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PESO DOS ÓRGÃOS AO NASCIMENTO DE LEITÕES COM DIFERENTES PESOS: ESTUDO META-ANALÍTICO

Publicado: 9 de janeiro de 2017
Por: ELOIZA LANFERDINI1, RENNAN H. R. MOREIRA1*, LEONARDO S. FONSECA1, CESAR A. P. GARBOSSA1, MÁRVIO L. T. ABREU1. 1 Departamento de Zootecnia – DZO/UFLA - Lavras/MG.
Sumário

O objetivo neste estudo foi avaliar o peso dos órgãos dos leitões nascidos em diferentes faixas de peso através de meta-análise. O estudo foi realizado com uma base de dados composta por 13 artigos. As publicações selecionadas para a base de dados apresentavam resultados de experimentos com pelo menos duas faixas de peso de leitões ao nascimento. Outro critério utilizado para a seleção de artigos foi apresentar resultados de peso dos órgãos ao nascimento. O espaço temporal compreendeu um período de 14 anos. A base de dados totalizou 587 leitões com média de 20 animais por tratamento. O peso médio dos leitões ao nascimento foi de 1,25 kg. O peso vivo ao nascimento dos leitões apresentou correlações altas (P<0,05) e positivas com o peso absoluto dos órgãos. Entretanto, a correlação entre peso vivo ao nascimento dos leitões e a relação de peso do cérebro / fígado foi alta e negativa (P<0,05). Leitões mais pesados ao nascimento apresentaram (P<0,05) órgãos também mais pesados, com exceção da relação peso de cérebro/fígado que não diferiu (P>0,05) entre as faixas de peso. O peso relativo do coração e cérebro apresentou correlação negativa (P<0,05) com o peso ao nascer dos leitões e o peso relativo do intestino delgado apresentou correlação positiva (P<0,05). Quando expressos, em porcentagem de peso corporal, o cérebro foi o único órgão a diferir (P<0,05) entre as diferentes categorias de pesos. Leitões nascidos leves (0,935 kg) apresentam órgãos também mais leves, sendo o fígado e o intestino delgado os órgãos mais influenciados pelo baixo peso.

 

Palavras-chave: revisão sistemática; suinocultura; variabilidade da leitegada.

 
Introdução
Os programas de melhoramento genético focaram, nos últimos anos, em características como conversão alimentar e ganho de peso diário dos leitões, taxa de ovulação e tamanho da leitegada (LOVENDALH et al., 2005), deixando capacidade uterina e eficiência placentária em segundo plano.
 
A fêmea suína moderna, apesar de apresentar alto potencial reprodutivo, não é selecionada geneticamente para uma maior capacidade uterina na mesma proporção que a hiperprolificidade. Sendo assim, a vantagem de leitegadas numerosas está acompanhada de leitões com baixo peso ao nascimento e alta variabilidade de peso dentro das leitegadas. Neste sentido, vale ressaltar que um aspecto atual na produção de suínos, é a ocorrência do fenômeno conhecido como crescimento intrauterino retardado, definido como o crescimento e desenvolvimento prejudicado de embriões/fetos e/ou de seus órgãos durante a gestação (WU et al., 2006) o que pode afetar o desempenho futuro quando comparados aos leitões que nascem mais pesados. Embora seja um indicador muito utilizado na suinocultura, o peso médio do leitão ao nascimento nem sempre é um bom preditor de desempenho adequado da leitegada. Por isso, são incluídas medidas de dispersão (coeficiente de variação ou desvio padrão) e estratificação dos leitões em categorias de peso. O objetivo foi avaliar o peso dos órgãos dos leitões nascidos em diferentes faixas de peso através de meta-análise.
 
Material e Métodos
O estudo meta-analítico foi realizado com uma base de dados composta por 13 artigos de 2000 a 2014 (moda: 2010). As publicações selecionadas para a base de dados apresentavam resultados com pelo menos duas faixas de peso de leitões ao nascimento. Outro critério utilizado para a seleção de artigos foi apresentar resultados de peso dos órgãos ao nascimento. A base de dados totalizou 587 leitões com média de 20 animais por tratamento. O peso médio dos leitões ao nascimento foi de 1,25 kg (de 0,60 a 1,93). A metodologia para a definição das variáveis dependentes (músculo semitendineo, fígado, coração, rins, cérebro, intestino delgado) e independentes (faixas de peso) e para a codificação dos dados seguiu as proposições descritas na literatura (LOVATTO et al., 2007). Algumas codificações foram utilizadas como critérios qualitativos de agrupamento, como recurso para associar grupos homogêneos em determinadas características e incluí-los nos modelos analíticos como fonte de variação. Neste particular, a principal codificação utilizada foi a faixa de peso dos leitões ao nascimento, classificados em leves, médios ou pesados, segundo definição dos artigos de origem. Outras codificações foram utilizadas como variáveis de ajuste nas análises, com o objetivo de considerar a variabilidade dos estudos compilados (efeito do artigo e efeito inter). A meta-análise seguiu duas análises sequenciais: de correlação (entre as diversas variáveis, para identificar os fatores relacionados na base) e de variância-covariância (para a comparação das médias das diferentes categorias de peso). Os fatores com coeficientes de correlação mais elevados e as codificações para os efeitos gerais ou inter foram utilizadas nos modelos para as análises de variância-covariância (LOVATTO et al., 2007).
 
