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Níveis de cálcio em dietas para leitões dos 21 aos 63 dias de idade

Publicado: 15 de março de 2011
Por: Mateus Faria de Souza (Mestrando / CNPq – Universidade Federal de Viçosa); Juarez Lopes Donzele;Francisco Carlos de Oliveira Silva;Sérgio Silva;Igor de Freitas Lopes Donzeles;Thamírys Vianelli Maurício
Introdução
Os minerais em geral constituem de 4 a 6% do peso total do organismo animal, sendo que o cálcio (Ca) e o fósforo (P) são os principais elementos estruturais do tecido ósseo, estando mais de 99% do total do cálcio corporal e mais de 75% do total do fósforo nos ossos e dentes (Hays e Swenson, 1996). Eles estão presentes nos ossos, especialmente como sais de apatita, fosfato de cálcio e carbonato de cálcio. Além de serem o arcabouço estrutural, os ossos são também a reserva corporal de cálcio e fósforo. O Ca e o P presentes na porção trabecular (subcutânea esponjosa) dos ossos estão em equilíbrio dinâmico com aqueles encontrados nos fluidos corporais e outros tecidos do organismo. Durante os períodos de deficiência alimentar ou quando as necessidades aumentam, o Ca e o P são rapidamente mobilizados dos ossos para manter os níveis normais e dentro de limites constantes no sangue e outros tecidos moles (Hays e Swenson, 1996). Segundo os mesmos autores, o crescimento, a gestação e principalmente os animais em lactação necessitam de quantidades abundantes de Ca e P, e em algumas espécies a relação entre eles pode ser crítica. Uma relação de cálcio e fósforo de 1:1 ou 2:1 tem sido geralmente recomendada, mas a proporção pode ser muito mais crítica se o nível de fósforo estive fora do nível recomendado ou, ou ainda se a vitamina D  for deficiente. Assim verificou-se a necessidade de se avaliar níveis de cálcio em rações para leitões dos 21 aos 63 dias, com base no desempenho dos animais.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, no período de . Foram utilizados 84 leitões, machos castrados e fêmeas, selecionados geneticamente para deposição de carne. Os leitões, desmamados aos 19 ± 3 dias de idade com peso médio inicial de 6,1 kg, foram distribuídos em delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro tratamentos (0,600; 0,675; 0,750; 0,825 % de cálcio], sete repetições e três animais por gaiola, que foi considerada a unidade experimental. O período experimental total (42 dias) foi dividido em 3 fases com duração de 14 dias cada, sendo a Fase 1 - dos 21 aos 35 dias (P1) ; Fase 2 - dos 36 aos 49 dias (P2) ; Fase 3 - dos 50 aos 63 dias (P3).
Os animais foram alojados em gaiolas suspensas, com piso ripado, providas de comedouros semi-automáticos e de bebedouros tipo chupeta, localizadas em salas de alvenaria, com piso de concreto e coberto com telhas de cerâmica. As condições ambientais no interior das salas foram registradas diariamente por termômetro de mínima e máxima (7h), de globo negro e de bulbo seco e de bulbo úmido (7, 12 e 17 h) mantidos em uma gaiola vazia no centro da sala, a meia altura do corpo dos animais. Os valores registrados foram convertidos posteriormente no índice de temperatura de globo e umidade (ITGU), segundo Buffington et al. (1981), para caracterização do ambiente térmico em que os animais foram mantidos.
O período experimental total (42 dias) foi dividido em 3 fases com duração de 14 dias cada, sendo:
Fase 1- dos 21 aos 35 dias (P1); Fase 2 - dos 36 aos 49 dias (P2) e Fase 3 - dos 50 aos 63 dias (P3).
As rações experimentais (Tabelas 1, 2 e 3,  6) foram formuladas para atender as exigências nutricionais dos animais conforme as recomendações nutricionais descritas em Rostagno et al. (2005), exceto para o cálcio.
As rações e a água foram fornecidas à vontade durante todo o período experimental.
Os animais foram pesados no inicio e no final de cada fase. As rações, as sobras de ração e os desperdícios foram pesados semanalmente  
para determinação do consumo de ração, do ganho de peso e da conversão alimentar.
Os dados de desempenho foram analisados utilizando-se os procedimentos para análise de variância e de regressão contidos no Sistema para Análises estatísticas e Genéticas (SAEG), desenvolvido na Universidade Federal de Viçosa (UFV, 2000), versão 9.0. As exigências de cálcio foram determinadas por meio de análise de regressão linear, quadrática ou pelo modelo descontínuo Linear Response Plateau (LRP), conforme melhor ajuste.
Resultados e Discussão
As médias das temperaturas observadas nos termômetros de máxima e mínima foram de 25,5ºC e 21,5ºC nas salas de maternidade e de 26,8ºC e 20,3°C na maternidade alternativa, respectivamente.
Constatou-se que na fase 1 não houve (P>0,05)  efeito dos níveis de cálcio sobre nenhuma das variáveis de desempenho avaliadas (Tabela 4). Embora não tenha sido verificada variação significativa em nenhum dos parâmetros de desempenho, constatou-se que a ração com 0,750% de cálcio, proporcionou um aumento de 5% (281 x 295) no ganho de peso dos animais e uma melhora de 7,6% (1,31 x 1,21) na conversão alimentar em relação à média dessas variáveis obtidas nos níveis de 0,600 e 0,675% de cálcio.
Na Fase 2, verificou-se que os tratamentos influenciaram (P< 0,05) o consumo de ração, que aumentou de forma quadrática até o nível estimado de 0,716% de cálcio (Tabela 5). Não foi observado efeito (P>0,05) dos níveis de cálcio da ração sobre o ganho de peso e sobre a conversão alimentar dos leitões. Apesar de não ter sido verificada diferença entre os tratamentos, constatou-se que a ração com 0,750% de cálcio proporcionou um aumento de 3,7% (399 x 414) no ganho de peso e uma melhora de 3,5% (1,47 x 1,42) na conversão alimentar em relação a média dessas variáveis obtidas nos níveis de 0,600 e 0,675% de cálcio.
Na Fase 3, não se observou efeito (P> 0,05) dos níveis de cálcio sobre as variáveis de desempenho avaliadas (Tabela 6). Entretanto, constatou-se que a ração com 0,675% de cálcio, proporcionou um aumento de 3,3% (838 x  866) e 3,2% (536 x 519), respectivamente, nos valores de consumo de ração e de ganho de peso dos animais em comparação com a ração contendo 0,600% de cálcio. Os valores de conversão alimentar obtidos nos níveis de 0,600 e 0,675% de cálcio foram similares (1,61 x 1,62). No entanto, os animais que receberam a ração contendo 0,750% de cálcio apresentaram uma melhora de 3,1% (1,57 x 1,615) na conversão alimentar em relação aos animais que foram alimentados com as rações com 0,600 e 0,675% de cálcio. Não foi observada diferença (P> 0,05) dos níveis de cálcio da ração sobre as demais variáveis de desempenho.
 
Conclusões
Conclui-se que na fase de 21 a 35 dias, o nível de 0,750% proporciona os melhores resultados de desempenho dos leitões, entretanto para os períodos de 21 a 49 e 21 a 63 dias o nível de 0,600% de cálcio atende as exigências de leitões para desempenho.
Referências
HAYS, V. W.; SWENSON, M. J. Minerais. In: DUKES, H. H.; SWENSON, M. J.; REECE, W. O. (Ed.). Dukes - Fisiologia dos animais domésticos. 11ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996.  p. 471.
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Autores:
Matheus Souza
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