O desmame tornou-se grande desafio para os nutricionistas, pois para efetuá-lo com eficiência é necessária a utilização de rações com combinação perfeita de ingredientes, bem como o conhecimento da biodisponibilidade dos nutrientes, de modo a reduzir ou evitar problemas pós-desmame (6).
Para se obter a nutrição adequada nesta fase da vida, é necessário que o leitão receba quantidades adequadas de nutrientes, sendo estes o máximo biodisponíveis, compensando a fragilidade de seu organismo. As diversas ações exercidas pelos minerais no organismo animal dependem primeiramente de sua absorção a partir dos alimentos (7). O fornecimento de minerais para animais é usualmente feito sob suas formas salinas, normalmente as de custo mais baixo. Tendo-se em vista as perspectivas de maior biodisponibilidade em relação a fontes inorgânicas convencionais, os microminerais sob a forma de complexo orgânico têm sido pesquisados em diversas espécies animais.
Partindo do pressuposto de que são mais facilmente absorvidos e retidos pelos suínos, fontes orgânicas de suplementação de minerais podem atuar melhorando o desempenho e reduzindo a excreção dos microminerais que potencialmente poluem o ambiente (7). O objetivo deste trabalho foi de avaliar a utilização de suplementos microminerais (orgânicos e inorgânicos) atendendo 50 e 100% das recomendações de leitões na fase de creche sobre o desempenho e incidência de diarréia.
MATERIAIS E MÉTODOSO experimento foi conduzido no Setor de Suinocultura do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Campus de Jaboticabal. Foram utilizados 70 leitões, sendo 35 machos castrados e 35 fêmeas, de mesma linhagem (Topigs), desmamados aos 21 dias de idade, sendo alojados dois animais (um macho e uma fêmea) por baia.
Durante o experimento os animais receberam ração e água à vontade e iguais condições de manejo. As fases estudadas foram de acordo com a idade dos animais, quando foi realizada a mudança das dietas. As fases foram as seguintes:
Fase 1 - dos 21 aos 30 dias de idade;
Fase 2 - dos 31 aos 50 dias de idade
Fase 3 - dos 51 aos 63 dias de idade.
Como não foi realizada a redistribuição dos animais nos blocos de acordo com o peso vivo ao final de cada fase, os resultados de desempenho foram analisados da seguinte forma:
Período 1 - dos 21 aos 30 dias de idade
Período 2 - dos 21 aos 50 dias de idade
Período 3 - dos 21 aos 63 dias de idade.
Os tratamentos experimentais avaliados foram: Dieta basal sem suplementação micromineral (controle negativo-CN); Dieta basal + 50% de suplemento micromineral inorgânico (50%MI); Dieta basal + 50% de suplemento micromineral orgânico (50%MO); Dieta basal + 100% de suplemento micromineral inorgânico (100%MI) e Dieta basal + 100% de suplemento micromineral orgânico (100%MO). Nos tratamentos T4 e T5, as quantidades de microminerais nos suplementos foram baseadas nas tabelas de exigências nutricionais (3), enquanto nas rações dos tratamentos T2 e T3 os microminerais foram adicionados em 50% destas recomendações.
Os minerais foram: Cu, Fe, Mn, Zn e Se. As dietas experimentais foram formuladas de modo a atender as exigências nutricionais mínimas dos animais de acordo com as recomendações de Rostagno et al. (3).
O consumo diário de ração (CDR), o ganho diário de peso (GDP) e a conversão alimentar (CA) foram avaliados a partir dos valores de peso corporal e consumo de ração, determinados ao início e ao final de cada fase. Para avaliação do escore de diarréia durante os primeiros 21 dias do período experimental, foi realizado um levantamento de escores fecais dos leitões, mediante análise visual, de acordo com os seguintes escores:
1-fezes normais, 2-fezes pastosas e 3-fezes aquosas.
