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PROBIÓTICOS E A SAÚDE INTESTINAL DE LEITÕES LACTENTES DE DIFERENTES LINHAGENS GENÉTICAS.

Publicado: 18 de março de 2016
Por: LISANDRO A. HAUPENTHAL, BRUNO S. VIEIRA, SÉRGIO S. UTUMI FILHO, JOÃO G. CARAMORI JÚNIOR, GERUSA S. S. CORRÊA Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – FAMEVZ/UFMT – Cuiabá/MT
Sumário

Com o objetivo de avaliar a saúde intest inal de leitões lactentes de 2 a 19 dias de idade, suplementados por via oral com diferentes soluções probióticas, 276 leitões foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 3, totalizando 6 tratamentos com 4 repetições cada, sendo os fatores: linhagem genética (raça pura Large White e cruzamento Landrace X Large White) e probiótico (controle sem probiótico, administração oral de cultura probiótica exclusivamente bacteriana, administração oral de cultura probiótica bacteriana com levedura). Foram avaliadas características morfo-histológicas da mucosa intestinal de duodeno, jejuno e íleo. Não houve interação significativa entre os fatores, nem efeito da linhagem genética, para as variáveis analisadas (P>0,05). Ambos os tratamentos com probiótico proporcionaram maior altura de vilosidade no duodeno. No jejuno, maior altura de vilosidade foi detectada no grupo tratado com cultura exclusivamente bacteriana. No íleo, de modo contrário, maiores valores de altura e perímetro de vilosidades foram observados no grupo controle. Frente ao exposto, conclui-se que os segmentos do intestino delgado respondem de maneira diferente aos probióticos e que, possivelmente, sua administração melhora os processos digestivos e absortivos no duodeno e jejuno de leitões em fase de aleitamento.

 

Palavras-chave: suíno, vilosidade, microbiota intestinal.

 
Introdução
Os sistemas tecnificados de criação de suínos estão em constante desafio sanitário, devido principalmente às altas pressões de infecção em virtude da elevada concentração de animais confinados. Os probióticos são considerados uma alternativa de prevenção de enfermidades entéricas, sendo constituídos por microrganismos vivos específicos, implantados no trato digestivo do animal, com objetivo de equilibrar a microbiota intestinal através da competição com agentes patogênicos, promovendo melhor aproveitamento dos alimentos e reduzindo a multiplicação de bacterias patogênicas neste meio. Diante do exposto, objetivou-se com este estudo avaliar os efeitos da suplementação de diferentes combinações de probióticos sobre a saúde intestinal de leitões lactentes puros Large White e cruzados Landrace X Large White.
 
Material e Métodos
Um experimento foi realizado no período de Julho e Agosto de 2012, na maternidade de uma granja multiplicadora de suínos no médio norte do estado de Mato Grosso. Foram utilizados 276 leitões com duas origens genéticas distintas, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 3, totalizando 6 tratamentos com quatro repetições cada, sendo os fatores: linhagem genética (raça pura Large White - LW e cruzamento Landrace X Large White - LR X LW) e probiótico (controle sem probiótico, administração oral de cultura probiótica exclusivamente bacteriana, administração oral de cultura probiótica bacteriana com levedura). O probiótico composto exclusivamente por bactérias apresentava em sua composição Lactobacillus plantarum (2,0 x 106 ufc/g), Lactobacillus casei (1,0 x 106 ufc/g), Lactobacillus gasseri (1,0 x 106 ufc/g) e Enterococcus faecium (1,0 x 106 ufc/g). O probiótico composto por bactérias e levedura apresentava em sua composição Bifidobacterium bifidum (3,33 x 106 ufc/g), Lactobacillus acidophilus (3,33 x 106 ufc/g), Lactobacillus plantarum (1,66 x 106 ufc/g), Enterococcus faecium (1,66 x 106 ufc/g) e Sacharomyces cerevisae (3,33 x 105 ufc/g).
 
Para formação das parcelas experimentais, no segundo dia de vida, 130 leitões de raça pura Large White e 146 leitões do cruzamento Landrace X Large White foram distribuídos em 24 matrizes puras da raça Large White, alojadas em uma mesma sala de maternidade. Desta forma, cada uma das 24 leitegadas constituiu uma unidade experimental. A cada um dos leitões, exceto aos componentes do grupo controle, foi então administrado, por via oral, a solução probiótica correspondente. Em média, foram distribuídos 11,5 leitões por matriz, com peso médio inicial da leitegada de 18,98 Kg.
 
