Introdução
O bom desempenho reprodutivo de fêmeas suínas e altos índices de sobrevivência dos leitões são essenciais para a rentabilidade da suinocultura. O aumento no tamanho da ninhada de linhas genéticas modernas está desafiando os produtores a trabalhar com maior número de leitões com baixo peso ao nascimento e a alta variabilidade do peso ao nascer. Dessa forma, se torna necessario buscar estrategias para reduzir a variabilidade e aumentar o peso ao nascer. Melhorar a nutrição da fêmea pode ser uma abordagem inicial, por meio da adição de n-3 ácidos graxos poli-insaturadas na dieta (PUFAs). Esses ácidos graxos essenciais, são componentes das células de vários tecidos, sendo necessários para o crescimento e maturação de alguns sistemas em recém nascidos (QUELEN et al., 2010), sendo que, tem-se sugerido que a adição de ômega-3 na dieta pode trazer melhorias na eficiencia reprodutiva, principalmente considerando-se o ácido docosahexaenóico (DHA) (SMITS et al., 2011).
Tanto o DHA como o ácido eicosapentaenoico (EPA) são ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa, derivados do ácido alfa-linolênico (ALA) por meio de reações enzimáticas de dessaturação e alongamento de suas cadeias carbonadas. Esses ácidos não são biosintetizados em animais, sendo necessários sua suplementação, o que os classifica como essenciais (HORNSTRA, 2001). Uma fonte importante desses ácidos é o extrato etéreo de algas marinhas a qual é fonte de energia para a nutrição animal.
Dessa forma o objetivo desta pesquisa foi analisar os efeitos de diferentes níveis de microalgas ricas em DHA sobre os parâmetros reprodutivos nos últimos 30 dias de gestação da porca.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em uma granja Unidade Produtora de Leitões comercial (UPL) que possuía aproximadamente 3400 matrizes, localizada no oeste de Santa Catarina no município de Campos Novos (latitude 27°22?35.00”s, longitude 51°02?37.95”o ). Foram utilizadas 55 matrizes da linhagem comercial Camborough com ordem de parto entre dois e quatro. Aos 85 dias de gestação até ao nascimento da leitegada, os animais foram divididos em cincos grupos, sendo eles: controle (0,0 g microalgas/dia; 10 fêmeas); TR1 (3,5 g microalgas/dia; 12 fêmeas); TR2 (7,0 g microalgas/dia; 11 fêmeas); TR3 (14,0 g microalgas/dia; 12 fêmeas); TR4 (28,0 g microalgas/dia; 10 fêmeas). A suplementação de microalgas (Schizochytrium sp.) com 14 % de DHA foi realizada, diariamente on top na dieta das fêmeas durante os últimos trinta dias de gestação.
Foi acompanhado individualmente o parto das 55 matrizes, sendo pesado cada leitão ao nascer. Foi utilizada uma balança computadorizada, para vinte quilos (Urano® US 20/2 pop light) e uma caixa de madeira com aproximadamente 26 x 10 x 10 cm para acomodação dos animais individualmente. Foram resgistrados o número total de leitões nascidos, número de nascidos vivos, natimortos e mumificados de cada leitegada.
Foi realizada análise estatística com distribuição de frequência através do programa Statistix® 9.0 e análise de variância e comparação de médias pelo teste de Tukey.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais do Instituto Federal Catarinense Câmpus Araquari, protocolado sob o n° 0051/2014.
Resultados e Discussão
Existiu uma tendência do número de leitões nascidos leves (< 1,0 kg) ser menor e um aumento na porcentagem de leitões nascidos pesado (> 1,4 kg) quando as fêmeas foram suplementadas com 28 g de microalga rica em DHA (Figura 1).
Figura 1 – Variabilidade do peso de leitões nascidos vivos de fêmeas suplementadas com microalgas ricas em DHA, tratamentos/peso leve (<1,0 kg); peso médio (1,0 a 1,4 kg) e peso pesado (>1,4 kg).
Também foi verificado uma tendência a aumentar o peso ao nascer quando as fêmeas foram suplementadas com 7, 14 e 28 g de microalgas ricas em DHA (Tabela 1). A mesma tendência foi observado por Rooke et al. (2001) onde houve uma aumento do peso médio ao nascer de cada leitão conforme o aumento da suplementação de óleo de peixe na dieta da fêmea gestante.
Notavelmente pôde ser observado que as fêmeas suplementadas com 7 g de microalgas tiveram a maior porcentagem de leitões nascidos com menos de 1,0 kg, no entanto, obtiveram o maior número de nascidos totais e vivos (Tabela 1).
Tabela 1 – Estatística descritiva do desempenho reprodutivo das fêmeas suplementadas com microalgas ricas em DHA conforme tratamentos.
*Os dados são apresentados como a média, média ± erro padrão da média.
a, b mesma linha, os valores com letras sobrescrito diferem significativamente (P < 0,05).
Conclusão
Apesar de não haver diferença estatística entre os grupos, houve uma tendência na redução no número de nascidos com peso leve (<1,0 kg) e um aumento no número de leitões nascidos pesado (>1,4 kg), quando as fêmeas foram suplementadas com 28 g de microalgas ricas em DHA por dia durante o último terço de gestação.
Referências Bibliográficas
1. HORNSTRA, G. 2001. Essential fatty acids in mothers and their neonates. American Society for Clincal Nutrition, (71):1262-1269.
2. QUELEN, F.; BOUDRY, G.; MOUROT, J., 2010. Linseed oil in the maternal diet increases long chain-PUFA status of the foetus and the newborn during the suckling period in pigs. British Journal of Nutritoin, (104):533-543.
3. ROOKE, J.A.; SINCLAIR, A.G.; EWEN, M., 2001. Changes in piglet tissue composition at birth in response to increasing maternal intake of long-chain n-3 polyunsaturated fatty acids are non-linear. British Journal of Nutrition, (86):461-470.
4. SMITS, R.J.; LUXFORD, B.G.; MITCHELL, M.; et al., 2011. Sow litter size is increased in the subsequent parity when lactating sows are fed diets containing n-3 fatty acids from fish oil. Journal Animal Science, (89):2731-2738.
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.