Introdução
O uso de melhoradores de desempenho naturais na substituição de antimicrobianos químicos, vem ganhando destaque na suinocultura no decorrer dos últimos anos. Dentre estes produtos disponíveis no mercado, temos os prebióticos.
Como definição, prebióticos são ingredientes seletivamente fermentados, que resultam em alterações específicas na composição e/ou atividade da microbiota gastrointestinal, assim proporcionando benefícios para a saúde do hospedeiro (2).
O presente estudo teve por objetivo avaliar os efeitos de um prebiótico composto por fermentação de cultivos puros de bactérias saprófitas inativadas (Bacillus subtilis) e parede celular de levedura, quanto aos parâmetros produtivos em leitões durante a fase de maternidade, tais como, ganho de peso, ocorrência de doenças, medicação e mortalidade.
De acordo com Hooge, 2003 (3) a fração externa da parede celular de levedura (mananoligossacarídeos – MOS) foi introduzida como um aditivo alimentar na produção animal há mais de 10 anos. Sua ação é baseada na adsorção de bactérias patogênicas com fímbrias tipo 1 (5), melhora da saúde intestinal (4) e modulação do tecido linfoide associado ao intestino (GALT) atuando como antígeno microbiano não patogênico (1).
Material e métodos
Foram selecionadas 20 matrizes nulíparas e multíparas (TOPIGS TN70), distribuídas de forma homogênea em 2 grupos (Tratamento e Controle) levando em consideração sua ordem de parto (1-8). Todos os leitões nascidos vivos das matrizes selecionadas foram pesados no momento do nascimento, identificados com brincos numerados e registrados em planilhas.
Leitões pertencentes ao grupo Tratamento receberam por via oral através de um frasco estilo pig doser, 2 ml do prebiótico logo após o nascimento e aos 14 dias de vida.
Nos leitões do grupo Controle não houve fornecimento do prebiótico. Estes receberam no terceiro dia de vida, 0,3 ml de Excede® (ácido livre cristalino de ceftiofur) pela via intramuscular.
Os leitões foram manejados de acordo com o procedimento padrão da granja: enxugados com pó secante ao nascer, tiveram os umbigos amarrados e desinfetados com iodo, foram estimulados à ingestão do colostro, corte de cauda, desgaste de dente, submetidos à classificação, aplicação intramuscular de ferro dextrano, e, os machos castrados cirurgicamente. Tiveram livre acesso ao leite materno e à água de bebida. A partir do sétimo dia de vida, receberam suplementação em comedouros com ração pré-inicial (creep-feeding).
Ao final do período de lactação (22 dias), todos os leitões foram novamente pesados individualmente e as anotações feitas em planilhas, possibilitando a posterior avaliação do desempenho dos leitões em cada um dos grupos. Foram comparadas as seguintes variáveis: peso médio ao nascer, peso médio ao desmame, ganho médio de peso, ganho médio de peso diário, mortalidade e necessidade de medicação.
Resultados e discussão
No total foram avaliados 313 leitões nascidos vivos, ficando o grupo Tratamento com 173 leitões e o grupo Controle com 140 leitões. Esta diferença ocorreu ao acaso e pode ser justificada pelo fato de que, as 4 fêmeas de primeiro parto do grupo Tratamento tiveram um total de 68 leitões nascidos vivos, enquanto que nas 4 fêmeas de primeiro parto do grupo Controle, este número foi de 46 leitões.
As variáveis peso médio ao nascer, ganho de peso médio diário, ganho de peso médio e peso médio ao desmame, foram testadas quanto à normalidade de resíduos para depois proceder a análise de variância em delineamento inteiramente casualizado. Por se tratar da comparação de dois tratamentos, foi realizado o Teste de Fisher-Snedecor (p< 0,05).
O peso médio ao nascer dos leitões avaliados foi superior no grupo Controle, possivelmente pelo menor número de leitões nascidos vivos neste grupo em questão (Tabela 1).
Tabela 1: Desempenho produtivo dos leitões comparando o grupo Tratamento e Controle.
Analisando o desempenho dos leitões houve diferença significativa no ganho de peso médio diário dos leitões entre os grupos. Os leitões do grupo Tratamento ganharam em média 231g por dia, enquanto os leitões pertencentes ao grupo Controle, 203g.
O ganho de peso médio no período em questão foi significativamente melhor nos leitões do grupo Tratamento (5,253kg) quando comparado aos do grupo Controle (4,541kg).
Como consequência, para o peso médio ao desmame houve diferença entre os grupos. Os leitões do grupo Tratamento apresentaram maior peso médio (6,578 kg) em relação ao grupo Controle (5,933 kg). Embora os leitões do grupo Tratamento tenham apresentado um menor peso médio ao nascer, no momento do desmame foram registrados pesos superiores comparados ao grupo Controle, numérica e estatisticamente.
Com relação à mortalidade de leitões, no grupo Tratamento ocorreram 19 mortes (10,98%), enquanto no grupo Controle esse número foi menor, totalizando 11 leitões (7,86%). Esta diferença na mortalidade (maioria por refugagem) se justificou pela maior necessidade de transferência de leitões, e a matriz 0594 (grupo Tratamento) teve redução na produção de leite, o que fez com que leitões viessem a morrer.
No que se refere à medicação de leitões, no grupo Controle ocorreu diarreia nos 14 leitões de uma única matriz (4837), enquanto houve necessidade de medicar somente 3 leitões pertencentes ao grupo Tratamento devido à ocorrência de encefalite.
Conclusão
Os resultados do presente experimento demonstraram uma significativa melhoria no desempenho de leitões submetidos à ingestão do prebiótico em questão. As diferenças numéricas e estatísticas dos índices verificados entre os grupos avaliados foram significativas.
O melhor desempenho produtivo dos leitões é justificado pelos benefícios diretos que o prebiótico causa a nível de qualidade intestinal. Mesmo sem a aplicação do antibiótico Excede® aos 3 dias de vida de forma preventiva, os leitões do grupo Tratamento demonstraram melhor desempenho produtivo.
Esse artigo foi originalmente publicado emSimpósio Internacional de Suinocultura (12. : 2019 : Porto Alegre, RS). Avanços em sanidade, produção e reprodução de suínos IV (Anais do XII SINSUI – Simpósio Internacional de Suinocultura), Porto Alegre, maio de 2019.( https://www.conferencebr.com/conteudo/arquivo/anais-xii-sinsui-2019-1634570862.pdf) pag 212.