A pododermatite ou dermatite do coxim plantar (FPD) é uma inflamação da pele que causa lesões necróticas na superfície plantar dos coxins das aves e é comumente observada em frangos de corte de crescimento rápido.
Cada vez recebendo mais atenção na indústria avícola, é uma condição considerada como:
Em lesões de grau leve, a crosta, quando retirada, remove a epiderme superficial deixando a camada basal da epiderme intacta. Em casos graves, a úlcera é preenchida com exsudatos e contaminação bacteriana. Já, em lesões mais severas, úlceras profundas levam a abscesso crônico e fibrose (Nagaraj, 2004).
Além disso, as lesões constituem-se em uma porta de entrada para uma ampla gama de bactérias que proliferam nos tecidos internos das patas, com possibilidade de disseminação sistêmica.
Destas Staphylococcus aureus (S. aureus) é o patógeno mais prevalente associado à pododermatite responsável por mais de dois terços dos casos em algumas ocasiões (Heidemann Olsen et al., 2018; Thøfner et al., 2019).
Além do impacto sanitário, a pododermatite pode afetar diretamente o desempenho dos animais. Aves com lesões de média a grave apresentam menor ganho de peso e piora na conversão alimentar, visto que apresentam dificuldade de locomoção e, portanto, menor acesso a ração e água.
As causas que desencadeiam a pododermatite são multifatoriais, podendo ser:
-Genetica
-Manejo
-Estresse e imunossupressão e
-Causas nutricionais (HARNS et al., 1977; GREENE et al., 1985; MARTRENCHAR et al., 1997; NUNES et al, 2013).
Genética
Os avanços das linhagens genéticas em busca dos melhores índices zootécnicos, principalmente velocidade de ganho de peso e melhora na conversão alimentar, trazem consigo, todavia, alterações em aspectos não zootécnicos como imunossupressão, pior qualidade de pele e pior rusticidade.
Manejo
A qualidade precária da cama é um fator importante para o aumento da incidência de pododermatite (Manual de manejo de frangos de corte ROSS, 2018, p.106).
A utilização de aviários mais modernos e automatizados, permite uma melhor ambiência e conforto para as aves, o que é muito benéfico. Entretanto, o alto investimento obriga o produtor a utilizar uma maior lotação de aves por m2 e com isso uma maior produção de fezes por m2.
Também, a indústria está produzindo aves mais pesadas (acima dos 3kg), o que somado a maior quantidade de aves/m2 leva a uma maior carga em kg de peso vivo /m2. A poucos anos atras tínhamos carga de 35kg/m2, mas atualmente é raro termos menos de 40kg/m2.
O mau manejo dos bebedouros e das placas evaporativas também são fontes significativas de umidade que contribuem para o aumento da umidade da cama.
Estresse e Imunossupressão
Ao mesmo tempo que temos aviários melhores, com melhores condições de ambiência, possibilitando melhores índices zootécnicos, temos aves com pior rusticidade e mais sensíveis. Uma prova disto, são as novas doenças e vírus que acometem as aves, que até pouco tempo eram desconhecidos ou que não causavam danos à produção.
Vacinas atuais estão sendo modificadas para as novas variantes de vírus e novas vacinas para novos vírus estão sendo desenvolvidas. Mais do que nunca as empresas de vacinas tiveram tanto trabalho.
Outra prova disto é que até alguns anos atrás era bastante incomum o uso de adsorventes de micotoxinas em frangos de corte. É um seguro obrigatório para Matrizes Pesadas, mas não para os frangos.
Atualmente, é praticamente obrigatório o uso de adsorventes em frangos devido a maior sensibilidade das aves às micotoxinas. Não existe, atualmente, uma maior quantidade de micotoxinas nos ingredientes, aliás até pelo contrário, houve melhores significativas nas condições de colheita e armazenagem dos grãos, entretanto a verdade é que as aves estão cada vez mais sensíveis às micotoxinas.
