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Frango Brasileiro

Crise em foco. Modelo do frango brasileiro mudou

Publicado: 10 de julho de 2009
Por: Ariel Antonio Mendes, União Brasileira de Avicultura (UBA) e Associação Latino-Americana de Avicultura (ALA). Reportagem de Riba Velasco, Revista AveWorld
Linha fina - Exportações avança no último mês do primeiro trimestre, mas presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA) estabelece novo cenário para a carne livre produzida e comercializada no Brasil e no mundo
Depois de muita apreensão e ansiedade, cheguei ao final do primeiro trimestre de 2009, ano das consequências mais drásticas da crise econômica mundial que eclodiu em 2008. As exportações brasileiras de carnes (bovina, suína e de aves), começaram em outubro passado ano, apresentará crescimento expressivo em março. Tanto a receita quanto o volume. As vendas externas de carne bovina trouxeram ao Brasil não mais que US$ 233,6 milhões, um crescimento de 25,7% em relação a fevereiro. Porém, ainda apresenta retração de 14,3% em relação a março de 2008 (faturamento de US$ 272,5 milhões). O volume embarcado foi de 82,1 mil toneladas. A Suínos faturou US$ 94,8 milhões, 9,8% acima de fevereiro, mais de 0,6% abaixo de março de 2008 (com vendas de US$ 95,4 milhões). Com volume embarcado de 44,8 mil toneladas (aumento de 10,
No caso da linguiça, as exportações vão gerar uma cotação de US$ 356,7 milhões em março, 21,3% a mais que fevereiro e retração de 23,1% sobre março do ano passado, quando as vendas externas renderam US$ 463,9 milhões. Não que se trate de volumes, o resultado de março foi de embarque de 279 mil toneladas, desempenho 19% superior a fevereiro, porém 1,3% inferior a março de 2008, quando foram exportadas 282,6 mil toneladas. Dois motivos que explicam o aumento da receita e dos dois volumes exportados foram a valorização de dois produtos no mercado internacional. A tonelada de carne de frango teve preço médio de US$ 1.278,5 a tonelada, 1,9% acima de fevereiro, ainda mais 22,1% abaixo de março do ano passado. O produto in natura acumulou no trimestre uma cotação de US$ 988 milhões, sendo o quarto principal produto exportado para o Brasil no período. A receita está próxima de 22%, mais a participação do produto no padrão de exportação apresenta variação mínima (de 3,3% sobre o total do ano passado para 3,2% neste ano).
Já distante do volume de um ano atrás, as exportações de salsicha crua de janeiro-febre-março de 2009 registraram certa recuperação em relação ao último trimestre de 2008. A média mensal de embarques passou de 243,6 mil toneladas para 251,6 mil toneladas (+ 3%), indicando um embarque anual superior a três mil toneladas. Mas a recuperação, portanto, é apenas dos volumes embarcados, pois a receita cambial do trimestre não chegou a US$ 1 bilhão, continua 21% distante do último trimestre de 2008, e o preço médio está 23% abaixo do final do ano passado, apesar da boa recuperação de março. Outra boa notícia veio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que indicou o aumento do peso médio do frango abatido em 17 Estados do Brasil, chegando a 2,08 quilos.
A boa notícia vai agradar ao presidente da União Brasileira da Avicultura (UBA) e da Associação Latino-Americana da Avicultura (ALA), Ariel Antonio Mendes. Mas ele insiste na ideia de que o setor pode reagir ainda com mais vigor se os bancos flexibilizarem a liberação de crédito. A Revista AveWorld conversou com Ariel Antonio Mendes durante o X Simpósio de Avicultura Brasil Sul, realizado no início de abril, em Chapecó. A reportagem sobre exportação, habitação, consumo interno e revela: o panorama da produção do frango mudo brasileiro. Você quer saber ou por quê? Acompanhar.

