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OCORRÊNCIA DE PNEUMONIA ENZOÓTICA SUÍNA EM UM FRIGORÍFICO DA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO PARANÁ

Publicado: 10 de outubro de 2016
Por: PAULO HENRIQUE SPOSITO¹, GILNEIA DA ROSA², JONATHAN SOARES DE LIMA¹, LUIZ SERGIO MERLINI³ ¹ Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Paranaense, Bolsista PIBIC/UNIPAR; ²Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Paranaense, Bolsista PEBIC/CNPQ; ³Docente Mestrado em Ciência Animal da Universidade Paranaense- UNIPAR.
Sumário

O Mycoplasma hyopneumoniae é o agente infeccioso da Pneumonia Enzoótica, doença crônica, muito contagiosa, que acomete o sistema respiratório dos suínos, as enfermedades respiratórias acarretam em severos prejuízos econômicos devido ao retardo no crescimento. Além disto, perdas consideráveis podem ser observadas nos abatedouros. Este trabalho teve como objetivo avaliar a prevalência de Pneumonia Enzoótica em 1.448,597 suínos abatidos em um Frigorífico localizado na Região Noroeste do Estado do Paraná, no período de janeiro de 2010 a abril de 2015, regulamentado com o Serviço de Inspeção Federal.

 

Palavra-Chave: Pneumonia Enzoótica, Suínos, Abatidos.

 
Introdução
A carne suína é a proteína animal mais consumida em todo o mundo, e o Brasil é o quarto maior produtor e exportador mundial (ABIPECS, 2012). O rebanho nacional de suínos no ano de 2012 foi 38,796 milhões de cabeças. O Paraná é composto por 5,52 milhões de cabeças sendo o terceiro maior rebanho nacional e a sua maior concentração de animais está na cidade de Toledo, Paraná, representando 9,9% do rebanho total. (IBGE,2012).
 
A Pneumonia Enzoótica é uma doença crônica infecciosa, muito contagiosa, que acomete o sistema respiratório dos suínos, causando danos aos cílios e ao epitélio da cavidade respiratória, tendo um agente primário o Mycoplasma hyopneumoniae, facilitando a entrada de agentes bacterianos secundários (ALBERTON; MORES, 2008).
 
A transmissão ocorre por contato direto, indireto e, principalmente, por meio de aerossóis eliminados durante os acessos de tosse. Afeta apenas a espécie suína, podendo atingir animais de todas as idades, porém a forma clínica da doença é mais comum nos animais em fase de crescimento e terminação (CONCEIÇÃO; DELLAGOSTIN, 2006; MAES et al., 2008).
 
As enfermidades respiratórias acarretam em severos prejuízos econômicos devido ao retardo no crescimento, gastos com fármacos assim como pela mortalidade de suínos ao longo de todas as etapas de produção. Além disto, perdas consideráveis podem ser observadas nos abatedouros, devido a alterações anatomopatológicas macroscópicas que levam a condenação ou aproveitamento condicional da carcaça ou parte desta (KICH; PONTES, 2011).
 
Este trabalho teve como objetivo avaliar a prevalência de Pneumonia Enzoótica em 1.448,597 animais abatidos em um Frigorífico localizado na Região Noroeste do Estado do Paraná.
 
Matérias e Métodos
Este trabalho avaliou os dados coletados pelo Serviço de Inspeção Federal de um frigorífico localizado na Região Noroeste do Estado do Paraná, Os dados avaliados foram no período de janeiro de 2010 a abril de 2015, num total de 1.448,597 animais abatidos, com peso média 100 kg e de ambos os sexo, oriundos dos estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
 
Após o abate, na linha D (linha de inspeção de pulmão e fígado), a técnica de inspeção dos pulmões consiste no exame visual da superfície dos pulmões, traquéia e esôfago, em seguida os pulmões foram identificados e examinados, e os aspectos morfológicos anotados em protocolo próprio. Baseado no aspecto macroscópico foi realizado o diagnóstico de Pneumonia Enzoótica, caracterizado por áreas de consolidação, de coloração vermelho púrpura nas regiões crânio ventral do pulmão, que são bem delimitadas do tecido normal.
 
Resultados e Discussão
Pode se verificar no quadro 1, um total de 1.448,597 animais avaliados pelo Serviço de Inspeção Federal, que os animais que apresentaram lesões pulmonares macroscópicas de pneumonia enzoótica foram um total de 138,221 animais, equivalendo a 9,55% dos animais abatidos. Este percentual é baixo, devemos realizar exames sorológicos nos animais para confirmação do agente e diferenciar granjas positivas para doença e tomar medidas de controle da doença.
 
