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EFEITO DOS NUCLEOTÍDEOS NO TURNOVER DO CARBONO (d 13C) NO SANGUE DE LEITÕES RECÉM-DESMAMADOS.

Publicado: 30 de março de 2016
Por: MURILO S. CARVALHO2, LETÍCIA B. GUASTALI2, NEWTON CESAR F. DA SILVA2, RAUANA V. DE ANDRADE2, MAYRA A. D. SALEH3, DIRLEI A. BERTO3, ALESSANDRO B. AMORIM2 1 Projeto de iniciação científica do primeiro autor, bolsa concedida pelo CNPq; 2*Institutos de Ciências Agrárias e Tecnológicas – ICAT/UFMT - Rondonópolis/MT - *; 3Faculdades de Medicina Veterinárias e Zootecnia – UNESP– Botucatu /SP
Sumário

A suplementação de nucleotídeos exógeno na dieta de leitões recém-desmamados vem sendo estudo com o objetivo de favorecer a recuperação de células do sistema imune, assim sendo, o presente estudo avaliou o efeito dos nucleotídeos no turnover do carbono (δ13C) no sangue de leitões recém desmamados. Foram avaliadas duas dietas: sem nucleotídeos (dieta controle - DC) e dieta contendo 1% de nucleotídeos (DN). Foram utilizados 63 animais, sendo que nos dias 1, 2, 3, 4, 5, 7, 10, 14, 28 e 49 após o desmame, foram utilizados três animais por tratamento, para coletar amostras de sangue, sendo que no dia do desmame (dia zero) também foi colhido sangue de três leitões, com o objetivo de expressar a composição isotópica inicial do 13C no sangue. A suplementação de nucleotídeos nas dietas acelerou o processo de incorporação do 13C no sangue (T50% = 16,59 e T95% = 55,13 dias), sendo mais rápida que a dieta controle (T50% = 45,50 e T95% = 151,15 dias), demonstrando a capacidade dos nucleotídeos possui sobre a taxa de renovação celular no sangue. A técnica de isótopos estáveis foi uma ferramenta eficiente neste processo, conseguindo mensurar o turnover da meia vida do 13C das células.

 

Palavras-chave: desmame, imunologia, isótopos estáveis, suinocultura.

 
Introdução
Com o constante aumento da população mundial, vem crescendo a necessidade de aumentar a produção de alimentos de origem vegetal e animal para atender essa demanda. A suinocultura se destaca, por ser a carne mais consumida no mundo (HEYMAN et al 2013) e isso tem sido alcançado devido as melhorias nos índices produtivos e reprodutivos, fornecendo umas das carnes de melhor qualidade. A melhora no desempenho da suinocultura se dá devido á tecnificação das granjas suinícolas, segundo Amorim (2012) a melhora na produtividade das matrizes, pode ser um dos indicativos, pois essas tiveram seu período de amamentação reduzido aumentando o número de leitões desmamados por ano. Entretanto, o desmame mais precocemente, em torno de três semanas de vida, faz com o que esses leitões necessitem de cuidados, pois é nesse período pós-desmame que deve ser atendida uma serie de necessidades relativas a nutrição, em razão da imaturidade do sistema digestório e imunológico (PINHEIRO, 2014). Vários estudos (ANDRADE et al., 2011; CORASSA, et al., 2012) testando aditivos vêm sendo realizados com o objetivo de melhorar o estresse que os leitões são submetidos na fase pós-desmame, como os nucleotídeos, que são importantes aditivos nutricionais na manutenção do sistema imune de leitões recém desmamados (ANDRADE et al., 2011). Alguns autores (ROSSI et al., 2007; ABREU et al., 2010) sugerem que o fornecimento da forma exógena dos nucleotídeos na dieta dos leitões recém desmamados reduz a presença de bactérias patogênicas, contribuem para o crescimento e a recuperação de células do sistema imune e intestinais e melhora o ganho de peso. Assim sendo, objetivou avaliar a importância dos nucleotídeos no processo de incorporação do carbono 13 no sangue de leitões, pela técnica da diluição isotópica.
 
