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EFEITO DA VACINAÇÃO NA TEMPERATURA SUPERFICIAL DO PESCOÇO DE LEITÕES

Publicado: 10 de novembro de 2016
Por: DANIELA J. RODRIGUES1, MARIANA M. LAGOMARSINO1, DANIELE S. HABOWSKI, ANA PAULA DE A. MAIA2, JULIANA SARUBBI3*. 1 Acadêmica do curso de Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, campus Palmeira das Missões/RS; 2Pesquisado colaboradora do Laboratório de Ambiência e Bem-estar Animal da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, campus Palmeira das Missões/RS, 3 Professora Doutora adjunta do Departamento de Zootecnia e Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Maria -UFSM, campus de
Sumário

Foi realizado um experimento com o objetivo de avaliar o efeito da vacinação sobre a temperatura de superfície do pescoço de leitões lactentes por meio da análise de imagens termográficas. Foram analisadas imagens termográficas de 15 leitões, antes da aplicação de uma vacina comercial contra Mycoplasma hyopneumoniae e 45 minutos após a vacinação. A diferença entre as médias foi avaliada utilizando Teste T de student pareado. A temperatura de superfície da região do pescoço aumentou (P=0,000) 1,1º C após 45 minutos de vacinação.

 

Palavras-chave: vacina; termografia infravermelha; metodologias; avaliação do bem-estar animal.

 
Introdução
Para se avaliar o nível de bem-estar dos animais, em geral, é importante considerar parâmetros comportamentais e fisiológicos. Há muito se tem buscado ferramentas para verificar os parâmetros fisiológicos de forma não invasiva e sem contato com o animal. A termografia é um procedimento de inspeção não invasiva realizada com a utilização de sistema infravermelho, para a avaliação de temperaturas, com o objetivo de propiciar informações relativas à condição operacional de um componente, equipamento ou processo. O infravermelho é uma frequência eletromagnética naturalmente emitida por qualquer corpo, com intensidade proporcional a sua temperatura. Assim, através do termovisor, fica facilitada a localização de regiões quentes ou frias, através da interpretação dos termogramas que fornecem imagens (MATTIAS, 2002). Sabe-se que animais em estresse possuem metabolismo mais acelerado, como forma de regressar à situação de conforto. As reações bioquímicas que envolvem a tentativa de retomada de homeostasia produzem calor, o que pode ser detectado por meio de câmeras termográficas. Essa metodologia esta amplamente divulgada em outras espécies e pode ser ajustada para suínos (BOUZIDA et al., 2009). Segundo Stewart et al. (2005), a temperatura infravermelha pode detectar alterações do fluxo sanguíneo periférico, podendo ser uma ferramenta útil para avaliar o estresse em animais. Knízcová et al. (2007) mencionaram que a câmera termográfica é capaz de detectar variações mínimas de temperatura com precisão. Com isso, a utilização da análise de termografia infravermelha torna possível identificar pontos de valores distintos de temperatura radiante e tem sido importante para a consideração de eventos fisiológicos em animais (BOUZIDA et al 2009). De acordo com Graciano et al. (2013) nas últimas décadas passaram a surgir novos instrumentos e técnicas sendo introduzidas na produção animal como suporte à decisão, especialmente para o gerenciamento e implantação de estratégias de alimentação, controle de fertilidade, técnicas para promover saúde/conforto animal e sistemas computacionais específicos, nas quais foram desenvolvidos para o manuseio das variáveis ambientais e fisiológicas. A termografía infravermelha é um exemplo de instrumento que pode ser utilizada para estudos dessas variáveis com precisão. A termografia pode ainda ser utilizada como ferramenta para verificar pontos de inflamação (ALVES et al., 2007; FIGUEIREDO et al., 2012) e a temperatura superficial de animais, em condições patológicas ou não (SARUBBI et al., 2010).
 
