Como se obter o máximo benefício da ração peletizada?
Publicado:4 de abril de 2014
Por:Márcio Gonçalves, Médico Veterinário e fundador do SuinoCast.
É sabido que para se obter o máximo benefício da ração peletizada, é necessário que se produza pellets de alta qualidade, sendo isto fundamental para capturar os benefícios zootécnicos e econômicos que esta tecnologia pode proporcionar. Se a fábrica de ração irá dedicar o tempo, a mão de obra e capital necessário para a produção de pellets, estes devem ser de alta qualidade. O Índice de Durabilidade do Pellet (PDI) irá diminuir gradativamente desde a fábrica de ração, transporte pelo caminhão, armazenamento no silo e condução através das linhas de rações até chegar ao comedouro. Por isso a produção de pellets de alta qualidade é essencial desde o começo do processo. Outro fator relevante é aferir a qualidade do pellet no comedouro, o que representará a qualidade de pellet da ração que é oferecida aos suínos. Para diminuir a quantidade de finos, algumas empresas peneiram os pellets para reenviar os finos para a peletizadora. Visto que a qualidade do pellet é um fator chave para o aumento do desempenho dos suínos, como melhorá-la? Historicamente, é sugerido que a qualidade do pellet depende 40% da formulação da dieta, 20% do tempo de retenção no condicionador, 20% do tamanho de partícula, 20% do volume de produção por hora, 15% da matriz e 5% do resfriamento. Como regra geral, uma temperatura de 85 a 93°C, umidade de 17 a 18% e o tempo de retenção de 60 a 90 segundos irão proporcionar uma boa qualidade de pellet. Pesquisas recentes sugerem que para melhorar a qualidade do pellet, em ordem decrescente de importância (entre parênteses leia-se a característica do parâmetro e a mudança aproximada em pontos percentuais no PDI), deve ser utilizada matriz espessa (relação largura/diâmetro de 8; 11 PDI), alta temperatura do condicionador (85°C; 7 PDI) e baixa inclusão de gordura (1%; 5,5 PDI). Volume de produção por hora e tamanho de partícula (0,5 PDI cada) apresentam pouca influência sobre a qualidade do pellet. A inclusão de 15% ou mais de trigo na dieta também auxilia para a melhoria da qualidade do pellet. Em contrapartida, alta inclusão de gordura, maior volume de produção por hora e uso de matriz fina melhoram a eficiência da peletizadora. Por isso, a peletização é considerada uma “arte” onde se deve ter um balanço entre qualidade do pellet e eficiência da peletizadora. Em conclusão, para se obter o máximo benefício da ração peletizada diversas são as abordagens que podem ser consideradas para melhorar a qualidade do pellet. Deve existir uma sincronia entre o nutricionista e a fábrica de ração, realizando uma análise detalhada da situação, averiguando cada um dos fatores mencionados e alterando os que forem possíveis dentro da realidade de cada sistema de produção.
Esse artigo técnico foi originalmente publicado em Suinocultura Industrial.
Ricardo, obrigado pelo comentário. Parte do material citado foi retirado da tese do Dr. Fahrenholz (2012), onde ele discute o impacto do volume de produção. Realmente me equivoquei na soma dos valores, obrigado por ressaltar. O slide 30 na apresentação do link em anexo pode lhe explicar o motivo do equívoco ( http://www.ncsu.edu/project/feedmill/pdf/E_Effect%20of%20Die%20Thickness%20and%20Pellet%20Mill%20Throughput.pdf ). Eu estava tentando relatar que a qualidade do pellet depende em 40% da formulação da dieta, 20% do tempo de retenção no condicionador, 20% do tamanho de partícula, 15% da matriz e 5% do resfriamento. O volume de produção tem importância mas com discordâncias na literatura. O fato de a granulometria ser responsável por 20% da qualidade do pellet e apenas 0.5 pontos no PDI está relacionado com duas bibliografias distintas. A intensão de relatar o ponto de vista das duas biblografias distintas era compartilhar o que você comentou: ainda não existe um acordo no meio científico em relação a estes percentuais e o impacto exato de cada fator. Esta área é algo que tem sido estudado intensamente aqui na Kansas State University e também o pesssoal da North Carolina State Univ., mas uma área com muito chão pela frente.
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Ricardo Armbrust Costa Aranha
22 de abril de 2014
Márcio, não restam dúvidas de que para se atingir uma ótima qualidade dos peletes são necessários vários componentes e fatores de sucesso, principalmente a fonte e o tipo de matéria-prima, conforme você frisou ao citar que 40% do sucesso depende da formulação da ração. Gostaria de observar que nos 20% de sucesso atribuídos ao processo de condicionamento o tempo de retenção influencia. Mas, também a temperatura, a umidade, água e qualidade do vapor quando adicionados, o volume e a distribuição da massa ao longo do condicionador são igualmente importantes. Esclareço que se você atribuir 20% do sucesso ao volume de produção por hora você está errado porque a soma vai ser de 120%! E chamo sua atenção para a granulometria, que é responsável por 20% como você afirma corretamente, não podendo portanto ter pouca influencia na qualidade, como você cita depois (0,5 PDI). Certamente o volume de produção por hora também tem grande influencia. Cabe cautela para não criarmos confusão a um assunto específico e complexo como este. E também uma calculadora. Atenciosamente.