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Introdução
O Complexo Respiratório Suíno (CRS) é uma das patologias mais relevantes na produção intensiva de suínos, com impacto significativo nos indicadores técnicos, econômicos e sanitários das granjas. Sua natureza multifatorial, onde interagem agentes patogênicos virais, bacterianos e fatores ambientais, exige uma estratégia de controle integral.
Tradicionalmente, seu controle esteve fortemente associado ao uso de antimicrobianos. No entanto, a pressão legislativa e social para reduzir seu uso, somada ao surgimento de resistências, exige a busca por soluções alternativas seguras e eficazes. Entre elas, a nutrição funcional surge como uma ferramenta-chave para reforçar as defesas do animal, melhorar o estado do epitélio respiratório e modular a inflamação.
Etiologia e epidemiologia
Segundo o estudo realizado por Pérez F. (2017), em uma análise de casos clínicos de CRS na Espanha, as combinações patológicas mais frequentes foram:
- PCV2 + Mycoplasma hyopneumoniae + PRRSV + bactérias oportunistas (33,3%)
- Mycoplasma hyopneumoniae + bactérias oportunistas (18,5%)
- PRRSV + PCV2 (11,1%)
Essas combinações geram uma grande variabilidade clínica, dificultando muitas vezes o diagnóstico e a implementação de tratamentos eficazes.
Pérez (2020) observou que, nos casos clínicos analisados, as lesões pulmonares predominantes foram: pneumonia broncointersticial (37,8%), pneumonia intersticial (30,5%) e broncopneumonia purulenta (20,7%). A abordagem exclusivamente com antibióticos não foi suficiente na maioria dos casos sem uma visão integral, destacando a necessidade de implementar estratégias preventivas.
Fatores predisponentes
Os principais fatores não infecciosos que favorecem o desenvolvimento do CRS são:
- Manejo inadequado do desmame
- Flutuações térmicas e ventilação deficiente
- Alta densidade e estresse
- Má qualidade do ar (gases, poeira)
- Disbiose intestinal e estado imunológico deficiente
Estratégias de prevenção com base na nutrição funcional
A alimentação não cumpre apenas um papel produtivo, mas pode se tornar uma ferramenta sanitária preventiva, especialmente útil em patologias como o CRS.
1. Fitobióticos: compostos vegetais bioativos com ação respiratória
Os fitobióticos (extratos vegetais, óleos essenciais e compostos aromáticos) possuem múltiplas propriedades: antimicrobianas, anti-inflamatórias, mucolíticas e antioxidantes. Sua inclusão na dieta ou na água de bebida demonstrou:
- Estímulo à secreção de muco e sua fluidificação
- Atividade antimicrobiana/modulação do equilíbrio microbiano
- Redução do estresse oxidativo pulmonar
- Diminuição da gravidade clínica durante infecções respiratórias
Alguns princípios ativos especialmente relevantes são:
- Eucaliptol: Mucolítico, expectorante, antimicrobiano (Boukhatem et al., 2014)
- Timol e carvacrol: Disruptores da membrana bacteriana, imunomoduladores (Michiels et al., 2008)
- Mentol: Estimula o reflexo respiratório e reduz o estresse térmico (ativa receptores TRPM8)
- Extrato de alho e alicina: Ação antibacteriana, expectorante e antioxidante (Amagase et al., 2001)
Estudos in vivo demonstraram que dietas suplementadas com combinações desses compostos podem reduzir a incidência de tosse, melhorar o índice de conversão e diminuir a gravidade das lesões pulmonares (Windisch et al., 2008).
2. Antioxidantes para proteger o epitélio pulmonar
Infecções respiratórias desencadeiam uma resposta inflamatória exacerbada, com liberação de espécies reativas de oxigênio (ROS) que danificam o epitélio pulmonar. Uma estratégia eficaz é a inclusão de antioxidantes que neutralizem os radicais livres, preservem a integridade das membranas celulares e favoreçam a cicatrização do tecido pulmonar. Micronutrientes como vitaminas e minerais podem ajudar nesse sentido. Além disso, destacam-se os polifenóis naturais, flavonoides e taninos, com potente atividade antioxidante (Daglia, 2012).
3. Imunomoduladores naturais
A modulação da resposta imune permite maior resistência frente a infecções virais e bacterianas, especialmente em fases críticas como o desmame. Alguns componentes nutricionais derivados de leveduras ou algas, nucleotídeos, MOS (manano-oligossacarídeos), entre outros, são capazes de apoiar e modular a resposta imune do animal. Seu uso estratégico pode ajudar a reduzir a gravidade de infecções mistas como PRRSV–PCV2, onde a imunossupressão é fator-chave para a progressão da doença.
Conclusão
Adotar uma abordagem preventiva para o controle do CRS é uma necessidade urgente, pois, uma vez instaurado o problema, os custos aumentam exponencialmente, afetando não apenas o número de perdas causadas pelos patógenos, mas também alterando parâmetros produtivos importantes como o índice de conversão, os dias de permanência dos animais nas instalações e o gasto com medicamentos.
A prevenção do CRS em suínos exige uma visão global que integre biosseguridade, vacinação, manejo ambiental adequado e uma estratégia nutricional funcional baseada em fitobióticos (compostos vegetais bioativos), antioxidantes e imunomoduladores naturais.
Essas abordagens permitem melhorar a resiliência do animal, reduzir o uso de antimicrobianos e garantir uma produção mais sustentável e eficiente.