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Lisina aves linhagem isa-label

Modelos para estimar as exigências de lisina para aves da linhagem isa-label

Publicado: 30 de junho de 2009
Por: NK. Sakomura (Professora do Depto. de Zootecnia), JC. Siqueira e DCN. Nascimento (Pós graduação em Zootecnia da Universidade Estadual Paulista), Brasil.
Introdução
É amplamente aceito que as exigências de aminoácidos das aves podem ser influenciadas por fatores como linhagem genética, idade, sexo, níveis nutricionais da dieta, desafios imunológicos, além dos métodos estatísticos utilizados para interpretar os resultados empregados são os não lineares, incluindo o exponencial ou assintótico, caracterizado pela existência de uma variável independente no expoente de uma constante paramétrica (Paula, 2004). Considerando a natureza distinta das equações originadas pelos diferentes modelos utilizados no ajuste dos dados, as recomendações dos níveis ótimos de aminoácidos nas dietas serão variáveis, uma vez que procedimentos específicos são adotados para estimar esses níveis conforme o modelo empregado. O presente trabalho teve como objetivo aplicar os modelos LRP, polinomial quadrático e exponencial, visando obter a melhor estimativa do nível de lisina digestível necessário para maximizar o ganho de peso de aves da linhagem Isa-Label no período de 1 a 28 dias de idade.

Material e Métodos
Os modelos avaliados foram aplicados em dados provenientes de um experimento conduzido no Aviário Experimental, FCAV/ Unesp – Jaboticabal/ SP. Foram utilizadas 480 aves da linhagem Isa-Label, com um dia de idade, de ambos os sexos (240 machos e 240 fêmeas), criadas em sistema semi-confinado. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, em um esquema fatorial 4x2 (níveis de lisina digestível x sexo), com três repetições, sendo cada unidade experimental composta por 20 aves. A ração basal (19,29 % de PB; 3000 kcal de EM/kg; 0,94 % de Ca; 0,42 % de Pd e 0,19 % de Na) foi formulada para atender as exigências nutricionais das aves, exceto em lisina. Essa mesma ração foi suplementada com L-lisina HCL 78,5 % (0,0; 0,153; 0,306 e 0,459 %) em substituição ao ácido L-glutâmico resultando em rações experimentais contendo 0,85; 0,97; 1,09 e 1,21 % de lisina digestível. Para assegurar que nenhum outro aminoácido se tornasse limitante, os demais aminoácidos foram suplementados, conforme a necessidade, para evitar que suas relações com a lisina digestível ficassem abaixo daquelas preconizadas por Rostagno et al. (2005) na proteína ideal. Os dados de ganho de peso das aves (GP) foram submetidos à análise de variância, sendo testados os efeitos dos níveis de lisina, do sexo e da interação lisina x sexo. Constatada a ausência do efeito da interação, o conjunto de dados foi submetido à análises de regressão pelos modelos LRP, quadrático e exponencial, sendo o GP considerado a variável dependente e o nível de lisina, a independente. As estimativas dos níveis ótimos de lisina na ração foram obtidas pelos diferentes modelos ajustados. Para o LRP o nível ótimo foi estimado como sendo o ponto correspondente à intersecção da reta ascendente com o platô. No modelo quadrático o nível ótimo foi considerado o ponto de máxima, estimado igualando-se a primeira derivada da equação à zero. Para o modelo exponencial, a ótima resposta foi considerada aquela correspondente a 95 % da resposta assintótica, estimada pela equação: ln (1 - 0,95)/c + d, em que c = inclinação da equação exponencial e d = nível do nutriente na dieta basal. Igualando-se a equação quadrática ao máximo GP estimado pelo modelo LRP, obteve-se o nível de lisina digestível correspondente ao primeiro ponto de intersecção da equação quadrática com o platô do LRP conforme metodologia descrita por Baker et al. (2002). O maior nível de significância tolerado para a realização das análises estatísticas foi de 5 %.


