Aspectos práticos de um programa de luz para frangos de corte
Publicado:18 de janeiro de 2008
Por:Jerônimo Ávito Gonçalves de Brito, Zoot. M.Sc. Doutorando Zootecnia/UFLA-MG. Universidade Uniquímica de Negócios
Com o objetivo inicial de proporcionar acesso a comedouros, bebedouros e conseqüentemente aumentar o tempo de alimentação dos frangos de corte, principalmente em horários com temperaturas mais amenas (noite e/ou madrugada), programas de iluminação contínuos (23-24 horas de luz), foram propostos há algumas décadas. Hoje diferentes benefícios são observados com a aplicação de um adequado programa de luz.
Assim como outras práticas de manejo dentro da produção avícola de corte, pesquisas associando programas de iluminação a problemas de pernas, mortalidade devido a desordens metabólicas e bem-estar (sistema imune, estresse calórico, condição corporal) deram novos rumos aos programas de luz artificiais, os quais atualmente são mais moderados, tanto em termos de fotoperíodo, quanto à intensidade luminosa. O fotoperíodo está relacionado ao número de horas de iluminação (seja natural e/ou artificial), enquanto a intensidade luminosa está relacionada à sensibilidade de percepção da luz pelas aves (medida normalmente em “lux”).
Os programas de luz são classificados em: constante ou contínuo, crescente e intermitente. Modernamente os programas intermitente e crescente são mais pesquisados, no entanto, em termos de aplicabilidade a campo, o programa de luz crescente é mais aceito.
O fotoperíodo crescente, quando utilizado em galpões abertos, que são mais comuns no Brasil, inicialmente (1-7 dias de idade) ocorre com o fornecimento de luz contínuo ou quase contínuo (23 horas de luz - L:1 hora de escuro – E), posteriormente (8-21 dias) há uma redução abrupta no fornecimento de luz (luz natural ou natural + 2-4 horas de luz artificial) e finalmente (após 21 dias) ocorre um aumento gradual ou repentino na iluminação artificial, de forma que fotoperíodo se torne novamente “contínuo”. Há necessidade de se ressaltar, que este é apenas um exemplo generalizado de um programa crescente de iluminação, a campo existem uma série de ajustes e adaptações (diferentes latitudes, tipos de galpões, linha comercial utilizada, estação do ano, desempenho esperado...) ao longo do ciclo de criação, que o diferencia em dezenas de outros planos de iluminação, mas sempre dentro da mesma classificação.
De forma generalizada (manuais de criação ou livros, pesquisas, técnicos, indústria) há recomendação de intensidade luminosa (IL) de 20 lux (lúmens/m2) na primeira semana e posteriormente 5 lux até o final de criação do lote (sendo recomendado aumento da intensidade para 10 lux, cerca de 3 dias antes da apanha/abate). Vários aspectos práticos estão relacionados ao fornecimento dessa IL, dentre os quais pode-se destacar:
1- Tamanho do galpão; 2- Tipo de lâmpada (e sua potência) a ser utilizada no galpão (incandescente, fluorescente, gás hélio...); 3- Quantidade de lâmpadas no galpão; 4- Distribuição (posicionamento) de lâmpadas no galpão; Apesar de representar um investimento inicial maior, lâmpadas fluorescentes apresentam maior poder de iluminação em detrimento a lâmpadas incandescentes, devido a seu comprimento de onda e conseqüente maior sensibilidade pelas aves.
Portanto, uma mesma IL poderia ser obtida com um menor número de lâmpadas fluorescentes de menor potência (redução no gasto energético).
A distribuição de lâmpadas deve ser uniforme, sendo recomendado uma distância aproximadamente igual ao pé direito (altura) da primeira ou última linha (fileira) para tela ou lateral do galpão. A distância entre fileiras deve ser menor ou igual ao dobro do pé direito, enquanto que a distância entre lâmpadas dependerá do tipo e da potência das lâmpadas a serem instaladas.
EXEMPLO: Galpão 1.200 m2 (12 x 100 metros), com pé direito apresentando 3 metros, deseja-se instalar lâmpadas para que o galpão fique com iluminação adequada para criação de frangos de corte.
Necessidade de lumens para o galpão: 1.200 x 20 = 24.000 lúmens SITUAÇÃO 1: Opção por lâmpadas incandescentes de 60 watts (810 lúmens). 1 lâmpada – 810 lúmens 24.000 ÷ 810 = 29,63 = 30 lâmpadas Distribuição: Duas (2) fileiras de lâmpadas, distantes 3 metros da tela e seis (6) metros entre si. Como são duas fileiras, instalar-se-á 15 lâmpadas por fileira. A distância entre as lâmpadas na fileira será 6,67 metros (100 ÷ 15). SITUAÇÃO 2: Opção por lâmpadas fluorescentes de 40 watts (2000-2500 lúmens). 1 lâmpada – 2000 lúmens 24.000 ÷ 2000 = 12 lâmpadas Distribuição: Duas (2) fileiras de lâmpadas, distantes 3 metros da tela e seis (6) metros entre si. Como são duas fileiras, instalar-se-á 6 lâmpadas por fileira. A distância entre as lâmpadas na fileira será 16,67 metros (100 ÷ 6).
O conhecimento técnico de diferentes linhas de frangos comerciais, pelos gestores da granja avícola é de suma importância, pois o fundamento básico na eficiência do programa de luz está relacionado diretamente à redução na taxa de crescimento das aves, em fase que o mesmo ocorre de forma mais acelerada. Neste sentido há que se acompanhar o peso corporal do lote (de acordo com padrões da linha comercial associados aos resultados gerados ao longo do tempo na granja), ao se aplicar o programa de luz, para que não ocorra restrição prolongada no fotoperíodo ao longo do ciclo de criação das aves.
Artigo cedido pela Universidade Uniquímica de Negócios