Quadro 1 – Correlação entre animais abatidos e aos animais que apresentaram lesões por ano de Pneumonia Enzoótica na Região Noroeste do estado do Paraná, no período de janeiro de 2010 a abril 2015.
OCORRÊNCIA DE PNEUMONIA ENZOÓTICA SUÍNA EM UM FRIGORÍFICO DA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO PARANÁ - Image 1
 
No estudo realizado por Sobestiansky et al., (1999) que avaliaram os pulmões e os cornetos nasais dos animais da região sul do Brasil, que representa 50% do rebanho nacional de suínos. Nos seus resultados a Pneumonia Enzoótica apresentou 54,8% dos animais infectados e no estado do Paraná obteve 55,3% dos animais infectados. Ao compararmos estes dados com os de Silva et al., (2001) que analisaram na região Sul e a região Sudeste do Brasil, que realizou o mesmo método de avaliação e apresentaram infecção para Pneumonia Enzoótica de 75,7% total dos animais estudados e somente para o estado do Paraná foram 81,14 % de positivos para Pneumonia Enzoótica. Quando compararmos os dados do presente estudo pode observar que ao longo dos anos ocorreu uma diminuição da prevalência, provavelmente pela implantação de medidas de controle da doença, mas não podemos de deixar de controlar a transmissão da doença pois ela é a porta de entrada para outros patógenos, que pode causar grandes prejuízos para todo o rebanho.
 
De acordo com Vicente et al., (2013) avaliaram 200 amostras de sangue para Mycoplasma hyopneumoniae com o teste de ELISA, sendo que 104 foram positivas, na região central do Estado de São Paulo. A elevada soropositividade sugere a circulação do Mycoplasma hyopneumoniae nos rebanhos suínos do centro-oeste paulista, e a pneumonia enzoótica suína encontra-se disseminada em metade do rebanho.
 
Conclusão
Ao analisarmos os resultados deste trabalho podemos concluir que os primeiros anos foram os que apresentaram maior ocorrência de Pneumonia Enzoótica, a possível explicação para a diminuição da prevalência nos anos seguintes são as medidas de controle realizadas ao longo dos cinco anos do estudo nas granjas da região de origem dos animias.
 
A monitorização realizada pelo Serviço Federal de Inspeção no abate de animais, constitui uma ferramenta válida para o controle e melhoria do perfil sanitário das explorações comerciais de animais.
 
Referências Bibliográficas
1. ABIPECS - Associação Brasileira da Industria Produtora e Exportadora de Carne Suína, 2012. Disponível em: <http://www.abipecs.com.br/>. Acessado em:01 jul 2015.
2. ALBERTON, G.C.; MORES, M.A.Z. Interpretação de lesões no abate como ferramenta de diagnóstico das doenças respiratórias dos suínos. Acta Scientiae Veterinariae. 36 (Supl 1): s95-s99, 2008.
3. CONCEIÇÃO, F.R.; DELLAGOSTIN, O.A. Etiopatogenia e imunoprofilaxia da pneumonia enzoótica suína. Ciência Rural, v.36, p.1034-1042, 2006.
4. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção da Pecuária municipal, Rio de Janeiro, v. 40, p.1-71, 2012.
5. KICH, J.D.; PONTES, A.P. analise da situação atual das doenças respiratórias no brasil. Disponível em: <http://www.institutounipac.com.br/aulas/2011/2/UBVET07I1/001749/003/art%203.pdf >. Acessado em: 01 jul 2015.
6. MAES, D.; SEGALES, J.; MEYNS, T. et al. Control of Mycoplasma hyopneumoniae infections in pigs. Veterinary Microbiology ., v.126, p.297-309, 2008.
7. SILVA, A.; PAGANINI, F.; ACOSTA, J.; ROCHA, P.; MISTURA, H.; MARCON, E.; SIMON, V.; CASAGRANDE, H. Programa de gerenciamento de doenças respiratórias em suínos. I - Estudo do perfil das doenças respiratórias nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste do Brasil. In: ABRAVES, X Porto Alegre, Anais..., 2001.
8. SOBESTIANSKY, J.; DALLA COSTA, O.; MORES, N.; BARIONI, W. JR.; PIFFER, I.; PEDROSO -DE-PAIVA, D.; Estudos ecopatológicos nas fases de crescimento e terminação: prevalência de rinite atrófica e de pneumonia nas fases de crescimento e terminação na região sul do Brasil. In: ABRAVES, IX. Belo Horizonte, p.171- 172, Anais... 1999.
9. VICENTE, D.; CATTO, S.D.; ALLENDORF, K.C.O.D.; GARCIA, J.M.A.P.; ANTUNES, C.M.; APPOLINARIO, M.G.; PERES, J. Soropositividade para Mycoplasma hyopneumoniae em suínos abatidos em frigoríficos da região central do estado de São Paulo. Arquivo Brasileiro. Medicina Veterinária e Zootecnia. v.65, n.6, p.1899-1903, 2013.

***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
Paulo Henrique Sposito
Universidade Paranaense - UNIPAR
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