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Cloro água frangos dieta hídrica

Influência da adição de cloro na água de frangos de corte submetidos a jejum e dieta hídrica pré-abate na população de enterococos presentes no inglúvio

Publicado: 1 de setembro de 2011
Por: Fabiana Ribeiro Barreiro *, LA Amaral, SM Baraldi-Artoni, FR Pinto, JC Barbosa Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)
Sumário

O objetivo desse experimento foi testar a eficiência do uso de cloro na água de frangos de corte desde o início da restrição alimentar até o fim do período de jejum e início da apanha, para a diminuição de enterococos no inglúvio das aves. Para isso, quando faltavam 12 horas para o abate das aves, que foi realizado aos 42 dias de idade, foram coletadas amostras de conteúdo do inglúvio para análise microbiológica após a eutanásia de 10 aves. Esta mesma análise foi repetida ao final do período de jejum e dieta hídrica, sendo que foram eutanasiadas mais 10 aves de cada tratamento para a colheita das amostras. Foi realizada a determinação do Número Mais Provável (NMP) de enterococos no conteúdo do inglúvio e a mensuração da concentração de cloro residual livre na água do box em que o cloro foi adicionado. Concluiu-se que o cloro foi realmente eficaz na diminuição dos microrganismos no inglúvio das aves, sendo realmente necessário associar o jejum com a desinfecção do inglúvio através do cloro na água.
Palavras Chave: Frango, Cloro, Enterococos, Inglúvio.