Material e Métodos
Este experimento foi realizado em uma granja comercial de ciclo completo, com 1000 matrizes suínas, do município de Boituva, estado de São Paulo. Foram utilizados 15 leitões lactentes, vacinados com uma vacina comercial composta de bacterina de Mycoplasma hyopneumoniae com adjuvante aquoso, às três semanas de idade. As imagens termográficas foram capturadas dos flancos (direito ou esquerdo, por conveniência, evitando a contenção dos animais), nos seguintes momentos: antes da vacinação e 45 minutos após vacinação, com a utilização de uma câmera Thermal Imager (Testo 880®) com precisão de ± 0,1ºC e intervalo de espectro infravermelho de 7,5 a 13μm, foi utilizada para verificar a temperatura corporal dos suínos antes e depois do procedimento, no local da vacinação. A temperatura de bulbo seco no momento do experimento foi 14,1 ºC e a umidade relativa do ar de 50%. A emissividade utilizada foi de 0,98. Utilizou-se o teste T de Student Pareado para testar as diferenças entres as médias (antes e depois da vacinação). Adotou-se o nível de significância de 5%.
 
Resultados e Discussão
A temperatura média corporal dos suínos antes da vacinação foi de 34,5 ºC (DP= 0,65). A temperatura média após a vacinação foi de 35,5 ºC (DP= 0.78) (Gráfico 1). Assim, a temperatura média da região do pescoço em leitões aumentou 1,1 ºC (P=0,000).
 
EFEITO DA VACINAÇÃO NA TEMPERATURA SUPERFICIAL DO PESCOÇO DE LEITÕES - Image 1
Gráfico 1 – Temperatura de superfície da região do pescoço de leitões lactentes após a vacinação contra Mycoplasma hypneumoniae. Médias estatisticamente diferentes (P=0,000) pelo teste T Student pareado.
 
O aumento da temperatura de superfície no local da vacinação pode ser resultante da reação vacinal (sistêmica ou local) ou de uma reação de estresse, causada pela contenção e dor no local da aplicação. Sarubbi et al. (2010), ao compararem duas vacinas contra o mesmo agente etiológico, que diferiam pelo tipo de adjuvante (aquoso ou oleoso), encontraram aumento de temperatura da superfície corporal até os 45 minutos após a vacinação. Após este momento, a temperatura foi diminuindo. A termografía foi uma ferramenta eficiente para a avaliação sem contato e não invasiva para a verificação da temperatura superficial após vacinação.
 
Conclusões
Há um aumento da temperatura da pele da região de aplicação de vacina em leitões lactentes 45 minutos após a vacinação contra Mycoplasma hypneumoniae.
 
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Fundo de Auxílio à Pesquisa da UFSM (FIPE), ao Fundo de Incentivo à Inovação Tecnológica da UFSM (FIT) e a FINEP.
 
Referências Bibliográficas
1. ALVES, A. L. G. et al. Lombalgia em Eqüinos. Brazilian Journal Of Veterinary Research And Animal Science. São Paulo, p. 191-199. 07 fev. 2007.
2. BOUZIDA, N.; BENDADA, A.; MALDAGUE, X.P. Visualization of body thermoregulation by infrared imaging. Journal of Thermal Biology, Oxford, v.34, n.3, p.120-126, 2009.
3. FIGUEIREDO, T. et al. A Importância do Exame Termográfico na Avaliação do Aparato Locomotor em Equinos Atletas. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, Garça, v. 18, n. 9, p.1- 15, jan. 2012. Semestral.
4. GRACIANO, DANIELA E. Aplicações da termografia infravermelha na produção animal. 2012.
5. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Grande Dourados, 2013.
6. KNÍŽKOVÁ, I.; KUNC, P.; GÜRDÍL, G.A.K.; PINAR, Y.; SELVÍ, K.Ç. Applications of infrared thermography in animal production. Journal of the Faculty of Agriculture, Kyushu, v.22, n.3, p.329- 336, 2007.
7. MATIAS, J. Mecatrônica Atual. Ano 1, n° 3, p.36. São Paulo. Saber Ltda.2002.
8. SARUBBI J.; BORDIN E. L; OLIVEIRA F.; DELVECCHIO A.; JOISEL F. Safety evaluation of Sprintvac® by measure of piglet‘s body temperature in a commercial farm in Brazil. NTERNATIONAL PIG VETERINARY SOCIETY (IPVS) CONGRESS. In: Proceedings… 21., 2010, Vancouver. Proceedings. Vancouver: IPVS, 2010. 1 CD-ROM
9. STEWART, M.; WEBSTER, J.R.; SCHAEFER, A.L.; COOK, N.J.; SCOTT, S.L. Infrared thermography as a non-invasive tool to study animal welfare. Animal Welfare, 2005. V.14 p. 319- 325, 2005.
 
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
Juliana Sarubbi
UFSM - Universidad Federal de Santa María
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