Resultados e Discussão

As médias de GP para aves da linhagem Isa- Label de ambos os sexos recebendo níveis crescentes de lisina digestível na ração durante o período de um a 28 dias de idade são apresentadas na Tabela 1. Pela análise de variância foram observados efeitos (P<0,01) dos níveis de lisina e do sexo sobre o GP das aves. Não foi observado efeito da interação (P>0,05) entre os fatores estudados, indicando que o nível de lisina que maximiza o GP é semelhante para frangos machos e fêmeas da linhagem Isa-Label, apesar da magnitude das respostas variar ente os sexos. As estimativas obtidas pelas equações de regressão ajustadas para cada sexo individualmente confirmaram essa hipótese, justificando o ajuste de apenas uma equação para ambos os sexos. As equações obtidas para os diferentes modelos, os coeficientes de determinação (R2), e os níveis de lisina estimados (NLE) pelos métodos são apresentados na Tabela 2. Observou-se que todos os modelos proporcionaram excelentes ajustes, evidenciados pelos respectivos R2 (SQ modelo / SQ Tratamentos). No entanto, as estimativas dos níveis ótimos de lisina derivadas de cada modelo foram diferenciadas. Considerando o LRP, o nível estimado de 0,999 % de lisina digestível na dieta pode ser interpretado como sendo o nível de lisina a partir do qual não ocorrerá incremento sobre GP das aves. Essa abordagem estática dos fenômenos biológicos pode conduzir à subestimativas dos níveis ótimos, uma vez que as respostas das aves às variações nos níveis nutricionais da dieta obedecem a “lei dos mínimos retornos”, fato esse que deve ser considerado para o estabelecimento do ótimo nível.

Modelos para estimar as exigências de lisina para aves da linhagem isa-label - Image 1


O nível ótimo de lisina estimado pela equação quadrática foi 1,116 %. De acordo com Lamberson & Firmam (2002) o modelo quadrático proporciona super-estimativas, especialmente quando os tratamentos não estão uniformemente distribuídos acima e abaixo das exigências. Outra crítica é que a equação quadrática descreve a redução no desempenho imediatamente após o nível ótimo por ela estabelecido, o que na prática, ocorre somente com concentrações elevadas capazes de produzir toxicidade, supostamente bem acima do nível ótimo.
O método de determinação das exigências por meio do primeiro intercepto da equação quadrática com o platô do LRP parece ser coerente uma vez que produziu uma estimativa intermediária ao LRP e o quadrático (1,041%). Da mesma forma, o modelo exponencial, considerando 95 % da resposta assintótica, gerou uma estimativa (1,066 %) intermediária ao LRP e o quadrático. Biologicamente, o modelo exponencial é considerado adequado para descrever as respostas das aves em função dos níveis nutricionais da dieta, no entanto, tem sido criticado pelo fato do nível ótimo ser estimado com base em uma proporção da resposta assintótica escolhida arbitrariamente (95 %). Apesar dessa crítica, o modelo exponencial apresenta a vantagem de descrever de forma detalhada os pequenos acréscimos no desempenho em função dos níveis nutricionais da dieta, o que o torna de grande utilidade quando o interesse é determinar o nível ótimo econômico. A equação exponencial descreveu de forma adequada o comportamento da variável GP, gerando uma estimativa (1,066 %) semelhante à obtida pelo método proposto por Baker et al. (2002) (1,041 %). Contudo, as análises realizadas no presente estudo não consideraram aspectos econômicos, o que inviabilizou uma determinação mais objetiva com o emprego do modelo exponencial. Assim, o primeiro intercepto da equação quadrática com o platô do LRP foi considerado o método mais adequado para estimar as exigências de lisina para aves Isa-Label na fase inicial, uma vez que foi um valor matematicamente determinado, e não escolhido arbitrariamente, como no caso do modelo exponencial.


Conclusões
Os modelos LRP e quadrático apresentam limitações que podem ser minimizadas com a utilização do modelo exponencial ou do método proposto por Baker et al. (2002), quando o objetivo for determinar o nível ótimo de aminoácidos na dieta.
O nível de lisina digestível de 1,041 % na ração, estimado pelo primeiro intercepto da equação quadrática com o platô do LRP, foi considerado o mais adequado para maximizar o ganho de peso de aves da linhagem Isa-Label no período de um a 28 dias de idade.


Referências Bibliográficas

Baker DH, Batal AB, Parr TM, Augspunge NR, Parsons CM. Ideal ration (relative to lysine) of tryptophan, threonine, isoleucine and valine for chicks during the second and third weeks posthatch. Poultry Science, 81:485-494, 2002.

Lamberson WR, Firman D. A comparison of quadratic versus segmented regression procedures for estimating nutrient requirements. Poultry Science, 81:481-484, 2002

Lemme A. Optimum dietary amino acid level for broiler chicken. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE AVES E SUÍNOS, 2005, Viçosa. Anais... Viçosa, 2005. p.117-144.

Paula GA. Modelos de regressão com apoio computacional. Instituto de Matemática e Estatística. Universidade de São Paulo. Disponível em: Acesso em: 01/03/2007. 2004.

Rostagno HS, Albino LFT, Donzele JL, Gomes PC, Oliveira RFM, Lopes DC, Ferreira AS, Barreto SLT. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 2 ed. Viçosa: UFV, Departamento de Zootecnia, 2005.
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