Introdução
O jejum pré-abate é uma prática rotineira na indústria avícola e tem por objetivo diminuir a contaminação no abatedouro e os gastos com ração, já que o alimento fornecido às aves poucas horas antes da mesma ser abatida não será transformado em carne. O tempo de jejum tem início na granja, com a interrupção do acesso das aves aos alimentos, porém a água continua sendo fornecida até o momento da apanha (Mendes, 2001). O cloro é o antimicrobiano mais usado durante as várias etapas de produção de produtos alimentícios, devido a sua disponibilidade, custo relativamente baixo e alta eficácia (Tsai et al., 1992). A maior desvantagem do cloro é a sua habilidade de se ligar à matéria orgânica, diminuindo assim o seu efeito antimicrobiano (Lillard, 1980; Tsai et al., 1992); por isso, deve-se adicionar uma quantidade suficiente de cloro para produzir um resíduo livre. Quando presente, este cloro livre mantém a atividade antimicrobiana por um período maior e controla a proliferação de microorganismos na água tratada (Gavin & Weddig, 1995). Banhart et al. (1999) afirmaram que devem ser feitos testes para comprovar a eficácia da desinfecção ante-mortem do inglúvio, visando assim viabilizar o uso de produtos antimicrobianos em escala comercial para reduzir ou eliminar os patógenos de origem alimentar que podem tornar-se um grande problema de saúde pública. O objetivo desse experimento é testar a eficiência do uso de cloro na água de frangos de corte desde o início da restrição alimentar até o fim do período de jejum e início da apanha, para a diminuição de microorganismos como enterococos no inglúvio das aves, pois se ocorrer diminuição na quantidade desses microrganismos, é muito provável que os patogênicos também seguirão essa mesma tendência.
Materiais & Métodos
Foram utilizadas 40 aves de corte da linhagem Cobb alimentadas com rações comerciais da Purina do Brasil®, sendo que foi fornecida ração inicial (Inicina®) até os 21 dias de idade e a ração de crescimento (Nutriengorda®) até o abate, conforme as recomendações do fabricante. Água e rações foram fornecidas ad libitum. Quando faltavam 12 horas para o abate das aves, que foi realizado aos 42 dias de idade, foram coletadas amostras de conteúdo do inglúvio para análise microbiológica após a eutanásia de 10 aves. Esta mesma análise foi repetida ao final do período de jejum e dieta hídrica, sendo que foram eutanasiadas mais 10 aves de cada tratamento para a colheita das amostras. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos (sem jejum no início do período pré-abate, 12 horas de jejum sem adição de cloro na água, 12 horas de jejum com adição de cloro na água e sem jejum durante o período pré-abate) e 10 repetições por tratamento. Os métodos de análise estatística foram a Análise de Variância pelo Teste F e a  comparação de médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Foi utilizado o programa computacional Agroestat para as análises estatísticas. Os suabes da parte interna do inglúvio foram colocados em tubos de ensaio contendo 5 ml caldo TSB. As diluições foram feitas adicionando os 5 mL da solução dos suabes, após a homogeneização, em 45 mL de água peptonada a 0,1% obtendo-se a diluição 10-1. A partir dessa diluição foram realizadas soluções decimais consecutivas, utilizando-se a mesma proporção. A partir das diluições 10-1 a 10-5 das amostras de conteúdo cecal e suabe do inglúvio  foram inoculados com 1 mL, respectivamente, três tubos contendo Caldo Chromocult®. Após a inoculação, estes tubos foram incubados a 35ºC por 24 horas e considerados positivos aqueles que apresentaram crescimento bacteriano caracterizado por turvação do meio e coloração azul-esverdeada. Os resultados foram obtidos por comparação dos números de tubos positivos com os dados da tabela de NMP e foi determinado o NMP de enterococos por mL da solução de transporte do suabe (APHA, 2001). O sal do ácido dicloro isocianúrico da Hidroall do Brasil Ltda. (Aviclor choqueâ) foi utilizado na água de bebida das aves do tratamento correspondente ao  jejum e dieta hídrica com cloro. Para determinar a concentração de cloro residual livre nas amostras de água, medida no momento da colheita foi utilizado o reagente NN Dietil Parafenileno Diamino (DPD) e colorímetro eletrônico (1HI93710C-Hanna Instruments), inicialmente zerado com 10 mL da amostra de água sem o reagente DPD, e a leitura foi realizada após adição do reagente na cubeta com 10 mL da amostra, homogeneizando a mistura, e procedecendo-se a leitura que foi dada em mg.L-1.
Resultados & Discussão
Tabela 1. Número mais provável (NMP) de enterococos [y=log (x+5)] no inglúvio (NMP . mL-1 de solução conservadora do suabe) de frangos de corte 12 horas antes do abate e submetidos ao jejum, jejum e adição de cloro na água de bebida e sem jejum durante o período pré abate (12 horas)
Tratamento
Enterococos
12 horas antes do abate
6,0067±0,3496 b
Jejum
8,1276±2,6705 a
Jejum e cloro
5,1243±2,1024 b
Sem jejum
6,6449±0,6654 ab
F
5,29**
P
