É o caso do empresário José Gaspar de Faria, que tem granja de suínos e administra algumas outras de terceiros. "Vendi fazenda e gado para pagar contas. Não tinha saída, pois estes bens estavam hipotecados e de qualquer forma havia a chance de perdê-los."
Apesar de a atitude ter sido extremista, José Gaspar a considera uma transferência de capital para salvar a atividade. Há quatro anos acostumado a lidar com tratamento de frangos, o gerente de granja Wellington Silva está com receio e torce por uma solução o mais rápido possível. "Ficar desempregado é uma droga, mas pior que isso é trabalhar e não ser remunerado de acordo", disse. João Carlos Semenzini, presidente da Associação dos Granjeiros Integrados do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (Agritap), reconhece o caos e as dificuldades vividas pelos produtores e acredita que a crise financeira internacional pode ter agravado essa situação.
Sob a alegação de que houve uma redução na demanda de carnes de aves para exportação e que isso teria aumentando os estoques de oferta para o mercado interno, a Sadia - uma das empresas integradoras - pediu aos parceiros que fizessem um intervalo maior entre os lotes de frangos e perus. O intervalo médio que era de sete dias passou para um mês. Segundo os investidores desse segmento, essa é uma medida eficaz para controlar os estoques no mercado interno, mas o problema é que mesmo sem produção a granja tem despesas fixas. "São contas que não dão trégua, temos de pagar de qualquer jeito. Além disso, as prestações não esperam", disse o empresário Paulo Otávio Costa Prudente, dono de granja de frangos.
Ontem, a assessoria de imprensa da Sadia encaminhou a seguinte nota ao CORREIO de Uberlândia: "A Sadia informa que não há mudanças nos níveis de operação de sua unidade em Uberlândia e que a produção hoje segue em seu ritmo normal. Assim como outras empresas do setor, a Sadia fez na virada do ano paradas técnicas para ajustes de estoque e melhorias nas linhas de produção, em linha com a recomendação dada pela União Brasileira de Avicultura (UBA) e pela Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (ABEF) de reduzir em cerca de 20% a produção de aves. As atividades na unidade já foram retomadas e seguem em seu ritmo normal".
Para tentar resolver esta, que se tornou a maior preocupação dos produtores integrados, a Agritap está fazendo um levantamento com as planilhas de custos. Este documento, que servirá como raio-x do segmento, será apresentado às empresas integradoras numa reunião agendada para a próxima semana. "É uma oportunidade de rever as planilhas de custo e tentar realinhar os preços", disse João Carlos Semenzini, presidente da Agritap. Ainda de acordo com este especialista, a empresa sempre se mostrou solícita às dificuldades dos produtores. "Desta vez, a expectativa é chegarmos a um denominador comum, pois do jeito que está é impossível continuar", afirmou Semenzini.
Um empresário do setor que preferiu não ser identificado alega que ainda tem oito anos de prestações a saldar. Ele é dono de quatro galpões de peru e emprega cinco pessoas de forma direta. "Se não houver um entendimento nessa reunião, serei obrigado a abandonar o negócio. Não dá para conduzir uma gestão que representa prejuízos", disse.
Essa opinião é comungada pelos cerca de 500 associados da região de Uberlândia e Alto Paranaíba. Até mesmo quem tem atividades paralelas no agronegócio torce para que seja possível um equilíbrio no fluxo de caixa. "Não dá é para tirar dinheiro do próprio bolso e bancar um negócio. Isso é loucura e postergar essa situação é o mesmo que morrer aos poucos", disse o empresário Paulo Costa. Por telefone, a assessoria de imprensa da Sadia não confirmou a data da reunião.
Fonte
Agrolink
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Claudio Ziero
Claudio Ziero
16 de abril de 2009
Referente a está matéria posso acrescentar que não se trata de um caso isolado e sim generalizado de norte a sul, a causa do problema é que não existe uma política ( Lei ) que regulamente os contratos de parceria, sendo que na maioria ou na totalidade destes contratos não está previsto a forma de como será calculado o reajuste dos valores praticados, as empresas de forma arbitraria determinam o reajuste não levando em conta os verdadeiros insumos do segmento. Quanto ao financiamento do projeto, no que se refere ao cálculo da viabilidade econômica do mesmo quem fornece os dados para viabilizar o projeto são as empresas não são levadas em consideração resultados zootécnicos de baixo desempenho e outros riscos inerentes a atividade o que inviabilizaria tal projeto, sendo que tais riscos e resultados fazem parte da atividade. Outro fato relevante entre financiamento e contrato de parceria é que não existe um compromisso que venha garantir uma constante no índice de retorno do capital investido até o fim do financiamento. Em suma, somado a forma do reajuste praticado mais o não compromisso de retorno de capital estipulado no inicio do projeto o resultado é a inviabilidade econômica que vai se agravando com o passar do tempo.
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