Explorar

Comunidades em Português

Anuncie na Engormix

Impacto da peletização sobre o desempenho zootécnico e econômico

Publicado: 30 de abril de 2014
Por: Márcio Gonçalves, Médico Veterinário e fundador do SuinoCast.
A peletização é uma tecnologia usada por diversas fábricas de ração que utiliza calor, umidade e pressão. Inicialmente foi desenvolvida para facilitar o fluxo da ração (silos, linhas de rações e comedouros), diminuir a poeira gerada pela ração e melhorar o desempenho dos animais quando comparada a rações fareladas. O processo de peletização tem sido utilizado, principalmente, por grandes empresas, pois estas conseguem justificar o investimento. No entanto, com o aumento nos custos dos insumos nos últimos anos o investimento no processo de peletização nas fábricas de rações tem sido mais facilmente justificado.
O benefício em desempenho que se pode capturar com o uso de ração peletizada é de 4 a 8% de melhoria em ganho de peso diário e conversão alimentar, quando comparado com o uso de ração farelada. Esta melhora se deve a redução no desperdício, melhoria na palatabilidade, e a potencial melhoria na utilização dos nutrientes devido ao tratamento térmico dos ingredientes. Visto que a ração peletizada flui mais fácil pelas linhas de rações, alguns sistemas de produção tem utilizado o benefício no fluxo da ração que a peletização proporciona para moer os grãos a partículas mais finas (menor que 350 micra), visto que rações com tamanho de partícula abaixo de 500 micra tem o potencial de apresentar problemas de fluxo nas linhas de rações.
Ao peletizar a primeira ração de leitões pós-desmame para auxiliar no fluxo da ração nas linhas e nos comedouros, devido à alta inclusão de lactose e proteínas especiais, deve-se tomar cuidado, durante o processo, para não superaquecer a ração.
Dados de campo sugerem que o benefício de desempenho na fase de crescimento e terminação se traduz em uma economia de 20 a 30 reais por tonelada de ração. Se simularmos 4% de melhoria em conversão alimentar sem considerar a melhoria em ganho de peso, para um sistema que, por exemplo, abate 500 mil suínos ao ano, a economia anual em consumo de ração será em torno de 3 milhões de reais.
A produção de pellet de alta qualidade irá diminuir o desperdício e irá reduzir o comportamento de seleção de pellets por parte dos suínos. Os resultados das pesquisas são consistentes no que diz respeito ao desempenho dos suínos em relação à qualidade do pellet. O recomendado é que se tenha a menor quantidade de finos possível nos comedouros e um Índice de Durabilidade do Pellet (PDI) entre 90 e 95%. Pesquisas sugerem, consistentemente, que suínos de crescimento e terminação alimentados com ração peletizada com 20% de finos apresentam o mesmo desempenho que suínos alimentados com ração farelada.
Mesmo não havendo pesquisas que mostrem diferenças em desempenho, o diâmetro de pellet para leitões em fase de creche recomendado esta entre 3.2 a 4.8 mm. Para leitões em fase de crescimento e terminação, é recomendado entre 4.8 e 9.5 mm.
A peletização da primeira ração dos leitões após o desmame (5 a 7 kg) é de extrema importância para aumentar o consumo e, por consequência, o ganho de peso, facilitando a transição para dietas secas. Até o momento, sistemas de produção de suínos não conseguiram capturar a melhoria em ganho de peso e conversão alimentar em leitões de 7 a 25 kg. Para leitões de primeira e segunda semana após o desmame, alguns casos de campo sugerem que com o PDI acima de 95% pode prejudicar a mastigação, reduzir consumo de ração e aumentar a taxa de leitões com baixa viabilidade.
Algumas desvantagens da peletização da ração são o alto custo envolvido, principalmente, em fábricas com menor volume de produção e a interação com genética e sanidade, sendo que na qual pode se aumentar a incidência de úlceras gástricas e problemas gastrointestinais, principalmente quando utilizado com grãos moídos a tamanhos de partícula mais finos.
Portanto, a peletização é uma tecnologia que possui muitas vantagens que podem auxiliar no aumento da margem dos sistemas de produção de suínos. No entanto, cabe a cada sistema levar em consideração alguns fatores como genética, sanidade, capacidade de geração de pellets de alta qualidade e, por fim, verificar se é possível capturar as vantagens oferecidas pelo processo de peletização.
Esse artigo foi originalmente publicado em SuinoCast.
Tópicos relacionados:
Autores:
Márcio Gonçalves
Swine it
Swine it
Recomendar
Comentário
Compartilhar
Profile picture
Quer comentar sobre outro tema? Crie uma nova publicação para dialogar com especialistas da comunidade.
Usuários destacados em Suinocultura
S. Maria Mendoza
S. Maria Mendoza
Evonik Animal Nutrition
Evonik Animal Nutrition
Gerente de Investigación
Estados Unidos
Ricardo Lippke
Ricardo Lippke
Boehringer Ingelheim
Estados Unidos
Jose Piva
Jose Piva
PIC Genetics
Estados Unidos
Junte-se à Engormix e faça parte da maior rede social agrícola do mundo.