0,004
CV
26,87
Médias com letras diferentes diferem significativamente a 5%. A quantidade de cloro residual livre do box jejum e cloro logo após sua adição era 52 ppm. O cloro residual livre após 12 horas era 43 ppm.
Foi encontrada diferença significativa (P<0,05) em relação à quantidade de enterococos no inglúvio dos frangos, comparando o material coletado 12 horas antes do abate (sem jejum) com aquele de frangos submetidos apenas ao jejum pré-abate de 12 horas sem nenhum tipo de tratamento da água (jejum sem cloro na água), sendo os valores de enterococos das aves submetidas ao jejum maiores do que aqueles 12 horas antes do abate. Apesar do jejum ser citado na literatura como um fator importante na diminuição da contaminação do trato gastrintestinal (Duke et al., 1997; Northcutt et al., 1997), foram encontradas maiores quantidades de enterococos no inglúvio dos frangos submetidos ao jejum do que nos outros. Esse fato pode ter ocorrido por causa da ingestão de cama pelos frangos durante o período de jejum pré-abate, apesar do tempo de jejum utilizado no presente experimento estar de acordo com o sugerido na literatura (Smidt et al., 1964; Wabeck, 1972; Veerkamp, 1986; Lyon et al., 1991). Apesar dos números de enterococos serem menores no inglúvio das aves submetidas ao jejum e cloro na água de bebida comparando-se com os frangos 12 horas antes do abate (sem jejum), essa diferença não foi significativa (P>0,05) por causa da variabilidade dos dados. Porém, quando comparamos os resultados obtidos das aves submetidas ao jejum sem cloro na água com os do jejum com cloro na água podemos perceber que houve diminuição significativa (P<0,05) no NMP de enterococos no inglúvio das aves, porque essa variação nos resultados individuais foi menor, uma vez que as aves foram submetidas ao mesmo tempo de jejum e independentemente da quantidade de cama ingerida, a contaminação do inglúvio foi a mesma; diferente das aves que estavam sem o jejum que tinham a opção de ingerir tanto a ração, quanto a cama enquanto forrageavam.
Conclusões
O cloro foi realmente eficaz na diminuição dos microrganismos no inglúvio das aves, sendo realmente necessário associar o jejum com a desinfecção do inglúvio através do cloro na água, já que o tratamento levando em consideração apenas o jejum fez com que o NMP de enterococos no inglúvio aumentasse, representando assim, um maior risco de contaminação da carcaça durante o seu processamento no abatedouro e, conseqüentemente, maior risco para a saúde pública.
Bibliografia
APHA - American Public Health Association. 2001. Committee on Microbiological Methods for Foods; Compendium of methods for the microbiological examination of foods. 4a. ed. Washington: American Public Health Association. 676 p.
Barnhart ET, Sarlin LL, Caldwell DJ, Byrd JA, Corrier DE, Hargis DM. 1999. Evaluation of potential disinfectants for preslaughter broiler crop decontamination. Poult Sci. 78(1):32-37.
Duke GE, Bash M, Noll S. 1997. Optimum duration of feed and water removal prior to processing in order to reduce the potential for fecal contamination in turkeys. Poult Sci. 76:516-522.
Gavin A & Weddig LM. 1995. Canned Foods: Principles of Thermal Process Control, Acidification, and Container Evaluation. Washington: Food Processors Institute.
Lillard HS. 1980. Effect on broiler carcasses and water of treating chiller water with chlorine or chlorine dioxide. Poult Sci. 59(8):1761-1766.
Lyon CE, Papa CM, Winlson Junior RL. 1991. Effect of feed withdrawal on yields, muscle pH, and texture of broiler breast meat. Poult Sci. 70(4): 1020-1025.
Mendes AA. 2001. Jejum pré-abate em frangos de corte. Rev. Bras. Cienc. Avic. 3:199-209.
Northcutt JK, Savage SI, Vest LR. 1997. Relationship between feed withdrawal and viscera condition of broilers. Poult Sci. 76:410-414.
Smidt MJ, Formica SD, Fritz JC. 1964. Effect of fasting prior to slaughter on yield of broilers. Poult Sci. 43:931-934.
Tsai LS, Schade JE, Molyneux BT. 1992. Chlorination of poultry chiller water: chlorine demand and disinfection efficiency. Poult Sci. 71(1):188-196.
Veerkamp CH. 1986. Fasting and yields of broilers. Poult Sci. 65(7):1299-1304.
Wabeck CJ. 1972. Feed and water withdrawal time relationship to processing yield and potential fecal contamination of broilers. Poult Sci. 51:1119-1121.
Agradecimento
À Fundação Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela concessão da bolsa de mestrado e pelo auxílio à pesquisa.
 
 
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Autores:
Fabiana Ribeiro Barreiro
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Comentário
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Geneso Pereira de Lima
31 de mayo de 2016
O USO DO DICLORO ESTÁ SENDO APROVADO EM DIVERSOS ABATEDOUROS ;MAS GOSTARIA DE TER INFORMAÇÕES COMO SE FÁ Z A CLORAÇÃO NO SCHILER E PRÉ SCHILER QUAIS OS VALORES USUAIS E QUANTO PODE VARIAR PARA TERMOS UMA BOA HIGIENIZAÇÃO SEM RISCO PARA CONTAMINAÇÃO
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