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Realidade e desafios do sistema de alojamento coletivo para fêmeas suínas gestantes

Publicado: 20 de julho de 2015
Por: Evandro César P. Cunha *Médico Veterinário - Mestre em Reprodução de Suínos pela UFRGS
Em função da pressão exercida por grupos ativistas e a adesão de de grandes empresas para contemplar o mercado, desde o ano de 2013, a União Europeia permite o uso de gaiolas individuais para fêmeas suínas gestante somente até 28 dias após a inseminação. Em seguida, as matrizes devem ser transferidas para baias e alojadas em grupos com área disponível de 2,2 m² por animal. Alterações similares vêm sendo sugeridas para mercados como os Estados Unidos, porém, críticas e questionamentos sobre o sistema têm sido levantados por produtores e pesquisadores norte-americanos. No Brasil o uso dos sistemas coletivos de alojamento vem sendo divulgado como uma alternativa para proporcionar o bem estar animal, no entanto deve ser tratado com cautela.
 
Apesar dos esforços para atender as exigências de bem estar animal e manter a produtividade, o sistema de alojamento coletivo apresenta desafios que devem ser melhor entendidos. Fêmeas suínas gestantes alojadas em sistema coletivo podem sofrer várias situações de estresse como restrição alimentar devido a conflitos sociais e brigas após o agrupamento, o que pode resultar em estresse pré-natal (SECKL et al., 2004). As fêmeas brigam naturalmente durante toda a gestação (BROOM et al., 1995), mas principalmente nas primeiras 48 h após a realização de um grupamento (AREY & EDWARDS, 1998). Esses conflitos hierárquicos geram estresse que pode impactar negativamente na reprodução e reduzir a lucratividade da atividade, dependendo do momento em que ocorre o agrupamento. Também, as brigas e a maior movimentação das fêmeas têm sido associadas a maiores problemas locomotores e vêm sendo relatadas como a causa mais comum de descarte de fêmeas alojadas em baias coletivas (KIRK et al., 2005, ENGBLOM et al., 2008). O alojamento coletivo por sua vez dificulta a observação de enfermidades que acometem as fêmeas e a realização de medicações e vacinações se torna mais laborosa.
O sistema de alojamento coletivo é diretamente impactado pela forma de oferecimento de alimento às matrizes. A alimentação pode gerar competição quando fornecida diretamente no chão, em comedouros abertos ou por sistemas eletrônicos onde não há espaço disponível para o consumo individual do alimento. Porém, buscando amenizar os problemas de brigas do alojamento coletivo, o sistema mais difundido é o Electronic Sow Feeding (ESF). Por se tratar de um sistema de alimentação individual, por meio de leitura de identificador eletrônico associado ao brinco da porca, permite às fêmeas ingerirem quantidades diárias de alimento dentro da estação de alimentação, aumentando a precisão da quantidade ideal de dieta, porém depende da entrada voluntária das fêmeas no sistema de alimentação.
Para amenizar esses problemas devemos ter o devido cuidado ao implementar uma granja com alojamento coletivo, conhecendo de antemão as questões estruturais e de manejo. Dentre os aprendizados dos últimos anos na indústria norte-americana, o desenho de baias grandes (aprox. para 270 fêmeas para uma granja de 5,400 matrizes) em forma de “circuito” na qual as fêmeas precisam dar uma volta inteira na baia para poder retornar para a estação alimentar, tem diminuído a interação negativa entre as fêmeas. Além disso, diferentes empresas utilizam diferentes números de fêmeas por estação de alimentação, podendo variar de 45 até 80 fêmeas por estação. A experiência norte-americana sugere que para diminuir o estresse nas baias, a utilização de 45-55 fêmeas por estação se faz necessário. Outros fatores podem impactar como espaço disponível/animal na baia, número total de animais nas baias, o manejo de entrada dos animais no alojamento coletivo (dinâmico x estático) e o momento gestacional quando é realizada essa entrada.
Existe ainda uma alternativa recentemente discutida por pesquisadores americanos que permite a fêmea ter livre acesso as gaiolas, conhecido como free access. Essas possuem travas que permitem as fêmeas se alimentarem de forma individual e se manterem protegidas das agressões de outras fêmeas, ou quando desejarem, sair para uma área comum que permite a movimentação e interação social. É importante salientar que as fêmeas tendem a permanecer 90% do tempo protegidas dentro das gaiolas, por vontade própria (CCF, 2014).
Do ponto de vista de desempenho reprodutivo, a literatura (SOEDE et al. 2006, HARRIS et al. 2006) sugere que os mesmos resultados do alojamento em gaiolas individuais podem ser alcançados. O desafio, entretanto, do sistema de alojamento coletivo com o sistema ESF é a curva de aprendizado da equipe em como gerenciar adequadamente esta granja. Este período de aprendizado gira em torno de 1,5 a 3 anos.