Material e Métodos
O experimento foi realizado no galpão experimental de creche da Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu. Foram utilizados 63 leitões desmamados, machos castrados e fêmeas de linhagem comercial, que foram alojados em baias metálicas suspensas de 1,0 x 1,75 m, com piso ripado e equipadas com comedouros, bebedouros tipo chupeta e campânulas de aquecimento. O controle da temperatura interna da sala de creche foi realizado com a regulagem das cortinas laterais e com o manejo das campânulas de aquecimento. Os leitões foram submetidos ao programa de alimentação por fases, de modo atender  asexigências nutricionais mínimas, de acordo com Rostagno et al. (2011), nas seguintes fases: pré-inicial dos 21 aos 35 dias, inicial I dos 36 aos 49 dias e inicial II dos 50 aos 63 dias de idade. As rações foram fornecidas à vontade e os tratamentos avaliados serão os seguintes: dieta sem nucleotídeos (DC) e dieta contendo 1% de nucleotídeos (DN). A principal fonte energética das rações foi a quirera de arroz, matéria prima oriunda de planta do ciclo fotossintético C3, que possui sinal isotópico 13C distinto das dietas fornecidas às matrizes que, a partir da cobertura até o desmame, receberão rações cuja fonte energética principal foi o milho, que é uma planta de ciclo fotossintético C4. Este procedimento foi adotado para que, ao nascerem, os leitões ainda possuam em seus tecidos corporais, sinal isotópico semelhante ao das dietas das porcas. Nos dias 1, 2, 3, 4, 5, 7, 10, 14, 28 e 49 após o desmame, foram utilizados três animais por tratamento, para se coletar amostras de sangue (± 5 mL) pela veia cava anterior dos animais, sendo que no dia do desmame (dia zero) também foi colhido sangue (± 5 mL) de três leitões, com o objetivo de expressar a composição isotópica no sangue, que até então foi função da ração fornecida às matrizes nas fases de gestação e de lactação. Após a colheita do sangue, as amostras foram acondicionadas em microtubos, identificadas e imediatamente congeladas (-18ºC) para posterior verificação do turnover do carbono-13. As amostras foram preparadas no laboratório de genética da Universidade Federal do Mato Grosso, campus de Rondonópolis, para posterior análises isotópicas no Centro de Isótopos Estáveis Ambientais do Instituto de Biociências (CIEA/IBB) da UNESP, Campus de Botucatu. A meia-vida e o tempo total (T) de substituição do 13C nos órgãos foram calculados através das equações: T = (-1/k) ln(1-F), onde: T = tempo em dias para haver 50 ou 95% de substituição dos átomos iniciais pelos finais; ln = logaritmo neperiano; F = valor de átomos trocados, que pode variar de zero a 0,95; k = constante de turnover expressa em dia-1, fornecendo uma ideia de “velocidade” no processo de troca dos isótopos estáveis nos tecidos (DUCATTI, 2007). Os dados das análises isotópicas foram analisados pelo método de equações exponenciais de primeira ordem do software Minitab®16.
 
Resultados e Discussão
Os resultados dos valores de meia-vida (T50%) e da substituição de 99% (T99%) do carbono no sangue de leitões dos 21 aos 70 dias de idade, em função das dietas fornecidas após do desmame, encontram-se na Tabela 1.
 
