Explorar

Comunidades em Português

Anuncie na Engormix

POTENCIALIZAÇÃO DO GANHO DE PESO COMPENSATÓRIO E DA EFICIÊNCIA ALIMENTAR COM O USO DE RACTOPAMINA EM SUÍNOS .

Publicado: 12 de maio de 2016
Por: ESPERANÇA M. J. BARBOSA1*, EDUARDO R. OLIVEIRA2, GIOVANI FREDERICO2, CATIA C. P. BARATA2, CAIO A. SILVA2. 1Instituto Federal do Maranhão – IFMA – São Luis/MA – 2Centro de Ciências Agrárias – DZO/UEL – Londrina/PR
Sumário

Objetivou-se avaliar os possíveis efeitos da potencialização da indução do ganho compensatório associado com o uso de 10 ppm de ractopamina (RAC), após um manejo alimentar de restrição quantitativa em suínos em terminação sobre parâmetros de desempenho e carcaça. Foram utilizados 40 animais (20 machos castrados e 20 fêmeas), com 110 dias de idade média e 66,137 ± 6,13 kg de peso vivo, submetidos a quatro tratamentos: T1- controle, dieta sem RAC e fornecida à vontade durante todo o período experimental (42 dias); T2 - controle + RAC (dieta controle fornecida a vontade durante toda fase experimental e suplementada com 10ppm de RAC durante os 21 dias préabate); T3- dieta fornecida sob restrição de 20% em relação ao grupo controle (T1), nos primeiros 21dias e ração sem RAC nos 21 dias pré-abate; T4- dieta fornecida sob restrição de 20% em relação ao grupo controle (T1) e ração com 10 ppm de ractopamina 21dias pré-abate. O delineamento foi em blocos ao acaso, fatorial 2x2, sendo cada animal considerado uma unidade experimental, com 10 repetições por tratamento. Houve ganho compensatório com efeitos marcantes para o grupo que recebeu ractopamina após esta fase de restrição, com destaque à melhora da conversão alimentar. Os parâmetros quantitativos de carcaça apresentaram um comportamento identificado com o desempenho zootécnico. Provou-se como efetivo e sinérgico o uso de ractopamina no período pós-restrição alimentar para suínos em fase de terminação.

 

Palavras-chave: Beta-adrenérgico; ganho de peso; gordura.

 
Introdução
Nas fases de crescimento e terminação os gastos com a alimentação são expressivos, levando regularmente à tentativas de adoção de procedimentos de manejo e nutricionais que, dentro das condições permitidas e esquiveis nas granjas e nas empresas, vem minimizar estes custos. Destacam-se, entre outros, a restrição alimentar, o ganho compensatório e o uso de ractopamina. Os manejos alimentares que buscam o ganho compensatório em suínos mostram-se comumente efetivos, com melhora nos índices econômicos (HANSEN, THERKILDSEN; BYRNE, 2006; PURSLOW et al., 2012). Também a ractopamina tem comprovadamente marcantes resultados no desempenho, nas características de carcaça e na economia do sistema, sendo amplamente utilizada. A amplitude de sua resposta está em função da dose empregada (STHALY, 1990), do suporte de substrato (WEBSTER et al., 2002; SCHINCKEL et al., 2003), e dos aportes nutricionais, principalmente proteína bruta e aminoácidos (WILLIANS et al., 1994). Marinho et al., (2007) tratam que uma suplementação extra deste nutrientes melhora a eficiência da droga na deposição de tecido magro e na lipólise. Todavia, não há uma definição do melhor nível destes nutrientes, embora haja uma conduta generalizada prática de uso de níveis superiores destes nas rações finais da fase de engorda. Reconhecido o efeito do consumo compensatório após períodos de restrição alimentar e do comportamento da ractopamina, objetivou-se neste trabalho potencializar os índices de desempenho e carcaça pelo uso simultâneo destes recursos, sendo hipotetizado que sob um consumo superior de ração, decorrente do consumo compensatório, a ractopamina (RAC) presente na ração encontraria um nível maior de substratos para incrementar sua ação.
 
Material e Métodos
Foram utilizados 40 suínos comerciais (PIC X Danbred), 20 machos castrados e 20 fêmeas, com 110 dias de idade média e 66,137 ± 6,13 kg de peso vivo, alojados individualmente. Os animais foram distribuídos em blocos ao acaso, num arranjo fatorial 2x2 (2 manejos alimentares, à vontade ou restrito, e com ou sem RAC), totalizando dez repetições por tratamento, sendo o animal a unidade experimental. Os tratamentos corresponderam a T1- controle, dieta sem RAC e fornecida à vontade, durante todo o período experimental (42 dias); T2 - controle + RAC (dieta controle fornecida a vontade durante toda fase experimental e suplementada com 10ppm de RAC durante os 21 dias préabate); T3- dieta fornecida em restrição de 20% em relação ao grupo controle (T1), nos primeiros 21dias e ração sem RAC nos 21 dias pré-abate; T4 - dieta fornecida em restrição de 20% em relação ao grupo controle (T1) e ração com 10ppm de ractopamina 21dias pré-abate. Para avaliação de desempenho os animais foram pesados no início do experimento e a cada 21 dias, totalizando 3 pesagens. Após o período de restrição, os animais receberam ração ad libitum até o momento do abate. O abate foi realizado aos 152 dias de idade. Foram avaliados o peso da carcaça quente, peso da carcaça fria, rendimento de carcaça, comprimento de carcaça, espessura de toucinho, profundidade do músculo L. dorsi e área de olho de lombo (BRIDI e SILVA, 2009). O rendimento e a quantidade de carne na carcaça foram estimados segundo Guidoni (2000). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey.
 