Conhecer o sistema de alojamento coletivo e dar a devida importância às suas particularidades é determinante para o seu sucesso. É possível manter o mesmo desempenho reprodutivo usando alojamento coletivo e, no caso do ESF, especialmente após o período de aprendizadao da equipe da granja. É importante que o desenho das baias, o número de estações por baia e o número de matrizes por estação seja bem planejado antes da implementação do ESF.
Referências
AREY, D. S.; EDWARDS, S. A. Factors influencing aggression between sows after mixing and the consequences for welfare and production. Livestock Production Science, v. 56, p. 61–70, 1998.
BROOM, D. M.; MENDLT, M. T.; ZANELLA, A. J. A comparison of the welfare of sows in different housing conditions. Animal Science, v. 61, p. 369-385, 1995.
CONSUMER FREEDOM, What vets & farmers say. Disponível em: http://maternitypens.com/?utm_source=facebook&utm_medium=referral&utm_campaign=SowFacts#maternity_pens, acessado 30 mar. 2015.
ENGBLOM, L. et al. Post mortem findings in sows and gilts euthanized or found dead in a large Swedish herd. Acta Veterinaria Scandinavica, v. 50, n. 25 p. 1–10, 2008.
HARRIS, M. J. et al. Effects of stall or small group gestation housing on the production, health and behaviour of gilts. Livestock Science, v. 102, n. 1-2, p. 171–179, 2006.
KIRK, R. K. et al. Locomotive disorders associated with sow mortality in Danish pig herds. Journal of Veterinary Medicine, Series A – Physiology Pathology Clinical Medicine, v. 52, p. 423–428, 2005.
SOEDE, N. M. et al. Influence of repeated regrouping on reproduction in gilts. Animal Reproduction Science, v. 96, p. 133–145, 2006.
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Evandro César P. Cunha
Universidad Federal Do Rio Grande do Sul UFRGS
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Jose Orlando Gontijo Tavares
10 de agosto de 2015
grande abraço confirmarei orlando celular-(55)91614223
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Carmos Pedro Triacca
10 de agosto de 2015
Fico no aguardo do seu contato por telefone ou e-mail para confirmação da visita com pelo menos 10 dias de antecedência. 61-9851 6171 carmostriacca@hotmail.com Abs Carmos
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Jose Orlando Gontijo Tavares
6 de agosto de 2015
Caro Carlos Gostaria de marcar esta visita . Estou disponível a partir do dia 23 de agosto. Será um grande prazer poder agregar conhecimento à minha atividade como veterinário de campo. aguardo sua comunicação abraços j.orlando
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Carmos Pedro Triacca
6 de agosto de 2015
Prezado José Orlando Gontijo Tavares, te faço o convite oficial para visitar nossas instalações aqui no Distrito Federal e te apresentar os pontos chaves que foram necessários serem alterados para que o sistema tivesse sucesso! Realmente, o que tínhamos a 16 anos atrás em gestação coletiva não é nada parecido do que temos hoje. Temos muitos motivos para mostrar que esse sistema não é modismo e sim uma ferramenta de acompanhamento zootécnico que se paga pelas suas melhorias de produtividade e redução de mão de obra. Caso queira meus contatos para uma conversa mais pessoal, estão abaixo; 61-9851 6171 carmostriacca@hotmail.com
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Jose Orlando Gontijo Tavares
6 de agosto de 2015
Tenho dificuldade de ver bons resultados neste manejo em instalações comerciais. Fui suinocultor usando esta tecnologia de manejo durante 16 anos e tenho uma lista de mil motivos para não aconselhar sua utilização. GOSTARIA DE APENAS UM MOTIVO TÉCNICO COMERCIAL PARA SUA UTILIZAÇÃO. att
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Carmos Pedro Triacca
6 de agosto de 2015
Gostaria de comentar que alguns desafios citados aqui nesse artigo não representam a realidade brasileira. Salientar apenas a experiência norte americana, deixa de lado a experiência européia onde existe o pioneirismo nesse sistema a mais de 20 anos de sucesso. Os Estados Unidos não absorveram como deveria o sistema de gestação coletiva e não é um bom exemplo a ser seguido. Não conseguimos enxergar tais desafios e dificuldades como o artigo retrata, e estamos a disposição em poder colaborar com informações e resultados reais de campo, onde nossa experiência com gestação coletiva é de mais de 4 anos no Brasil e somos pioneiros nesse sistema. Att Carmos Pedro Triacca Médico Veterinário Esp. Suínos.
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Eduardo Von Atzingen
S.O.S. Suínos
4 de agosto de 2015

Temos implantado um sistema de gestação, em estação COLETIVA " manual " em uma suinocultura de 300 matrizes, Na desmama, elas ficam na IA / cobrição 4 semanas, após confirmar vão para uma baia coletiva de 45 metros quadrados, em lotes de 15 fêmeas, ( lote semanal ), ai ficando ate 1 semana antes do parto, quando vão para a maternidade. as marroas de reposição também ficam alojadas na estação coletiva. Grato Eduardo von Atzingen

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