Durante todo o período experimental, os leitões tiveram livre acesso à água, sendo que ração, livre de promotores de crescimento, foi fornecida a partir do oitavo dia do experimento. Aos 19 dias de idade, um leitão de cada parcela experimental foi sacrificado e segmentos do duodeno, jejuno e íleo foram coletados para confecção de lâminas histológicas. Imagens digitalizadas dos cortes histológicos foram obtidas por meio de uma câmera fotográfica digital acoplada a um microscópio binocular. Tais imagens foram utilizadas para as mensurações de altura e largura média de vilosidade, profundidade média de cripta e perímetro médio de vilosidade para cada segmento intestinal.
 
Os dados foram analisados quanto à normalidade dos erros studentizados e homogeneidade de variâncias. Atendidas tais pressuposições, foram submetidos à análise de variância e, em caso de diferença significativa, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (5%).
 
Resultados e Discussão
Não houve interação significativa entre os fatores, nem efeito de linhagem genética, para as variáveis analisadas (P>0.05). Ambos os tratamentos com probiótico proporcionaram maior altura de vilosidade no duodeno. No jejuno, maior altura de vilosidade foi detectada no grupo tratado com cultura exclusivamente bacteriana. No íleo, de modo contrário, maiores valores de altura e perímetro de vilosidades foram observados no grupo controle (Tabela 1).
 
Tais achados demonstram que os segmentos intestinais avaliados respondem de maneira diferente à administração de probióticos. Alterações na composição da microbiota de cada segmento intestinal podem ser responsáveis por esse comportamento, uma vez que, segundo Di Giancamillo et al. (2008), a microbiota local interfere de maneira significativa sobre a replicação de microorganismos patogênicos e a integridade da mucosa intestinal. Tal afirmação poderia justificar não só os nossos achados, mas também auxiliar na interpretação dos resultados discrepantes encontrados na literatura em relação às características morfológicas intestinais de suínos submetidos à administração de probióticos (Missoten et al., 2015; Bosi e Trevisi, 2010). Diferentes respostas entre segmentos intestinais frente à administração de probióticos também foram relatadas por Yang et al. (2013).
 
Sabe-se que a conformação das vilosidades intestinais é um bom indicador da capacidade absortiva do intestino (Pluske et al., 1997). Neste sentido, podemos inferir que a administração dos probióticos melhorou a capacidade absortiva do duodeno e jejuno dos leitões. Esta resposta é bastante interessante do ponto de vista zootécnico e pode ter contribuído para o melhor ganho de peso médio diário observado também nestes animais (dados não apresentados).
 
Em resumo, nossos achados indicam que ainda há muito para se elucidar dos efeitos dos probióticos sobre a saúde intestinal de leitões e seus potenciais benefícios sobre os processos digestivo e absortivo dos animais.
 
Tabela 1 – Morfometria intestinal de leitões em lactação submetidos à administração oral de diferentes culturas probióticas.
PROBIÓTICOS E A SAÚDE INTESTINAL DE LEITÕES LACTENTES DE DIFERENTES LINHAGENS GENÉTICAS. - Image 1Médias seguidas de mesma letra, na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%).
1 DPr = Desvio Padrão Residual.
 
Conclusões
Os segmentos do intestino delgado respondem de maneira diferente aos probióticos e, possivelmente, sua administração melhora os processos digestivos e absortivos no duodeno e jejuno de leitões em fase de aleitamento.
 
Referências bibliográficas
1. BOSI, P.; TREVISI, P. New topics and limits related to the use of beneficial microbes in pig feeding. Beneficial Microbes, 1(4): 447-454, 2010.
2. DI GIANCAMILLO, A.; VITARI, F.; SAVOINI, G.; BONTEMPO, V.; BERSANI, C.; DELL?ORTO, V.; DOMENEGHINI, C. Effects of orally administred probiotic Pedicoccus acidilactic on the small and large intestine of weaning piglets. A qualitative and quantitative micro-anatomical study. Histology and Histopathology, 23: 651-664, 2008.
3. MISSOTEN, J. A.; MICHIELS, J.; DEGROOTE, J.; DE SMET, S. Fermented liquid feed for pigs: na ancient technique for the future. Journal of Animal Science and Technology, 6(1): 4. doi: 10.1186/2049-1891-6-4, 2015.
4. PLUSKE, J. R.; HAMPSON, D. J.; WILLIAMS, I. H. Factors influencing the structure and function of the small intestine in the weaned pig: a review. Livestock Production Science, 51: 215–236, 1997. YANG , K. M.; JIANG, Z. Y.; ZHENG, C. T.; WANG, L.; YANG, X. F. Effect of Lactobacillus plantarum on diarrhea and intestinal barrier function os young piglets chalanged with enterotoxigenic Escherichia coli K88. Journal of Animal Science, 92(4): 1496-503, 2014.

***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
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