As exportações brasileiras de carne de frango sofreram uma forte desaceleração no primeiro bimestre de 2009. Os embarques totalizaram 538 mil toneladas em janeiro e fevereiro, marca que representa um recuo de 5,2% em relação ao mesmo período de 2008.
O destaque negativo ficou por conta do valor obtido com os embarques. A receita cambial somou US$ 710 milhões, uma retração de 28,2% em comparação ao valor registrado no mesmo período do ano passado. "Os números destes primeiros dois meses não nos surpreendem. Não fomos colhidos de surpresa pela crise. Já esperávamos um primeiro trimestre difícil", afirma Francisco Turra, presidente-executivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef).
De acordo com Turra, os números estão de acordo com projeção realizada pela Abef e confirmam que foi acertada a iniciativa da entidade de, no final de 2008, recomendar uma redução de 20% na produção avícola destina à exportação. "A redução do alojamento e da produção avícola brasileira ajudaram a minimizar os impactos do recuo da demanda internacional por carne de frango", avalia. "Um excesso de oferta num momento como este teria consequências desastrosas para a avicultura nacional", completa Turra.
Novos mercados - Apesar dos resultados negativos, a Abef acredita numa recuperação das exportações já a partir de março. "Os volumes e os preços envolvidos nas negociações que ocorrem neste mês de março apontam para um patamar, se não adequado, pelo menos melhor para as exportações do setor", assinala Turra. "Além disso, já ocorre uma certa estabilidade cambial".
Segundo ele, há grandes possibilidades dos países do Oriente Médio aumentarem suas compras nos próximos meses. "Participamos da Gulfood [feira de alimentos] em Dubai e tivemos fortes indicações de que os países do Oriente Médio devem aumentar suas importações de carne de frango", comenta. "E o Oriente Médio é um mercado cativo para o frango brasileiro", completa.
Turra também aposta na abertura de novos mercados para a carne de frango brasileira. O Brasil acaba de abrir o mercado da Argélia. O acordo prevê a exportação de carne de frango cozida.
O presidente da Abef também cita a China, que recentemente abriu seu mercado para o setor avícola brasileiro. Os dois países ainda tratam dos trâmites burocráticos para iniciar os embarques, mas a previsão é que as exportações tenham início ainda no primeiro trimestre de 2009.
De acordo com Turra, o Brasil deve exportar neste ano 100 mil toneladas de carne de frango para a China e 20 mil toneladas de carne de frango cozida para a Argélia.
Dias melhores - Ainda na Ásia, o presidente da Abef acredita no aumento dos embarques para o Japão. Segundo Turra, os altos estoques de carne de frango existentes no país asiático estão diminuindo e a tendência é que o Japão volte às compras em breve. O Japão é hoje o maior mercado individual do frango brasileiro. "A entrada da Rússia na OMC também deve melhorar nossa relação comercial com o país", aposta.
Esse cenário, argumenta Turra, indica recuperação a partir do segundo trimestre. "Estamos trabalhando e outros grandes mercados, como o da Indonésia e da Malásia, estão prestes a se abrir para o frango brasileiro", afirma. "Março sinaliza melhores preços. Os importadores estão preocupados com a redução de produção da avicultura brasileira".
Apesar dos resultados do primeiro bimestre, a Abef matem sua projeção de um crescimento de 5% nos volumes exportados em 2009. "Já o crescimento da receita vai depender do comportamento do câmbio", afirma Turra.
Desempenho por destino - As exportações para a União Europeia no primeiro bimestre foram de 90 mil toneladas, uma queda de 6% na comparação com igual período de 2008. A receita cambial somou US$ 197 milhões, recuo de 22% quando comparado aos dois primeiros meses do ano passado.
Já os embarques para o Oriente Médio totalizaram 175 mil toneladas, uma queda de 4%. Já a receita alcançou US$ 213, milhões, recuo de 30% em comparação ao primeiro bimestre de 2008.
Os embarques para a Ásia, outro grande cliente da carne de frango brasileira, somaram 126 mil toneladas entre janeiro e fevereiro, volume 11% menor ao embarcado no mesmo período de 2008. A receita cambial, de US$ 193 milhões, sofreu uma baixa de 18% em relação a mesmo período do ano passado.
Para a Rússia foram enviadas 16 mil toneladas, volume 11% inferior ao embarcado nos dois primeiros meses de 2008. A receita, de US$ 16 milhões, teve queda de 49%.
A exceção ficou por conta da América do Sul. Foram exportados para o continente no bimestre 36 mil toneladas, volume que corresponde a um aumento de 18%. O crescimento pode ser explicado pelas compras da Venezuela, que depois de despencarem no último trimestre de 2008 voltaram a crescer em 2009. A receita cambial das exportações brasileiras para a América do Sul somou US$ 63 milhões, um incremento de 40%.