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Morreu Haroldo Vasconcellos, pioneiro da avicultura

Publicado: 7 de fevereiro de 2011
Fonte : Jornalista Ivani Cunha (Avimig e Seapa)
Haroldo Vieira Vasconcellos, médico, extensionista, pesquisador avícola e estudioso dos temas ligados à alimentação e saúde humana, faleceu no dia 1º de fevereiro, em Belo Horizonte, sua cidade natal. Diplomado pela Universidade de Minas Gerais (UMG), atualmente Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), especializou-se em pediatria e encontrou na atividade avícola um importante suporte para a realização de seu trabalho em benefício das comunidades pobres.
Doutor Haroldo descobriu a vocação para a avicultura quando trabalhava no Rio de Janeiro pelo Ministério da Saúde. Nos anos 50 não havia granja com plantel superior a mil aves e ele criou uma, também modesta, para "tentar matar a fome da criançada". Teve o incentivo e a orientação de amigos do Ministério da Agricultura, tomou gosto pela atividade e acabou participando de ações com objetivos mais ambiciosos.
Em 1957 foi criado o Projeto ETA 42 (Escritório Técnico de Avicultura - Brasil Estados Unidos) de cooperação técnica, considerado de fundamental importância para o estabelecimento de uma avicultura com bases profissionais no país. Vários setores da economia participaram do intercâmbio, que possibilitou uma excelente relação com os empresários e especialistas norte-americanos, como Frank Moore, que indicou as correções necessárias à criação de aves no Brasil.
Está registrado no livro História da Avicultura do Brasil, de Osni Arasiro, que entre os 20 integrantes do projeto encontrava-se o médico e extensionista Haroldo Vieira Vasconcellos, ao lado de Breno Morais Martins de Andrade, Antônio Carlos Correa, João Navarro de Andrade e Roberto Bebiano, entre outros. A atuação desse grupo resultou na criação das bases da moderna avicultura, com a primeira importação de matrizes já selecionadas Arbor Acnes e galos Petersen.
Após a entrada dessas matrizes no Brasil ainda foi preciso resolver por meio da pesquisa o problema da descendência das fêmeas importadas (elas tinham penas brancas e o consumidor preferia a carijó, de penas escuras). "E muitos estudos na área da nutrição de aves deram o reforço necessário à viabilização da avicultura, permitindo a manifestação das características infundidas pela genética", explica a médica veterinária Marília Martha Ferreira, diretora da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig). "O resultado pode ser constatado atualmente com frangos de dois quilos após 42 dias de vida, aves de alta qualidade que mantém a do Brasil comércio internacional há cerca de seis anos."
O extensionista avícola Haroldo Vasconcellos aderiu também ao trabalho associativista e, como ativo colaborador da Avimig, era presença certa nos grandes eventos estaduais e nacionais do setor.  "Ele falava a língua dos avicultores, acrescentando o conhecimento científico e sua grande experiência", lembra Marília Martha. "Em outubro de 1995, foi introduzido no "Hall da Fama", honraria instituída pela Associação Latino-Americana de Avicultura em reconhecimento ao trabalho dos benfeitores da atividade."
Depois de receber a Fama, em vez de se recolher e cuidar apenas da fabricação da cerveja para seu próprio consumo, um antigo hobby, Haroldo Vasconcelos continuou trabalhando e ampliou bastante a contribuição para o desenvolvimento do agronegócio avícola. Durante muitos anos ele se dedicou a pesquisas sobre os alimentos e a saúde humana, atendendo ao programa de produção de ovos enriquecidos com Ômega 3 do Aviário Santo Antônio (ASA).  
 
Fonte
Jornalista Ivani Cunha (Avimig e Seapa)
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Mencionado nesta notícia:
Ivani Cunha
Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa-MG)
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Osler Desouzart
16 de febrero de 2011
A avicultura brasileira deve muito a esse pioneiro que sempre caracterizou suas ações pelo silêncio somado à efetividade, num país onde as nulidades costumam fazer e ser o contrário. Nós todos temos muito que agradecer ao Haroldo. Uma vida bem vivida e que deixou marcas de grandeza. Minha solidariedade à familia e respeito enorme a memória desse grande brasileiro e avicultor.
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Elisabeth Gonzales
UNESP - Universidad Estatal Paulista
11 de febrero de 2011
Eu também tive a honra de conhecer o Dr. Haroldo, homem de fibra, idealizador, ético, amigo, inovador. além de tudo que já havia feito, contribuiu e muito, graciosamente, auxiliando nas traduções diretas de palestrantes de língua inglesa e contando a história da avicultura no Brasil para meus alunos. Tenho imenso orgulho de ter compartilhado discussões técnicas com esse VETERINÁRIO/ZOOTECNISTA/MÉDICO. Tenho certeza que ele tem um lugar muito especial no Universo. Que Deus lhe abençoe.
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Paulo Martins
Biocamp
9 de febrero de 2011
Foi um grande privilégio para mim ter conhecido o Dr. Haroldo Vasconcellos e ter tido inúmeras oportunidades de participar de eventos, discussões técnicas ao lado deste grande homem. Foi o Dr. Haroldo que nos incentivou a aprofundar a leitura sobre o ovo como alimento, segundo ele uma verdadeira cápsula alimentar. Como médico, levou a ideia do frango e ovo para as populações desnutridas dos bairros mais humildes, há mais de 40 anos. Muitos de nós veterinários, zootecnistas, agrônomos, técnicos de campo, empresários, tivemos oportunidade de conhecer a tecnologia de outros países graças a tradução do Dr. Haroldo. Se há algo que eu possa dizer a seus entes queridos é que ele trabalhava sempre com grande amor ao que fazia sem pensar em remunerações materiais. Que fantástico exemplo de vida! Onde estiver, receba o abraço de quem o admirava.
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Romão Miranda Vidal
9 de febrero de 2011
É desta estirpe de HOMENS que o Brasil precisa e irá precisar. Homem como o Dr. Haroldo será dificil encontrar nos dias atuais, nem que se faça qual Diógenes na Antiga Grécia que procurava a luz do dia homens de verdade. Quando o raciocínio técnico se alia à realidade, qual encontrada pelo Dr. Haroldo, provavelmente muitas das situações hoje vividas seriam diferentes, em especial o exemplo de matar a fome da criançada, criando galinhas. Perde não sá a avicultura, perde o Brasil. Os nossos sentimentos à familia. Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.
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