Tabela 1 - Funções do enriquecimento isotópico do sangue em função do tempo e valores da troca da meia vida (T50%) e total (T99%) dos isótopos estáveis do 13C de leitões em função das dietas fornecidas
EFEITO DOS NUCLEOTÍDEOS NO TURNOVER DO CARBONO (d 13C) NO SANGUE DE LEITÕES RECÉM-DESMAMADOS. - Image 1
 
Os valores de meia vida (T50%) e troca (T99%) da dieta controle foram de 45,50 e 151,15 dias e da dieta contendo nucleotídeos foram de 16,59 e 55,13 dias, respectivamente. A suplementação de nucleotídeos nas dietas evidenciou que a dieta contendo o aditivo acelerou o processo de incorporação do 13C no sangue, sendo quase três vezes mais rápida que a dieta controle, demonstrando assim, a capacidade dos nucleotídeos possuem sobre a taxa de renovação celular no sangue. Os nucleotídeos participam de grandes funções no metabolismo celular, atuando nas cadeias de DNA e RNA (NELSON e COX, 2011) e auxiliando no processo de incorporação de bases nitrogenadas (purinas e pirimidinas) fazendo que resintetize ácidos nucleicos pela via de salvamento (LERNER e SHAMIR, 2000) e aumente a taxa de renovação celular de células de rápido turnover (enterócitos, células hematopoiéticas da medula óssea, leucócitos e os linfócitos). O que foi comprovado no presente estudo, pois a utilização de nucleotídeos nas dietas dos leitões aumentou o turnover do 13C no sangue.
 
Conclusões
Os nucleotídeos foram capazes de acelerar o turnover do 13C no sangue, propiciando uma taxa de renovação celular mais rápida. Além disso, a técnica de isótopos estáveis foi uma ferramenta eficiente neste processo, conseguindo mensurar o turnover da meia vida do 13C das células.
 
Agradecimento
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico por disponibilizar a bolsa de iniciação científica.
 
Referências Bibliográficas
1. ABREU, M. L. T. et al. Glutamina, nucleotídeos e plasma suíno em rações para leitões desmamados. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.39, n.3, p.520-525. Mar. 2010.
2. AMORIM, A. B. Efeito da Glutamina, do Glutamato e de Nucleotídeos Sobre o Turnover do Carbono (δ¹³C) em Tecidos de Leitões Desmamados. 2012. 112 f. Tese (Doutorado em Nutrição e Produção Animal) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu, 2012.
3. ANDRADE, C. et al. Levedura hidrolisada como fonte de nucleotídeos para leitões recémdesmamados. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa,v.40, n.4, p.788-796, 2011.
4. CORASSA, A; LOPES, D. C; BELLAVER, C. Mananoligossacarídeos, ácidos orgânicos e probióticos para leitões de 21 a 49 dias de idade. Archivos de Zootecnia, Córdoba v. 61, p. 467-476. 2012.
5. DUCATTI, C. Isótopos estáveis ambientais. Botucatu: Universidade Estadual Paulista, 2007. 204 p. Apostila.
6. HEYMAN, A; GHERI, F; KAO, M. Feeding the world. In: HEYMAN, A; GHERI, F; KAO, M. FAO Statistical Yearbook. Rome: FAO. 2013.P. 123-158.
7. LERNER, A; SHAMIR, R. Nucleotides in infant nutrition: a must or na option. The Israel Medical Association Journal, v.2, n.10, p.772-774. 2000.
8. NELSON, D. L; COX, M. M. Nucleotídeos e Ácidos Nucleicos. In: NELSON, D. L; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. p.323-357.
9.PINHEIRO, R. Primeira semana pós-desmame: desafios e relevância. IN: FERREIRA, A. H. et al. Produção de Suínos: Teoria e Prática. 1.ed. Brasília: Associação Brasileira de Criadores de Suínos. v.1, 2014. p. 628-631.
10. ROSSI, P; XAVIER, E. G; RUTZ, F. Nucleotídeos na nutrição animal. Revista Brasileira de Agrociência. Pelotas, v. 13, n. 1, p. 05-12. 2007.
11.ROSTAGNO, H. S. et al. Exigências Nutricionais para Suínos. In: ROSTAGNO, H. S. et al. Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos: composição dos alimentos e exigências nutricionais. Viçosa: UFV. 2011. p. 129-136.

***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
Murilo S. Carvalho
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
ALESSANDRO BORGES AMORIM
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