Após um ano de estagnação, as exportações do agronegócio tendem a ganhar força em 2013. A expectativa do mercado é que as vendas de soja, carnes, café e suco tragam mais dólares ao país, apesar do pessimismo em relação ao açúcar e milho. Carro-chefe da pauta, a soja deve puxar o crescimento. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a receita com os embarques do grão e seus derivados deve alcançar US$ 30,2 bilhões, alta de 15,7%.
Para a Abiove, o Brasil deve exportar 55,2 milhões de toneladas de soja em grão, farelo e óleo em 2013, um aumento de 12,7%. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) é ainda mais otimista e projeta até 59 milhões de toneladas, alta de 20,6%. A expectativa é baseada na iminência de uma colheita recorde, estimada pelo governo em 82,6 milhões de toneladas, e no aumento da demanda por soja da América do Sul- em 2012, o Brasil colheu apenas 66 milhões de toneladas em virtude da seca. Já o preço médio, prevê a Abiove, deve subir 3,7%.
As carnes também devem ter um ano positivo. Fernando Sampaio, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), estima que as exportações de carne bovina possam crescer 10% e superar o recorde de US$ 5,7 bilhões de 2012. Segundo Sampaio, as vendas devem ser impulsionadas pela maior oferta de animais para abate no Brasil, o que permite ao país aumentar a produção e ocupar espaços abertos por EUA e Europa, onde os rebanhos encolhem. Ele garante ainda que os embargos relativos ao caso de "vaca louca" não vão comprometer o desempenho do comércio exterior, uma vez que os países que impuseram restrições respondem por apenas 5% das vendas.
A receita com a exportação de suínos pode crescer até 20%, para US$ 1,8 bilhão, segundo Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). "A perspectiva é otimista. Devemos repetir o ritmo do ano passado", referindo-se ao crescimento de 12,6% no volume embarcado em 2012 (de 581,5 mil toneladas). Em relação aos preços, o representante projeta uma elevação de até 10%. Além disso, a aguardada abertura do mercado do Japão, maior importador da proteína, para a produção de Santa Catarina deve acontecer no 1º trimestre, segundo Camargo Neto. "O Japão compra 1,2 milhão de toneladas de carne suína por ano. Se comprar 50 mil a 100 mil toneladas do Brasil, esgota nossa carne".
Entre os exportadores de frango, o otimismo é menor. Francisco Turra, presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), não vê possibilidades de crescer muito neste ano. "Já estamos consolidados e não vejo possibilidade de abrirmos novos mercados". Na melhor das hipóteses, estima, as exportações vão crescer 3% em volume e receita. Em 2012, o Brasil obteve US$ 7,2 bilhões com os embarques de frango.
Depois do resultado pífio de 2012, as exportações de café também devem se recuperar neste ano. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) prevê que a receita fique entre US$ 6,7 bilhões e US$ 7 bilhões, um aumento de 5,5% a 10,2%. Em 2012, essa receita desabou 27,1%, com quedas tanto no volume (15,6%) quanto no preço médio (13,7%), o pior desempenho entre todas as commodities agrícolas. Para a entidade, os embarques em 2013 vão ficar entre 30 milhões e 31 milhões de sacas, um aumento de 7% a 10%.
A consultoria Safras & Mercado é ainda mais otimista: prevê embarques de até 32 milhões de sacas, com uma possível revisão a 33 milhões - alta de 13,4% a 17%. Apesar de o Brasil colher uma safra menor em 2013, o mercado aposta em um aumento do volume exportado porque cerca de 5 milhões de sacas que deixaram de ser exportadas em 2012 devem engordar as estatísticas neste ano. Em 2012, os embarques foram prejudicados pela menor demanda e pelas chuvas, que atrasaram a colheita.
Na contramão, as exportações de açúcar devem, mais uma vez, cair em 2013 em meio ao excesso de oferta no mundo. De acordo com Julio Maria Borges, sócio da JOB Economia e Planejamento, a receita deve recuar 7,5%, para US$ 11,9 bilhões. Segundo ele, o volume embarcado deve crescer 10,9%, a 27 milhões de toneladas, mas os preços podem ceder 16,6%, a US$ 440 por tonelada. Em 2012, as exportações de açúcar mergulharam 14%, a US$ 12,8 bilhões, com redução de 4% no volume e de 14% no preço médio.
Grande surpresa de 2012, com um aumento de 101,5% no valor das exportações, o milho é uma das incógnitas para 2013. Segundo Sérgio Castanho Teixeira Mendes, diretor da Anec, é "quase certo" que as vendas de 2013 não vão superar as do ano passado, quando o Brasil embarcou quase 20 milhões de toneladas - o dobro do ano anterior. "O milho brasileiro foi beneficiado pela quebra americana, mas temos barreiras a romper se quisermos aumentar a participação no mercado internacional", diz. Em 2012, a seca fez com que a produção dos EUA fosse reduzida em mais de 100 milhões de toneladas (volume superior a toda a safra brasileira do grão), o que colocou o Brasil na segunda posição do ranking mundial. O resultado de 2013 também será diretamente influenciado pelo desempenho da safra americana, que começa a ser plantada no 2º trimestre.
Também pairam incertezas em relação às exportações de suco de laranja, que em 2012 caíram 4%, para US$ 2,3 bilhões. O sentimento, no entanto, é de recuperação, segundo Maurício Mendes, presidente da Informa Economics FNP e membro do Grupo de Consultores em Citros (Gconci). Segundo ele, a tendência é que haja uma estabilização da demanda nos Estados Unidos e na Europa e maior consumo em mercados emergentes, como China e México. Os preços também devem reagir. "Em 2012, a tonelada foi vendida a R$ 1.180, mas em 2013 devemos trabalhar em patamares melhores", previu.