Histórico do Agronegócio
Até o início dos anos 90, no financiamento de suas atividades, o agronegócio tinha extrema dependência de recursos oficiais e forte dependência do Governo, principalmente, na comercialização, via Política de Garantia de Preços Mínimos. O sistema financeiro atuava recuado, e havia um descompasso entre o custo do financiamento, que era indexado, e os preços dos produtos agropecuários. Como conseqüência, o setor apresentou houve elevado índices de endividamento e alto índice de inadimplência.
Na década de 90, a economia brasileira foi marcada pela sua inserção no mercado internacional, com a redução das tarifas de importação e o início do processo de globalização. Destacam-se, também, nesta década o processo de estabilização dos preços e a entrada de novos intervenientes no auxílio ao financiamento da agricultura. O governo passa a compartilhar a função de principal fomentador do agronegócio com outros agentes e mantém forte atuação como regulador e estimulador do crédito rural. Ocorre, ainda, o crescimento da participação de outras fontes como o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), Poupança Rural, BNDES e Fundos Constitucionais nos financiamentos rurais.
A partir de 1994, com a estabilização da economia, algumas medidas de apoio ao agronegócio foram tomadas, inclusive a disponibilização de programas para reescalonamento das dívidas e pacotes de incentivo para expansão e incrementos de produtividade.
Hoje o atual cenário apresenta uma agricultura que demanda para seu desenvolvimento, financiamentos por meio de uma combinação de recursos do crédito rural (30%), recursos próprios dos produtores (40%) e captações junto ao mercado (30%). Em alguns setores, os produtores vendem antecipadamente a produção para obtenção de recursos para plantio. E também é praticada a troca de produção por insumos.
Agronegócio no Brasil
O Brasil apresenta uma condição singular para o desenvolvimento da agropecuária. Além da disponibilidade de terra, clima favorável, água em abundância e mão-de-obra qualificada, os produtores rurais têm se profissionalizado cada vez mais. A maior parte das cadeias produtivas é organizada. A produção integrada é uma realidade e as cooperativas desempenham importante papel no segmento. Os investimentos públicos e privados em pesquisa permitiram o desenvolvimento de cultivos mais produtivos, adaptados e resistentes. A utilização intensiva de insumos agropecuários possibilita maior produtividade na lavoura.
Os números do agronegócio são contundentes: 35% das exportações do país, 23,5% do PIB brasileiro e 37% dos empregos gerados. Na balança comercial, no período de 2003 a 2008, enquanto a variação Brasil foi de 0,4% (negativos), o agronegócio apresentou uma variação positiva de 132,6% (Fontes: MAPA, CEPEA-USP, SUT/CNA e IPEA).
Em 2008/09, o agronegócio liderou o PIB brasileiro. De 1991/92 até 2008/09, a produção de grãos apresentou uma evolução de 97%, enquanto a área plantada aumentou 24%. Também houve grande evolução na produção de carnes de 2000 a 2008: frango - 71,4%; bovino - 38,3%; suíno - 53,8% (Fontes: CONAB, MAPA, CNA, UBA, ABIPECS e ABCS).
O Brasil é um dos principais líderes no agronegócio mundial. É o primeiro em produção e exportação de café, suco de laranja, carne bovina e açúcar. É o segundo em produção e exportação de milho e do complexo soja. É o segundo em produção e o primeiro em exportação de carne de frango (Fonte: USDA - PSD Online 2008).
Cenários e tendências
É forte a tendência de aumento da demanda mundial por alimentos e energia, no médio e longo prazos. A FAO estima que, até 2025, a população global passará de 6,2 bilhões de pessoas para 8,3 bilhões. A demanda por alimentos se expandirá de 2,45 bilhões de toneladas para 3,97 bilhões de toneladas. Para atender a essa demanda será necessário dobrar a produção mundial em 18 anos.
O segmento avícola brasileiro é responsável por 1,5% do PIB brasileiro, gera 5,0 milhões de empregos diretos e indiretos, exportou cerca de 4,0 milhões de ton. de carne de frango em 2008 (US$ 7,0 bilhões) para 150 países e detém 45% do mercado mundial de carne de frango.
Assim como ocorreu com outros setores do agronegócio, o segmento de carnes sentiu o impacto da crise financeira mundial. No 2º semestre de 2008, houve certa redução do crédito para giro e do crédito de comércio exterior. As vendas do segmento caíram. Já no 1º semestre de 2009, o cenário é de redução dos estoques nos países importadores e do alojamento nacional, mas já se observa uma recuperação nos financiamentos para comércio exterior, em função, principalmente da ocorrência dos leilões cambiais do Banco Central.