Causas nutricionais
A ração (seus níveis nutricionais e seus componentes) é tanto responsável pela qualidade das fezes quanto de levar os nutrientes essenciais a evitar a pododermatite nas aves. O farelo de soja é a principal fonte proteica da dieta, entretanto é rico em fibras não digestíveis pelas aves que leva a uma má qualidade de fezes (fezes pastosas), com alto teor de umidade. Também, existe uma relação direta do teor de umidade das fezes com o nível de sódio da dieta. Dietas com nível de sódio acima de 0,18% apresentam maior teor de umidade nas fezes.
Vitaminas e minerais possuem efeito direto sobre qualidade de pele e portanto, sobre a pododermatite.
Os microminerais desempenham um papel fundamental na integridade estrutural da pele e na cicatrização de feridas. Abaixo explicaremos como estes microminerais afetam a formação e/ou manutenção da integridade dos tecidos nos animais:
O Zinco (Zn) participa da síntese de colágeno, que funciona como um elemento estrutural extracelular no tecido conjuntivo. Assim, a pele com maior teor de colágeno apresenta maior resistência. Além disso, o zinco participa da síntese de queratina (uma proteína estrutural das penas, pele, bico e garras) e ácido nucleico da pele, que são responsáveis pela manutenção da qualidade da pele.
O Cobre (Cu) é um cofator necessário para a enzima lisil oxidase, que participa ligação entre proteínas de colágeno e elastina, e é fundamental para a integridade estrutural dos tecidos.
O Ferro (Fe) é o micro-mineral mais abundante no corpo, sendo que 60% estão incluídos na hemoglobina do sangue. Participa de inúmeras rotas como precursor e participante direto como na formação da hemoglobina. É também essencial para o crescimento atuando junto ao metabolismo energético, síntese de neurotransmissores e atividade antimicrobiana de fagócitos, bem como a síntese de DNA, colágeno e ácidos biliares.
O Manganês (Mn) é indispensável para o desenvolvimento e atividade normais dos tecidos, pois participa do metabolismo de carboidratos, lipídios e coagulação do sangue. É essencial para a prevenção da deformidade das tíbias e metatarsos de aves (perose, condrodistrofia e discondroplasia tibial).
O Selênio (Se) é componente da enzima glutationa peroxidase e atua como antioxidante contra a peroxidação lipídica. Desempenha importante papel na melhora de qualidade da pele em aves e apresenta efeito sobre a resistência dos animais ao estresse edoenças.
Os minerais orgânicos quelatados e seus benefícios sobre a produção e desempenho animal são amplamente estudados e comprovados, devido a maior biodisponibilidade por estarem sob a forma complexada com aminoácidos e pequenos peptídeos. Assim, estes minerais serão absorvidos por vias muito mais efetivas que os minerais inorgânicos.
Existem diferentes processos de fabricação dos minerais orgânicos, porém a qualidade do produto final está apoiada em 3 pilares:
-Índice de quelatação: Usualmente confundido com a concentração, o índice de quelatação informa a real quantidade de mineral quelatado no produto final.
-Constante Global de Estabilidade (Ks): É a força da ligação entre o mineral e os aminoácidos a que está ligado. Quanto maior a força da ligação entre os íons metálicos e seus aminoácidos, maior será a Ks e a estabilidade do mineral quelatado,
-Biodisponibilidade: É a resultante entre o índice de quelatação com a constante global de estabilidade. A biodisponibilidade representa o que será absorvido e aproveitado pelo animal.
Atualmente, a linha de minerais YESSINERGY está em sua 3ª geração (G3), a qual evoluiu pelo processo de micronização possibilitando atingir maiores níveis de quelação o que rendeu uma patente verde para a empresa e um processo 100% sustentável.
Em recente pesquisa com frangos de corte, foi avaliando o efeito da substituição total das fontes de minerais inorgânicos pelo blend B-360 Poultry, composto pelos minerais orgânicos Zinco, Manganês, Cobre, Ferro e Selênio e por Iodato de cálcio.
O grupo alimentado com o blend de minerais orgânicos apresentou menor incidência de pododermatite, para os escores mais graves da enfermidade do que o grupo controle com minerais inorgânicos (Fig 1)
Os melhores índices de quelatação, constante de estabilidade e biodisponibilidade dos minerais que compõe o B-360 Poultry foram refletidos nos menores índices de pododermatite nos escores mais graves da inflamação.
" * Este artículo fue publicado anteriormente en NutriNews "