Olá, Comunidade Engormix.
Gostaria de colocar em pauta o asunto: fatores responsáveis pelo estresse pré-abate de suínos.
Segundo os profissionais da área, quais os principais procedimentos de manejo pré-abate devem ser seguidos pelo suinocultor para evitar o estresse do animal ?
Obrigada.
Entre os principais fatores que estão relacionados e influenciam estresse pré-abate e consequentemente a posterior qualidade da carne pode-se citar e comentar .
Jejum Alimentar que diminui a incidência de carne PSE, melhora a cor, maciez e capacidade de retenção de água da carne.
A carne PSE é o principal problema ocasionado pelo estresse pré-abate, esta sigla significa a carne que apresentra pálida, mole e exsudativa, ou seja perde muita água.
Coleta e Embarque dos Animais , onde há o maior contato homen-animal , onde então deve-se atuar com calma sem assustar, bater seguindo as normas de condução com bem-estar.
O transporte , distância , condições do caminhão, treinamento do motorista e lotação .
Desembarque e condução que seguem os mesmos preceitos do embarque.
E o tempo de espera e o método de insensibilização.
Acredito que estes sejam os pontos mais criticos do manejo pré-abate .
Podemos discutir um a um agora, acho .
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Vivian Ochove
23 de agosto de 2010
Complementando sobre o assunto temos outros fatores que também influenciam no estresse pré abate como: tempo de transporte, densidade no caminhão, temperatura ambiente, utilização de bastão elétrico, mistura de lotes pré-embarque, genética, manejo inadequado dos animais, tempo de descanso pré abate, tipo de insensibilização entre outros. Estes fatores quando não tratados com devida importância implicarão, além do estresse, em uma série de eventos fisiológicos decorrentes desse desconforto sofrido pelos animais, como a liberação de catecolaminas (adrenalina/ noradrenalina), hormônios como cortisol e enzimas como CPK( creatina fosfoquinase) e LDH (lactato desidrogenase) que, além de implicarem em carne de má qualidade, também acarretará prejuizos para indústria que perderá em rendimento de carcaça, pela maior perda de água por exsudação, menor shelf life, ou seja, menor vida de prateleira gerando com isso uma má impressão do seu produto.
Srs.
Tudo o que foi citado pela colega Dra. Vivian, é de suma importância e pode ser verificado tanto a nível de linha de abate como no produto final -prato do consumidor -.
Mas...existem algumas situações que devem ser levadas em consideração.
As plantas frigoríficas em geral distam há mais de 200 quilômetros em média, das unidades produtoras de suinos. As estradas rurais em geral não apresentam condições ideiais para o transporte dos suinos. Os caminhões não estão equipados de acordo com o praticado na C.E. . Os motoristas não são treinados para trasnportar com eficácia os animais, assim como não são orientados em relação a possíveis desastres. Qual seja, não existe hoje no Brasil um Protocolo específico para o transporte de suínos. Em geral as distâncias aliadas ao péssimo estado das estradas, que acarretam horas de transporte além do necessário, que resultam no comprometimento organoléptico e bromatológico. Outro fator que influencia na qualidade final da carne do suíno abatido é a falta de um planejamento macro em relação aos centros produtores, industriais e consumidores. A ABNT deverá ser o fórum maior para que se possam formatar as Normas para transporte de suínos.
Quanto aos fatores de jejum prévio, estresse, contusões e luxações que ocorrem normalmente(?) nos dias atuais, estes deveriam ser analisados como possíveis de serem mitigados, desde que se adotem Protocolos e Normas para o transporte de suínos. O sistema atual é igual aos dos anos de 1950. Nestes 60 anos em nada melhorou o transporte de suínos, razão pela qual nos estudos da Dra. Vivian pode-se encontrar o ponto de partida para a resolução do problema.
Acredito que a C.E. tem hoje um dos melhores sistemas de abate de suinos e um sistema de produção integrada de acordo com a escala de abate dos frigorificos.
Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.