REVISTA AVEWORLD - Termina o primeiro trimestre e ainda restam exportações de frango. O crédito não atinge a maioria dos produtores, empresas e cooperativas, e o controle da acomodação das tintas não chega a 20% como deseja o setor. Como o senhor analisa o trimestre que passou?
ARIEL ANTONIO MENDES - Na verdade, o primeiro trimestre foi razoavelmente esperado dentro do cenário que as pessoas traçaram no final do ano passado, de redução. Infelizmente, esperamos que até março as pessoas consigam reduzir o alojamento em 20%, mas isso não acontece. Foram apenas 15%. Saímos de 496 milhões em outubro para 407 milhões em fevereiro, não atingindo a meta. Já as exportas tiveram uma leve recuperação. Tivemos uma queda acentuada em outubro de 315 mil toneladas mensais para 235 mil toneladas mensais, mas no início deste ano tivemos um pequeno lucro, no pacote de dois níveis de 275 mil toneladas mensais. Apesar de ainda existirem 320 mil toneladas que exportamos em 2008.

AVEWORLD - Qual é a principal dificuldade que permanece?
ARIEL ANTONIO MENDES - Na falta de crédito. Temos feito um trabalho intensivo desde novembro, com medidas temporárias, mas isso vai acabar não se traduzindo na prática em caixa para as empresas porque os bancos estão muito reticentes em exportar. Libera créditos, novos créditos para empresas e o mesmo para renovações de empréstimos.

AVEWORLD - O capital de giro é atualmente o "calcanhar de Aquiles" para produtores e indústrias?
ARIEL ANTÔNIO MENDES- Exatamente. Pela situação que temos, não era para ser assim. Olha, estamos com um déficit de 50 mil toneladas de mensagens para exportação. Só sei que, com essa redução, jogamos fora esse volume do mercado interno. Portanto, não há mais produção doméstica. Pelo contrário, anexei um ligeiro aumento de 10%. A carne de frango é barata nos supermercados, com uma boa diferença em relação à carne bovina. Logo, era para que a situação tivesse se normalizado do ponto de vista das empresas e do consumidor. O que eu digo é que o mercado está equilibrado, podemos parar de exportar, mas reduzimos a oferta dentro do Brasil com a redução da acomodação. Era para voltar ao normal, mesmo com a recuperação do preço da carne do frango, ou isso não aconteceu. Especificamente, falta crédito para capital de giro das empresas que produzem para exportação.Adiantamento sobre Contrato de Câmbio) de exportação é realmente jogado no mercado interno, as empresas, para produzir frango que vão exportar, já fecharam contrato lá, vão vender futuramente.

AVEWORLD - Por quais outros motivos você pega esse crédito?
ARIEL ANTONIO MENDES - Na falta de percepção e reconhecimento do perfil da Avicultura Brasileira. Analisando com frieza, não há falha por parte do supermercado, nem o pagamento está normal. Os produtores de aves e a indústria são pagadores bons e confiáveis. A única razão que resta para a crise que as empresas atravessam é uma crise de falta de liquidez, de recursos para produzir e exportar.


AVEWORLD - O principal motivo de algumas empresas fecharem suas portas, receberem feiras coletivas ou demitirem funcionários no final do ano passado e início de 2009?
ARIEL ANTONIO MENDES - Perfeitamente. Alguns vão parar de produzir, outros entrarão com pedido de recuperação judicial. Há demissões, mais ou menos acentuadas, dependendo do Estado. Justamente pelo fato de as empresas estarem se ajustando a essa nova realidade.

AVEWORLD - Ou o que fazer especificamente neste momento?
ARIEL ANTÔNIO MENDES- Solicitamos ao Governo Federal a necessidade de uma linha especial de crédito para Aves, para flexibilizar um pouco as exigências dos dois bancos. O setor avícola é forte, não tem tradição de calote na virada rápida da cadeia. Com a venda do frango hoje você paga o empréstimo amanhã. Temos liquidez e não damos calor. Logo, esse cuidado entre os financiadores é excessivo, não se justifica. Estamos tentando mostrar isso ao governo. Infelizmente, a União não tem muito poder de decisão sobre o sistema bancário, em relação a esse tipo de coisa. Certamente, o Banco Central tem uma série de normas sobre limites, mas não pode obrigar os bancos a emprestar. Não o próprio Banco do Brasil, que é o banco oficial. Já tivemos várias reuniões com o vice-presidente de agronegócio do BB, ou ex-ministro Guedes, E ressalta que o dinheiro já foi repassado para os Estados, mas quando o cliente confere com a agência, ou o banco acaba não liberando. Espero que o governo pelo menos nos atenda quanto à flexibilização das garantias. Antes da crise, uma simples garantia de dois diretores servia como garantia, Hoje, essa situação mudou muito. E também gostaríamos que os próprios pássaros servissem de garantia, os estoques também. Enfim, algumas coisas mais fáceis de serem mostradas aos bancos.