As perspectivas para o segmento são boas. Especificamente no que se refere à carne de frango, a estimativa do MAPA é que a variação no período de 2007/08 a 2018/19 seja de 56,7% na produção (de 11,1 milhões de t em 2008 para 17,4 milhões de t em 2018), 44,3% no consumo e 82,6% na exportação (de 3,6 milhões de t em 2008 para 6,6 milhões de t em 2018).
Banco do Brasil e o Agronegócio
O BB detém 59,9% do crédito rural brasileiro (Nov/2008), segundo o BACEN. A carteira de agronegócios do BB é de R$ 63,7 bilhões (28,3% da sua carteira de crédito).
O crédito para o agronegócio está assim distribuído, por Regiões: Sul (34%), Sudeste (34%), Centro-Oeste (23%), Nordeste (6%) e Norte (3%).
No que se refere ao perfil dos produtores atendidos, 33,1% são mini/pequenos, 60,3% são classificados como demais produtores e 6,6% são cooperativas.
Apesar do cenário de restrição de crédito, os desembolsos do BB, na safra 2008/09, foram 29% maiores que o mesmo período da safra anterior (R$ 15,9 bilhões de jul/07 a fev/08 e R$ 20,6 bilhões de jul/08 a fev/09).
Banco do Brasil - Atuação na Avicultura
Em 2007, cerca de R$ 1,3 bilhões foram aplicados na avicultura pelo Sistema Nacional de Crédito Rural SNCR, conforme Anuário Estatístico do BACEN. Desse valor, R$ 418 milhões (32%), foram liberados pelo BB. O segmento participa com 2,29% (R$ 1,5 bilhões) do total da carteira de agronegócios do BB (R$ 65,9 bilhões), em 13.03.09.
Os créditos para custeio da atividade tiveram um aumento de 58,05% na safra 2008/09, quando comparado ao mesmo período da safra anterior (de R$ 97 milhões para R$ 153 milhões). Houve também aumento nos créditos para comercialização, na ordem de 75,71% na safra 2008/09. Já os financiamentos para investimento apresentaram redução.
A avicultura apresenta uma das cadeias produtivas mais bem estruturadas do país. Contribui para isso o regime de integração rural, baseado na parceria produtor-agroindústria. O êxito desse modelo de produção decorre da estabilidade que proporciona ao processo produtivo como um todo, dada sua capacidade de gerar vantagens técnicas e econômicas recíprocas para empresas integradoras e produtores rurais.
O Banco do Brasil apoia os sistemas de integração rural por meio dos convênios BB Convir, que regulam, sob o aspecto bancário, a relação tripartite produtor rural, empresa integradora e Banco.
A atuação do BB nessa parceria se dá por meio da concessão de financiamentos aos produtores rurais integrados para custeio ou investimento com as diversas linhas de crédito rural, visando fomentar sua produção para entrega à empresa integradora para beneficiamento.
O produtor rural integrado tem disponibilizados financiamentos para custeio e investimento na época adequada para a condução de suas atividades, tem garantia de comercialização a preços preestabelecidos de toda a produção comprometida no sistema de integração, tem um melhor posicionamento no mercado, em virtude de negociar antecipadamente a produção, têm assistência técnica especializada e gratuita e apoio logístico.
A empresa integradora tem garantia de suprimento, segurança quanto à quantidade e época de entrega da matéria-prima (considerando sua capacidade de industrialização), pode gerenciar melhor a qualidade dessa matéria-prima, inclusive no que refere às exigências de mercado, tem maior independência em relação às pressões para aquisição de produtos, fideliza seus fornecedores e pode prever melhor seus custos.
Conclusões
O processo de organização dos agentes do setor produtivo e dos diferentes elos das cadeias é de fundamental importância para o enfrentamento dos grandes desafios que o agronegócio apresenta. Agir de forma isolada e unilateral é colocar em risco a sustentabilidade da atividade e a obtenção de condições adequadas de produção e de renda.
Assim, esse segmento tem mostrado um desempenho excepcional e isso acarreta grande responsabilidade. A demanda mundial por alimentos tende a aumentar a médio e longo prazos, devido a fatores como crescimento da população mundial, elevação da expectativa de vida e da taxa de urbanização, além da melhoria de renda, que se traduz no maior consumo de alimentos e, conseqüentemente, maior demanda por produtos agrícolas.
O estágio atual do setor é resultado de uma atuação profissional no mercado e da articulação dos diversos agentes das cadeias produtivas com o setor público. Esses fatores aliados à vocação nacional para a agropecuária contribuíram para transformar o país numa das mais respeitáveis plataformas mundiais do agronegócio.
Nesse contexto, o Banco do Brasil - maior financiador do agronegócio brasileiro - está pronto a fazer sua parte, investindo em soluções que facilitem o desenvolvimento do setor e atendam às necessidades da classe produtora.
* O trabalho foi originalmente apresentado durante o XXI Congresso Brasileiro de Avicultura, em Porto Alegre- maio 2009