Resultados e Discussão
Os resultados de desempenho estão demonstrados na Tabela 1.
 
Tabela 1- Peso inicial (PI), consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP), conversão alimentar (CA) e peso final (PF) de suínos submetidos aos programas de alimentação com e sem restrição e à inclusão ou não de ractopamina (valores expressos em kg).
POTENCIALIZAÇÃO DO GANHO DE PESO COMPENSATÓRIO E DA EFICIÊNCIA ALIMENTAR COM O USO DE RACTOPAMINA EM SUÍNOS . - Image 1*P representa o valor para cada fator; amédias seguidas de letras indicam diferença pelo teste de Dunnet a 5%.
 
Na primeira fase houve efeito do fator restrição para o consumo diário de ração (CDR) e para o ganho de peso (GDP). Ao se comparar as médias com o grupo controle (sem restrição e sem RAC) ficam evidentes as diferenças para os grupos que submetidos à restrição. Na segunda fase (21 dias antes do abate) houve efeito para os fatores com vantagens para as mesmas variáveis para o fator RAC; e para a conversão alimentar (CA) para o fator restrição. Considerando os resultados por grupo, o efeito da RAC sobrepôs o efeito da restrição para a variável GDP, sendo ainda mais efetivo para aquele grupo que após ser submetido à restrição recebeu a droga, sinalizando uma potencialização dos efeitos. Considerando as médias somente, houve diferença para a CA, sendo esta melhor para o grupo que recebeu a restrição e depois foi submetido à ração com RAC, identificando-se com as afirmações de Hansen et al. (2006) e Purslow et al.(2012), quanto ao manejo de restrição, e a Marinho et al. (2007), que descreveram que um maior aporte de nutrientes aumenta os efeitos da RAC, neste caso determinada pelo maior consumo decorrente do manejo de alimentação pós-restrição O mesmo quadro foi verificado todo o período experimental, o que corrobora com a sinergia dos manejos para os parâmetros GDP e CA. Nesta etapa também houve efeito do fator RAC. Na Tabela 2 observam-se os resultados de carcaça, com efeito somente para o fator RAC para as variáveis peso da carcaça quente (PCQ) e resfriada (PCR), área de olho de lombo e profundidade do músculo L. dorsi (PM). Considerando a comparação das médias dos grupos com relação ao grupo controle (sem restrição e sem RAC), as diferenças (P<0,05) estão presentes a favor das variáveis PCQ, PCR e PM, sendo os grupos tratados com RAC melhores. Em geral os resultados convalidam os melhores efeitos obtidos no desempenho.
 
Tabela 2 - Valores médios de características quantitativas de carcaça de suínos submetidos ao ganho compensatório tratados ou não com ractopamina durante 42 dias experimentais.
POTENCIALIZAÇÃO DO GANHO DE PESO COMPENSATÓRIO E DA EFICIÊNCIA ALIMENTAR COM O USO DE RACTOPAMINA EM SUÍNOS . - Image 2*P representa o valor para cada fator; amédias seguidas de letras indicam diferença pelo teste de Dunnet a 5%.
 
Conclusão
O uso da ractopamina após um período de restrição alimentar quantitativa, visando ganho compensatório, potencializa o ganho de peso e especialmente a conversão alimentar, com reflexos positivos nas características de carcaça.
 
Referências Bibliográficas
1. BRIDI, A. M.; SILVA, C. A. Avaliação da carcaça e da carne suína. 2. Ed. Londrina: Ph Editora, 2009. 120 p.
2. GUIDONI, A.L. Melhoria de processos para tipificação e valorização de carcaças suínas no Brasil. In: CONFERENCIA INTERNACIONAL VIRTUAL SOBRE A QUALIDADE DE CARNE SUÍNA, 2000, Concórdia. Anais... Concórdia: EMBRAPA-CNPSA, 2000, p.221-234.
3. HANSEN, S.; THERKILDSEN,M.; BYRNE, D.V. Effects of a compensatory growth strategy on sensory and physical properties of meat from young bulls. Meat Science, v.74, p.628-643, 2006.
4. MARINHO, P.C.; FONTES, D.O.; SILVA, F.C.O.; SILVA, M.A.; PEREIRA, F.A.;AROUCA, C.L.C. Efeito da ractopamina e de métodos de formulação de dietas sobre o desempenho e as características de carcaça de suínos machos castrados em terminação.Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, n.4, p. 1061-1068, 2007.
5. PURSLOW, P.P.; ARCHILE-CONTRERAS, A.C.; CHA, M.C. Manipulating meat tenderness by increasing the turnover of intramuscular connective tissue. Journal of Animal Science, v.90, p.950-959, 2012.
 
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
Tópicos relacionados:
Autores:
Esperança Maria de Jesus Barbosa
IFMS - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
IFMS - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Prof. Dr. Caio Abércio Silva
Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Giovani Frederico
Recomendar
Comentário
Compartilhar
Profile picture
Quer comentar sobre outro tema? Crie uma nova publicação para dialogar com especialistas da comunidade.
Usuários destacados em Suinocultura
S. Maria Mendoza
S. Maria Mendoza
Evonik Animal Nutrition
Evonik Animal Nutrition
Gerente de Investigación
Estados Unidos
Ricardo Lippke
Ricardo Lippke
Boehringer Ingelheim
Estados Unidos
Uislei Orlando
Uislei Orlando
PIC Genetics
Director global de nutrición en PIC®
Estados Unidos
Junte-se à Engormix e faça parte da maior rede social agrícola do mundo.