Recuperação do mercado interno, manutenção do volume das exportações e retorno da Rússia como o principal mercado importador da carne suína brasileira são algumas das expectativas do presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul – ACSURS, Valdecir Luis Folador. Ele analisou o cenário suinícola em 2017, projetando o que pode ocorrer em 2018.
PREÇOS
Se comparado historicamente, o primeiro semestre de 2017 contou com o aumento nos preços do suíno. No segundo semestre, o mercado mostrou-se um pouco mais apertado, período em que os preços do suíno não tiveram força para se manter em alguns momentos. Por ora, caíram e, depois, voltaram a se recuperar.
“Em 2018, o que observamos nesse primeiro momento – mês de janeiro, é que há uma pressão maior em cima dos preços do suíno. Há uma queda de preços um pouco mais forte se comparado ao final do ano passado. Isso se deve ao embargo russo e, consequentemente, ao menor volume de exportações no mês de janeiro. Felizmente, a produção está ajustada, não há sobra”, avalia Folador.
Segundo o presidente, haverá uma acomodação de preços até o final de fevereiro. Já em março, as exportações tendem a fluir em volumes maiores e é o que vai determinar o ritmo dos preços do suíno vivo no mercado brasileiro.
“Precisamos ter cautela, avaliar, enfim, fazer da ‘porteira pra dentro’ aquilo que está em nossas mãos. Neste momento, o mercado está um pouco instável, não deixando condições de visualizarmos um cenário extremamente positivo. Estamos num cenário normal, com um pouco de aperto nesse momento”.
CUSTOS DE PRODUÇÃO
No primeiro semestre de 2017, os custos de produção se mantiveram em baixa pela grande oferta de milho e menores preços. O farelo de soja também permaneceu estável. Já no segundo semestre, devido à escassez do milho, houve alta nos custos de produção.
Em 2018, segundo Folador, haverá algumas variações nos custos de produção ao longo do ano, porém, nada muito anormal, como ocorreu com os preços do milho em 2015 e 2016. “Os custos de produção serão um pouco mais altos que no ano passado, em média, pois já entramos 2018 com preços maiores se comparados ao mesmo período de 2017”, analisa. Ele destaca a redução da área de plantio do milho no RS, Santa Catarina e Paraná, e, por outro lado, lembra que há grandes estoques de milho no Centro Oeste do Mato Grosso. “Mesmo com áreas reduzidas de plantio de milho da primeira safra, as lavouras estão boas e há pouca influência de quebra por questões climáticas, ocasionando um grande volume de estoque de milho no mercado interno”.
EXPORTAÇÕES E MERCADO INTERNO
Em 2017, os volumes de exportação foram bastante significativos, o que ocasionou na sustentação do mercado interno. Folador ressalta, no entanto, que esses volumes foram menores se comparados com 2016. Foram exportadas 683 mil toneladas em 2017 e 724 mil t em 2016 de carne suína brasileira. Uma queda de 5,62% no volume. O RS exportou 200 mil t em 2017 e 217 mil t em 2016. Queda de 7,7%.
Agora, a grande expectativa está no mercado russo, que impôs o embargo em dezembro do ano passado. “Com a retomada da Rússia, acredito que este continue sendo o principal mercado importador da carne suína brasileira. Em 2018, será muito importante manter o volume das exportações”, avalia.
Outra grande aposta é a recuperação do mercado interno. Segundo o dirigente, a economia começa a se recuperar, ainda de forma tímida, mas as expectativas e projeções ao longo de 2018 são de que essa recuperação seja mais intensa, ajudando muito no consumo interno. “Com mais recursos, mais geração de emprego e renda, o consumidor, com certeza, vai investir mais em alimentação e a carne suína já faz parte da dieta do brasileiro”.
Valdecir acredita que 2018 será um ano em que o mercado interno dará sustentação a preços e à rentabilidade do setor, com a exportação mantida em patamares elevados de volumes e de preços, gerando estabilidade econômica.
PRODUÇÃO
O aumento da produção será outro fator de grande influência em 2018. “Em 2017, crescemos pouco mais pouco mais de meio por cento em produção e isso é importante porque o mercado realmente estava estagnado”, diz.
Em 2018, segundo Folador, a suinocultura deve crescer entre 2% e 3% na produção, buscando mais ganhos de produtividade do que aumento de planteis. Ele ressalta a importância em se trabalhar com equilíbrio no aumento da produção para que o suinocultor não se depare com surpresas desagradáveis em relação à rentabilidade. “É bom que se aumente a produção, no entanto, não devemos produzir mais do que temos de capacidade de consumo, tanto com relação ao mercado interno quanto ao mercado externo”, orienta.
2018: O QUE VEM POR AÍ
Para Folador, de maneira geral, 2017 mostrou-se como um ano positivo, um ano que deixou rentabilidade ao suinocultor. “O produtor conseguiu cobrir os custos de produção e ter margem de ganho e isso é importante, pois fortalece o setor e, em especial, o próprio suinocultor”, afirma e complementa – “2016 já veio como um ano de recuperação, 2017 se manteve e a expectativa é de que 2018 também seja bastante razoável. Se ficar nos moldes de 2017 já será bom, positivo”.
O presidente ressalta que é preciso ter cautela, mas acredita na que 2018 será um ano rentável ao suinocultor, apesar de margens de ganho um pouco mais apertadas que 2017.