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Melhorar a produção dos leitões por meio da redução do estresse oxidativo

Publicado: 16 de março de 2015
Por: Pierre-André Geraert, Kevin Liu, Yves Mercier e Florian Couloigner Adisseo, França & Singapura
O desmame sempre foi considerado o período de maior desafio na produção de suínos, não apenas para os leitões, mas também para os produtores. Na produção comercial de suínos, os leitões são desmamados de três a quatro semanas após seu nascimento. Neste momento, os leitões estão enfrentando: estresse social (por exemplo, mistura com outros leitões), estresse alimentar (alteração de leite para ração sólida) resultando em um grande desafio para o seu metabolismo. 
 
De fato, o desmame é frequentemente associado com alterações digestivas pela imaturidade do trato gastrointestinal, levando à sua inflamação, podendo levar à diarréia em casos extremos. O estresse inflamatório geralmente é acompanhado do aumento dos produtos da oxidação, resultando em estresse oxidativo, e está relacionado ao aumento da severidade do efeito sobre os leitões durante este período. 
 
O estresse possui componentes oxidativos, de maneira que o sistema imune, principalmente a imunidade inata envolvem mecanismos redox. O estresse oxidativo é exacerbado durante a primeira semana após o desmame relacionado com o tempo de amamentação sem sinais clínicos nos leitões. Este estresse oxidativo induz a um status redox enfraquecido pela diminuição da concentração de vitamina C e vitamina E no plasma, aumento da taxa de glutationa reduzida (GSSG/GSH) e aumento nos níveis de espécies reativas ao oxigênio (ROS) do plasma. Além disso, tem sido relatado que os leitões recém nascidos possuem baixos níveis de vitamina E e atividade da glutationa peroxidase (GPx) ao nascimento piorando o status oxidativo e imune.
 
Melhor alimentação para as porcas para melhorar as condições do leitão
 
A fim de melhor preparar os leitões para o desafio de sua vida fora do útero e posterior desmame, é necessário alimentar adequadamente as porcas. O status corporal dos leitões está diretamente relacionado com a transferência materna para o feto. Tem sido demonstrado que situações de estresse aumentam drasticamente os requerimentos de aminoácidos sulfurados, particularmente da cisteína, a qual é um dos três aminoácidos que sintetizam a glutationa, um receptor para os radicais livres. 
 
Um estudo recente (Li et al., 2014) avaliou o efeito das fontes de metionina (metionina, DLM e HMTBA) e seus níveis dietéticos em porcas durante a lactação sobre a qualidade do leite, crescimento dos leitões e defesas antioxidantes. O tratamento com HMTBA, quando comparado ao controle ou ao tratamento com DL-metionina, aumentou o ganho de peso corporal dos leitões durante a amamentação e desmame (figura 1). Além disso, os leitões do grupo HMTBA exibiram, de maneira significativa, uma concentração de glutationa peroxidase (GPx) no plasma maior e uma menor concentração de glutationa (GSH), além de uma menor relação plasmática entre GSSH/GSH no dia do desmame quando comparado aos outros leitões, demonstrando dessa forma um melhor status antioxidante do que os demais grupos (figura 2). Este efeito da HMTBA é explicado pela sua maior capacidade de ser transsulfurada em cisteína e taurina levando à uma melhor produção de compostos antioxidantes como a glutationa. Tal efeito também foi relatado em frangos de corte sob estresse calórico. 
 
No entanto, os sistemas antioxidantes não podem ser resumidos a um componente e devem ser entendidos como um sistema complexo envolvendo muitos componentes e enzimas específicas. Como consequência, alimentar adequadamente as porcas, deve também proporcionar componentes antioxidantes, como o selênio (Se) e vitamina E através do colostro. As concentrações de selênio e vitamina E pareceram diminuir rapidamente após o parto: até 70 a 80%, uma semana após o parto. Além disso, os leitões de porcas que tiveram mais do que quatro partos, são frequentemente deficientes em Se e outros antioxidantes ao nascimento, a transferência de vitamina E, vitaminas do complexo B, e de Se para o colostro e leite, também parecem ser menos eficientes em porcas mais velhas. 
 
Fonte pura de selênio orgânico para as porcas buscando uma melhor transferência aos leitões 
 
Para aumentar ainda mais o potencial antioxidante e imune dos leitões, uma pesquisa foi feita para estabelecer a diferença na eficiência de fontes orgânicas e inorgânicas de selênio. Em 2004, Mahan e Peters mostraram que a suplementação das porcas com fonte de selênio orgânico desde 25 kg de peso corporal até seu quarto parto, resultou em uma concentração de Se no colostro e leite duas vezes maior, quando comparado à dieta basal e uma fonte inorgânica de Se (selenito de sódio). Além disso, a concentração de Se nos tecidos dos neonatos de porcas alimentadas com Se orgânico foi maior quando comparado aos demais grupos. A melhor oferta de Se através do leite aumentou a concentração plasmática de Se dos leitões ao desmame.
 
