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Índices de desempenho e prevalência de pododermatite em frangos de corte vacinados ou não contra coccidiose

Publicado: 17 de junho de 2021
Por: Catiane Orso, Bruna Souza de Lima Cony , Pedro Henrique Sessegolo Ferzola, Gustavo Muccillo de Castro, Júlio César Vieira Furtado, Andréa Machado Leal Ribeiro
1. Introdução
A coccidiose é uma doença infecciosa parasitária, causada por protozoários de diferentes espécies de eimeria que afetam o desempenho de frangos de corte. Para controlar esta enfermidade, tornou-se indispensável a aplicação de métodos preventivos, como o uso de anticoccidianos. Porém, problemas na administração, tornou seu uso cada vez mais limitado, devido a questões relacionadas ao aumento de resistência bacteriana e resistência cruzada ao antibiótico (Borges, 2000). Para sanar este problema e atender as crescentes pressões do mercado mundial, as vacinas contra coccidiose surgem como uma alternativa, visto que, elas induzem uma imunidade ativa nas aves (Borges, 2000). Contudo, para gerar esta imunidade, elas podem causar danos no desempenho dos animais, pois ocasionam infecções leves, diminuição da superfície intestinal e processos inflamatórios, levando a um leve quadro de diarreia (Martins et al., 2012), aumentando a umidade e compactação da cama, podendo ocasionar incidências de pododermatite nos animais, afetando o bem-estar animal e resultando em perdas econômicas (Lopes et al., 2012). Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar os índices de desempenho zootécnico e os escores de lesões de patas em frangos de corte vacinados contra coccidiose ou recebendo anticoccidiano na dieta.
2. Material e Métodos
O estudo foi conduzido no Laboratório de Ensino Zootécnico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (35670). Foram alojados 140 pintos de um dia de idade (Cobb500) distribuídos em delineamento experimental inteiramente casualizado com 2 tratamentos e 7 repetições de 10 aves cada. Os tratamentos foram: T1 - Não vacinados (Salinomicina 125 ppm) e T2 - vacinados (vacina viva atenuada). O grupo de animais do tratamento T1 recebeu a medicação coccidiostática (salinomicina) até as seis semanas de idade. Os animais do tratamento T2 receberam a vacinação via água, no primeiro dia do estudo. A oferta de água e ração foi ad libitum. Foi utilizada uma cama usada em 4 lotes anteriores. As temperaturas e umidades diárias foram controladas através dos parelhos de arcondicionado e exaustores. O período total do experimento foi de 42 dias. O peso corporal, o consumo de ração, o ganho de peso e a conversão alimentar foram mensurados semanalmente para avaliar o desempenho. Aos 42 dias, realizou-se as análises de lesões de patas, quando foram utilizadas 3 aves dentro do peso médio da repetição. Foi avaliada a área plantar afetada (< 25 %; entre 25 e 50 %; > 50%) e a camada da pele afetada (stratus corneum, epiderme e derme) das duas patas de cada animal e dado o escore mais alto entre as duas (Allain et al., 2009). As escalas variaram de 1 a 9, sendo escore 1 sem lesão e escore 9 acima de 50 % da área plantar afetada e lesão na camada dérmica. Os dados com os escores de lesões foram analisados no teste estatístico de Kruskal-Wallis e para as variáveis de desempenho foi utilizada a análise de contrastes ortogonais.
3. Resultados e Discussão
Índices de desempenho e prevalência de pododermatite em frangos de corte vacinados ou não contra coccidiose - Image 1
Observou-se efeito significativo (P<0,001) nos escores de lesões de patas entre os frangos vacinados contra coccidiose em relação aos que receberam anticoccidiano, conforme apresentado na (Tabela 1). Este resultado está relacionado com o fato da vacina causar uma leve infecção, necessária para o desenvolvimento de imunidade e consequentemente, incidência de diarreia (Martins et al., 2012).
Esse fato faz com que a cama fique mais úmida e compacta, aumentando a prevalência de pododermatite nos animais, confirmando a hipótese de que apesar das vacinas serem uma alternativa, elas causam alguns danos ao desempenho zootécnico (Lopes et al., 2012), tornando o manejo de cama fundamental, nessa situação.
Índices de desempenho e prevalência de pododermatite em frangos de corte vacinados ou não contra coccidiose - Image 2
Os efeitos da vacina podem ser vistos também sobre o desempenho (Tabela 2). As aves vacinadas para coccidiose apresentaram menor peso corporal aos 21 e 42 dias de idade (P<0.05).
Somente no período de 22 a 42 dias não foram mais observadas diferenças estatísticas entre os tratamentos para conversão alimentar (P>0.05), mostrando que os efeitos adversos da vacina sobre absorção e utilização de nutrientes são mais evidentes na fase inicial. No entanto, durante o período total, as aves vacinadas mostraram menor ganho de peso e pior conversão alimentar em comparação às aves com anticoccidianos (P<0.05). Os tratamentos não influenciaram o consumo de ração das aves (P>0.05).
4. Conclusão
A vacina contra coccidiose aumenta a incidência de pododermatites e afeta o desempenho zootécnico de frangos de corte. Um manejo de cama que atente a este fato é fundamental para diminuir prejuízos.

Allain, V.; Mirabito, L.; Arnould, C.; Colas, M. and Michel, V. 2009. Relations between different skin lesions measured at slaughterhouse in broiler chickens and between prevalence of these lesions and different rearing factors. British Poultry Science 50:407–417. Borges, A. 2000. Vacinas – método natural de proteção – para Coccidiose. p. 76. In: Anais do II Simpósio de Sanidade Avícola. Embrapa Suínos e Aves, Concórdia. Lopes, M.; Pires, P. G. S.; Roll, V. F. B.; Valente, B. S. and Anciuti, M. A. 2012. Pododermatite em aves. Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia 6:1-14. Martins, G. F.; Bogado, A. L. G.; Junior, J. S. G. and Garcia, J. L. 2012. Uso de vacinas no controle da coccidiose aviária. Semina: Ciências Agrárias 33:1165- 1176.

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Autores:
Catiane Orso
Bruna Souza de Lima Cony
Gustavo Muccillo
Pedro Ferzola
Andréa Machado Leal Ribeiro
Universidad Federal Do Rio Grande do Sul UFRGS
Julio Furtado
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Andréa Machado Leal Ribeiro
Universidad Federal Do Rio Grande do Sul UFRGS
29 de junio de 2021
Olá Joao Batista, a dose está correta, o número saiu errado, infelizmente. Já mandamos inclusive uma errata para o P. Sci. Usamos Coxistac 12%, inclusão de 0,05%. Obrigada pela observação.
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João Batista Lancini
Lavenco Consultoria e Representações Ltda.
20 de junio de 2021
Prezados colegas, qual o motivo de utilizarem uma dose tão elevada de salinomicina neste experimento? Em geral, as empresas têm utilizado de 66 a 72 pom em frangos de corte. Com 125 ppm, há um sério risco de intoxicação. Concordam?
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Aderito Candido Victorino
10 de mayo de 2022
E esta situacao de pododermatite pode afectar as matrizes dos frangos na idade de seis meses de idade? isto e na fase de postura? Tive uma situacao destas em que as aves comecaram a apoderecer as pata, canibalismo excessivo, infertilidade ate 60% nos ovos, ovos muito grandes comparando com a idade e em fim. Mais as aves tinham um peso acima da media e consequentimente baixa producao de ovos o que me levou a abater as matrizes antes de seis meses de postura.
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