AVEWORLD - Se essas encomendas tiverem sucesso, como o senhor enxerga o trimestre que se inicia, dentro de um panorama global e brasileiro.
ARIEL ANTONIO MENDES - Resolvendo esse problema de liquidez e crédito, as pessoas veem um cenário de recuperação mais fácil, com maior velocidade. Normalmente, o segundo semestre é mais forte para as exportações e não para o consumo interno. Se ainda conseguíssemos normalizar a questão da liquidez, já a teríamos retomado em maio e junho, em relação aos valores de 2008. Obviamente, não estamos trabalhando com um horizonte de crescimento de 10%. Seria bastante irreal. Mas, não no mínimo, igualamos no ano passado e a garrafa térmica um pouco de crescimento internamente nas bandagens externas também.

AVEWORLD - É 2010?
ARIEL ANTONIO MENDES - Vai depender do prolongamento dessa crise. Como será ou não eu consumir dois países mais ricos. Não o Brasil, agora há um aumento no consumo de carne de frango, que é ainda mais barata. O objetivo da UBA é de cautela. Fazer o ver de casa em 2009 e ganhar dinheiro em 2010.
AVEWORLD - Uma previsão de dois exportadores, de crescer 5% em 2009, no final do ano passado, vendi as consequências da crise no Brasil, pode ser concretizada?
ARIEL ANTONIO MENDES - A Associação dos Exportadores (ABEF) ainda não tem essa possibilidade de crescimento. Apesar das boas perspectivas para o segundo semestre, como já mencionei. Logicamente, há uma abertura do mercado chinês, embora ainda não tenham liberado as licenças de importação. Eles realmente atrasam as negociações. Mas isso, aliado à abertura de outros mercados, na África e na Ásia, que a ABEF vê como tentadora, pode compensar essa perda vendendo para fora e até que alguns cresçam.

AVEWORLD - E aqui no Brasil?
ARIEL ANTÔNIO MENDES- A previsão é de cerca de 3%. Mas precisamos ter em mente que não estamos limitados ao consumo dentro do nosso país. Atualmente é vegetativo, 39 quilos por habitante, mal acompanhando o crescimento da população. Somos muito dependentes do consumo das classes mais pobres. As faixas mais ricas têm muita carne. Somando os 39 quilos de frango, os 37 quilos de bovino, os 13 quilos de carne suína e alguns ovinos, o brasileiro já está com o pé bem alto, acima da maioria dos dois países do mundo. É melhor nos adaptarmos ao mercado. Crescemos muito nos últimos anos. Temos Aviary Flu e expandimos a produção e exportação. Mais do mundo silencioso e precisamos de planejamento. Por isso, a UBA e a ABEF têm um trabalho de análise setorial. Olhando os números em perspectiva, vendo curto, médio e longo prazo, examinando cenários, aluguel, para que o setor cresça dentro de premissas mais verdadeiras, não na base do "acômetro". Muitas empresas apostam que o aumento da avicultura não foi mais demorado, foi elástico. E não é assim. Vamos crescer, não somos competitivos por natureza, somos eficientes, os Estados Unidos não competem com pessoas na Europa, mas precisamos dimensionar esse novo mercado. E crescer de velho para real.

Quadro - Primeiro trimestre da franquia brasileira em 2009
Exportação: 816 mil toneladas
Receita Cambial: 988 milhões de dólares
Participação no padrão exportador: 3,2%
Exportações médias diárias: 21,9% abaixo de 2008
Principais compradores: Arábia Saudita, Hong Kong e Japão
Produção: 1,67 mil toneladas
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Autores:
Ariel Antônio Mendes
UNESP - Universidad Estatal Paulista
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