Além disso, os pesquisadores Matte e outros demonstraram este ano que a transferência pré-natal de selênio inorgânico e vitamina E da porca para a sua cria, mensurado pela diferença entre as concentrações séricas nas porcas ao final da gestação e nos leitões ao nascimento, atingiu 36 e 44% respectivamente. Além disso, a transferência perinatal, mensurada pela diferença entre as concentrações séricas nas porcas ao final da gestação e em leitões aos três dias de idade, atingiu 49% para o Se inorgânico e 210% para a vitamina E. Estes resultados confirmam o baixo status antioxidante dos leitões ao nascimento e a necessidade de melhorar a transferência de antioxidante das porcas para a sua prole, especialmente para o Se. 
 
Substituir o Se inorgânico pela sua forma orgânica poderia aumentar drasticamente a eficiência de transferência do selênio das porcas para sua prole. Tais resultados apontam para o valor da suplementação com antioxidantes das porcas durante a prenhez e lactação para aumentar as defesas antioxidantes dos leitões ao nascimento, o que também afetará o status antioxidante ao desmame. Este conceito de proteção materna é bem conhecido por anticorpos durante a gestação e período de lactação passando das porcas para a sua prole e se torna mais interessante conforme podem ser armazenados nos tecidos dos filhotes. 
  
Alimentar melhor os leitões
 
Esta transferência das porcas para os leitões e o armazenamento de Se pelos leitões é dependente da absorção, transferência e retenção nos tecido. Em 2006, Surai demonstrou que o selênio orgânico é melhor transferido das porcas aos leitões e melhor retido nos tecidos dos leitões. Esta melhor retenção do selênio orgânico comparado ao inorgânico é explicada principalmente pelo armazenamento não específico da selenometionina no lugar da metionina na proteína corpórea, a qual pode ser mobilizada pela produção de selenoproteína ativa, como a glutationa peroxidase (GPx), uma das principais enzimas antioxidantes. De fato, quando os leitões foram suplementados com uma solução antioxidante (vitamina, polifenol e minerais traço como o Se) durante duas semanas subseqüentes ao desmame, a concentração de Se do plasma, teve a mais forte correlação negativa com as EROs (espécies reativas ao oxigênio) do plasma. 
 
A suplementação com selênio durante o desmame ou período logo após o desmame também é um ponto crucial já que a absorção do Se depende da fonte de suplementação. Uma fonte pura de selênio, como a selenometionina hidroxi (HMSeBA), parece ser 40 e 60% mais eficientemente incorporada no fígado e músculo do que fontes de Se-levedura em leitões jovens (figura 3 e 4). Tal deposição melhora a concentração de Se e o status antioxidante em leitões jovens. 
 
Se a selenometionina representa a forma de armazenamento de selênio no corpo, a forma ativa é a selenocisteína. Alguns anos atrás, Juniper e Bertin revisaram resultados recentes e a literatura científica, demonstrando que existe uma forte correlação entre a GPx e Se-Cis no sangue, no entanto, ao considerar a GPx para a relação com o Se total, não houve correlação clara. Suplementar com HMSeBA resultou em aumento de Se-Cis quando comparada à suplementação com Se-levedura. Com base na já demonstrada melhor transsulfuração da metionina hidroxi quando comparada à metionina, levando ao aumento do status antioxidante, o estímulo à transselenação poderia levar à uma maior formação de selenoproteína o que também aumentaria o potencial antioxidante comparado a produtos baseados em selenometionina. 
 
Sobre a preocupação com o status sanitário e clínico dos leitões durante a amamentação e desmame, parece que o estresse oxidativo ganha cada vez mais interesse, visto que sempre aumenta durante estes períodos, mesmo sem sinais clínicos. Considerando isso, estratégias antioxidantes devem ser ajustadas com precisão para suprir todos os elementos que são necessários para sustentar o sistema antioxidante nos períodos críticos, como os estágios iniciais para os leitões. Melhorar os status de saúde e a resistência a essas fases aumentará não apenas o número de leitões vivos, mas também promoverá um melhor crescimento nas fases de crescimento e de finalização.
 
Figuras
 
Figura 1: Efeito da fonte de metionina dada às porcas no crescimento inicial dos leitões (Li et al., 2014)
Melhorar a produção dos leitões por meio da redução do estresse oxidativo - Image 1  
Figura 2: Relação GSSG:GSH em leitões na fase de amamentação e desmama, de acordo com a dieta materna (metionina ou OH-metionina) (após Li et al., 2014) 
 Melhorar a produção dos leitões por meio da redução do estresse oxidativo - Image 2
 
Figura 3: Deposição de Se muscular (mg/kg de MS) em leitões em crescimento alimentados com selenito de sódio (SS), seleno-levedura (SY) ou selenometionina hidróxi (SO), à 0,1 ou 0,3 ppm (após Jlali et al., 2014)
Melhorar a produção dos leitões por meio da redução do estresse oxidativo - Image 3
Figura 4: Eficácia da transferência de Se para o músculo (MG/kg da MS) em leitões em crescimento alimentados com selenito de sódio (SS), seleno-levedura (SY) ou selenometionina hidróxi (SO) a 0,1 ou 0,3 ppm (após Jlali et al., 2014)
Melhorar a produção dos leitões por meio da redução do estresse oxidativo - Image 4
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Autores:
Kevin Liu
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