Palavras-chave: distúrbios, enfermidades respiratórias, melhoramento genético.
Introdução
Nos últimos anos tem-se observado aumento na incidência de prolapso retal em suínos, esse distúrbio vem se tornando constante em animais durante a fase de terminação. No prolapso retal, uma porção do reto invagina e é exteriorizada pelo ânus, esta porção ao transpassar o esfíncter anal logo fica edemaciada, podendo apresentar feridas (4). Muitas destas ocorrências se devem ao grande avanço do melhoramento genético dos animais aliado à nutrição de precisão, proporcionando às linhagens atuais de suínos, alta velocidade de crescimento, que em termos de parâmetros zootécnicos significa alta taxa de ganho de peso e menor conversão alimentar. Por outro lado, essa intensa velocidade de crescimento tornou os suínos das linhagens atuais predisponentes a distúrbios metabólicos. Entretanto, existe uma somatória de fatores que podem desencadear o prolapso retal como a presença da micotoxina zearalenona nas dietas (3), problemas de constipação, excesso de lotação em baias, excesso de umidade e fezes nas baias, contaminação bacteriana, alterações bruscas na temperatura e enfermidades respiratórias (4).
Material e métodos
O caso clínico sugestivo de prolapso retal a ser relatado passou-se em uma granja comercial que alojava um lote misto de 850 suínos (50% fêmeas e 50% machos castrados) na fase de terminação (52 a 165 dias de idade). Todos os animais permaneceram 113 dias na granja. O ambiente e o manejo foram os mesmos empregados em lotes anteriormente alojados na granja.
Resultados e discussão
Dos 850 animais, oito apresentaram prolapso retal, representando 0,94% dos animais alojados, sendo que destes, 75% eram machos (seis suínos). Portanto, perece que o prolapso retal tende a acometer mais suínos machos que fêmeas. Sabe-se que em criações de frangos de corte, os transtornos metabólicos acometem 70% mais machos que fêmeas (1); e que isso tem estreita relação com a maior taxa de crescimento, além de maior voracidade e capacidade de consumo de ração dos machos em relação às fêmeas. Portanto, tal hipótese pode explicar a maior incidência de prolapso retal em suínos machos, neste relato de caso. Nos suínos com prolapso, realizou-se a reposição da porção prolapsada, sendo que nesta não havia feridas. Para efetuar a reposição, primeiramente realizou-se cuidadosa massagem, na qual a porção caudal do animal foi mantida levantada. Durante o procedimento fez-se necessário também o uso de lubrificante para a reposição do prolapso. Por último, realizou-se sutura em forma de bolsa de tabaco à volta do ânus, com intuito de evitar que o reto voltasse a prolapsar (4). Para alguns pesquisadores, a técnica cirúrgica descrita para a reconstituição do músculo esfíncter anal externo ainda necessita de investigações, pois foram constatadas complicações advindas destes procedimentos (5). No entanto, os resultados deste procedimento, no presente relato de caso, foram favoráveis, uma vez que os animais submetidos ao procedimento alcançaram o período final de alojamento sem apresentar perda aparente no desempenho em relação aos demais animais do lote. Durante a anamnese do lote, constatou-se que os animais foram também acometidos por pneumonia enzootica, que pode ter influenciado diretamente os casos de prolapso de reto observados. Em estudos foi relatado que o prolapso retal é comum em animais acima de 22,5 kg e que tal distúrbio parece sim ter uma relação com a tosse intensa e/ou irritação da mucosa do reto provocada por fezes brandas (4). Segundo alguns pesquisadores, além do tratamento e da observação de fatores peculiares para cada caso de prolapso retal, não se considera necessário implementar qualquer medida de controle ou prevenção específica para os casos esporádicos de prolapso retal (2). No entanto, sabe-se que a perda de oito animais já resulta uma diminuição no retorno econômico do produtor; assim, acredita-se que é necessário identificar a causa e os fatores predisponentes de cada caso de prolapso retal em granjas suinícolas.
Conclusões
A incidência de prolapso retal em suínos em granjas de terminação está aumentando progressivamente e, geralmente, está associada a problemas de ambiência e enfermidades respiratórias. Este distúrbio diminui o retorno econômico dos produtores de suínos, sendo necessário o desenvolvimento de pesquisas científicas para elucidar as causas e, consequentemente, formas de prevenção.
Referências
1. BRITO, A. B; CARRER, S. da C.; VIANA, A. Distúrbios metabólicos em frangos: ênfase em ascite e morte súbita. In: CONGRESSO LATINO AMERICANO DE NUTRIÇÃO ANIMAL, 4, 2010, Estância de São Pedro, SP. Anais... Estância de São Pedro: Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, 2010. p.35-35.
2. CARREIRA, L. C. F. Patologias mais relevantes nos suínos criados em sistemas de produção intensiva no concelho de leira. 2011. 128 f. Dissertação (Mestrado) – Medicina Veterinária, Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2011.
3. DILKIN, P. Micotoxicose Suína: Aspectos Preventivos, Clínicos e Patológicos. Biológico, v.64, n.2, p.187-191, 2002.
4. PLONAIT, H.; BICKHARDT, K. Manual de las enfermedades del cerdo. 2. ed. Zaragoza: Editorial Acribia, 2001.
5. RODASKI, S. et al. Mioplastia experimental do esfíncter anal externo com fascia lata autóloga. Archives of Veterinary Science, v.5, p.49-54, 2000.
***Anais da IX Jornada de Iniciação Científica (JINC) - Embrapa / Concórdia, SC 2015.