Os escores 1 e 2 foram considerados fezes não diarréicas e o escore 3 fezes diarréicas. Estas identificações foram realizadas pelo mesmo observador. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, para controlar diferenças no peso inicial dos leitões, com cinco tratamentos, sete repetições por tratamento e dois animais por unidade experimental. Os dados foram submetidos à análise de variância utilizando o procedimento GLM do software SAS (4), e decompondo a soma de quadrados dos tratamentos em contrastes ortogonais. Para análise estatística dos dados de incidência de diarréia foi utilizado o teste de Kruskal Wallys e as médias foram comparadas pelo teste t (5%). A normalidade dos erros foi testada pelo teste de Cramer-Von Misses a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃOAs pressuposições para a análise de variância dos valores do desempenho produtivo e incidência de diarréia foram atendidas, os erros apresentaram distribuição normal e não foram detectados dados discrepantes. As médias de ganho diário de peso (GDP), consumo diário de ração (CDR) e conversão alimentar (CA), observados nos animais dos diferentes tratamentos, estudados nos períodos 1, 2 e 3, são apresentadas na Tabela 1.
Foram verificadas diferenças significativas para os contrastes entre o CN e os demais tratamentos (P<0,05) para as variáveis CDR no período 1 e para a CA nos períodos 1, 2 e 3 e para o GDP do período 2. Para as demais variáveis de desempenho não foram observadas influência (P>0,05) dos tratamentos.
No período 1 os animais dos tratamentos com 50 e 100%MO apresentaram menor CDR em relação aos demais, Neste mesmo período, a CA piorou nos animais do tratamento 50%MI. Coffey et al.(1) e Zhou et al. (8) compararam sulfato de cobre com cobre-lisina para leitões desmamados e verificaram que os leitões alimentados com a dieta cobre-lisina consumiram mais alimento e tiveram maior taxa de crescimento que aqueles alimentados com a dieta contendo sulfato de cobre.
No período 2, a CA e GDP dos animais do tratamento 50%MO foi melhor (P<0,05) que aquelas dos leitões do CN.
Em relação a CA do período 3 os animais que receberam 50%MO e 100% MI e MO apresentaram melhores CA. Os resultados deste estudo sugerem a possível melhora na disponibilidade dos minerais orgânicos em relação aos inorgânicos, que mesmo tendo seus níveis reduzidos à metade apresentaram melhoras na CA sem afetar o CDR e o GDP. A maioria dos estudos com utilização de fontes orgânicas de minerais demonstram resultados bem variados em relação ao desempenho (2,5).
Os dados referentes à incidência de diarréia (Tabela 2) demonstraram que os animais que consumiram o tratamento CN seguidos dos tratamentos com 50%MO e 100% MI e MO, apresentaram menores incidências de diarréia em relação aqueles que receberam o tratamento 50%MI..
CONCLUSÕES
A redução da suplementação de microminerais e a mudança da fonte mineral influenciaram algumas características de desempenho, sendo que os animais que foram suplementados com microminerais atendendo 50% das recomendações sob forma orgânica, apresentaram melhoras na conversão alimentar e ganho de peso. A não suplementação e a suplementação com 100% de MO reduziu a incidência de diarréia nos primeiros 21 dias pós desmame.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. COFFEY, R.D., CROMWELL, G.L., MONEGUE, H.J. Efficacy of a copper-lysine complex as a growth promoting for weanling pigs. Journal of Animal Science, v.72, p.2880- 2886. 1994.
2. HILL, D.A., PEO, E.R., LEWIS, A.J. et al. Zinc-amino acid complexes for swine. Journal of Animal Science, v.63, p.121-130. 1986.
3. ROSTAGNO, H.S., TEIXEIRA, L.F.A., DONZELE, J.L., et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos, composição de alimentos e exigências nutricionais de aves e suínos; Viçosa: UFV, 2005, 186p.
4. STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM INSTITUTE. SAS users guide: Statistics. SAS. Cary, 1998.
5. STANSBURY, W.F., TRIBBLE, L.F., ORR, Jr.D.E. Effect of chelated copper sources on performance of nursery and growing pigs. Journal of Animal Science, v.68, p.1318- 1322. 1990.
6. TRINDADE NETO, M.A.; LIMA, J.A.F.; BETERCHINI, A.G., et al. Dietas e níveis protéicos para leitões desmamados aos 28 dias de idade – fase inicial. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.23, n.1, p.92-99, 1994.
7. VIEIRA, S.L. Minerais Quelatados na Nutrição Animal. In: Simpósio sobre Manejo e Nutrição de Aves e Suínos. CBNA – Campinas, SP, 2004.
8. ZHOU, W., KORNEGAY, E.T., VAN LAAR, H. et al. The role of feed consumption and feed efficiency in copper-stimulated growth. Journal of Animal Science, v.72, p.2385-2394. 1994.