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A América Latina alimentará o mundo

Publicado: 28 de outubro de 2011
Por: Dr. Francisco Sérgio Turra, Presidente Executivo da UBABEF.
Sumário

 

As transformações mundiais acontecem em escala geométrica.  Dados levantados pela Divisão de População das Nações Unidas indicam que até 2030, a população mundial deverá atingir 8 bilhões de pessoas, número que deverá saltar para 9 bilhões até 2050.

 

Junto com a população, crescem as riquezas dos países em desenvolvimento.  Para se ter uma idéia, o Produto Interno Bruto (PIB) dos países do Leste e Sul Asiático têm crescimento previsto acima de 7% em 2012, segundo dados do Banco Mundial.
Com mais renda, vem também o aumento da "fome" por proteínas.  Neste contexto, a economia internacional e o maior poder de compra dos países em forte crescimento, vêm impactando na produção de cárneos.  
O que se constata é que o mundo precisará de mais alimentos.  Se o crescimento populacional previsto se confirmar, o agronegócio mundial, que hoje movimenta US$ 15 trilhões (dados de 2010), precisará expandir a produção de alimentos em 70% para atender a demanda crescente até 2050, de acordo com a FAO/OCDE.
As mesmas projeções da OCDE/FAO indicam, ainda, que o consumo de frango, que hoje é de 94 milhões de toneladas, deverá atingir em 2019 116 milhões de toneladas, um incremento de 23%.  Levantamentos do Rabobank, indicam 75% do crescimento da demanda global por aves entre 2010 e 2020 se concentrará nos mercados emergentes, especialmente China, Brasil e Índia.  Apenas o consumo chinês deverá crescer mais de 5 milhões de toneladas no período, uma alta acumulada de 50%.
Com isto, há uma excelente oportunidade para a produção avícola da América Latina nos próximos anos, que conta com uma série de vantagens competitivas.  Nenhuma outra região do mundo concentra tantas características favoráveis quanto o continente latinoamericano, como oferta abundante de água, terras aráveis e alto potencial de produção de biomassa.  A região abriga, também, uma das mais importantes produções de grãos do mundo.
Brasil e Argentina, por exemplo, são indicados entre os produtores mais qualificados para suprir a fome asiática por frangos, especialmente pelo baixo custo de produção, que gira em torno de  0,70€ por quilo de carne, segundo dados do Rabobank - compondo uma zona de baixo custo de produção que engloba grande parte dos países das Américas.  Estes países também registram altos índices de crescimento de produção, de 3% para o Brasil e 4,9% para Argentina, contra índices de 1,6% dos Estados Unidos, maior produtor mundial.
Os olhos do mundo estão voltados para brasileiros e argentinos.  O primeiro é líder mundial em exportações (com 3,8 milhões de tonelada de frangos em 2010) e terceiro maior produtor (12,230 milhões de toneladas em 2010) , detentor de baixos custos de produção e altamente competitivo, exportador para mais de 150 países.  O segundo, conta com grande potencial para adicionar valor à oferta local de grãos e é umas indústrias avícolas que mais crescem no mundo, de acordo com o Rabobank
Junto com Brasil e Argentina, outros países latinoamericanos se destacam na produção de frangos.  Um caso é o México, com 2,8 milhões de toneladas produzidas em 2010 - superando, inclusive, a Argentina, que produziu 1,6 milhões de toneladas no mesmo período.   Outro destaque é a Colômbia, com 1 milhão de toneladas no mesmo ano.  Em exportações, além do Brasil, apenas Argentina (214 mil toneladas) e Chile (79 mil toneladas) foram expressivos no período.
A maior parte da produção destes países tem como destino certo o mercado interno.  Dono de um dos maiores índices de consumo per capta do mundo, o Brasil registra atualmente 44 quilos por habitante/ano.  Argentina (33,7 kg/per capta / ano), Chile  (31,3 kg / per capta / ano) e México (29,7 kg / per capta / ano) também contam com níveis elevados de consumo.
Com este cenário, considerando os índices de crescimento populacional e o aumento da geração de renda, e somando-se o crescimento de demanda, em especial, nos países asiáticos, as perspectivas são promissoras para o setor produtivo do continente.
Isto, não significa, porém, que não existirão terríveis obstáculos pela frente.  Em primeiro lugar, há um intenso trabalho a ser feito para que não sejam perdidos os diferenciais competitivos dos exportadores, como o bom status sanitário e a oferta de insumos - com a concorrência da produção de etanol a partir do milho.
Além disso, é fundamental a união de forças entre os países na defesa dos interesses específicos da avicultura do Continente Latinoamericano, assim como - em uma visão macro - a bem sucedida iniciativa da União Europeia.  No âmbito do Mercosul, as entidades avícolas nacionais vem promovendo encontros de alinhamento, frente a acordos bilaterais com blocos como a União Europeia. 
Os próximos anos serão decisivos para a avicultura mundial.   Com um mundo faminto por carnes, temos uma oportunidade única de consolidar a proteína avícola como a mais consumida mundialmente - uma tendência já apontada pela FAO.  Focados em sustentabilidade e competitividade, poderemos fazer com que, cada vez mais, nossa proteína esteja presente nos pratos dos cinco continentes.
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