Resultados e Discussão – O peso vivo ao nascimento dos leitões apresentou correlação alta (P<0,05) e positiva com o peso absoluto dos órgãos (Tabela 1). Entretanto, a correlação entre peso vivo ao nascimento dos leitões e a relação de peso do cérebro/fígado foi alta e negativa (P<0,05). Leitões mais pesados ao nascimento apresentaram (P<0,05) órgãos também mais pesados, com exceção da relação peso de cérebro/fígado que não diferiu (P>0,05) entre as faixas de peso. O peso relativo do coração e cérebro apresentou correlação negativa (P<0,05) com o peso ao nascer dos leitões e o peso relativo do intestino delgado apresentou correlação positiva (P<0,05). Quando expressos, em porcentagem de peso corporal, o cérebro foi o único órgão a diferir (P<0,05) entre as diferentes categorias de pesos. O peso relativo do cérebro aumentou (P<0,05) em 0,92 e 0,86% em leitões com baixo peso ao nascer em relação aos leitões com peso médio e alto ao nascimento, respectivamente. Leitões que nascem leves podem ser relacionados a um aumento do número de leitões no útero, que nem sempre é acompanhado na mesma proporção pelo aumento do fluxo sanguíneo uterino, o que torna desuniforme a nutrição fetal (PÈRE & ETIENNE, 2000). Uma pobre nutrição da fêmea na gestação também tem impactos sobre o feto, com consequências sobre o desenvolvimento cardiovascular, metabólico e neurológico dos fetos até a idade adulta (GAGNON, 2003). O desenvolvimento dos diferentes órgãos em animais com crescimento afetado, nascidos leves, resulta em órgãos internos menores (WU et al., 2006). O cérebro seria o órgão menos afetado por este retardo no crescimento em comparação aos outros órgãos (BÉRARD et al., 2010). Fígado, rins, coração, pulmões, baço e pâncreas tem uma relação positiva com o peso corporal (BÉRARD et al., 2010; D?INCA et al., 2011) concordando com os resultados deste trabalho.
 
Tabela 1 - Correlação e médias de peso e porcentagem dos órgãos de leitões com diferentes pesos ao nascimento.
PESO DOS ÓRGÃOS AO NASCIMENTO DE LEITÕES COM DIFERENTES PESOS: ESTUDO META-ANALÍTICO - Image 11 Valor de probabilidade representado por: *** P<0,001; ** P<0,01; * P<0,05; ns P>0,05; 2 Erro padrão residual.
 
Conclusões
Leitões nascidos mais leves (0,935 kg) apresentam órgãos também mais leves, sendo o fígado e o intestino delgado os órgãos mais influenciados pelo baixo peso.
 
Agradecimentos
CAPES, CNPq, FAPEMIG e NESUI/UFLA.
 
Referências Bibliográficas
1. BÉRARD, J.; PARDO, C. E.; BÉTHAZ, S.; KREUZER, M.; BEE, G.; 2010 Intrauterine crowding decreases average birth weight and affects muscle fiber hyperplasia in piglets. Journal of Animal Science, (88): 3242-3250.
2. D?INCA, R.; GRAS-LE GUEN, C.; CHE, L.; SANGILD, P. T.; LE HUËROU-LURON, I.; 2011. Intrauterine growth restriction delays feeding-induced gut adaptation in term newborn pigs. Neonatology, (99): 208-216.
3. GAGNON, R.; 2003. Placental insufficiency and its consequences. European Journal of Obstetrics, Ginecology and Reproductive Biology, Amsterdam, (110): 99-107.
4. LOVATTO, P. A.; LEHNEN, C. R.; ANDRETTA, I.; HAUSCHILD, L.; CARVALHO, A. D.; 2007. Meta-análise em pesquisas científicas - enfoque em metodologias. Revista Brasileira de Zootecnia (36): 285-294.
5. LOVENDALH, P.; DAMGAARD, L. H.; NIELSEN, B. L.; THODBERG, K.; SU, G.; RYDHMER, L.; 2005. Aggressive behaviours of sows at mixing and maternal behavior are heritable and genetically correlated trais. Livestock Production Science, 93(1): 73-85.
6. PÈRE, M. C.; ETIENNE, M.; 2000. Uterine blood flow in sows: Effects of pregnancy stage and litter size. Reproduction Nutrition Development, (40): 369-382.
7. QUINIOU, N.; DAGORN, J.; GAUDRÉ, D.; 2002. Variation of piglets? birth weight and consequences on subsequent performance. Livestock Production Science, (78): 63-70.
8. WU, G.; BAZER, F. W.; WALLACE, J. M.; SPENCER, T. E.; 2006. BOARD-INVITED REVIEW: Intrauterine growth retardation: Implications for the animal sciences. Journal of Animal Science, (84): 2316-2337.
 
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
Rennan Herculano Rufino Moreira
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